Monsters Of Rock 2023
Com: KISS, Scorpions, Deep Purple, Helloween,
Candlemass
, Symphony X e Doro
Estádio Allianz Parque em São Paulo/SP
Sábado, 22 de Abril de 2023

    Um dos maiores e melhores festivais de Rock e Heavy Metal que já tivemos no país, o Monsters Of Rock chegou em sua 7ª Edição praticamente oito anos após a sua fantástica 6ª edição em 2015, que aconteceu em dois dias: no sábado dia 25 de abril ( relembre como foi ) e no domingo 26 de abril ( confira aqui ).

    A missão da Mercury Concerts em realizar um novo festival tão grandioso quanto esta 6ª edição foi conquistada ao escolherem um line up de respeito composto por alguns nomes lendários da história do Rock: KISS, Scorpions, Deep Purple, Helloween, Candlemass, Symphony X e Doro; reunindo desta maneira bandas de alguns dos principais países criadores, fornecedores, fomentadores e influenciadores do Heavy Metal no mundo como são os casos de Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Suécia.

    Com muito orgulho contarei em detalhes nas linhas seguintes como foram estes sete sensacionais shows, que foram responsáveis por levarem uma legião headbangers ao Allianz Parque em São Paulo/SP em um evento extremamente muito bem organizado neste sábado 22 de abril de 2023.

Doro

A Rainha do Metal de volta

    Pouco depois de chegar em São Paulo, realizar o meu credenciamento e uma rápida passagem pela Sala de Imprensa do festival já fui direto para a pista, pois, o relógio já marcava 11:15 e a Rainha do Metal Doro Pesch começaria os shows deste sétimo Monsters Of Rock. Antes dela, o humorista e apresentador Tartola junto ao Walcyr Chalas da Woodstock Discos conversam com o público para aumentar a nossa ansiedade pelos shows e introduziram um cara fantasiado de Monster ( caracterizando o evento ) e o brasileiro Bill Hudson, que foi um dos guitarristas da banda da vocalista Doro, que foi completada por Nick Douglas no baixo, Johnny Dee na bateria, Bas Maas na outra guitarra.

    Enquanto o Tartola e o Walcyr Chalas falavam... no canto do esquerdo palco Doro Pesch estava inquieta e elétrica desejando iniciar o seu show o quanto antes, é a frontwoman alemã estava ligada no 220v e isso ficou claro às 11:30 ( horário previsto para começar ) quando ela demonstrou toda sua empolgação ao cantar a clássica I Rule The Ruins do disco Triumph and Agony de 1987 do Warlock, já colocando os fãs para interagirem com ela, sendo que já emendou um "tudo bem..." durante a música mesmo e pediu para nos ouvir logo de cara, sendo prontamente atendida.

    Eletrizante, ela seguiu direto com Earthshaker Rock, outra do Warlock que já garantiu os primeiros "Hey...hey..." da plateia e fez muitos cantaram com ela esta canção do Hellbound de 1985, enquanto outros olhavam para sua atuação no palco, sendo que ela andava, bangueava, fazia o 'horns up' o tempo todo incansavelmente.

 

   Tão contente quanto nós por vê-la novamente, a loira bradou: "Muito obrigada.... estou feliz por estar aqui..." em bom português e perguntou se gostamos do Old School Heavy Metal para executar a cativante Burning The Witches ( título do segundo álbum do Warlock de 1984 ) em que ela inteligentemente gritava "Burning..." e nos deixou completar "The Witches..." entre muitos aplausos no ritmo da música, ou seja, um show da Doro é participar efetivamente da interação solicitada por ela. Ainda do Warlock e precisamente do disco True As Steel de 1986 tivemos a cadenciada Fight For Rock, onde vimos a Doro cantar sorrindo, bangueando e socando o ar, gestos que reproduzimos quase na mesma intensidade da vocalista.

    A primeira canção de sua carreira solo foi precedida pelos agradecimentos em inglês e português, além de um pedido para que colocássemos nossos punhos ao alto... foi esta a forma que ela anunciou a ótima Raise Your Fist In The Air, que intitula o seu décimo segundo álbum de estúdio de 2012 e que também causou muita agitação e alegria nos fãs.

    Após uma breve fala com os fãs, a vocalista enviou a rápida Metal Racer do Burning The Witches com os guitarristas Bill Hudson e Bas Maas garantindo a energia com seus solos e também com ela se movimentando o sem parar. Muito alegre, ela enaltece o Old School Metal e informou que a seguinte seria a acelerada paulada Hellbound ( do álbum de mesmo nome ).

  Pouco depois, ela apresentou o guitarrista Bas Maas, que junto ao brasileiro Bill Hudson dispararam os solos cheios de voltagem presentes em Revenge, mais uma do Raise Your Fist que nos atingiu em cheio e com todos eles no centro do palco ( os dois guitarristas, o baixista e ela ) ficamos vidrados nos solos e na coreografia protagonizada pela musa vestida de couro sintético e coturno.

    Detalhe... neste momento tivemos algumas notas de From Whom The Bell Tolls do Metallica antes que a Doro começasse à capela nos conclamando a cantar com ela a emblemática All We Are, o que fizemos e aplaudimos consideravelmente, afinal.... tem como não cantar este sucesso do Triumph and Agony junto de sua empolgadíssima criadora? A inflamada vocalista disse: "thank you so much... i'm love you all" nos prolongamentos de All We Are e em nossas mentes pensávamos... que showzão da Doro!!!

    Entre muitos aplausos e gritos de "Doro... Doro...", uma bandeira do Brasil foi jogada no palco, a vocalista exibiu para nós e completou dizendo que tocaria por horas para nós ( pela adrenalina que é detentora... tocaria mesmo ), entretanto, para finalizar seu maravilhoso show, ela escolheu o seu mais recente hit, a All For Metal, a única do álbum Foverer Warriors, Forever United de 2018, que contou com um excelente solo de Bill Hudson em sua guitarra.

    Como sempre fez em todas as vezes que esteve no Brasil, Doro Pesch garantiu um show excelente e que deveria ter sido o terceiro show deste Monsters Of Rock por conta da vigor que esta alemã é possuidora e caso fosse, ela atearia muito mais fogo na plateia, mas, sem problemas, pois, ela aproveitou os segundos restantes de seu tempo para apresentar a sua banda rapidamente e foi apresentada pelo baterista Johnny Dee como "The Metal Queen.... Miss Doro Pesch".

    Novamente, ela entregou um grande show e que valeu demais cada um dos seus aproximados 50 minutos. Abraçada aos seus colegas de banda, Doro Pesch agradeceu com um "muito obrigada!!!".

Set List da Doro

1 - I Rule The Ruins
2 - Earthshaker Rock
3 - Burning The Witches
4 - Fight For Rock
5 - Raise Your Fist In The Air
6 - Metal Racer
7 - Hellbound
8 - Revenge
9 - All We Are
10 - All For Metal

Symphony X

Foi muito bom, mas...

    Tão logo acabou o show da Doro, a equipe de troca de palco já trabalhou rapidamente para que precisamente às 12:30, a banda norte-americana de Prog Metal Symphony X, que é composta por Russell Allen nos vocais, Michael Romeo na guitarra, Michael Pinnella nos teclados, Michael LePond no baixo e Jason Rullo na bateria pudessem relembrar algumas de suas melhores composições da carreira, afinal, o último disco de estúdio Underworld saiu no já distante ano de 2015.

     E foi justamente deste último álbum que o quinteto começou seu set com a Nevermore e vale dizer que eles entraram até que discretos no palco, saudaram os fãs e infelizmente, o som estava um pouco embolado neste início, porém, algo que me chamou a atenção foi a vocalista Doro na lateral do palco assistindo este começo do Symphony X, juntamente com alguns membros de sua banda, sendo que estes ficaram lá quase que o tempo todo. Ainda assim deu para perceber a complexidade da música e a técnica de Michael Romeo em sua guitarra bem como os poderosos vocais de Russel Allen.

 

    Demonstrando muita emoção ao cantar Russel Allen executou em seguida a Serpent's Kiss do Paradise Lost de 2007 e esta fez um mergulho mais Progressivo com as evoluções nos teclados feitas por Michael Pinnella juntos a Michael Romeo. Antes de tocarem a próxima, Michael LePond fez um breve, mas técnico, solo de baixo que trouxe a Sea Of Lies do The Divine Wings Of Tragedy de 1997, que era aguardada pelos fãs que procuraram cantar com Russel Allen seus versos, inclusive participaram dos "ooooooooos" quando pedidos pelo vocalista.

    Finalmente antes da quarta música, Russel Allen conversou com a plateia se mostrando muito contente por estar no festival abrindo para o Deep Purple, KISS e o Scorpions, porém, enfatizou que sem nós... os fãs... nenhuma banda poderia estar no palco e concluiu: "Somos fãs desses caras assim como vocês, é uma honra para nós estar aqui. Obrigado por nos receber"

    Assim ganhamos outra pertencente ao Underworld com a lenta e mais melódica Without You, que contou com aplausos, dedilhados de Michael Romeo em sua guitarra que enviaram muito sentimento e esbeltos toques do tecladista Michael Pinnella até Russell Allen abusar da potência de seus vocais nas notas finais da composição.

    Ainda do Underworld tivemos a veloz, robusta, épica e bastante Prog Metal Kiss Of Fire, que pudemos observar a conhecida habilidade de Michael Romeo ao tocar sua guitarra e salvo o som não estar cristalino como a música merecia e também o problema ocorrido no retorno dos fones de ouvido de Russell Allen ( que até reclamou um pouco ) posso dizer que até que foi um belo momento do show do Symphony X.

    Os norte-americanos centraram sua apresentação nas músicas do Underworld, e embora seja o último disco de estúdio deles, em um festival deveriam terem optado pelos clássicos, todavia, a pesada composição Run With The Devil até que foi bem aceita pelos fãs, que assistiram atentamente quando Michael Romeo solou sua guitarra daquele jeito esbanjando sua capacidade.

    Entretanto, se desejávamos por uma das antigas, eles nos brindaram na última de sua participação no Monsters Of Rock com uma delas, pois, Set The World On Fire ( The Lie Of Lies ) é do Paradise Lost e contou com muitos cantando seu refrão com Russell Allen provando que se tivessem investido em um set com mais músicas dos primeiros álbuns alcançariam uma recepção maior, porém, assistir a imensa perícia dos cinco integrantes do Symphony X no palco foi deveras interessante, mesmo que por apenas 45 minutos.

Set List do Symphony X

1 - Nevermore
2 - Serpent's Kiss
3 - Sea Of Lies
4 - Without You
5 - Kiss Of Fire
6 - Run With The Devil
7 - Set The World On Fire ( The Lie Of Lies )

Candlemass

Substituição de altíssima qualidade

    A terceira atração desta 7ª Edição do Monsters Of Rock seriam os ingleses do Saxon, mas, como sabemos eles cancelaram sua apresentação por conta da aposentadoria do guitarrista Paul Quinn das longas turnês e no seu lugar a Mercury Concerts escalou um nome que já há muitos anos queria conferir um show seu e que poucas vezes esteve no Brasil: os suecos do Candlemass.

    Esta lendária banda - quando se fala em Doom Metal - teve sua fundação em 1984 pelo baixista e compositor Leif Edling e o baterista Matz Ekström em Estocolmo na Suécia, que ao longo destes quase 30 anos de atividades lançaram treze álbuns de estúdio, sendo que o último foi o Sweet Evil Sun em novembro de 2022.

    Desta forma, às 13:30 ( sim... cada show britanicamente no horário ) ouvimos a Marche Funebre de Frédéric Chopin, que o Candlemass usou no álbum Nigthfall de 1987 ecoar no estádio e preparar o ambiente para o show do quinteto, sendo que o primeiro que entrou andando daquela forma quase de um zumbi foi o Leif Edling colocando seus óculos, olhando o público e nos cumprimentando ao colocar seu baixo 'surrado' ( provavelmente que acompanha ele há muitos anos ), depois os guitarristas Mats Mappe Björkman e Fredrik Åkesson do Opeth ( no lugar de Lars Johansson ), o ótimo baterista Jan Lindh e por último o excelente vocalista Johan Längquist.

    Posicionados, os discípulos do Black Sabbath já mostraram seu poder de fogo através da sinistra, cadenciada e pesadaça Mirror Mirror do Ancient Dreams de 1988, onde fomos conquistados pelo vozeirão de Johan Längquist, que cantava agachado olhando para os fãs e conseguiu facilmente vários "Hey... hey..." de nós.

    Destinados a garantirem mais fãs nesta tarde, Johan Längquist perguntou como estamos e exalou a alegria de estarem no país para então mergulharem no Nigthfall com obscura Bewitched, cuja interpretação do vocalista, os toques densos do baixista e os solos carregados de guitarras deixaram claro para muitos o que é um verdadeiro Doom Metal.

    Carismático, o vocalista nos questionou se estamos nos divertindo e com o estrondoso "yeaah" obtido informou que tocariam velhos clássicos e fizeram isso com a dupla Mats Mappe Björkman e Fredrik Åkesson solando suas guitarras sem dó para exibirem o mais puro Metal com a Under The Oak de um dos maiores clássicos da história do Doom Metal, o Epicus Doomicus Metallicus de 1986. E Johan Längquist cantou os versos desta criação totalmente integrado ao seu ritmo arrastado, que basicamente abriram os portais para o submundo.

   Com solos encorpados e desafiadores Dark Are The Veils Of Death, outra do Nightfall, deu sequencia ao explosivo show do Candlemass nos fazendo ter a certeza que a escolha deles para o lugar do Saxon foi acertada com infusão de ritmos rápidos e momentos de Doom Metal obscurecido, que ficamos agradecidos pelos solos de guitarras que vimos Mats Mappe Björkman e Fredrik Åkesson fizeram.

    Carinhoso e sarcástico, Johan Längquist declarou que está amando tocar para nós, pediu uma sugestão para a próxima canção e anunciou com um grito a sintomática Crystal Ball do Epicus Doomicus Metallicus, um admirável hino do Doom Metal que nos enfeitiçou nos solos de guitarra feitos por Fredrik Åkesson, nos agudos obtidos pelo vocalista e na sua essência Heavy Metal, que cravaram o melhor momento deste show do Candlemass.

    No final de cada música muitos aplausos e assovios em um claro sinal que os suecos estavam agradando bastante e o vocalista agradeceu com um sonoro "Thank You" para então anunciar e cantar a apavorante pancada The Well Of Souls do Nightfall enviando muita eletricidade fantasmagórica em cada verso devidamente orientado pelo seu clima Doom.

    Depois desta majestosa aula de Doom Metal, os suecos retornam ao Epicus Doomicus Metallicus ( aliás, o set foi dividido praticamente entre este e o Nightfall ) com a esfumaçada A Sorcerer's Pledge, que deixou o ambiente mais lento, tétrico e emanou vocais lamuriantes durante os seus dedilhados nos levando a aplaudir no ritmo executado por eles, porém, internamente estávamos felizes com a sonzeira que exibida pelo Candlemass.

    Antes da última, o baixista Leif Edling pegou seu celular e registrou nossa euforia e então nas palmas encaminharam a melancólica, agonizante e melódica Solitude ( do Epicus Doomicus Metallicus ), que ganhou palmas de acordo com o seu andamento, "ôôôôôôôôôô" gritados por nós que foram orquestrados pelo vocalista e solos cavalares de guitarras enfatizando o trabalho do guitarrista Mats Mappe Björkman, que terminaram este impressionante show do Candlemass e com orgulho posso bater no peito e dizer com orgulho que finalmente vi esta bandaça ao vivo.

 

Set List do Candlemass

1 - Mirror Mirror
2 - Bewitched
3 - Under The Oak
4 - Dark Are The Veils Of Death
5 - Crystal Ball
6 - The Well Of Souls
7 - A Sorcerer's Pledge
8 - Solitude

Helloween

A festa não para

    Se por um lado o Candlemass estava voltando ao Brasil após muitos anos, a quarta atração do Monsters Of Rock era um velho conhecido dos fãs e que só nos últimos seis anos esteve quatro vezes no país ( contanto esta ) e com a sua formação reunida ( que posso nomear como Pumpkins United ).

    Bem, estou falando dos alemães do Helloween, que desde 2016 anunciaram o retorno de Kai Hansen ( guitarra e vocais ) e Michael Kiske ( vocais ) à banda, que já contava com Michael Weikath ( guitarra e backing vocals ), Markus Grosskopf ( baixo e backing vocals ), Andi Deris ( vocais ), Sascha Gerstner ( guitarra e backing vocals ) e Dani Löble ( bateria ) tornando o que já era muito bom em muito melhor.

    E preciso dizer que foi pontualmente no horário que assistimos ao vídeo introdutório passando por algumas melodias de alguns clássicos do Helloween ( na versão Unarmed ) no palco? Foi exatamente isso que aconteceu com o grande pano com o logo da banda - que escondeu a montagem do palco - caindo e nos revelando a gigante bateria de Dani Löble e uma abóbora em volta dela ( é bem verdade de que esta queda demorou um alguns segundos há mais para isso acontecer, mas não estragou a emoção do show ).

    O septeto chegou no palco e já tacou fogo na plateia com uma trinca inicial que contou com Dr. Stein com Michael Kiske e Andi Deris dividindo os vocais e ocupando todos os metros do palco. E este clássico do Keeper The Seven Keys II ( de 1988 ) no Allianz Parque foi uma injeção maciça do melhor do Power Metal de todos os tempos com o telão do meio exibindo aqueles costumeiros vídeos divertidos do Helloween.

    Michael Kiske virou de costas e mostrou sua blusa com o escrito Rock Heart ( e sim... o nosso coração batia Rock'n'Roll neste momento ), enquanto que Sascha Gerstner e Kai Hansen inflamaram com os solos da acelerada Eagle Fly Free, outra do Keeper The Seven Keys II que fez aquela multidão de fãs cantarem seus versos com Michael Kiske e sentirem os solos de Kai Hansen com sua icônica Flying V vermelha, depois os três juntos somados ao brilhante solo de baixo de Markus Grosskopf, e isso, sem mencionar a atuação de Dani Löble em sua bateria... ufa!!!

    E esta segunda passagem da United Forces 2022-2023 em São Paulo prosseguiu com a volta de Andi Deris dizendo que reparou lá do backstage como nós gritamos realmente muito alto e que nós temos força... a deixa para cantar a Power, canção do álbum The Time Of The Oath de 1996 fora dada, sendo que nós ficamos para lá de extasiados em cantar com ele, além de fazermos todos os "ôôôôôôôô" antes dos solos dos guitarristas com direito a diminuição de velocidade e aumento de nosso contentamento.

    Com muita empatia, Andi Deris nos agradeceu com um "Brigado" e nos questionou: "Tenho uma pergunta vocês, senhoras e senhores, vocês gostam do Germam Old School Heavy Metal?" E assim ele chamou Kai Hansen para tocar e cantar a Ride The Sky do disco Walls Of Jericho de 1985 com todo o dinamismo que este hino do Power Metal é detentor alcançando notas altas em sua voz e em toda aquela sequencia de solos Melódicos que definiram o estilo.

    Ele seguiu no centro do palco com Heavy Metal ( Is The Law ) à plena aceleração, enquanto que no telão tínhamos abóboras pulando e com suas mãos fazendo o 'horns up'. E antes de finalizar a música Kai Hansen berrou "São Paulo you are Pica das Galáxias" provocando risos em muitos.

    Logo após essa detonação Power Metal, Michael Kiske voltou ao palco, disse que está cansado, se sentou e do lado de Andi Deris, e assim, eles dividiram os versos da belíssima balada Forever and One ( Neverland ) do The Time Of The Oath apenas acompanhados por Sascha Gerstner, que dedilhou sua guitarra branca até que os demais integrantes também voltaram ao palco ( menos Kai Hansen ).

    Fiquei particularmente muito feliz quando vi que o Helloween relembrou de If I Could Fly, pois, este sucesso do álbum The Dark Ride de 2000 foi tocado pela última vez na turnê Pumpkins United em 2017 por aqui ( relembre neste link ) e além da atuação de gala de Andi Deris, Sascha Gerstner solou reluzentemente.

    Aos gritos de "Helloween... Helloween..." vimos Sascha Gerstner com uma de suas estranhas guitarras brancas fazendo um solo em que demonstrou sua técnica e que nos levaram à uma das melhores canções do último álbum de estúdio autointitulado da banda com a Best Time em que Michael Kiske e Andi Deris dividiram os vocais nesta arrebatadora criação dos alemães, que deixou claro que ainda teremos novos clássicos do Helloween e esta meus amigos e amigas do Rock On Stage será um deles.

    Incrível como o tempo passou rápido e ao ouvirmos Kai Hansen tocando solos de In The Hall Of The Mountain King de Edvard Grieg já sabíamos que o hino Future World do Keeper The Seven Keys I seria tocado neste show. E Michael Kiske vocalizou suas estrofes perfeitamente e nossa reação foi de aplaudir bastante e no ritmo de suas melodias, que contaram ainda com um solo de bateria de muita categoria feito por Dani Löble.

    Precisava de mais? Sim, estamos falando do Helloween que aumentou esse frisson com vários balões jogados que as pessoas brincaram de acertá-los ( e vale dizer.... soquei um ) enquanto Michael Kiske e Andi Deris cantavam outra de suas clássicas criações com a I Want Out do Keeper Of The Seven Key II.

    Na hora dos solos, milhares e milhares de vozes acompanharam nos "ôôôôôôô" e a dupla de vocalistas da banda fez aquela gostosa divisão de lado direito e lado esquerdo ( ou time Michael Kiske e time Andi Deris, sendo que fiquei no lado de Andi Deris ) em que uns gritaram "I'm Want" e os outros "Out" ( e isso em um ritmo de Reggae ) até retomarem o andamento Power Metal da música e a terminarem.

    Enquanto os contentes alemães se despediam do público do Allianz Parque nesta que foi a sua segunda participação no Monsters Of Rock ( a primeira foi no já distante 1996 e eu estava lá ), nós, além de aplaudi-los bastante e gritarmos "Helloween... Helloween..." ouvimos a For The Love A Princess ( Horner Song ), que é trilha sonora do filme BraveHeart ( ou Coração Valente ) sabendo que vimos um dos melhores shows do festival, que queríamos que fosse maior, mas, isso fica para o retorno do Helloween ao Brasil em 2024 em um show somente seu.

Set List do Helloween

Halloween ("Unarmed" version; intro only)
1 - Dr. Stein
2 - Eagle Fly Free
3 - Power
4 - Ride The Sky
5 - Heavy Metal ( Is The Law )
6 - Forever and One ( Neverland )
7 - If I Could Fly
8 - Guitar Solo
9 - Best Time
10 - Future World
11 - I Want Out
For The Love A Princess ( Horner Song )

Deep Purple

De volta aos improvisos

    A banda britânica Deep Purple é uma das mais lendárias bandas do Rock, que esteve várias vezes no Brasil, considerada ao lado do Black Sabbath e do Led Zeppelin como os criadores do Heavy Metal e pertencente ao sagrado triunvirato do estilo cravou sua presença no Monsters Of Rock pela primeira vez em sua gigantesca história, que começou em Londres lá em 1968. Discos e canções que marcaram gerações nestas mais de cinco décadas de atividades dos britânicos são praticamente incontáveis e algumas delas foram exibidas neste show da World Tour 2023 no Allianz Parque.

    Atualmente, o Deep Purple vive a sua Mark IX ( forma que são caracterizadas suas formações ) com a inclusão de Simon McBride na guitarra ( que entrou em 2022 no lugar de Steve Morse, que está cuidando de sua esposa ) junto à Ian Gillan nos vocais, Roger Glover no baixo, Don Airey nos teclados e - um de seus fundadores e o único presente em todas as formações - Ian Paice na bateria.

    Apesar de ter ficado um tanto triste e entendido o motivo do afastamento de Steve Morse fiquei bastante curioso para conferir como seria a performance de Simon McBride junto dos demais músicos, afinal, comandar a guitarra de uma banda que já teve também nomes como Ritchie Blackmore, Tommy Bolin, Joe Satriani ( por pouquíssimo tempo ) e o citado Steve Morse não é uma tarefa para qualquer simples mortal.

     Antes que os ingleses adentrassem ao palco ( completamente no horário ), o apresentador Tartola e o Walcyr Chalas rapidamente comentaram da importância da banda para o Rock ( basicamente o que mencionei acima ) e precisamente às 16:30 vimos no telão principal a imagem dos músicos do Deep Purple incrustados em um iceberg ao som de Mars, The Bringer Of War de Gustav Holst, que trouxe estes senhores ou verdadeiros Monstros do Rock entrando discretamente e calmamente até seus postos para iniciarem seu espetáculo com a esplêndida Highway Star, que colocou a galera para pular e cantar ao verem Ian Paice tocando sua bateria chamando Roger Glover para dedilhar seu baixo muito bem amparados por Don Airey nos teclados junto aos solos de Simon McBride em sua guitarra e claro... ver o 'Silver Voice' Ian Gillan entregando tudo que consegue do alto de seus 77 anos!!!

    Como a voz dele já não é mais a mesma, a parte instrumental e os improvisos ( característica intrínseca na história da banda ) ficaram maiores com solos de Don Airey no seu Hammond e de Simon McBride na sua guitarra, mas, quando ele cantava, quase não conseguíamos ouvir sua voz devido ao coro de milhares de vozes presentes no Monsters Of Rock.

    Interligaram este clássico do Machine Head ( de 1972 ) a outro deste mesmo álbum com a Pictures Of Home com o 'novato' Simon McBride andando mais pelo palco chegando quase até embaixo do telão esquerdo e vale dizer que Ian Gillan também se movimentou um pouco pelo palco. Entretanto, o destaque nesta segunda música do set ficaram para os espectrais solos de Don Airey nos teclados, a paradinha, o solo de Simon McBride e a 'cama' feita por Ian Paice na bateria.

    Sem falar nada com os fãs até este momento, além dos sorrisos de felicidade estampado no rosto dos músicos, o Deep Purple continuou o show com a recente No Need To Shout do Whoosh! de 2020 ( o último de estúdio de inéditas, pois temos o de covers Turning To Crime de 2021 ), onde a maestria do quinteto ficou evidente com pequenos, porém, muito técnicos improvisos em que foi muito bacana quando Roger Glover e Simon McBride se aproximavam de Ian Gillan para cantarem o refrão.

    Finalmente, Ian Gillan soltou um "Ooooooobrigadoooo.. tuuudoo bem...", um "Thank You Very Much" complementando: "a próxima música é dedicada ao nosso amado Jon Lord.... Uncommon Man". Assim, a lindíssima homenagem feita ao outro fundador do Deep Purple, o mago dos teclados Jon Lord que está presente no disco Now What?! de 2013 e que foi precedida por um majestoso solo de Simon McBride salientando os harmônicos que obteve de sua guitarra, que para nós que crescemos ouvindo isso por tantas vezes... presenciar ao vivo é um imenso deleite.

    Quando chegara a hora de tocar a Uncommon Man para valer vimos Ian Paice, Don Airey e Roger Glover aplicarem as linhas da música para que Ian Gillan retornasse ao palco para cantar seus versos com muito feeling e na nova sessão de improvisos vimos o vocalista utilizar um pandeiro neste momento ímpar e espiritual.

    Ian Gillan reforçou o título da anterior e em seguida Don Airey mostrou porque é um dos melhores tecladistas de todos os tempos com um longo e belíssimo solo em seu Hammond, que contou com uma parada para que ele pudesse tomar um bom gole de vinho e assim 'encontrou' o ritmo da alucinante Lazy ( outro clássico absoluto do Machine Head ), com Ian Paice, Roger Glover, Ian Gillan ( no pandeiro ) e Simon McBride improvisando bastante nos deixando boquiabertos. Ian Gillan até que cantou com calma seus versos e ainda teve fôlego para tocar sua gaita, o que demonstra que este senhor ainda mantém-se com um grande pique.

    O vocalista informou rapidamente que o Blues lento When A Blind Man Cries ( que saiu no Machine Head ) seria a próxima do set do Deep Purple e além da performance repleta de emoção em seus vocais ressalto também os solos feitos por Simon McBride em sua guitarra em que sentimos a magia da canção. 

    Em homenagem à uma mulher bonita - segundo Ian Gillan - tivemos a rápida Anya, a melhor canção do álbum The Battle Rages On... de 1993, que foi uma surpresa sua inclusão no set e uma excelente escolha da banda com este resgate, que ficou muito boa com os membros desta afiada Mark IX do Deep Purple.

    A dose de vinho 'reavivou' a memória de Don Airey, que ao realizar seu solo de teclados relembrou de Mr. Crowley ( música que gravou com Ozzy Osbourne no Blizzard Of Ozz ) e avançou para improvisos que lembraram de Keith Emerson, atravessou linhas clássicas e contou com um medley que teve Sampa do Caetano Veloso, Tico-Tico no Fubá de Zequinha de Abreu e Aquarela do Brasil de Ary Barroso - que expuseram o quanto ele respeita a Música Brasileira, nosso país e conhece de Bossa Nova. Isso tudo para introduzir a canção que marcou o retorno da Mark II do Deep Purple em 1984 com a fantástica Perfect Strangers, onde Ian Gillan cantou e contou com um coro do estádio inteiro para cada um de seus versos, e sem contar o prazer que é ver, ouvir e agitar nesta música com o quinteto diante do alcance de nossos olhos e ouvidos em outra atuação resplandecente.  

    Os repiques de bateria feitos por Ian Paice já 'contaram' para muitos de nós qual seria a próxima música, mas Ian Gillan enfatizou qual era ao gritar: "Spaaaaaceee Truckiiiin'...", outro hino majestoso do Machine Head que neste sábado no Allianz Parque teve uma versão bastante pesada, que teve com um curto e eficaz solo de Ian Paice em sua bateria, levando minha mente para as longas viagens de improvisação que eles faziam nos anos 70 imortalizadas em tantos álbuns ao vivo.

   A última antes do bis foi outro hino do Machine Head e da história do Rock em que não se pode pensar em Deep Purple sem associar à ela... estou falando de Smoke On The Water, que muitos filmaram, outros agitaram e cantaram, em suma... esta colocou o estádio em êxtase. Outros pontos muito bacanas foram: o telão exibindo imagens de cartas com os rostos dos músicos, de Funky Claude ( Claude Nobs ) e de fogo ( de acordo com a letra )... além dos solos feitos por Simon McBride em sua guitarra e também quando Ian Gillan deixou aquela multidão cantar o refrão da música pedindo para nos ouvir.

    Na volta para o bis, os lordes ingleses optaram por nos lembrar onde tudo começou com a versão de Joe South para Hush, canção gravada no primeiro álbum da banda, o Shades Of Deep Purple de 1968 levando o seu swing contagiante para todos nós no Allianz Parque, que foram ampliados nos toques de Don Airey em seus teclados iniciando os improvisos feitos com direito aos vários duelos com Simon McBride na guitarra, que são incríveis de se presenciar durando até que Ian Gillan cantou seu refrão novamente.

    Depois que Simon McBride e Don Airey brilharam foi a vez de Roger Glover e Ian Paice se divertirem juntos, com o primeiro enviando um solo de baixo memorável e o segundo mantendo o andamento para que a última do show do Deep Purple fosse executada, a infectante Black Night, que também foi cantada por todos, especialmente, o seu refrão que a galera acompanhou os "ôôôôôôôôôô... ôôôôôôô... ôôô".

    Entretanto, os ingleses nos brindaram nesta versão de Black Night com outra sessão de improvisos ( estiveram lá caros leitores(as)? então lembrem-se dos solos espaciais de Simon McBride usando a alavanca de sua guitarra ) glorificando ainda mais este espetáculo singular que foi sua primeira participação no Monsters Of Rock.

    É... Ian Gillan... assim como você disse que nos ama... nós também retribuímos o sentimento e agradecemos pela presença da banda no festival com este notável show que lembraremos com carinho em nossas mentes, que faço votos para que não seja o último no Brasil.

Set List do Deep Purple

Mars, the Bringer of War (Gustav Holst song)
1 - Highway Star
2 - Pictures Of Home
3 - No Need To Shout
4 - Guitar Solo
5 - Uncommon Man
6 - Lazy
7 - When A Blind Man Cries
8 - Anya
9 - Keyboard Solo
10 - Perfect Strangers
11 - Space Truckin'
12 - Smoke On The Water

Encore:
13 -  Hush
14 - Bass Solo
15 - Black Night

Scorpions

Sempre muito venenosos e bem mais pesados

   Nesta parte do show, a imensa maioria dos fãs que estavam mais próximos do palco decidiram uma coisa... ( alguns até antes da minha decisão ) não saírem mais de onde estavam, ou seja, como no futebol, hora de marcação cerrada, pois, às 18:45, sem praticamente nenhum alarde, apenas com as muitas e esbeltas luzes recebemos o Scorpions no palco para que os alemães mostrassem a cada um dos presentes no estádio como seria o show da Rock Believer Tour, que promove o álbum Rock Believer de 2022.

    E foi com a nova Gas In The Tank que vimos Klaus Meine nos vocais com sua inseparável boina e óculos escuros; Rudolf Schenker ( de óculos escuros e chapéu ) e Matthias Jabs ( de boné ) nas guitarras, Pawel Maciwoda no baixo e Mikkey Dee na bateria demonstrando que a picada destes escorpiões é ainda detentora de um grande poder com este Hard Rock direto.

    O carinho pelo Brasil ficou evidente no telão principal ao vermos a enorme bandeira estampada por alguns instantes durante a execução de Make It Real do Animal Magnetism de 1980 e algo que já havia reparado na primeira canção... percebi que foi uma escrita neste show: o peso imposto por Mikkey Dee em sua bateria, o que me levou a pensar - alguém disse para ele que o Scorpions não é tão pesado quanto sua antiga banda o Motörhead? E isso não é uma crítica, pois, ficou simplesmente fabuloso o Scorpions com esta dose maior de peso nas músicas.

    Klaus Meine nos saudou em bom português ao falar: "boaaaa nooooiteee Saooo Pauloooo como estãoooo???" e complementou em inglês dizendo que é bom estar de volta para então anunciar a cadenciada The Zoo, outro sucesso do Animal Magnetism que não só garantiu a garra do show como também pudemos assistir Matthias Jabs comandar a música com seu talking box durante os solos.

    Depois que Mathias Jabs teve seu momento de brilho, em seguida foi a vez de Rudolf Schenker com sua guitarra Flying V e Mikkey Dee socando sua bateria nos entregarem a instrumental Coast To Coast representando o álbum Lovedrive de 1979. O mais bacana é que além dos muitos solos de Rudolf Schenker e Matthias Jabs, posteriormente, Klaus Meine que passou boa parte da música arremessando baquetas para a plateia... pegou uma guitarra e também participou junto aos dois levando a interação com o público à níveis saborosíssimos.

    Depois deste passeio por três músicas das antigas, o novo álbum Rock Believer ficou em voga com a cadenciada Seventh Sun, onde destaco as notas atingidas por Pawel Maciwoda em seu baixo, os solos com uso do slide tanto de Rudolf Schenker quanto de Matthias Jabs, a sempre fortificada voz de Klaus Meine e sim... as pancadas de Mikkey Dee em seu kit de bateria. Prosseguindo com o disco novo tivemos o seu primeiro single com a vibrante Peacemaker, com Klaus Meine nos agradecendo pela energia retribuída e com direito a Mikkey Dee aliando um peso implacável em sua bateria.

    Alternando muito bem canções novas com antigas, o Scorpions através de seu vocalista Klaus Meine informou que seria hora de um clássico com a explosiva Bad Boys Running Wild, a primeira do excelente Love At First Sting de 1984, cuja reação dos fãs foi de berrarem com força mesmo seu título com o Scorpions.

    Delicate Dance serviu para um descanso dos senhores Klaus Meine e Rudolf Schenker e também para que Matthias Jabs solasse sua guitarra nos colocando diante de formosas melodias desta música instrumental, que foi gravada no álbum MTV Unplugged In Athens de 2013. A balada Send Me An Angel foi a primeira de uma trinca dedicada ao álbum Crazy World de 1990 com Klaus Meine enviando toda sua emoção ao cantar seus versos diante de Matthias Jabs e Rudolf Schenker nos violões em um momento intimista, acústico e encantador com todos com os celulares com suas lanternas ligadas e cantando com o vocalista, que virava o microfone para frente para captar melhor as nossas vozes.

    Dedicada ao povo ucraniano, Klaus Meine anunciou e assoviou o início magnífico de Wind Of Change, que teve seus versos modificados em apoio à Ucrânia devidamente exibidos no telão com os seguintes dizeres: "Agora ouça meu coração // Ele diz Ucrânia // Esperando que o vento mude", que mostrou a atitude da banda em desejar que esta infeliz guerra acabe o quanto antes enquanto que nós sentíamos plena alegria por (re)assistir o Scorpions cantando esta composição, cujos solos ficaram por conta de Rudolf Schenker. O símbolo do Flower Power foi exibido no telão nas cores da bandeira da Ucrânia nos versos finais em que somente nós e Klaus Meine participamos deste singelo momento de paz no show do Scorpions.

    Are You Ready To Rock? perguntou Klaus Meine e os solos de guitarras entregaram que a flamejante Tease Me Please Me seria a próxima do set dos alemães e como é bom viajar até os anos 90 com estas três composições. Com um sonoro "Obrigado!!!", Klaus Meine nos agradeceu e introduziu a recente Rock Believer, título do vigésimo álbum de estúdio da banda que contém em suas melodias todo o DNA que adoramos do Scorpions e que ao vivo ficou ainda mais impactante, me fazendo relembrar de muitos bons momentos que já tive em shows de Rock, pois, sou um dentre muitos que é crente no Rock.

    Pawel Maciwoda e Mikkey Dee ficaram no palco para juntos tocarem a New Vision, onde fizeram uma jam que caminhou para o solo imbatível de bateria de Mikkey Dee, que se já estava destruindo sua bateria ao longo do show, agora detonou de vez com muita técnica e velocidade neste formidável solo. É importante lembrar que vimos um caça níqueis no telão à maneira que ele esmagou o seu kit, além de escorpiões, o rosto de Lemmy em uma linda homenagem ao Motörhead e por fim, o logotipo da banda atingindo o Jackpot.

    Todas as luzes foram apagadas por poucos segundos e ao ascenderem ouvimos sirenes que trouxeram a acelerada Blackout, título do disco de 1982 e um dos maiores sucessos dos Scorpions com Rudolf Schenker portando uma guitarra dotada de uma espécie de motor soltando fumaça na parte que ele mais agitou do show.

    E neste ponto cabe um comentário extra... à maneira que o show do Scorpions rolou notei que Rudolf Schenker não estava daquele jeito obstinado que acostumei à assistir nas outras vezes que vi a banda e aí lembrei-me do motivo: sua irmã faleceu dias antes do show no Monsters Of Rock e naturalmente, ele estava triste e de certa forma um pouco acanhado, entretanto, mesmo assim manteve-se firme durante todo o tempo e solando muito. Por conta disso, Rudolf Schenker merece um parabéns extra pelo nível de profissionalismo e dedicação aos fãs.

     Conectando Blackout à clássica Big City Nights do Love At First Sting, o Scorpions fechou a primeira parte do show de forma sensacional com milhares de vozes berrando o refrão com eles fazendo o estádio pulsar. E Klaus Meine disse que queira nos ouvir e assim, quase à capela, gritamos "Biiiig Ciiitty... Biiig Ciiiity... Niiights..." quase incessantemente.

    Antes de saírem do palco totalmente ovacionados pela plateia jogaram palhetas, baquetas, sorrisos e até a toalha com o suor de Mikkey Dee... ( essa eu não queria de recordação... ).

    Desde que foram criadas e integradas ao set list do Scorpions, após o lançamento do álbum Love At First Sting, as duas últimas músicas desta primeira participação dos alemães no Monsters Of Rock são tocadas, aguardadas por todos e responsáveis por incendiar o show novamente.

    Estou falando da balada Hard Still Loving You, cujas notas fazem parte de nossa história há tantos e tantos anos com todos cantando com o quinteto em plena harmonia Rock'n'Roll. Por fim, o hino supremo do Scorpions com a colossal Rock You Like A Hurricane, que colocou o estádio para pular e cantar com eles pela última vez.

    Enrolado em uma bandeira do Brasil, Klaus Meine soltou um "Thank You Very Much Saooo Paulooo", mais palhetas foram jogadas pelos seus companheiros e Rudolf Schenker também agradeceu o calor recebido pelo público. Como em todas as vezes que vi o Scorpions, seus shows foram perfeitos, sensacionais, empolgantes e inesquecíveis, o que não foi diferente desta vez no Monsters Of Rock que tivemos a honra de presenciar mais outra distinta apresentação da banda por aqui.

Set List do Scorpions

1 - Gas In The Tank
2 - Make It Real
3 - The Zoo
4 - Coast To Coast
5 - Seventh Sun
6 - Peacemaker
7 - Bad Boys Running Wild
8 - Delicate Dance
9 - Send Me An Angel
10 - Wind Of Change
11 - Tease Me Please Me
12 - Rock Believer
13 - New Vision
14 - Blackout
15 - Big City Nights

Encore:
16 - Still Loving You
17 - Rock You Like A Hurricane

Homenagens

    Durante o tempo que o palco do Scorpions era desmontado e o do KISS preparado, a organização do Monsters Of Rock promoveu homenagens para vários nomes do Rock e Heavy Metal que nos deixaram nos últimos anos, sendo que posso citar alguns como Dio, Neil Peart ( Rush ), Paul Gray ( Slipknot ), Jerry Lee Lewis, Little Richards, Chuck Berry, Chris Squire ( Yes ), Keith Emerson ( Emerson, Lake & Palmer ), Greg Lake ( Emerson, Lake & Palmer ), Chorão ( Charlie Brown Jr. ), Canisso ( Raimundos ) Andre Matos ( Angra e Shaman ), Champignon ( Charlie Brown Jr. ), Lemmy Kilmister ( Motörhead ), Erasmo Carlos entre muitos e muitos outros, que foram responsáveis por tantos importantes bons momentos em nosso cotidiano, seja ouvindo seus discos ou assistindo aos seus shows. Entretanto, relembro o que sempre enfatizo... o legado de cada um deles é eterno e nunca será esquecido.

KISS

Se for o final mesmo, foi suntuoso como sempre...

    Quando a End Of The Road World Tour do KISS foi anunciada e os shows no Brasil ( adiados pela pandemia ) finalmente aconteceram em abril de 2022, com a data em São Paulo no dia 30 de abril neste mesmo Allianz Parque ( relembre aqui ) fiquei até um pouco triste e receoso que fosse mesmo a última vez dos norte-americanos por aqui, mas, o espetáculo não pode parar e os rumores do KISS no Brasil novamente cresceram ainda em 2022 e tornaram-se realidade bem antes do final do ano, sendo que desta maneira pudemos nos despedir novamente da banda em mais outro célebre show que contarei como foi nas próximas linhas.

    Será que antes de começar preciso dizer que o show começou pontualmente quando o relógio marcava 21hs ( horário divulgado e respeitado pela produção do Monsters Of Rock )? Bem, agora já disse... e bastou a Rock'n'Roll do Led Zeppelin acabar de ser tocada nos P.A.'s do estádio para que o vídeo da banda se dirigindo para o palco fosse exibido e então ouvimos pela última vez em São Paulo ( será mesmo? ) a frase: "Alright, São Paulo, You Wanted The Best, You Got The Best! The Hottest Band in the World… KISS!", que desde os anos 70 marca o instante em que o show começa...

    E como sempre, o backdrop escrito KISS caiu e entre efeitos, estouros, explosões e labaredas de fogo, estes veteranos heróis do Rock desceram 'voando do céu' para o palco com as guitarras sendo soladas firmes e rápidas em Detroit Rock City do histórico Destroyer de 1976 revelando no palco do Monsters Of Rock Paul "The Starchild" Stanley ( vocais e guitarra ) no centro, Gene "The Demon" Simmons ( vocais e baixo ) à esquerda, Tommy "The Spaceman" Thayer ( guitarra ) à direita e Eric "Catman" Singer ( bateria e vocais ) no fundo.

    A euforia provocada por esta música foi fenomenal e colocou todos para cantarem com Paul Stanley e Gene Simmons. E o sempre atencioso Paul Stanley já conclamou: "Saoo Paulo... let me see your hands...", como se alguém nesta hora não fosse erguer seus braços, mesmo que muito cansado. A iluminação de um show do KISS é deslumbrante, bem como a produção de palco e neste formato cheio de pompa tivemos o envolvente Rock'n'Roll de Shout It Out Loud, outra do Destroyer, que contou com muitos aplausos no seu ritmo e aquela garra única que eles são possuidores há 50 anos.

    Aos gritos de "KISS... KISS... KISS..." e com Paul Stanley nos cumprimentando repetindo "Saooo Pauloooo...", dizendo que "nós estamos em seu coração" e que "somos bonitos", o performático músico complementou dizendo que tinham 60.000 pessoas ( tudo isso mesmo? uauu!!! ) no show solicitando que nós gritássemos quanto nossos pulmões permitissem, sendo que foi o que fizemos para finalmente anunciar o clássico Deuce, do primeiro álbum autointitulado de 1974 com Gene Simmons nos vocais e Paul Stanley em seus rebolados e trejeitos únicos em meio aos muitos solos capitaneados por Tommy Thayer. Outra coisa que tenho que ressaltar foram as imagens de shows antigos no telão principal de certa forma contando a trajetória da banda.

    Gene Simmons cantou na continuidade do show a pesada War Machine do Creatures Of The Night de 1982, onde novamente o 'Spaceman' Tommy Thayer brilhou nos solos de guitarras ( aliás, fica o registro... ele é o cara que mais tempo ocupou o posto, excetuando-se é lógico o fundador Paul Stanley ) e a 'Máquina de Rock' do KISS contou também com muitas labaredas de fogo em que até pude sentir seu calor.

    Com uma guitarra Flying V muito bonita por sinal, Paul Stanley puxou os versos de Heaven's On Fire do Animalize de 1984 - essa da fase desmascarada e mais Glam da banda, que também caiu como uma luva no Allianz Parque, afinal, é um baita Rock'n'Roll delicioso de se ouvir e interagir em um show como este. E o esperto Paul Stanley sempre pediu para que nós completássemos o seu refrão.

    O comunicativo vocalista nos questionou se estamos prontos para os bons tempos e passou a bola para Gene Simmons cantar o sucesso I Love It Loud do Creatures Of The Night, disco que trouxe o KISS pela primeira vez no Brasil em 1983 e vale dizer que esta canção sempre foi muito adorada por todos nós, que participamos freneticamente a cada solicitação feita pelo baixista nos "Heeey... Heey... Yeaah" nesta provável última vez na capital paulista. No final, Gene Simmons segurando uma espada em chamas cuspiu fogo e a fincou no centro do palco.

Spaceman against Unknown Flying Objects

    Com os holofotes direcionados para Paul Stanley, ele perguntou se estamos cansados e nos convidou a cantar com ele ( e também Tommy Thayer e Eric Singer atuando muito bem nos backing vocals ) a música Say Yeah do Sonic Boom de 2009 e foi o que fizemos... especialmente... em seu refrão.

    Sempre com muitos gracejos, Paul Stanley disse "esta é um clássico Old School do KISS e chama-se Cold Gin" e de volta ao primeiro álbum vimos Tommy Thayer e Paul Stanley com guitarras Flying V executarem seus solos para Gene Simmons cantar seus versos enquanto que no telão principal tínhamos imagens dos anos 70 misturadas com as deste show, o que é muito bacana e ao mesmo tempo nostálgico.

    Nos prolongamentos de Cold Gin, Tommy Thayer foi o primeiro a ter seu momento de brilhar sozinho no show, pois, ele ficou e iniciou seu solo de guitarra com alguns discos voadores 'sobrevoando' o palco e o nosso herói do espaço 'derrubou cada um deles' ( os pedestais que no princípio desceram eles do alto do palco eram os Ovinis ) com direito a um foguete saindo de sua guitarra para isso.

    Paul Stanley pediu para ver os fãs e também mais barulho para pouco depois colocar o estádio inteiro para cantar Lick It Up, sucesso que emprestou seu nome para o álbum de 1983 e  que teve incrementos Rock'n'Roll em seus solos de guitarras, raios laser e também Eric Singer arrepiando na bateria, além de palmas quando o Starchild nos pediu.

    Falando nele, após trocar rapidamente de guitarra ( era uma para cada música ) tivemos a animada Makin' Love do Rock and Roll Over de 1976 e em seguida com muito bom humor falou que precisaria chamar o doutor, mas, não qualquer doutor.... mas sim Gene 'The Killing Machine'. E este cantou a segunda do Rock and Roll Over na sequencia com a clássica Calling Dr. Love, onde após sua exibição, Paul Stanley e Tommy Thayer realizaram um duelo de solos de guitarras, algo que para quem admira é maravilhoso de se assistir e presenciar. Isso durou alguns minutos e então, Gene Simmons voltou gritando os nomes da dupla para juntos finalizarem a composição.

    Com Paul Stanley no comando dizendo que acabamos de ver Dr. Gene Simmons e pedindo para gritarmos "Woooaaaauuuu" com ele chegamos agora à Psycho Circus com o palco em tons vermelhos e muitas labaredas de fogo que foram disparadas neste sucesso que intitula o álbum lançado em 1998 levando ao solo de Eric Singer em sua bateria. Além do solo dotado de muita habilidade, o Catman teve tempo para enxugar suas mãos, mandar um beijo para a plateia, rodar as baquetas, interagir conosco e vale dizer também que pudemos ver sua bateria levantar do palco em um momento de arrepiar.

    Já com Paul Stanley gritando novamente e sem sua guitarra tivemos o encerramento de Pyscho Circus com os lança chamas disparados todos juntos e um trecho por 100,000 Years do primeiro álbum. Os trovões exibidos nos telões já deram a dica de qual música seria a próxima do show, porém, ela foi precedida pelo solo de baixo de Gene Simmons e o momento que ele cuspiu sangue para posteriormente 'voar' para o alto do palco dizendo: "Saooo Pauloooo I can see you...." cantando de lá com a boca 'ensanguentada" a agressiva God Of Thunder do Destroyer, onde a iluminação foi um show à parte.

    O showman Paul Stanley informou que é a última vez que nos vê ( será mesmo? possivelmente sim dado à idade avançada dele e de Gene Simmons... mas estamos falando do KISS e tudo pode acontecer ) e após este discurso, ele disse que viria até nós se fosse convidado. Seu ego foi massageado com os gritos de seu nome e aí ele montou na tirolesa até o palco B tocando de lá Love Gun ( título do álbum de 1977 ) enquanto que o resto da banda ficou no palco principal mantendo o clima deste Rock'n'Roll simplesmente viciante, que procuramos cantar seu refrão com o Starchild.

    Ainda no palco B ( lá no meio do estádio ), o incontido vocalista conversou mais com a plateia dizendo que tocaria mais uma música e com uma Flying V colocou o estádio para dançar com a deliciosa I Was Made For Lovin' You, canção gravada no Dynasty em 1979 quando a Disco Music tomou conta das paradas de sucesso. E é impossível ouvir esta e não desejar cantar e sair dançando com o KISS, onde distinguiu-se o solo de Tommy Thayer, que serviu para Paul Stanley retornar ao palco principal.

    E o frontman com uma guitarra cheia de brilhos dedilhou as notas de uma das mais bonitas músicas do KISS... estou falando de Black Diamond, outra escolhida do primeiro álbum da banda para fechar magistralmente a primeira parte do show, porém, embora Paul Stanley começou a cantar seus versos, quem sustentou a canção até o final foi Eric Singer. Nos prolongamentos, durante o solo de Tommy Thayer e o solo de Eric Singer em sua bateria, que serviu para suspendê-la novamente pudemos observar uma bandeira de gato.

    Um piano foi montado no centro do palco para o bis e quem o tocou foi Eric Singer, que inclusive cantou sozinho a belíssima balada Beth ( outra do Destroyer ) com todos com os celulares ligados filmando este momento incomparável do show.

    Ovacionado pelos fãs, os quatro receberam os aplausos do público e tiraram uma foto com nós ao fundo, mas, isto não significou o final, entretanto, Paul Stanley brincou com isso e nos questionou se queremos mais uma canção. Ele disse: "Vocês foram maravilhosos... Apenas uma questão... se vocês responderem... nós tocaremos.. vocês nos amam? estão prontos para os bons tempos?". Assim, Do You Love Me foi exibida e muito balões foram jogados na plateia para nos divertimos com eles enquanto curtíamos este outro hit do Destroyer com o telão principal exibindo imagens da KISShistória.

    Com uma chuva gigantesca de papéis picados Gene Simmons cantou a estonteante Rock and Roll All Nite, a única do álbum Dressed To Kill de 1975 neste show, que é uma das mais emblemáticas músicas do Rock e que passa toda sua alegria com o verso que é um mantra para nós todos: "Eu quero Rock and Roll a noite toda / E festa todos os dias". Festa que é sinônimo de um show do KISS.

    E pensa que foi só isso? Não... Gene Simmons, Eric Singer e Tommy Thayer foram erguidos e somente Paul Stanley ficou no centro do palco, apenas para destruir sua guitarra como virou uma tradição dos shows do KISS antes de serem definitivamente encerrados nos levando à uma catarse literalmente monstruosa. Nos últimos solos, Paul Stanley berrou: "Saooo Paulooo we love you...". Nós também amamos vocês... e já estamos com saudades de shows espetaculares como este.

    Diferentemente do ano passado quando o KISS tocou por aqui, mesmo muito alegre por ter sido um dos milhares que conferiu a apresentação da banda, ainda assim ficou um sentimento de melancolia no ar, afinal, poderia ser mesmo a última vez, mas, ainda bem que não foi.

    Todavia, se este show de 2023 for mesmo a última vez que vi o KISS na vida, o meu sentimento é de satisfação ( e creio que de todos os outros presentes também ), pois, os norte-americanos se despediram do público do Allianz Parque no maior festival de Rock e Heavy Metal que a capital paulista possui, o Monsters Of Rock. Outra possível despedida e não informada oficialmente pode ter sido o Deep Purple, sendo que podemos ter assistido sua última vez em São Paulo/SP ( espero que não!!! ).

    E esta 7ª Edição do Monsters Of Rock também se tornou tão lendária quanto as outras seis edições, acredito que esta será lembrada como a que foi mais dedicada ao Hard Rock e ao Heavy Metal Clássico, afinal, reunir KISS, Scorpions e Deep Purple em um mesmo dia não é algo que acontecerá novamente e que bom que tanto eu, quanto os outros milhares de Headbangers de todas as idades presentes no estádio pudemos também fazer parte desta história. Obrigado Mercury Concerts e que venha a 8ª Edição do Monsters Of Rock.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Ricardo Matsukawa - Mercury Concerts
Agradecimentos para a equipe
da Catto Comunicação e da Mercury Concerts 
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Maio/2023

Set List do KISS

1 - Detroit Rock City
2 - Shout It Out Loud
3 - Deuce
4 - War Machine
5 - Heaven's On Fire
6 - I Love It Loud
7 - Say Yeah
8 - Cold Gin
9 - Guitar Solo
10 - Lick It Up
11 - Makin' Love
12 - Calling Dr. Love
13 - Psycho Circus
14 - Drum Solo
15 - 100,000 Years
16 - Bass Solo
17 - God Of Thunder
18 - Love Gun
19 - I Was Made For Lovin' You
20 - Black Diamond

Encore:
21 - Beth
22 - Do You Love Me
23 - Rock and Roll All Nite

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