Unearthly - Flagellum Dei
11 Faixas - Shinigami Records - 2011

    O Unearthly apresentou nestes últimos anos um crescimento muito significativo, pois desde 1998 quando começaram suas profanas atividades para os dias atuais, quatro cd´s já foram lançados ( sendo Infernum: Prelude To A New Reign de 2002 - leia resenha, Black Metal Commando de 2003, confira resenha aqui, o ao vivo Revelations Of Holy Lies...Live de 2008 veja resenha e Age Of Caos de 2009 ) e muita blasfêmia foi proferida nos versos de seus Black Metal, que atualmente possuem bastante influências de Death Metal, mas que fizeram as hordas de headbangers agitarem bastante com os cariocas Eregion nos vocais e guitarra base, M. Mictian no baixo, Vinnie Tyrr na guitarra solo e R. Lobato na bateria.

    E esse crescimento refletiu em shows pelo Brasil e pelo mundo, tanto que abriram shows de nomes como Beremoth, Aborted, Oligarquia, Sepultura, a importante participação no festival Roça´N´Roll ( de 2009, confira detalhes ), assim entende-se com facilidade porque a Shinigami Records decidiu apostar na banda e lançar o novo cd Flagellum Dei em um luxuoso digipack contendo as onze recentes e violentas canções do álbum, que foram gravadas, mixadas e masterizadas entre 6 e 19 de junho de 2011 no Hertz Studios em Bialystok na Polônia pelos Weislawski Brothers ( Wojtek e Slawker, responsáveis por álbuns do Vader, Behemoth, Hate entre outros ), que conferiram ainda mais qualidade ao artefato e o colocaram entre os grandes lançamentos do ano de 2011.

    Seven. Six Two ( ou 7.62 ) é sobre o fuzil de assalto mais conhecido e utilizado do mundo: o AK-47, e assim como a metralhadora famosa, o Unearthly, após alguns dedilhados mais suaves, dispara velozes rajadas de guitarras, baixo e bateria para receberem toda a fúria dos vocais de Eregion, que cairão nas graças dos fãs pela forma brutal que são cantados. Baptized In Blood teve sua letra inspirada na tragédia da escola do Realengo ( ocorrida no Rio de Janeiro/RJ ), onde um de seus ex-estudantes, vítima de bullying quando estudou por lá, ceifou como forma de vingança a vida de muitos outros, e o ritmo da música não podia ser outro a não ser uma violência sonora infernal, só que mais lenta e urrada com muita raiva por Eregion. Alguns dedilhados no final desta segunda música passam um clima de tristeza e mostram que mesmo o ex-estudante assassino tendo sua razão pela vingança, ele cometeu um erro sem volta, que vitimou também sua vida no processo. A próxima faixa, Flagellum, cujo andamento inicial mais cadenciado com a bateria de R. Lobato detonando uma salva tiros fortes e são vocalizadas com um ímpeto sinistro e cheio de blasfêmias transformando o som em um Death Metal pesadíssimo que será arrebentador nos palcos.

    Em Black Sun ( Part 1 ), o baterista R. Lobato chama atenção para si com uma atuação de muita competência e leva esta quarta música de Flagellum Dei à outro nível, pois temos os vocais guturais de Eregion e o ritmo pesado e destruidor da guitarra de Vinnie Tyrr que vieram para exibir para valer o brutal peso aplicado pela banda, e talvez o mais interessante e curioso sejam os trechos mais Heavy Metal que o Unearthly colocou na música, definitivamente uma das melhores do cd. A avassaladora Osmotic Haeresis não só mantém as linhas extremas vistas na anterior, como também marca a participação de Steven Tucker ( ex-Morbid Angel ) nos vocais e o andamento extremo de guitarras, bateria e baixo composto pelo Unearthly nesta música, a coloca entre suas melhores criações.

    My Fault apresenta um estilo mais cadenciado muito bem feito, com envolventes e coléricas viradas instrumentais junto a guturais que estão exalando uma agressividade enorme, é para bater a cabeça com vontade. Eye For An Eye é um Black Metal visceral urrado com muita raiva por Eregion e exibe mais outra performance do incansável baterista R. Lobato, que não economiza nos triggers, e somado aos solos certeiros da guitarras mostrando evoluções muito qualitativas, e tenha certeza, o poderoso e agressivo refrão vai ecoar em sua cabeça por um bom tempo.

      Lord Of All Battle entra com efeitos que simulam batimentos cardíacos que se transformam em uma dilaceração sonora das mais brutais possíveis com todos os instrumentos sendo ouvidos com clareza ( ponto para a caprichada produção ) e será muito apreciada nas rodas que surgirão em suas execuções ao vivo, e não posso deixar de chamar sua atenção para os ótimos solos de guitarras desta ótima oitava canção. A seguinte é Limbus, e ao som de uma macabra distorção com sons que lembram instrumentos de sopro de índios, que são acompanhados de ótimos toques do baterista R. Lobato, esta faixa instrumental nos conduz para a Insurgency, a décima profana e furiosa música de Flagellum Dei, que é tocada em linhas instrumentais devastadoras e urradas ao máximo E mais uma vez, os violentos solos de guitarras de Vinnie Tyrr e Eregion são um destaque à parte na música. Encerrando o cd temos mais uma instrumental com Extrerminata e seus obscuros efeitos que possuem um dedilhado mais calmo e melancólico que passam a ideia de final de batalha.

    Disparado o melhor álbum do Unearthly até o momento, Flagellum Dei é um trabalho recomendado não só aos fãs de Metal extremo, mas também aos que gostam de ver uma banda brasileira ostentando os mesmos níveis de habilidade e qualidade que muitos gringos e que está em franca ascensão. Sucesso ao quarteto blasfemo carioca.
Nota: 9,5.

Site: http://www.theunearthly.com, http://www.reverbnation.com/unearthly666 e http://www.facebook.com/unearthly.official.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2012
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