Free Pass Metal Festival III com Avantasia
Abertura: Shaman e Rec/All
Domingo, 02 de junho de 2019 no Espaço das Américas em São Paulo/SP

Partida final em que vimos os campeões jogando brilhantemente!!!

    Qual deve ser a emoção que se sente ao chegar para o jogo final do campeonato, longe de casa, diante de uma imensa plateia, sabendo que seu time está com alguns novos jogadores, desfalcado com um de seus mais importantes craques e logo após a ficar sabendo que a partida preliminar foi responsável por inflamar o público te passando a responsabilidade de garantir uma apresentação de gala, cheia de gols e que sua torcida vá embora para casa gritando 'é campeão!!!' plenamente satisfeita e com uma história única para contar para seus amigos e amigas?

    Acredito que esta resposta para esta pergunta tenha sido dada por Tobias Sammet durante as mais de três horas do show do seu Avantasia neste último domingo dia 02 de junho de 2019 no Espaço das Américas em São Paulo/SP, cuja abertura foi dos brasileiros do Shaman ( com sua formação original e que lotaram duas noites seguidas a Audio Club, casa próxima do palco desta noite - em setembro do ano passado - relembre aqui ) e do Rec/All, ( nome que conta com dois integrantes do Angra ).

    Fiz estas considerações porque nesta Moonglow World Tour, o Avantasia está sem o sensacional Bob Catley ( em turnê com o Magnum ), sem o magnífico Michael Kiske ( descansando após a longa turnê Pumpkins United World Tour do Helloween ) e sem a simpática e excelente vocalista Amanda Somerville, ou seja, sem três nomes importantes que sempre acompanharam o projeto em suas turnês e isso, que nem vou mencionar outros que já estiveram em seu formidável time. É bem verdade que manter a seleção de renomados convidados para a turnê é difícil, pois, todos tem seus projetos e bandas e conciliar suas agendas é uma tarefa deveras difícil, porém, o que poderia ser um problema, se tornou motivo para um show melhor, de superação, maior que nossas expectativas e com direito a revelação Adrienne Cowan ( do Seven Spires e Winds Of Plague ) e do reforço - especialmente para esta final - Andre Matos, tornado a experiência dos fãs inesquecível neste evento que marcou a terceira edição do Free Pass Metal Festival e a que recebeu seu maior público, cujos detalhes começo a contar a partir de agora.

Rec/All

    O Rec/All é uma banda criada pelo cantor Rod Rossi, que ficou famoso ao interpretar temas de importantes temas de Animes japoneses entre eles o Dragon Ball Kai ( de 2010 ) e o Cavaleiros do Zodiáco: Ômega ( entre 2012 e 2015 ). Além dele completaram o line up da banda nesta noite os músicos Marcelo Barbosa na guitarra e Felipe Andreoli no baixo ( ambos do Angra ) e o Pedro Tinelo na bateria ( do Almah ), sendo que pontualmente às 17:30 ouvimos a música tema o seriado Walking Dead direcionando o estilo de Heavy Metal que teríamos em sua apresentação.

    O primeiro a chegar no palco foi o baterista Pedro Tinelo seguido pela dupla das cordas Marcelo Barbosa e Felipe Andreoli, sendo que o vocalista Rod Rossi foi o último a entrar bastante empolgado para cantar a Running In Her Veins, canção presente no seu primeiro álbum autointitulado de 2017, que é voltada para o Heavy/Power Metal e bastante rápida, tal qual a atuação do vocalista, que se movimentava bastante procurando ocupar o palco todo e chamar o público para suas mãos.

    Não é fácil ser a atração de abertura para uma plateia sedenta por um nome como o Avantasia, mas, o Rec/All por contar somente com feras realizou com habilidade a missão. Isso prosseguiu com a mais lenta e cadenciada Ihate ( também do primeiro cd ) em que pude observar a boa voz de Rod Rossi e os caprichosos solos de Marcelo Barbosa em sua guitarra. Inteligentemente, Rod Rossi convoca o público para participar com ele no refrão e bate palmas para atrair mais as pessoas.

    Antes de prosseguir, ele grita "E aí São Paulo.... eu queria agradecer todos vocês que nos receberam mais uma vez em São Paulo, definitivamente é uma das nossas casas e a gente está aqui para celebrar a história do Heavy Metal Mundial e a próxima música é do Temples Of Shadows... Angels and Demons!!!" e a versão deste sucesso do Angra do seu lançamento de 2004 foi muito boa, mas, também pudera com dois membros do Angra na sua banda... fica fácil. E a sua versão obviamente deu aquele 'up' no público, que reagiu gritando "hey... hey... hey..." e aprovou sua exibição.

    Após gritar "Indestructible!!!", Rod Rossi nos mostra mais uma música de seu primeiro cd, que é bem pesada e de média velocidade, além de contar com ótimos solos de Marcelo Barbosa com uma pegada mais Heavy Metal. Empolgado, Rod Rossi fala: "queria agradecer demais a toda produção aqui atrás, que fez isso aqui acontecer" e também relembra que a última vez em São Paulo foi na abertura para a Tarja para executar o Hard Blues chamado Blind, outra canção do seu álbum que demonstrou um potencial para capturar os fãs facilmente e a que particularmente mais gostei das quatro próprias apresentadas, até também por conta de ver três nomes do Metal Melódico Brasileiro em uma música diferente do costume que vemos em suas bandas principais.

    "Esta vai ser a nossa última música, eu queria pedir uma salva de palmas para todos vocês... no baixo Felipe Andreoli, na guitarra Marcelo Barbosa, na bateria Pedro Tinelo... cantando Rodrigo Rossi, muito obrigado a vocês... até próxima São Paulo...", assim o vocalista nos agradeceu e deu início a uma introdução lenta, pesada e até sinistra, que depois ganha efeitos modernos e industriais para se tornar a conhecidíssima Sant Seya, tema de abertura do Cavaleiros do Zodíaco e que fez o público cantar com ele, afinal, a grande maioria assistiu e muito este desenho. Devidamente muito feliz, Rod Rossi volta a nos agradecer e se despedem após trinta minutos de show, porém, não antes de tirarem a foto com todos nós de fundo. Foi um belo começo de Free Pass Metal Festival III, que concedeu a chance para uma interessante banda estar diante de nossos olhos e ouvidos.

Set List Rec/All

1 - Intro
2 - Running in Her Veins
3 - Ihate
4 - Angels and Demons
5 - Indestructible
6 - Blind
7 - Pegasus Fantasy

Shaman

A última vez do Shaman!!!

    É... a reunião do Shaman, que parecia improvável se tornou uma realidade palpável no ano passado, se tornou uma turnê com várias datas por várias capitais no ano passado e recomeçou no sábado dia 01 de junho no Armaggedon Metal Fest 2019 em Joinville/SC, a data desta noite e que deveriam ter outras, porém, infelizmente, cortadas devido a trágica notícia do falecimento de Andre Matos, que aconteceu dias. Não vou comentar mais a fundo esta tristeza que os fãs do Shaman e de Andre Matos estão sentindo e que se lembrarão desta como a última vez que viram o músico em ação, sendo que vou procurar me concentrar no show em si.

    Antes que a hora da importante banda de Power Metal Brasileira chegasse, fomos expostos a longas melodias tranquilas com uma roupagem até indígena, eu arriscaria a dizer com a clara intenção de climatizar e colocar em nossas mentes um conceito de paz e depois com o vídeo que 'viralizou' na Internet entre os fãs da banda posteriormente, especialmente, no momento em que ele fala de partir deste mundo.

    Mantendo a precisão dos horários programados, o Shaman começou às 18:40 com o vídeo que Andre Matos conta parte do nascimento da banda, menor é claro que o apresentado no show de reunião, porém, com os fatos mais importantes da sua trajetória e como 'trilha sonora' do vídeo uma mescla de Ancient Winds do Ritual com sons que lembravam de Born To Be do Reason até que Ricardo Confessori na bateria, Fabio Ribeiro nos teclados, Hugo Mariutti no guitarra, Luís Mariutti no baixo e Andre Matos nos vocais ocupassem seus postos com a canção de abertura do segundo álbum de 2005, a Turn Away, que mostrou a banda animada e pronta para mais uma grande exibição.

    Como Turn Away é bastante conhecida assim como o Shaman, a reação do público foi de pular, agitar e gritar vários "hey... hey...hey..." com eles. Nesta primeira música, Andre Matos todo de preto soltou seus agudos e se movimentou bastante pelo palco, Hugo Mariutti estava com uma guitarra Gibson solou bravamente, Luis Mariutti com enorme seu baixo de cinco cordas mais parado, Ricardo Confessori detonado sua bateria e Fabio Ribeiro sorrindo na parte mais alta à nossa esquerda com seus teclados Korg.

    A canção título do álbum de 2005, a Reason foi a segunda do set e nesta Andre Matos foi ao piano de cauda posicionado no canto direito do palco para tocar suas primeiras notas e Hugo Mariutti utiliza uma guitarra Flying V preta e branca ( que ficou com ele na maior parte do show ). Disposto a por fogo nos fãs, o vocalista vai na parte mais alta do palco, toca com o teclado lá colocado junto com Fabio Ribeiro e então de volta à frente do palco exclama ao término da música e o princípio da outra: "Muito obrigado... por receberem o Shaman nesta noite aqui, a gente nem imaginava voltar a São Paulo, ainda mais com nossos amigos do Avantasia e todos vocês... Muito Obrigadooooo".

    Com uma flauta pan nas mãos e com Hugo Mariutti no violão, eles tocam a emblemática - e uma das minhas favoritas - For Tomorrow do Ritual, que contou com muitos "ôôôôôôôô" dos fãs à maneira que Andre Matos soprava a sua flauta. Quando Hugo Mariutti tocou o violão e Andre Matos cantou seus versos, o Espaço das Américas estava tomado de vez pelo Shaman, pois, esta música sempre impacta e produz uma grande emoção, tanto que cantamos seu refrão com eles e a coloco como um dos pontos altos dos brasileiros terminando com sua forma espiritual.

    Firmes no Ritual, o Shaman tocou agora a Distant Thunder, um Power Metal contagiante em que eles mantiveram a plateia nas mãos e Andre Matos até começou seus toques no piano, porém, depois correu para o centro do palco para cantar os seus versos sendo acompanhado pelo público, que agora era muito maior comparado ao Rec/All. Nos solos sempre poderosos de Hugo Mariutti em sua guitarra fizemos o coro de "ôôôôôôôôô" e apreciamos Andre Matos nos teclados até que pegasse seu microfone para encerrar a canção.

    Aos quase incessantes gritos de "Shaman... Shaman..." bradados pela plateia, Andre Matos retorna ao piano e extrai dele melodias clássicas em um curto solo que nos trouxe os belos acordes da balada Innocence, que foi rapidamente acompanhada nas palmas e nos passou muita emoção, além da dedicação do vocalista, que inteligentemente nos deixou cantar alguns trechos com ele aumentando a interação entre a banda e a plateia neste sucesso do Reason. Andre Matos pede e comanda os "hey...hey...hey..." dos fãs e de volta ao primeiro e histórico álbum tivemos o rápido Power Metal de Here I Am, que foi tocada com a primazia que esta formação da banda é detentora e incendiou de vez o Espaço das Américas com um coro intenso dos felizes fãs.

    Quando chegou o momento dos solos de guitarra feitos por Hugo Mariutti, Andre Matos foi até o piano e o tocou competentemente até que fez uma graça com sua poderosa voz nos convocando a tentar alcançá-lo, o que convenhamos... é bastante difícil e desta maneira retomam o ritmo e terminam Here I Am demonstrando uma descontração se compararmos com o show do retorno em setembro último.

    Novamente no piano, Andre Matos toca as notas de Time Will Come do Ritual, que identificamos instantaneamente e acompanhamos nas palmas e o vocalista corre até o teclado posicionando no lado direito do palco para solar junto com Fabio Ribeiro e então cantar sua letra elevando nossa alegria com este outro clássico do Power Metal Brasileiro. Sem falar nada, eles tocam a Iron Soul do Reason passando também muita voltagem. Interessante de comentar também é quando o vocalista vai ao piano e o toca com muito feeling até voltarem a parte mais rápida da canção.

    A emblemática balada Fairy Tale do Ritual não poderia faltar na apresentação, afinal, mesmo com um set mais curto se compararmos com o visto ano passado, algumas canções não tem como serem cortadas e esta é uma delas, e após sua introdução tivemos um alternação entre palmas e "ôôôôôôôô" durante os toques de Andre Matos no piano, além de milhares de celulares acesos registrando o momento ímpar e mais romântico do set do Shaman, que nem é preciso dizer que resultou em um coro gigantesco. No final, o vocalista segura a nota na voz de uma tal maneira que serve para colocar em xeque seus detratores e para nós no Espaço das Américas apreciar um dos grandes nomes do Metal Nacional.

    Com a imagem de um xamã atrás da banda tivemos a dica de qual música seria a próxima e com Fabio Ribeiro junto a Andre Matos nos teclados tivemos a canção Ritual, uma marcante música que também desperta um calor especial quando é executada e naturalmente, isso foi enviado até os músicos, que corresponderam com solos de guitarra excelentes de Hugo Mariutti em sua Flying V, aos solos de teclados de Fabio Ribeiro e também ao erguer o pedestal de seu microfone triunfalmente como o vocalista fez. A última do Shaman seria a Pride, que encerra o álbum Ritual e conta com a participação de Tobias Sammet deixando aquela dúvida no ar se ele estaria dividindo os vocais com Andre Matos ou não. Entretanto, isso foi explicado pelo vocalista que por questões logísticas isso não aconteceria e convoca uma 'roda cirúrgica' neste fervoroso e veloz Power Metal, que ao menos no meu caso foi responsável por vários socos no ar...

    O Shaman se mostrou muito mais à vontade e cravou um show que do início ao fim foi devidamente digno da abertura para o Avantasia deixando claro que o retorno era mesmo para valer tanto que... se o imponderável e o que não podemos prever em nossas vidas não acontecesse, veríamos muitas outras vezes eles detonando em vários palcos como foi nesta noite de domingo, que lamentavelmente com a prematura partida de Andre Matos dias depois, se tornou a última vez que assisti o Shaman com sua formação original.

    Na despedida, após uma hora de quinze minutos tivemos palhetas e baquetas jogadas, a sempre importante foto com os fãs de fundo e muitos aplausos e assovios ao som da melodia que ouvimos lá no começo glorificando o quinteto, que colocou fogo mesmo neste Free Pass Metal Festival e de um certo ponto de vista... colocando mais pressão para o Avantasia. Hugo Mariutti inclusive desceu do palco e cumprimentou os fãs colados na grade e também aqueles que ficaram nos setor dos portadores de necessidades especiais, fato que mostra o respeito deles conosco.

Set List do Shaman

1 - Turn Away
2 - Reason
3 - For Tomorrow
4 - Distant Thunder
5 - Innocence
6 - Here I Am
7 - Time Will Come
8 - Iron Soul
9 - Fairy Tale
10 - Ritual
11 - Pride

Avantasia

Espetáculo sensacional

    O jogo final, digo, o show, deste Free Pass Metal Festival III era - conforme mencionei anteriormente - com o Avantasia e contou com o timaço reunido pelo vocalista e líder Tobias Sammet a saber: Eric Martin ( Mr. Big ), Geoff Tate ( ex-Queensryche e atual Operation: Mindcrime ), Jørn Lande ( ex-Masterplan e atual JORN ), Ronnie Atkins ( Pretty Maids ) no ataque ( vocais ), Herbie Langhans ( Sinbreed ) e Adrienne Cowan ( Seven Spires e Winds Of Plague ) no meio campo ( backing vocals ), Sascha Paeth e Oliver Hartmann ( At Vance e Hartmann ) nas pontas ( guitarras ), Michael "Miro" Rodenberg e Andre Neygenfind na linha de zaga ( teclados e baixo, respectivamente ) e Felix Bohnke ( Edguy ) no gol ( bateria ) e a surpresa já avisada com a presença do agora saudoso Andre Matos para marcar seu gol de placa em sua infelizmente última participação em cima de um palco.

    Passados apenas uns dez minutos do horário programado para abrirem as cortinas do Espaço das Américas durante introdução da Clássica composição Symphony No.9, Op. 125 ( Ode To Joy ) de Ludwig Van Beethoven podemos ver o enorme telão ornamentando capa do novo álbum Moonglow, e então, com os músicos posicionados ( não todos, alguns só entrariam em cena mais tarde ) a execução de primeira música novo álbum, a empolgante Ghost In The Moon, que após seus primeiros solos, surge atrás de Felix Bohnke o capitão do time Tobias Sammet trajando óculos escuros, cachecol, um sobretudo e uma fita na cabeça em um visual típico de Hard Rock.

     E como ele correu ao cantar os versos de Ghost In The Moon, não parando quieto praticamente um instante sequer e esta canção já ateou fogo na plateia provando o poder deste novo trabalho do Avantasia. A plateia reagiu vibrando bastante, pulando e cantando com Tobias Sammet e uma forma fervorosa comprovando que ouviram muitas vezes o disco desde seu lançamento em fevereiro. 

    Antes do término de Ghost In The Moon, Tobias Sammet saúda o público dizendo: "Boa Noooite Saooo Paulo Brasil....é ótimo estar de volta... e só digo uma coisa para vocês: façam barulho!!!", que nesta altura do campeonato se não lotou o Espaço das Américas estava ocupando praticamente todos os lados e ao comando do vocalista, que estava nos dando toda sua garra. Muito feliz ele grita todo simpático: "Boa noite meus amigos de São Paulo. Absolutamente fantástico estar de volta aqui em São Paulo nesta bela cidade, neste belo país no final da primeira perna da Moonglow World Tour...Teremos uma grande festa esta noite e vocês devem ter ouvido três horas de Avantasia! Tocaremos de tudo: novas, antigas, lentas, rápidas, muitas empolgantes e pouca coisa chata. Aqui vai uma do espetacular último disco...". Chata, como assim Tobias??? bem, após a fala eles iniciaram a Starlight, que também estava na ponta da língua da galera e que trouxe o primeiro convidado ao palco, o cantor Ronnie Atkins do Pretty Maids para dividir os vocais com Tobias Sammet em uma atuação memorável.

Revelação

    Ronnie Atkins aproveitou para conversar um pouco conosco dizendo: "Obrigado!!!....Boa noite Saoo Paulooo, vocês estão bem?" e brinca com sua voz ao dizer também: "temos seis mil loucos 'avantasians' brasileiros na casa" para anunciar uma das melhores músicas do Moonglow, a Book Of Shallows, que conta com ele, Tobias Sammet - obviamente - e uma grata surpresa que contarei mais abaixo. Book Of Shallows foi cantada pelo público, especialmente seu refrão, sendo que Ronnie Atkins se movimentava consideravelmente pelo palco e vez ou outra... encontrava com Tobias Sammet para juntos realizarem seus versos em coro brilhantemente. A beldade Adrienne Cowan deixou seu posto mais atrás de backing vocal e veio ao ataque para cantar as partes pertencentes a Mille Petrozza do Kreator e a garota soltou seus guturais de forma admirável e por isso, apontei ela logo no início desta matéria como a revelação da noite.

Falante...

    Com seu nome gritado pelos fãs, o bastante falante Tobias Sammet repete que somos fantásticos e que se sente em casa em São Paulo ( devido ao tanto de vezes que já tocou por aqui, que ao se somar as ocasiões com o Avantasia, Edguy e aquela vez com o Shaman... realmente são muitas ), comenta também que é sempre recebido de braços abertos em São Paulo, que será uma grande noite e conta também que farão o primeiro single de Moonglow. Interessante, quando ele prossegue já imaginando nossa reação ao desejar uma canção  antiga, e que o single não seria tão bom quanto as antigas, e que a música é um caso de amor e sabia que iríamos gostar. Animado como nunca, Tobias Sammet comenta também que a gravadora lhe pediu um single e ele mandou justamente a canção de doze minutos para desespero deles, que queriam uma de três minutos, porque não 'rolaria' nas rádios comerciais.

    Por fim ele concluiu: "Não sei sobre as rádios no Brasil, mas na Alemanha, se você ligar o rádio e me perguntar, não importa se são três, seis, nove ou doze minutos, são as mesmas oito ou dez músicas o tempo todo, música de merda. E assim que você coloca guitarras rápidas e vocal melódico, você não vai tocar na rádio de modo algum, então mandamos a gravadora se foder, bancamos o single e vir ao Brasil hoje, a este lugar lotado, é o que realmente importa. Não estou nem aí para a rádio, vocês são a real e este é o primeiro single: The Raven Child". É... ele ganhou a plateia e a longa The Raven Child, que começa mais lenta e cheia de melodia lhe garantindo palmas da plateia e altos "ôôôôôôôôô" dos presentes durante sua linda harmonia, que na versão em estúdio conta com Hansi Kürsh e Jørn Lande, que foi o segundo ilustre atacante convidado a adentrar o palco neste domingo e contracenar com Tobias Sammet em uma verdadeira Metal Opera maravilhosa de se acompanhar nos mantendo enfeitiçados durante cada um de seus adoráveis minutos.

    E como é prazeroso ver Jørn Lande - desta vez de cabelos curtos - com sua voz de 'trovão' no palco cantando uma composição tão saborosa quanto esta em que não posso deixar de destacar os solos de guitarra feitos por Sascha Paeth na parte em que seu ritmo é acelerado, além de enfatizar como esta música incide positivamente dentro de nós, ainda mais com os dois atuando tão brilhantemente como fizeram.

Shakespeare

    Tobias Sammet estava fazendo algo muito interessante nesta noite, cada um de seus convidados estava cantando duas músicas na sequencia e isto também aconteceu com Jørn Lande, que nos contou sobre a alegria de estar no projeto, da tour e de estar mais uma vez diante de nós comparando Tobias Sammet - que estava sentado nos degraus do palco - a um Shakespeare do Metal, segundo ele, o capitão do time é o "Mr. Tobias 'Paul Shakespeare' Sammet". Antes de anunciar a próxima canção, ele comenta que sua letra é sobre a vida, sem pensar no personagem em si e seus conceitos, pois, "viver já é um conceito desafiador", afirmou e emendou: "É sobre isso que ela se trata: coisas boas e ruins, esperança". Bacana explicarem do que a música se trata, afinal, uma olhada menos atenta dá margem a outra interpretação. E assim, com belos toques do tecladista Michael "Miro" Rodenberg, a lenta Lucifer do Ghostlights ( de 2016 ), que teve sua letra acompanhada pelos fãs até o momento em que seu andamento eleva-se e posteriormente ficamos atentos na parte em que Tobias Sammet participa com o grande vocalista escandinavo nesta formidável criação.

    Sem nos dar tempo para absorver a potência deste show, o Avantasia continua com as sombrias melodias nos teclados que trazem Alchemy do Moonglow, que ao ser reconhecida ganhou muitos aplausos em seu andamento Power Metal de bravos solos de guitarras e paradas estratégicas para que pouco depois outro atacante comparecesse ao palco, agora era a vez de Geoff Tate ganhar os holofotes e demonstrar seu conhecido carisma desde os tempos do Queensrÿche em que Oliver Hartmann, que além dos backing vocals teve a responsabilidade de solar sua guitarra junto a Sascha Paeth, que alternavam seus solos em uma tabela muito bem feita por dois craques que são estes dois requisitados produtores a cada música tocada pelo Avantasia.

    E a regra do jogo foi mantida, Geoff Tate ficou e falou conosco também evidenciando que a noite será especial, a banda e que vamos contar para os amigos, além de dizer que a canção que cantaria é sobre a força do indivíduo ( que ao nos superarmos na adversidade com paixão e convicção, somos invencíveis ) e termina dizendo que é uma das suas favoritas para cantar então a emblemática Invincible, que aos toques nos teclados de Michael "Miro" Rodenberg conferiu ares dramáticos à apresentação do Avantasia, pois, era apenas sua voz e os teclados, sem os demais vocalistas no palco e quanto a nós, apenas pudemos cantar com ele e sentir toda a emoção que nos passou a cada estrofe em que só podíamos bater palmas.

Despedida reluzente

    Reassumindo o comando do jogo e com os demais músicos no palco, Tobias Sammet diz que não vimos um holograma no palco, que vimos Geoff Tate um do seus heróis - sua família - em uma performance realmente incrível e isso, provocou risos dos presentes e continua dizendo sobre os encontros nos bares dos hotéis por onde passam, das conversas no backstage e que isso fortalece a família que são, além de enaltecer a amizade que possuem e comenta sobre a euforia que estavam por concluirem aqui no nosso país esta parte da tour. Para introduzir o próximo convidado do projeto, Tobias Sammet nos disse: "Este será um momento muito especial para mim, pois, como disse, o Avantasia é uma família e tudo começou, acho que, em 2001, algo assim, e… não sei como dizer e provavelmente farei de modo rápido: me sinto muito abençoado e honrado em receber um velho amigo meu: André Matos", que teve seu nome gritado fortemente pelos fãs.

    O triste ...ufa.. é duro escrever esta linha... é que eles estiveram juntos e pela última vez em um palco... enfim.. vamos lá... assim que cantaram a marcante e rápida Reach Out For The Light do The Metal Opera I de 2000, além de contarem com um coral gigantesco de fãs ao fundo acompanhando a plenos pulmões a letra desde clássico do Avantasia em um momento que sempre será lembrado por todos os brasileiros e headbangers do mundo todo, que são fãs do trabalho histórico do maestro Andre Matos e um dos mais inesquecíveis desta noite.

    O mais bacana é que eles se abraçaram ao cantarem seus versos e novamente sente-se suas linhas de Opera interligadas com seu rápido Power Metal de uma maneira deslumbrante resultando em palmas, "hey... hey..." e em uma verdadeira explosão de felicidade para nós todos com mais este legítimo golaço do Avantasia, pena, que foi o último do nosso melhor vocalista de Heavy / Power Metal Brasileiro. Antes de partir, o brincalhão Andre Matos teve seu nome gritado pelos fãs e saiu correndo com o microfone do guitarrista Oliver Hartmann para vários sorrisos de Tobias Sammet com a infelizmente, última molecagem do brazuka em uma participação que ficará gravada na memória. Inclusive, levou a Tobias Sammet exclamar com um certo espanto "Eu o amo... Andre Matos!!!" e que foi a primeira vez que viu isso acontecer garantindo a descontração que permeou o show.

Quem inventou as regras?

    A belíssima música título do novo álbum, a Moonglow conta em estúdio com Candice Night aos vocais com Tobias Sammet, mas em São Paulo ele contou com a versátil e também muito formosa Adrienne Cowan exibindo sua magnífica voz para nós disparando uma eletricidade fascinante garantindo o esplendor desta canção. Muito aplaudidos, Tobias Sammet elogia a garota dizendo que estava gritando assustadoramente ( referência aos guturais ) e que em outras partes canta como um rouxinol e salienta: "Ela é maravilhosa, tão diversificada" para então nos questionar se estamos cansados e obtém um sonoro "nãoooo" em resposta, e continua: "já que não estão cansados podemos prosseguir e fazer o show todo, se assim quiserem..." e explana também sobre a próxima música: "...bem... por que o Avantasia gravaria uma música como a próxima? por que? é muito simples.. porque em uma banda de Heavy Metal temos a liberdade de fazermos o que quisermos!!!", faltando apenas emendar um "porque eu gosto e ponto..." lembrando que segundo os teóricos, o Metal tem 'regras' e não se pode desrespeitá-las... ( quem pensa assim hein? tem que ser muito idiota!!! ). Liberdade é importante e apreciamos e ao inferno com estas regras.

    Isto serviu para introduzir mais um de seus célebres convidados, agora Eric Martin do Mr. Big, que cantou com ele a Maniac, o sucesso do filme Flashdance composto por Michael Sembello e como a música é Pop e conhecidíssima por aqui ( ou por conta de estar no Moonglow? ), a verdade que sua inquietude contagiante atingiu em cheio a galera, que cantou com firmeza com a dupla de vocalistas . Nesta hora, uma bandeira do fã clube foi jogada no palco e Tobias Sammet a pegou e a utilizou como adereço do pedestal de seu microfone. Não posso deixar de contar aqui a dança de Adrienne Cowan como se fosse uma robô ( fato que ela repetiu algumas vezes ) e também dos cintilantes solos de Sascha Paeth em sua guitarra, que tocou o tempo todo com uma camisa do gênio Frank Zappa. Vale complementar que Maniac ficou perfeita na voz de Eric Martin, que parece que foi escrita para ele.

Mestre... de cerimônias

    No cumprido discurso de Eric Martin, ele comenta da música anterior "que sou o único bravo e com culhões para fazê-la",  fala das garrafas de vinho que estão no backstage aguardando eles por lá e aproveita para apresentar cada um dos membros deste line up do Avantasia, que receberam os aplausos da plateia, na visão dele: "Sempre guardamos o melhor para o final e obviamente temos aqui todos os suspeitos incomuns: este 'Brainiac', muito tímido, Sascha Paeth; sou o mestre de cerimônias; este jovem homem aqui, André Neygenfind, o baixista; Miro, que eu costumava chamar de 'Professor', mas agora você é o 'Cirurgião', encaixa? Não? Ok, 'Professor’' é melhor; também temos garotas na banda, Adrienne Cowan; e esta senhora maternal, Felix Bohnke, ela não é uma graça?; o 'Sr. Amante Draconiano', Herbie Langhans e o 'Hitman'" - tirando um sarro com o Oliver Hartmannn.

    Falando mais que locutor de futebol na rádio, Eric Martin não para de falar: "Está tudo bem com você? Só saia do foco, você está estragando tudo, vá para trás; e finalmente o 'Príncipe Coroado' do Rock'n'Roll, Tobias Sammet. Esta foi ótima! Me sinto tão à vontade aqui no palco, estou me divertindo pra cacete. E também sou o 'Príncipe Coroado' do Rock'n'Roll..." até que informar qual seria a música seguinte, a Dying For An Angel do The Wicked Symphony ( de 2010 ) em que o frontman do Mr. Big fez as vozes do mestre Klaus Meine conquistando com sua atitude comprovada em tantos anos de Hard Rock o grande público do Espaço das Américas, que foi novamente agraciado com outro solo radiante de Sascha Paeth, que manteve a postura mesmo com as caretas impagáveis que Tobias Sammet fez para ele. Inteligentemente, Eric Martin deixou nós completarmos o refrão enquanto aplaudíamos e éramos conectados a intensa harmonia desta música.

    Eric Martin conversa com Tobias Sammet como se estivessem fora do palco e fazem várias piadas - digamos sexuais - garantindo risos dos fãs e o primeiro comenta também do seminal Bob Catley, que gravou no EP Lost In Space Part I de 2007 a emblemática música The Story Ain't Over e ficou com a responsabilidade de substituir o vocalista inglês ( conforme citei no começo da matéria está com o Magnum em turnê ). Nem é preciso dizer que Eric Martin substituiu a altura Bob Catley e assim que tocaram a canção posso dizer que tivemos um estouro de alegria dos fãs no Espaço das Américas, que seguiram seu ritmo nas palmas e com suas gargantas em uma interação linda de se ver e participar. Os dois cantaram juntos formidavelmente e no final, após os solos de Sascha Paeth e Oliver Hartmann contaram com a deslumbrante vocalista Adrienne Cowan, que veio a frente dividindo o espaço com os eles nos emocionando ao cantar as partes pertencentes a Amanda Somerville em que posso dizer que levantou mesmo o público.

Explodindo

    Em sua nova conversa, que já se tornara impositiva entre as canções, Tobias Sammet comenta sobre o crescimento do Avantasia ao longo dos anos e que isso só foi possível graças a nós, seus fieis fãs, que sempre apoiaram a banda nestes uuauu... já 20 anos de existência, resultando em muitos gritos de seu apelido "Tobi... Tobi...".

    E quando terminou a prosa Tobias Sammet lembrou da sua primeira passagem pelo Brasil em 2002 com o Edguy e volta a nos agradecer de coração e provoca novos risos ao falar de uma costumeira pergunta em entrevistas: "Se um alienígena aparecesse e perguntasse como é sua banda, o que você diria?" e continua: "um cenário improvável, devo dizer. Alienígenas não despontam no palco, exceto Felix Bohnke, na bateria, mas geralmente eles não vêm à Terra te perguntar sobre sua banda." E encerra o papo da seguinte forma: "Mas caso este evento incerto acontecesse e eu fosse perguntado: 'como você descreve sua música?', eu não diria nada. Eu tocaria esta música: The Scarecrow", que aos primeiros toques fortes de Felix Bohnke já provocaram estouros em nossas almas em meio àquela melodia impactante presente em seu andamento, que marcou o retorno de Jørn Lande e também de Geoff Tate para juntos nos levarem para outra dimensão, afinal, estavam no palco dois verdadeiros titãs do Heavy Metal cantando uma das músicas que mais gosto deste terceiro disco da banda, datado de 2008.

    O primeiro a solar foi Michael "Miro" Rodenberg nos teclados e logo depois Sascha Paeth, que aproveitou muito da alavanca de sua guitarra e entrega 'a bola' para Oliver Hartmann continuar com sua Gibson Les Paul e aí reside algo que adoro em shows ao vivo: os músicos nos fazendo olhar quem estava solando naquele instante. Lógico que isso, dura pouco e não sei se todos perceberam, mas, foi épico e mágico. Entretanto, The Scarecrow tem onze minutos, é longa e os três voltam a nos abalar positivamente ainda mais cantando as outras partes da música, que ao se acelerar torna-se um Power Metal incendiário, que ao terminar só posso dizer: "bravo... bravíssimo...!!!".

Rei do Nórdico

    Jørn Lande continua no palco e conversa com a plateia enquanto que Tobias Sammet vai para o backstage descansar um pouco e após basicamente chamar ele de velho, o grandalhão vocalista completa dizendo da honra e do privilégio de tocar com estes caras chamando finalmente Eric Martin ao palco, que retribui o carinho recebido e o chama de "King Nordic" e juntos executaram a Promised Land do Angel Of Babylon de 2010, um Power Metal rápido, que também tem seu lugar em nossos corações e que logicamente provoca outra expansão de nossa felicidade de estarmos assistindo o Avantasia, que só podíamos berrar seu refrão com a nobre dupla no palco.

    Na saída Jørn Lande brinca e deixa Eric Martin como mestre de cerimônias e este nos conta uma outra história, que estão há onze semanas em turnê, que rodaram o mundo e concluindo que o melhor da tour ficou para o Brasil sempre conversando que Brasil e São Paulo detonam e convoca Geoff Tate de volta assim: "Sou afortunado por cantar com eles, mas esse cara tem sido meu novo parceiro no crime, o legendário lorde negro do legendário Queensrÿche" e isso, ainda sem o mentor Tobias Sammet, que lhe responde: "Essa de 'lorde negro' é uma coisa meio da primavera, um pouco estranha", que forçou Eric Martin se explicar: "Eu, Adrienne e o Geoff somos os únicos americanos e nos sentimos tão à vontade frente esta linda plateia. Senhoras e senhoras, somos todos Avantasians". Geoff Tate coloca seu adendo: "Isso mesmo! E, Eric, somos, na verdade, norte-americanos. Porque esta noite somos todos americanos. Estão prontos para mais uma?" garantindo um baita"Yeahhh" da plateia para que a pesadaça Twisted Mind, outra do The Scarecrow, que conta com o Roy Khan em estúdio fosse exposta com destreza pelos dois resultando em muitos "ôôôôôôôwww..." dos fãs ( e cada vez mais fortificados ) durante os solos e muitos, mas muitos mesmo backing vocals dos presentes no Espaço das Américas, que viam a imagem do espantalho do disco no telão do fundo.

    Agora, quem ficou foi Geoff Tate, que comentou que no passado ouviu a música Avantasia de uma então nova banda e era um privilégio cantá-la, quando o dono do time Tobias Sammet retornou ao palco para dividir os vocais com ele e claro... com todos aqueles milhares de pessoas adoradoras desta Opera Metal nos direcionando para onde toda mística desta banda começou... no The Metal Opera I de 1999 e como ouvir uma versão belíssima como a desta noite nos faz bem... uau!!! faz inclusive esquecer dos problemas mundanos e do dia a dia... só queríamos viver neste mundo de fantasia felizes para sempre.

Duas Horas é muito? Só para os fracos!!!

    Tobias Sammet vai ao microfone para nos contar que a maioria das bandas terminam seu show quando chega a duas horas de show, porém, não as melhores e segundo ele: "não esta banda", que já estava com duas horas e dez minutos de apresentação e então brada: "Se vocês tem a resistência, o poder de aguentar, vamos tocar as de doze minutos. Senhoras e senhores... este é o momento em que deixamos a tempestade descer sobre São Paulo: Let The Storm Descend Upon You", composição longa de mais de dez minutos de ares tensos e devidamente sintomáticos do álbum Ghostlights ( cuja imagem da capa aparecia atrás da banda ) e que conta com Jørn Lande, Ronnie Atkins e Robert Mason no estúdio, porém, nesta noite tivemos os dois e, evidentemente, Tobias Sammet em uma interação consideravelmente semelhante ao sétimo disco do projeto em que Oliver Hartmann desta vez comandou os solos de guitarras.

    E não pense que por já ter passado tanto tempo nós ficamos quietos caro leitor(a) do Rock On Stage, pelo contrário, mesmo com pernas doendo, continuamos a pular e cantar plenamente contentes com o trio de vocalistas no palco.

    Ronnie Atkins ficou sozinho no palco e começou a brincar com a sua voz - que também é muito potente - sendo que a sua ideia era que tentássemos alcançar as notas encorpadas que o dinamarquês alcança com facilidade... até tentamos e ele ficou contente e disse que somos fantásticos. Assim sendo, prossegue dizendo que a escolhida é uma canção que seria tocada pela primeira vez em São Paulo e o renovado Tobias Sammet já estava de volta ao palco para iniciar o princípio sinistro de Master Of The Pendulum do Ghostlights, álbum que estava atestado de qual era por conta sua imagem aparecer no telão atrás da banda e nos enviar seu peso considerável que era só interrompido aos "tic-tac...tic-tac" pronunciados pelo vocalista alemão chefe do projeto em mais outra música que adoramos.

    Quem vem à frente agora é o backing vocal Herbie Langhans enquanto Tobias Sammet realizava um descanso um pouco maior para a etapa final do show, é.. já estava acabando... e o 'meio campo' veio ao ataque dizendo: "Domingo à noite em São Paulo! Minha primeira vez excursionando aqui também foi em 2002, com muitas estórias, então o Brasil tem lugar muito especial no meu coração. É ótimo voltar! Duas horas e meia de show, vocês ainda têm energia para gritar conosco? Para cantar e pular conosco? Esta é Shelter For The Rain".

    Em boa interjeição interiorana: "ôôôôôô se temos sô"!!!", afinal, com este formidável Power Metal contido em Shelter From The Rain do The Scarecrow, que em estúdio conta "só" com Michael Kiske e Bob Catley, o que deixava sua atuação ainda mais importante. Além de se sair muito bem, Herbie Langhans contou com a ajuda da bela morena companheira de backing vocals Adrienne Cowan e do também deveras competente Oliver Hartmann, que converteu-se em outro ponto do show que participamos intensamente com eles. Aliás, quem também apareceu foi Ronnie Atkins para ajudar no coro da música e no refrão conferindo todo o fulgor necessário para imortalizar esta parte do show.

    Tobias Sammet assume o microfone deixando claro que somos uma excelente audiência e que somos a plateia mais barulhenta que tiveram declarando seu amor por nós. Obrigado Toby!!!! E tão alegre quanto nós ele declara que tocarão o single principal do álbum Ghostlights, justamente a canção de abertura do disco, que é cantada por Bob Catley, mas, quem ficou com a missão de substituí-lo agora era Geoff Tate. E desta forma, Mystery Of A Blood Red Rose causou aquele frisson no público, aliás, qual não causou eu te pergunto? E seja no ritmo instrumental ou nos vocais a música nos acertou em cheio nos produzindo um prazer enorme em curti-la com o Avantasia no palco e com direito ainda à um breve solo de bateria feito por Felix Bohnke.

Destaque aos coadjuvantes

    Antes de continuar a contar como foi o show quero ressaltar que mais até que nas outras três vezes que vi o Avantasia no palco, Tobias Sammet fez igual ao que Ringo Starr faz em seus shows... deixa seus convidados e sua banda brilharem tanto quanto ele, algo que mostra como o seu time é unido e disposto a nos garantir um espetáculo incrível e único. E claro que ele aproveitou para um novo discurso sobre a Lost In Space, título do EP de novembro de 2007, que precedeu o álbum The Scarecrow e se tornou um verdadeiro hit do Avantasia por sua pegada mais Hard Rock, além de ser daquelas músicas que você escuta uma vez e grava sua melodia.

    Ele nos disse: "Sempre é ótimo vir aqui, vocês sempre são amáveis, incríveis, nos recebem de braços abertos e nem sei o que dizer. Muito obrigado! Foi um show longo, é a última de hoje, ela marcou a ressurreição do Avantasia em 2007 e se chama: Lost In Space" e nesta noite no Espaço das Américas, Tobias Sammet a interpretou com todo o costumeiro carisma e a linda Adrienne Cowan veio ao seu lado no refrão para cantar as partes da Amanda Somerville colocando também todo o seu  sentimento em que tivemos lógico um imenso coro dos fãs com os dois finalizando a primeira etapa da Metal Opera. Aliás, a morena foi tão bem durante todo o show, que quase não senti muitas saudades da Amanda Somerville.   

    Este show final da primeira parte da Moonglow World Tour estava beirando três horas e tínhamos mais canções para encerrá-lo, porém, aos gritos de "Avantasia... Avantasia...", que duraram poucos instantes suficientes para que o vocalista principal pudesse tomar uma água ou será que foi uma taça de vinho?, afinal, não é algo simples e fácil três horas no palco, entretanto, não arredaríamos o pé sem o bis, que começou com Tobias Sammet em - adivinhem - outro discurso!!!

Estupendo desfecho

    Agora, como sempre, com seu típico toque de humor: "Já estávamos quase a caminho de casa, mas voltamos e eu ia pedir por mais barulho, mas já pedimos tanto por isso então não o farei. Vocês só querem ouvir mais uma, tenho certeza. Vocês têm todo o direito do mundo de estar cansados, mas digo que vocês não precisam gritar. Vocês foram ótimos e temos mais uma, de The Metal Opera. Quando ela começar vocês saberão exatamente o que fazer e não tem nada a ver com gritar", claro que berramos muito mais provavelmente até Tobias Sammet esperava e fizemos o coro com eles, pois soltamos os "ôôôôôôôôô" da garganta e produzimos uma sinergia toda particular ao perceber que se tratava da lenta Farewell, que tenho que destacar os lindos vocais de Adrienne Cowan e também Sascha Paeth com o seu eminente solo de guitarra, puramente voltado ao Metal Melódico que nos concede uma felicidade sem tamanho por vê-lo tocá-lo. E o clima que Farewell trouxe foi tão saboroso, que não queríamos que a música acabasse, por mim e por muitos, a ideia era ficar repetindo seu refrão por dezenas de vezes.

    A última desta mágica longa noite foi a dupla Sign Of The Cross / The Seven Angels, que foi precedida de um discurso de despedida de Tobias Sammet, que nos disse: "Fantásticos! Estamos cansados. Foram dez semanas na estrada e a maior turnê que já fizemos no Avantasia. Esta é a última noite da primeira parte da turnê. Faremos mais alguns festivais na Europa, mas a turnê em si, os shows de três horas acabaram. Foi exaustivo, mas posso dizer que tocar para pessoas como vocês é algo gratificante. Honestamente falando, sem vocês aqui, isto não teria sido possível e quero agradecê-los todos, do fundo do meu coração, por terem vindo celebrar com o Avantasia a beleza do Rock e do Heavy Metal. Vocês foram ótimos esta noite, muito obrigado. Amo vocês, amamos vocês, São Paulo!". E com "hey... hey... hey...." pipocando por todos os lados do Espaço das Américas, Tobias Sammet começa a chamar seu time completo sempre emendando uma 'característica diferenciada' em cada um deles, porém, ele falou muito rápido e não deu para compreender exatamente as piadas com seus colegas de banda.   

    Tudo bem, nesta hora isto nem era muito importante, pois, estávamos no êxtase em nossos corações e ver todos cantando, Tobias Sammet, Eric Martin, Geoff Tate, Jørn Lande, Ronnie Atkins, Herbie Langhans, Adrienne Cowan e Oliver Hartmann sendo cada um uma parte da música ou no coro com os demais ( e conosco ), como se fosse uma grande festa ( e era ), uma grande opera ( e era ), uma grande diversão ( e era ), a celebração da vitória.. da conquista do campeonato ( e era ), enfim, foi tão animado e descontraído tanto que Sascha Paeth cantou ( ou tentou ) e Adrienne Cowan 'tocou' a guitarra dele e tivemos também duas explosões de papeis picados brancos e prateados do lado esquerdo e direito do palco para marcarem o encerramento do espetáculo em que só sentimos falta da presença de Andre Matos neste final e sentiremos mais ainda ao longo dos próximos dias, meses e anos, agora que infelizmente, ele está conferindo tudo de lá de cima.

Campeões!!!

    Esta apresentação do Avantasia foi a coroação suntuosa de um dos melhores shows de 2019, um dos melhores do supergrupo no Brasil e sem sombras de dúvidas posso dizer que eles sagraram-se campeões com uma verdadeira goleada de alegria, com honras e todos os méritos musicais para isso.

    E aqui termina a história deste emblemático domingo 02 de junho, que ficará eternamente cravado para a história do Heavy Metal Brasileiro e Mundial não só pelos três sensacionais shows que assistimos, pela grandiosa apresentação do Avantasia ou mesmo ainda pela presença incrível do Shaman, mas, pela infelizmente última aparição de Andre Matos em um palco em sua vida. Sim, era para terminar este longo texto de uma forma alegre, afinal, durante as praticamente sete horas que ficamos no Espaço das Américas, a felicidade esteve ao nosso lado o tempo todo.

    E sabe... pensando melhor, a felicidade sempre estará ao nosso lado, mesmo sem a presença de Andre Matos, pois, sempre vamos nos lembrar dele... seja deste show, de outros que vimos ao longo dos anos e sempre quando ouvirmos suas músicas. Parabéns Free Pass Entretenimento pela maior edição de seu festival, onde iluminação, som e organização foram perfeitos. Aproveito para dedicar esta matéria a tudo que o Andre Matos representou e sempre representará ao Heavy Metal Brasileiro.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos Heloisa Vidal, Suellen Rodrigues
e a toda equipe da Free Pass Entertainment

pela atenção, oportunidade e credenciamento

Junho/2019

Set List Avantasia

1 - Ghost In The Moon
2 - Starlight
3 - Book Of Shallows
4 - The Raven Child
5 - Lucifer
6 - Alchemy
7 - Invincible
8 - Reach Out For The Light
9 - Moonglow
10 - Maniac
11 - Dying For An Angel
12 - The Story Ain't Over
13 - The Scarecrow
14 - Promised Land
15 - Twisted Mind
16 - Avantasia
17 - Let The Storm Descend Upon You
18 - Master Of The Pendulum
19 - Shelter From The Rain
20 - Mystery Of A Blood Red Rose
21 - Lost In Space

Bis:
22 - Farewell
23 - Sign Of The Cross / The Seven Angels

Galeria de 300 dos shows do Avantasia, Shaman e Rec/All no Free Pass Metal Festival III
no Espaço das Américas em São Paulo/SP

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