RockFest com Scorpions, Whitesnake, Helloween, Europe e Armored Dawn
Sábado, 21 de setembro de 2019
no Allianz Parque em São Paulo/SP

Mais de 160 anos de Rock em uma noite!!!

    Assim como aconteceu há exatos dois anos, só que em uma quinta-feira, com o lendário e inesquecível show do The Who na capital paulista ( relembre como foi ), o Allianz Parque foi o palco de algumas das melhores atrações que estão no 'cast' do Rock In Rio deste ano e que nós tivemos a honra de assisti-las primeiro que o público carioca ( exceção apenas pelo Europe ). Aliás, a escolha do line-up deste RockFest foi algo que será lembrado por muito tempo nos corações dos fãs e nos registros dos veículos de imprensa presentes, pois, foram reunidos Scorpions, Whitesnake, Helloween, Europe e Armored Dawn. E se considerarmos o tempo de atividades destas bandas e somarmos, chegaremos ao impressionante número de mais de 160 anos dedicados ao Hard Rock, Heavy Metal, Power Metal, ou seja, não é pouca coisa... é a história!!!

    Ao entrar no Allianz Parque e me dirigir até o gramado pude notar grande palco e também os grandes telões com direito a uma pista para que os músicos pudessem se deslocar e chegar mais perto do público confirmando que a produção da Mercury Concerts para este RockFest era para impactar os fãs com sua qualidade, que se comprovou assim que a primeira banda subiu para o seu show.

    Entretanto, um pouco antes de conferir o show de abertura visitei o stand da Prevent Senior e além de participar de uma promoção em que você sempre ganhava alguma coisa - uma bandana, um fone de ouvido, um acessório para o celular, etc; pude também ter uma foto tirada e impressa na hora com um banner gigante do evento como fundo, que é uma excelente recordação do show, e claro que tirei e guardei a minha. Mas vamos aos shows...

Armored Dawn

    Pontualmente no horário marcado, às 16:15, a banda brasileira Armored Dawn de Viking Metal / Power Metal, que já realizou aberturas para Saxon, Hammerfall, Sabaton, Tarja, Rhapsody e Symphony X ( inclusive com aberturas para importantes nomes também na Europa ); começou sua missão de aquecer o público para as Feras do Rock que viriam depois com muita habilidade.

    E Eduardo Parras nos vocais, Timo Kaarkoski e Tiago de Moura nas guitarras, Heros Trench ( Korzus ) no baixo, Rafael Agostino nos teclados e Rodrigo Oliveira na bateria aproveitaram a oportunidade para divulgarem o Barbarians In Black ( o segundo álbum, que saiu em 2017 ) e também colocaram algumas inéditas pertencentes ao terceiro lançamento, o Viking Zombie ( que só estará disponível em outubro de 2019 ), cujos temas fizeram a decoração do palco, do telão principal e das vestimentas dos brasileiros.

    Consideravelmente empolgados, logo após a introdução, eles abriram com a robusta Beware Of The Dragon, que abre o Barbarians In Black com o vocalista Eduardo Parras andando pela pista e chegando bem na sua frente, enquanto que os demais lá no fundo do palco garantiam a sonoridade da canção, seja na parte instrumental ou nos backing vocals, que alcançaram os fãs que participaram com o frontman do Armored Dawn no refrão enchendo o músico de orgulho.

    E mesmo com a luz do dia ainda bastante forte era possível apreciar a iluminação, os telões laterais e o principal denotando a qualidade dos equipamentos utilizados neste RockFest. Com muitos 'hey... hey...' da galera, o sexteto segue com mais uma composição do segundo disco com a rápida e pesada Chance To Live Again, que também foi bem recebida pelo público, que neste momento ainda não ocupava todos os espaços, mas já era bem significativo. Nesta segunda canção do Armored Dawn tenho que enaltecer os solos de dupla de guitarristas Timo Kaarkoski e Tiago de Moura, que se mostrou muito entrosada.

    E antes da terceira, uma das novas, Eduardo Parras nos saúda e pergunta se estamos preparados, pois, segundo ele: "cabeças vão rolar..." para assim nos anunciar a cadenciada Heads Are Rolling, que ganhou palmas no ritmo em seu princípio e cujos solos de guitarra ficaram a cargo de Tiago de Moura, e este, os fez muito bem. Aos gritos de "Armored Dawn... Armored Dawn..." e muitos aplausos, Eduardo Parras anuncia outra inédita com a Animals Uncaged, diz que "somos foda" e que fará um vídeo de nós. Na execução da música pude perceber a ação do tecladista Rafael Agostino em parceria com o andamento cadenciado produzido pelos guitarristas, que favoreciam o estilo do vocalista para cantar sua letra.

Homenagem ao maestro

   Eduardo Parras disse que Sail Away ( do Barbarians In Black ) era para uma homenagear o maestro do Heavy Metal Brasileiro, Andre Matos, cuja imagem apareceu no telão principal nos lembrando que o excelente vocalista nos deixou este ano, um fato que não consigo aceitar ainda, mesmo passados vários meses. E a balada foi muito bem aceita pelos fãs - inclusive, vale dizer que os seguidores da banda marcaram presença mesmo e participaram bastante - até por conta de suas belas melodias nos teclados de Rafael Agostino, que somadas ao carisma de Eduardo Parras ganharam um enorme coro de mais pessoas, após ele nos solicitar a participação. E acrescento... ter o rosto de Andre Matos estampado no telão e saber que ele não está mais aqui emociona e muito. Aliás, foi muito bacana também quando eles deixaram apenas os teclados e as vozes dos fãs sozinhos, aumentando o grau da homenagem.

    A ótima Ragnarock, que é do novo trabalho foi exibida e o Armored Dawn já estava com a plateia nas mãos, que aplaudia no ritmo da canção e pode se deliciar vendo Timo Kaarkoski solar sua guitarra pela pista até o final dela. Ainda no 'palquinho' ( vou chamar assim ), Eduardo Parras grita rapidamente o nome da próxima, que foi a Gods Of Metal do Barbarians In Black em que a galera também agitou bastante.

    Antes da última muitos gritos de "Armored Dawn... Armored Dawn..." até o vocalista nos interromper e dizer que o Heavy Metal está vivendo graças à nós, e assim, tivemos uma composição 'fresquinha' com a Rain Of Fire, que exibiu muitas agradáveis linhas melódicas e ótimos solos de guitarras. Pelo tanto que foram aplaudidos no final de seu show, que durou em torno de 40 minutos, sinal que os fãs aprovaram o Armored Dawn e provavelmente, o sexteto conquistou novos seguidores neste RockFest... e cá entre nós, a banda melhorou e evoluiu muito de um disco para o outro e com mais tempo de estrada.

Set List do Armored Dawn

1 - Intro
2 - Beware Of The Dragon
3 - Chance To Live Again
4 - Heads Are Rolling
5 - Animals Uncaged
6 - Sail Away
7 - Ragnarock
8 - Gods Of Metal
9 - Rain Of Fire

Europe

Muito mais que só clássicos do passado!!!

    O último lançamento de estúdio do Europe é o ótimo álbum Walk This Earth de 2017 ( o décimo primeiro de sua discografia ) e a banda retornou ao Brasil pouco mais de dois anos de sua última visita no país, e particularmente, já ansiava muito por revê-los, ainda mais por ter perdido a tour do disco War Of Kings, digo isso, porque nas duas vezes que assisti eles em 2012 ( na Bag Of Bones Tour - leia resenha ) e em 2010 ( na tour do disco Last Look At Eden - veja a matéria ) seus shows foram eletrizantes e voltados ao melhor do Hard Rock, o que explica sua expressiva vendagem de mais de 20 milhões de discos, lógico, que a maioria puxada pelo megahit The Final Countdown, mas isso, não diminuiu em nada os álbuns lançados pós reunião da banda em 2003, aliás, para mim só 'discão'.

    Quem demorou para entrar ou para chegar perdeu mais um impactante show do Europe, pois, no horário marcado, às 17:15, o palco do RockFest recebeu a formação que podemos considerar como clássica e mais duradoura da banda com Joey Tempest nos vocais ( e eventualmente guitarra ), John Norum na guitarra, John Levén no baixo, Mic Michaeli nos teclados e Ian Haugland na bateria. Os suecos trouxeram ao Brasil a Walk The Earth World Tour e abriram o set logo após a curta intro com a Walk The Earth, que trouxe os músicos bastante animados com esta nova composição, que te captura facilmente em que o vocalista Joey Tempest a cantou com muita emoção cada verso e veio andando pela pista até o 'palquinho' comandando muito bem o show, entretanto, muitos observaram atentamente sua atuação por não conhecer a música. Depois com uma pegada setentista, que mescla Hard e Blues tivemos The Siege, também do Walk The Earth deixando claro o interesse da banda em divulgar seu novo disco e nesta, John Norum solou sua guitarra Fender Stratocaster com precisão nos envolvendo em suas melodias.

    Recebendo aplausos, Joey Tempest falou em português: "Olá São Paulo.... como vocês estão?" e saca o primeiro clássico oitentista do Europe com Rock The Night, que é pertencente ao platinado The Final Countdown de 1986, e por ser muito conhecida já contou com os fãs interagindo com ele no refrão e aplaudindo no ritmo. Se restava dúvidas que eles iam ganhar a plateia, ela acabara agora, pois, o vocalista pediu a participação dos fãs, foi prontamente atendido e alongou a música dividindo os vocais conosco.

    Bastante empolgados com o seu maior show no Brasil, Joey Tempest pede para gritarmos e nos disse que a próxima é do Wings Of Tomorrow ( o segundo disco do Europe de 1984 ) com a veloz e pesada Scream Of Anger, que fez ele se movimentar bastante pelo palco, cujo telão principal sempre exibia a capa do álbum Walk The Earth.

    Assim quando a breve introdução Prelude surgiu nos PA's, eu já sabia que a música que mais queria rever do Europe no show ia ser tocada e não, não era The Final Countdown, era a Last Look At Eden ( título do oitavo disco ) com direito a John Norum portar uma guitarra Flying V ( inclusive, este RockFest foi o dia deste modelo de guitarra ) e com sua pegada contagiante me fazer balançar para valer, que pelo jeito que foi recebida era também a favorita de muitos.

    Com uma certa dificuldade em falar a nossa língua Joey Tempest exclama: "muito feliz de estar aqui pessoal!!!". E ele estava mesmo... era nítido em seus olhos, assim quando a Power Balad Ready Or Not do quarto disco Out Of This World de 1988 entrou em cena, já passou toda sua calorosa energia para nós e além disso... trouxe o guitarrista John Norum para mais perto até o 'palquinho'.

    A pesada War Of Kings ( título do penúltimo álbum de estúdio ) veio para romper a adrenalina e cravar que o Europe atual é uma banda muito mais robusta que aquela dos anos 80 causando muitos 'headbangings' e socos no ar com seu andamento. Isso por conta dos seus toques encorpados de baixo feitos por John Levén, seus longos solos de guitarras feitos por John Norum e a atuação cheia de vitalidade de Joey Tempest.

    E ainda do War Of Kings, o Europe dispara outra música que já te acerta em cheio com a rápida Hole In My Pocket, porém, após tantas canções pesadas, os suecos suavizam um pouco e tocaram um dos seus maiores clássicos, a belíssima balada Carrie do The Final Countdown, que emociona logo nos toques dos teclados de Mic Michaeli e na performática voz de Joey Tempest, que levou a formação de um imenso coro no Allianz Parque, afinal, esta música já embalou muitos namoros e foi muito bonito quando eles deixaram apenas os fãs cantando-a até que John Norum solou sua Fender Stratocaster.

    Joey Tempest ficou tão feliz que gritou "caralhooo!!!" para agradecer esta intensa participação dos fãs e vale dizer que eles estavam com 'sangue nos olhos' nesta apresentação, pois, alguns dias antes em Curitiba/PR uma forte chuva com pedras de gelo ( ou granizo se preferir ) atrapalhou o show do Europe interrompendo antes do término normal e cortando músicas, inclusive, a The Final Countdown, não tocada pela primeira vez na história dos suecos em um show.

    Nesta sequencia final e com a plateia nas mãos, Joey Tempest pediu palmas, foi atendido e nos brindou com a canção de abertura do álbum Out Of This World, o Hard Rock Superstitious, que é uma das melhores da banda na minha opinião, que durante os longos solos de John Norum, o vocalista Joey Tempest desceu do palco e foi para o lado dos fãs cumprimentando muitos deles. Quando retornou, ele nos fez duelar com sua voz nos "ôôôôôôôôô", além de bradar novamente "caralhoooo" extremamente contente, para então cantar os versos finais da música com nossa participação mais uma vez.

    Cherokee ( outra do álbum The Final Countdown ) com seu Hard Rock cativante e ótimo para pular ganhou muitas palmas, solos de teclados e antecedeu à conhecidíssima The Final Countdown, que por mais vezes que a tenhamos ouvido ou visto alguém tocá-la... estar perto do Europe exibindo-a é outro tipo emoção. E o público cantou a plenos pulmões com o quinteto cada verso tanto que em muitas vezes Joey Tempest virava o microfone para nós, mas, quem mereceu um destaque nesta foi John Norum ao solar sua guitarra. Aos gritos de "Du caralho..." dos fãs, Joey Tempest rapidamente apresenta seus parceiros, nos agradece e posa junto com eles para aquela foto com a plateia no fundo, após aproximadamente uma hora de apresentação.   

    É posso afirmar com segurança que o Europe realizou o seu melhor show no Brasil, o que contou com o maior público e o que tanto eles quanto cada um de nós jamais esquecerão, até por conta de ser um set menor onde mesclaram clássicos do passado e composições novas de uma forma mais intensa e aquecida.

Set List do Europe

1 - Walk The Earth
2 - The Siege
3 - Rock The Night
4 - Scream Of Anger
5 - Prelude
6 - Last Look At Eden
7 - Ready Or Not
8 - War Of Kings
9 - Hole In My Pocket
10 - Carrie
11 - Superstitious
12 - Cherokee
13 - The Final Countdown

Helloween

Abóboras incendiárias!!!

    Há dois anos, o Helloween começou a sua Pumpkins United World Tour, que celebrava a reunião de Andi Deris ( vocais ), Sascha Gerstner ( guitarra ), Dani Löble ( bateria ), Michael Weikath ( guitarra ) e Markus Grosskopf ( baixo ) com Kai Hansen ( vocais e guitarra ) e Michael Kiske ( vocais ), cuja passagem no Brasil resultou em duas noites 'sold out' no Espaço das Américas em São Paulo/SP ( relembre como foi a primeira noite ), shows que tiveram imagens e áudios registrados para integrarem o DVD e cd United Alive, que serão lançados no dia 04 de outubro. Os músicos não tinham a intenção de excursionar pelo Brasil tão cedo, porém, com a saída do Megadeth do 'cast' do Rock In Rio e do RockFest por conta dos problemas de saúde do líder Dave Mustaine, eles reconsideraram sua decisão e foram uma excelente substituição.

    Entretanto, desta vez o set list não teria tantas músicas quanto o usual da Pumpkins United World Tour, cujos shows tinham em torno de três horas, o tempo do Helloween seria na casa de uma hora também, e aí muitas músicas naturalmente seriam limadas do set, mas, experientes que são, souberam realizar um espetáculo fervente e que privilegiou todos os músicos de forma igual.

    Assim que a introdução Initiation terminou os alemães já entraram a toda velocidade de seu Power Metal com a clássica I'm Alive do Keepers Of The Seven Keys Part I de 1987 em que Andi Deris e Michael Kiske alternavam os seus versos com a precisão que vimos há dois anos e ainda mais integrados, se movimentando bastante pelo palco, além de poder observar também Michael Weikath e Kai Hansen solando suas guitarras Flying V com toda aquela exuberância que fez o Helloween se diferenciar e ser considerado como o criador do estilo em questão.

    No telão principal eram exibidos as animações típicas com as aboboras e a segunda foi a marcante Dr. Stein, canção do Keeper The Seven Keys Part II de 1988, que levou os dois vocalistas até o final da pista, lá no 'palquinho' em que deu para notar a quantidade de fãs do Helloween presentes, pois, formou-se um coral enorme para cantar com eles os versos deste verdadeiro hino do agora septeto.

    Andi Deris falou que estão neste festival por conta que o Megadeth não pode vir e deseja uma boa recuperação para Dave Mustaine ( nós todos também ) e como o 'perfect gentleman' que é apresentou Michael Kiske, que sozinho inflamou de vez o Allianz Parque ao cantar a notável Eagle Fly Free, também do Keeper Of The Seven Keys Part II, que nos abalou não só com sua sempre potente voz, mas também com os solos de Michael Weikath e Kai Hansen, que não deram descanso para suas Flying V, sendo que Michael Weikath estava com uma azul e Kai Hansen com a sua tradicional vermelha. E uma canção como Eagle Fly Free é impossível não cantar seus versos com o Helloween, não pular e não socar o ar sem parar... uauu!!!

    Depois que Michael Kiske brilhou sozinho com a canção que eternizou com sua voz, Andi Deris retorna com uma cartola prateada e um fraque brilhante para cantar uma das músicas que marcou sua era no Helloween com a Perfect Gentleman, sucesso do seu disco de estreia, o Master Of Rings de 1994, que foi responsável por uma gigante alegria nos fãs. Entretanto, nesta Andi Deris não recebeu os holofotes sozinho, pois, entre muitas palmas Michael Kiske também cantou alguns versos em uma sincronia perfeita com Andi Deris aumentando o nosso frisson com o show do Helloween, que olha... estava superando o Europe e fazendo o público pular e muito.

    Com Kai Hansen cumprimentando o público paulista, perguntando se gostamos do "German Heavy Metal" e assumindo a liderança do show na divisão de tarefas que o Helloween faz atualmente com muita categoria, eles executaram a acelerada e pesada Ride The Sky do primeiro registro da banda, o Walls Of Jericho de 1985, que contou com um solo triplo dele, de Michael Weikath e de Sascha Gerstner em uma trinca de Flying V's em ação. E o mais interessante foi que Ride The Sky foi tocada na integra e não como parte de um medley conforme outrora, fato que já deixou esta apresentação cravada na memória.

    Michael Kiske conversa com a plateia e nos diz que depois da canção rápida que tocaram, agora seria a vez de uma mais lenta e a balada A Tale That Wasn't Right do Keeper The Seven Keys Part I contou com ele nos primeiros versos e depois Andi Deris ( além de nós obviamente ) colocando muito feeling personificando outro grande momento deste show do Helloween, que não tivemos outra 'escolha' senão participar bastante contentes com os dois vocalistas e observar Michael Weikath solar sua guitarra.

    Andi Deris sempre divertido brinca com os fãs que quer ir dormir e nos faz gritar com ele até que anuncia Power, outro sucesso seu na banda com esta canção do The Time Of Oath de 1996 em que todos procuramos berrar seus versos o mais forte possível com ele, e óbvio, todos os "ôôôôôôôôôô" do seu refrão, além de olhar novamente a trinca Michael Weikath, Sascha Gerstner e Kai Hansen solando suas guitarras ao mesmo tempo e cada vez mais velozes, característica marcante do Power Metal.

  A épica How Many Tears do Walls Of Jericho contou com Michael Kiske, Andi Deris e Kai Hansen se alternando nos vocais e seja em suas partes mais rápidas ou nas mais lentas, o septeto estava nas graças do Allianz Parque e também nos brindou com dedilhados lindos e solos, muitos solos, primeiro Kai Hansen, depois Sascha Gerstner e por fim Michael Weikath, quando as linhas melódicas tão adoradas por nós retornam mais acentuadas.

    Kai Hansen com sua indefectível Flying V vermelha no centro do palco puxa aquelas notas que já saímos gritando "oooowwwoowwwww" até que elas se tornam a Future World ( outra do Keeper Of The Seven Keys Part I ) que são a essência de um Power Metal, que te captura tão rápido quanto sua velocidade e ver um vocalista icônico como ele cantando seus versos é a certeza de uma alegria quase indescritível. Nossa reação foi de cantar com ele e novamente socar o ar, pular, curtir alvoroçadamente.

    Para fechar esta simplesmente incendiária apresentação do Helloween tivemos a I Want Out ( também do Keeper Of The Seven Keys Part II ) com Michael Kiske e Andi Deris dividindo os vocais conosco e nos fazendo sorrir com este sensacional show que fizeram no RockFest. Inteligentemente, eles fazem um prolongamento para que pudessem ampliar os "ôôôôôôôôôwww" dos fãs durante a chuva de papéis brancos e laranjas picados, que um pouco antes receberam as grandes bolas pretas e laranjas.

    Mesmo em um set curto, de apenas uma hora, o Helloween novamente fez outro show que será lembrando por cada presente no Allianz Parque neste RockFest, claro que queríamos outras músicas como a Halloween ou a Keeper The Seven Keys ou mesmo a Forever and One ( cujo clipe do show de 2017 saiu estes dias ), mas, eles escolheram ótimos clássicos para deixar os fãs ainda mais extasiados e mais energizados para o que teríamos depois.

Set List do Helloween

Initiation
1 - I'm Alive
2 - Dr. Stein
3 - Eagle Fly Free
4 - Perfect Gentleman
5 - Ride The Sky
6 - A Tale That Wasn't Right
7 - Power
8 - How Many Tears
9 - Future World
10 - I Want Out

Whitesnake

Veteranos com muito veneno, técnica e carisma!!!

    Nos poucos minutos que antecederam da troca de palco do Helloween para o Whitesnake, o meu entusiasmo particular em rever a lenda inglesa aumentava, pois, perdi a última tour que David Coverdale fez uma releitura de seus sucessos nos vocais do Deep Purple e também a estreia de Joel Hoekstra na guitarra no lugar de Doug Aldrich, além disso, o Whitesnake é a única banda das quatro principais que está com um disco recém lançado nas mãos, pois, o Flesh & Blood saiu no começo deste ano e está repleto de ótimas músicas conforme o David Coverdale já havia avisado.

    E britanicamente no horário, às 20:15hs, quando nos ouvíamos nas caixas de som do Allianz Parque o som do The Who com My Generation, que cantarolei e a minha mente viajou para dois anos atrás quando vi Roger Daltrey e Pete Townshed pela primeira no Brasil ( e provavelmente única vez ), até que instantes depois chegara a hora do show que mais esperava neste RockFest... sim... o Whitesnake, cuja formação atual é a seguinte: David Coverdale nos vocais, Reb Beach e Joel Hoekstra na guitarra e vocais, Michael Devin no baixo, Michele Luppi nos teclados e a lenda Tommy Aldridge na bateria.

    David Coverdale já entrou sorrindo e gritou "Are You Ready... It's a song for yaaa!!!" em meio a um pesado solo de guitarras feito por Reb Beach e Joel Hoekstra, que se modificou para a Bad Boys do álbum 1987, que já foi efusivamente cantada pelos fãs, que foram regidos pelo vocalista e que desfilava pela passarela com sua camisa de mangas compridas pretas com os escritos de Whitesnake nas cores do Brasil com o logo da banda incrustado no centro. David Coverdale pedia mais barulho para os fãs e nós além de berrar ficávamos de olho também nos solos de Joel Hoekstra - este com sua linda Gibson branca - e de Reb Beach com sua guitarra vermelha. Entretanto, quem já impressionava era o baterista Tommy Aldridge socando sem kit sem piedade nenhuma.

    Com todo o carisma que é detentor, David Coverdale já emenda a clássica Slide It In, canção título e que abre o disco lançado em 1984, que foi cantada por todos e que nesta hora estavam acalorados com o show do Whitesnake nesta apresentação consideravelmente pulsante, que teve mais solos de muita categoria da entrosada dupla Reb Beach e Joel Hoekstra, sendo que este último sempre erguia sua guitarra para cima para fazê-los.

    David Coverdale não parava quieto... ia para o fundo do palco e atravessava a passarela toda hora, sempre sorrindo, fazendo poses sexuais com o pedestal de seu microfone, mandando beijos para os fãs e sem que pudéssemos respirar já canta o hit Love Ain't No Stranger, outra do Slide It In que contou com um grandioso coro dos fãs deixando ainda mais bonita a música, afinal, é inadmissível não cantá-la junto a um fulguroso David Coverdale e saliento... poder admirar como Joel Hoekstra se encaixou bem na banda, pois, os solos foram dele. Para ajudar, o telão mostrava o logo antigo da banda, o que nos lembra do disco e traz todo aquele clima oitentista no ar.

Romântico transgressor

    E do álbum novo Flesh & Blood veio a Hey You ( You Make Me Rock ), um Hard mais característico que conta com partes ótimas para participar ao vivo e foi o que fizemos com David Coverdale comandando como poucos os milhares de fãs. E a cada chamada do vocalista era um "ooow... yeaaah..." com ele e um soco no ar até que Joel Hoekstra solou sua Gibson branca e Tommy Aldridge 'senta a mão' na sua bateria.

    Não foi só o Europe que estava com 'sangue no zoio' por conta de ter feito um set menor em Curitiba/PR, o Whitesnake também e com 'veneno nos dentes' tanto que o Bluesão contido no clássico Slow an' Easy ( outra do discaço Slide It In ) foi um rolo compressor fazendo muitos pularem e socarem o ar ( meu caso ) só parando para olhar o solo de Joel Hoekstra com um slide nos dedos para dar aquele timbre que aprecio tanto. Quando a música fica somente com voz e bateria, nós aplaudimos no ritmo para o contente David Coverdale que apesar de estar com 68 anos ( completos no domingo dia 22 de setembro ) tem mais vigor no palco que muitos garotos de bandas novas. E outra curiosidade, nesta hora David Coverdale recebeu uma bandeira brasileira, mostrou para o público e a amarrou em sua cintura como se fosse uma bandana e ficou com ela até o final.

    A melhor, mais Blues e minha música favorita de Flesh & Blood foi inclusa no show, a 'transgressora' Trouble Is Your Middle Name que basicamente mostra o potencial do disco e do senhor, que muitos apontam como 'tiozão', mas que no palco dá show e que show, enfim, é um baita frontman e superior a muitos vocalistas que parecem postes de tão fixos que são no palco. Com David Coverdale cantando é só pular à vontade e voltagem o tempo todo, já a dupla de guitarristas sola com uma energia tão grande que chega espontanemente até nós e você fica na dúvida se olha o vocalista na passarela ou olha os solos, primeiro o de Reb Beach e depois o de Joel Hoekstra, mas, claro, gritar com David Coverdale o título da música é de imediato todas as vezes que foram necessárias.

    Em seguida, Reb Beach inicia seu solo que parecia que seria individual, mas no Whitesnake não é assim, é um duelo no melhor estilo do Blues, e após ele brilhar, Joel Hoekstra o 'desafia' e para quem gosta de guitarras tocadas com virtuosidade e todas as sensações que o instrumento passa... os dois vão longe chegando a um breve trecho de Voodoo Child do Jimmi Hendrix, que acredito que a maioria não percebeu. E os dois receberam a 'ajuda' de Tommy Aldridge, que fez a base para que o duelo fosse mais viajante e se ligasse na dinamite sonora Shut Up & Kiss Me, com David Coverdale de volta ao palco em outra música recente que fez a galera vibrar bastante. Não falei que o novo álbum é excelente? E o vocalista tomou a passarela para si e ficou na frente dela quase que todo o show.

    Depois foi a vez de Tommy Aldridge com 69 anos fazer o seu magnífico solo de bateria em que literalmente martelou o seu kit de bateria, pois, após mostrar toda sua competência ao tocar com as baquetas à toda velocidade para dar inveja em muito baterista de Thrash, o cara jogou as baquetas para longe  e provou que é um Old School ao tocar com as mãos, como o fabuloso John Bonham fazia no Led Zeppelin para delírio do público, que não tem o costume de ver um mestre das baquetas em ação e ainda mais um que toca com as mãos com a força que ele tocou ( e te pergunto? já tentou fazer isso caro leitor(a), eu já... e te falo... dói e bastante... ). Claro que Tommy Aldridge que já tocou com nomes como Ozzy Osbourne, Motörhead, Thin Lizzy, Gary Moore, Yngwie Malmsteen e tantos outros foi muito aplaudido pelos fãs!!!

    No retorno da banda, David Coverlade um pouco rouco saúda o velho amigo e aproveita para apresentar os músicos que estão à frente do Whitesnake e na continuação, ele suaviza depois tantas músicas 'pauladas' com a balada - que já emocionou muitos casais - Is This Love ( outra do 1987 ), que ao cantá-la ele novamente veio pela passarela até o 'palquinho' e só faltou distribuir flores como o Roberto Carlos faz, pois, compartilhou todo seu amor no momento mais romântico do set, que fez muito marmanjo cantar sua letra verso por verso com ele. Para disfarçar - certamente que - eles olharam para os solos de Reb Beach e Joel Hoekstra ( agora com uma guitarra preta ), que sempre trazem emoções também.

    E o atraente Hard Rock de Give Me All Your Love também do aclamado 1987 marcou presença no show do Whitesnake e David Coverdale a cantou com muito feeling nos provocando a participar com ele, seja no refrão ou com as palmas e vale dizer que nas notas mais fortes, ele aguentou bem, porém sem forçar a voz no limite, que convenhamos já está menos potente comparando com a época que o disco foi gravado.

    Com o lado romântico em evidência, o David Coverdale canta outra que é uma 'sing along song' com a balada Here I Go Again e foi acompanhado por todo o Allianz Parque, que estava deveras 'apaixonado' e praticamente encobriu sua voz de tão forte que cantaram, o que agradou em muito o frontman, pois, ele adora sentir essa sensação vindo de seus fãs, dúvida? Então olhe na expressão do rosto do vocalista. Bem, falar que os solos de guitarras foram deslumbrantes não é preciso, não é? Mas, tenho que enaltecer a linda guitarra azul de Joel Hoekstra e também o esforço de David Coverdale, que não canta mais as notas agudas, mas, compensa com sua incrível presença de palco, que concedeu ainda o direito de Michael Devin tocar um breve, porém, competente solo de baixo com seu Rickenbaker antes de encerrá-la.

    Falando em notas agudas, David Coverdade se desafia ao cantar Still Of The Night, pois esta canção do álbum 1987 contém agudos fortíssimos e sabemos que ele não aguenta mais fazer todos os que gravou no disco, mas, inteligente que é... na hora deles, o vocalista vira o microfone para nós e ergue as mãos para que nós tentássemos fazer o que ele fazia há trinta anos atrás.

    Pensa que isso desmerece o seu show? muito pelo contrário caro leitor(a), ele vence o desafio que se propôs ao gritar um dos muitos que a música contém. Os demais... ou deixa para os fãs ou deixa que as guitarras façam o seu trabalho mexendo um pouco na estrutura da canção, mas é isso que queremos ver ao vivo, versões diferentes do estúdio e o artista com disposição no palco nos enviando toda a sua felicidade. Antes do fim de Still Of The Night, ele nos agradeceu por nossa hospitalidade em meio a pesados solos de todos na banda, hora que o vocalista também ergueu a bandeira brasileira exibido-a para nós.

     Para fechar um dos melhores shows do ano, o David Coverdale relembrou da banda que o alçou ao estrelato... o Deep Purple com uma versão explosiva e bastante rápida de Burn, que adivinhem... fez todos cantarem com ele. E não tem como ver David Coverdale cantando a Burn e não se lembrar do California Jam em 1974 quando ele e Glenn Hughes pulverizaram o show. Nesta noite, Reb Beach e Joel Hoekstra não foram tão fulminantes quanto Ritchie Blackmore, mas, garantiram solos velozes e implacáveis para memorizarmos, assim como Michele Luppi nos teclados que procurou encarnar Jon Lord o máximo que pode. Ahhh em tempo, David Coverdale berrou fortemente suas partes até esquecendo-se que talvez deveria poupar sua voz.

    Na despedida tivemos o som de We Wish You Well do Lovehunter de 1979 tocada nos alto falantes após uma hora e quinze muitos em que o Whitesnake prestigiou os clássicos compostos no Slide It In e no 1987, além de algumas novas canções em um show memorável. E pouco depois disso, a produtora Mercury Concerts anunciou nos telões confirmando o que já era comentado por vários veículos de imprensa e nas redes sociais, o KISS fará um dos shows de sua End Of Road World Tour no Brasil no mesmo Allianz Parque em maio de 2020, outro show que fatalmente estaremos presentes.

Set List do Whitesnake

My Generation
1 - Bad Boys
2 - Slide It In
3 - Love Ain't No Stranger
4 - Hey You ( You Make Me Rock )
5 - Slow an' Easy
6 - Trouble Is Your Middle Name
7 - Guitar Duel
8 - Shut Up & Kiss Me
9 - Drum Solo
10 - Is This Love
11 - Give Me All Your Love
12 - Here I Go Again
13 - Still Of The Night
14 - Burn
We Wish You Well

Scorpions

Impecáveis nas músicas, nos efeitos e nos solos!!!

    Lendo esta matéria caro leitor(a), você deve ter percebido que eu esperava mais assistir o Whitesnake, mas, se dizer que não estava na expectativa de rever o Scorpions, banda que figura com destaque entre as primeiras que ouvi na vida, estaria mentindo e como havia visto os alemães na última vez em setembro de 2016 na 50Th Anniversary World Tour em São Paulo/SP ( confira como foi ) sabia como seria mais ou menos o seu show. Mais ou menos, porque este atual giro recebeu o nome de Crazy World Tour e celebra os trinta anos do álbum Crazy World de 1989, e bem nas vezes que vi o Scorpions, eles sempre surpreendem.

    Mantendo a pontualidade, o show teve início às 22:00hs, logo após o pano que estava cobrindo o palco cair e no momento quando um helicóptero que apareceu nos telões sobrevoando por São Paulo/SP para 'lançar os músicos' até nós, que começaram com a pesada Going Out With A Bang, um Rock eletrificado gravado no Return To Forever ( de 2015 ), que foi cantado com toda a força de Klaus Meine trajado com seu tradicional boné preto e seus óculos escuros, além de uma bela jaqueta de couro preta com detalhes em branco. Já o 'sem sossego' guitarrista Rudolph Schenker chegou correndo pelo palco com sua guitarra Flying V, também de óculos escuros e jaqueta preta; Mathias Jabs mais discreto com seu boné e sua guitarra branca com listras pretas em formato de 'X'; Pawel Macioda na ponta esquerda com seu baixo e mais acima de todos Mikkey Dee com sua corpulenta bateria.

    Se na primeira música quem solou mais foi Mattias Jabs, quem comandou os solos na segunda, a Make It Real - canção que abre o Animal Magnetism de 1980 - foi Rudolph Schenker com sua Flying V branca e preta, sendo que friso aqui... como faz bem ver estes solos de perto com Klaus Meine cantando perfeitamente do alto dos seus 71 anos, que em seguida soltou um "boa noite São Paulo... tudo bem?" para depois anunciar a pesada e cadenciada The Zoo, outra do Animal Magnetism, que contagiou a plateia com seus riffs constantes de guitarras executados com primor por Rudolph Schenker e Mattias Jabs, sendo que o primeiro foi andando até o 'palquinho' enquanto que o telão, que há pouco havia exibido uma enorme bandeira do Brasil nos seus painéis de led, agora mostrava Matias Jabs, que utilizou de um 'voice box' junto de sua guitarra em 'X' toda preta.

    Os prolongamentos que eles fizeram conduziram para outra das suas eletrizantes composições, agora a instrumental Coast To Coast do Lovedrive de 1979, onde uma enorme guitarra Flying V preta apareceu no telão viajando tal como nós nos solos e nesta Rudolph Schenker, que já estava na frente do 'palquinho' recebeu Pawel Macioda, Mattias Jabs e Klaus Meine com uma guitarra preta também e todos juntos fazendo aquele 'balé' de tocar e mexer a guitarra na mesma sincronia. No final da música, Klaus Meine pega uma bandeira do Brasil e a exibe para nós. São detalhes como estes que tornam a apresentação do Scorpions impecável.

Alucinantes!!!

    E o que já estava muito bom poderia ficar melhor? Claro que sim... estamos falando do Scorpions, um dos veteranos do Rock que sabem fazer um show como ninguém e eles sacaram um medley que é para satisfazer quaisquer um dos presentes fazendo todos pularem sem parar com a sequencia de músicas dos anos 70, que vieram logo após uma carinhosa saudação do sempre simpático Klaus Meine "Obrigado... Estou feliz por estar de volta ao Brasil... a São Paulo... ".

    A primeira foi a Top Of The Bill do In Trance de 1975, que é daquelas que ateia fogo sempre que é lembrada e seguiu com outro resgate maravilhoso destes mais de 50 anos dos alemães com Steam Rock Fever do Taken By Force de 1977, um Rock'n'Roll de flamejante e contou também com ardorosa Speedy's Coming do Fly To The Rainbow de 1974 e é impressionante como a música nos acerta ainda hoje; para terminar com Catch Your Train do Virgin Killer de 1976, quatro discos que se você quer conhecer mais da fase de Uli John Roth na banda sua audição será altamente recomendada, cujos solos nesta noite ficaram à cargo de Mattias Jabs.

    Vale comentar que o Scorpions não ficou apenas nas músicas mais conhecidas pelos fãs, soube resgatar canções de quando ainda não eram tão famosos no mundo e que estão entre as melhores que já gravaram. Durante este medley, eles inovaram e aplicaram 'pirantes' imagens em 3D psicodélicas mescladas com os músicos, algo que não haviam feito na tour anterior e que foi fascinante pois passava a sensação delas estarem saindo da tela e vindo até nós e isso sem usar óculos especiais.

    Depois deste passeio pelos anos 70, eles nos trazem de volta ao presente com a We Built This House do Return To Forever, cuja letra apareceu no telão e muitos sabiam cantá-la, afinal, criar músicas que incidem facilmente em nossas almas se tornou uma especialidade do Scorpions.

    Novamente, Klaus Meine nos agradece com um "Thank you so much... muito bom..." e então comenta do álbum Crazy World para que uma trinca dele sejam exibidas e na sequencia... a primeira foi uma versão acústica da balada Send Me An Angel com Rudolph Schenker com um violão Flying V em um banquinho na frente do 'palquinho', assim como Klaus Meine já sem os óculos escuros e Mattias Jabs também com um violão, enquanto que Pawel Macioda mais atrás um pouco e Mikkey Dee com um kit menor no lado direito do palco principal em uma parte ímpar do show em que todos cantaram e ligaram as luzes seus celulares por todo o estádio, como antigamente fazíamos com os isqueiros.

    Outra que também contou com o gigantesco coral formado no Allianz Parque foi a lenta Wind Of Change com seus lindos assovios, que assim que Klaus Meine a cantou todos acompanharam ele sentindo toda a paz e a harmonia que esta música emana, aliás, precisamos que os ventos da mudança voltem no mundo, pois, estamos passando por tempos complicados no planeta.

    Enquanto que Rudolph Schenker continuou no violão, Mattias Jabs lá no lado direito pegou sua guitarra e comandou os lindos solos de Wind Of Change. E o Scorpions deixou apenas nós cantando seus versos cada vez mais alto sem nenhum som de instrumento algum por alguns instantes, o que emocionou os músicos no palco. Mas, como nem só de baladas vive o Scorpions, o Hard Rock robusto de Tease Me Please Me foi a última da trinca do Crazy World e esta é outra que também cantamos alegremente com eles, além de observar Mattias Jabs solar sua guitarra com toda sua dedicação ao que o instrumento lhe proporciona.

    Klaus Meine nos disse: "Mikkey Dee on drums..." e este deu início a um dos mais espetaculares solos que vi na vida, não pelo solo em si, porque sua capacidade de massacrar o instrumento ao vivo, eu já conhecia desde os tempos dele no Motörhead, mas por conta de sua bateria ser levantada cada vez mais para o alto através de correntes presas à ela e tal como uma 'usina de fundição', ele não parava de bater em seus pratos, bumbos, tontons, etc... garantindo nossas palmas e gritos, entretanto, quando momentaneamente ele parou e recomeçou ainda mais forte, o telão principal que exibia o solo dele mostrou agora imagens das capas dos 25 álbuns do Scorpions.

    Ao som de sirenes e com Rudolph Schenker correndo ensandecidamente por todos os lados com uma Flying V que soltava fumaça tivemos a Blackout, canção de abertura do álbum de 1982 dos alemães, que é outra daquelas que te acertam no peito e que você pula e agita na hora com direito até a alguns breves apagões no estádio, quando eles faziam momentâneas paradinhas no andamento da canção.

    E incrivelmente, a primeira parte do show passou tão rápida que não deu para notar, sendo que a canção que fechou foi a Big City Nights, que reconhecemos em suas primeiras notas de guitarras, afinal, ela é do mais famoso álbum do Scorpions, o Love At First Sting de 1984, que estourou no Brasil desde que foi lançado, e para ampliar a intensidade eram exibidas no telão imagens de uma grande cidade como São Paulo e também de uma gata com pouca roupa, que resultaram em uma participação frenética dos fãs nas palmas, no ritmo e no coro com Klaus Meine, que novamente a cantou primorosamente.

    No bis, todos já sabiam quais seriam as músicas que seriam tocadas e que jamais podem ficar de fora de um show do Scorpions, pois, a balada Still Loving You e o Hard Rock You Like A Hurricane - ambas do Love At First Sting - são clássicos absolutos da banda, mas, eles ainda tinham uma pequena surpresa na manga. Pois bem, quando retornaram aos seus postos Klaus Meine nos falou: "Muito obrigado São Paulo... from deep of my heart... Still Loving You my friends..." e aos dedilhados que já emocionaram gerações foi exibida Still Loving You e quantas recordações passam em nossas mentes com esta música, que também foi cantada por todos em uma sinergia banda plateia que só nomes como o Scorpions conseguem extrair em que Klaus Meine alcançou uma nota bastante forte em sua voz no final.

     Bem a surpresa foi um pequeno trecho de Holiday do Lovedrive à capela que ficou extraordinário, porém, ele foi apenas para introduzir a estonteante Rock You Like A Hurricane, que naturalmente cantamos com todas as forças que ainda nos restavam juntos a Klaus Meine e admiramos pela última vez os solos de Mattias Jabs e Rudolph Schenker. Mas, o vocalista fez um pequeno prolongamento para que esta interação se prorrogasse por mais alguns segundos até que com todos solando juntos e com muita garra... o show terminasse.

    Deu tempo para eles se reunirem no 'palquinho' para sua despedida do RockFest e do público de São Paulo retribuir com  gritos de "Olê... Olê... Olê... Scorpions... Scorpions...", além de muitas palmas com os telões exibindo os escorpiões no formato utilizado pela banda nos discos mais recentes.

    Não posso terminar esta matéria sem dizer que os nomeados como 'tiozões' do Scorpions e do Whitesnake não dão sinais que pretendem parar tão cedo, muito pelo contrário, o Scorpions promete um álbum de inéditas para 2020 e o Whitesnake está firme na divulgação do Flesh & Blood, ou seja, muitos shows à caminho. Já os mais novos como o Helloween e o Europe, logo logo estarão com novos álbuns de estúdio nas mãos também, que significam novas turnês e os nossos brazukas do Armored Dawn estão batalhando para se tornarem cada vez mais conhecidos e conquistarem mais fãs com suas composições. Então, para desespero dos críticos que adoram falar da idade avançada dos músicos, saibam vocês que terão que aguenta-los por muito tempo ainda ocupando arenas como o Allianz Parque em festivais como o RockFest.

    Aliás, esta primeira edição do RockFest foi muito bem organizada e produzida, tanto que espero que seja a primeira de muitas, pois, a Mercury Concerts mergulhou nesta noite um pouco nos mais de 160 anos de Rock, Hard Rock e Heavy Metal que estas fundamentais bandas gravaram ao longo de suas respectivas carreiras.

    Posso afirmar categoricamente que o RockFest foi um sucesso, que recebeu um público estimado em 30 mil pessoas ( o anel superior não foi utilizado ) e me leva ao registro de um pedido: que a Mercury Concerts sempre produza festivais desse porte com nomes importantes na história do Rock como são os casos de Scorpions, Whitesnake, Helloween e Europe, pois, bandas assim são a garantia de arenas cheias.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Ricardo Matsukawa e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia, Simone Catto Joia, Sílvia Herrera e para a Mercury Concerts
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Setembro/2019

Set List do Scorpions

Crazy World
1 - Going Out With A Bang
2 - Make It Real
3 - The Zoo
4 - Coast To Coast
5 - Top Of The Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train
6 - We Built This House
7 - Send Me An Angel
8 - Wind Of Change
9 - Tease Me Please Me
10 - Drum Solo
11 - Blackout
12 - Big City Nights

Encore:
13 - Still Loving You
14 - Rock You Like A Hurricane

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