Paul Di´Anno  - “Running Free Again Brazilian Tour 2011”
Abertura: Blue Square, Kondenius, Barbaria, Executer, Scelerata e Rising Power - AC/DC Cover
Sábado, dia 08 de outubro de 2011 no Centrão ( Centro Comércio e Indústria ) em Itapira/SP

    Que Paul Di Anno é uma lenda viva do Heavy Metal todo mundo já sabe, mas o inglês nascido em 1958 na cidade de Chingford, tem sempre nos últimos anos realizando uma tour brasileira com muitas datas, e na atual “Running Free Again Brazilian Tour 2011”, o vocalista que carrega consigo o peso de ter sido o frontman da autointitulada maior banda de Heavy Metal do mundo ( embora para ele, ter passado no Iron Maiden, não tem importância que os fãs dão ), se apresentou pela primeira vez na cidade de Itapira/SP, que graças ao empenho da equipe da Festa Rock Produções, que tornou isso possível.

    Para nós aqui do interior, em nenhum momento de nossas vidas imaginaríamos que estaríamos diante de uma autoridade do Heavy Metal como é o caso de Paul Di Anno e ainda mais, em uma cidade vizinha à nossa. Antes de aprofundar em como foi o show dele, vamos comentar das bandas escaladas para a abertura do espetáculo.

Blue Square

    Quando o Blue Square estava no palco do Centrão, por volta das 21:30, nós do Rock On Stage demoramos um pouco para adentrar a casa, pois estávamos conversando com o amigo e colaborador Marcos César de Almeida e também com outro grande amigo e colaborador Alexandre Wildshark, foi praticamente uma reunião dos que escrevem aqui, mas em um papo totalmente descontraído. Entretanto, a banda formada por Filipe Godoi ( vocal ), Felipe Oliveira ( guitarra solo ), Lucas Miranda ( baixo ), Jonatan Jow ( guitarra base ) e Pedro Degasperi ( bateria ), originada na cidade de Pedreira/SP e vencedora da enquete realizada pelo Portal Megaphone ( http://portalmegaphone.com.br ) estava no palco e tendo sua honra de abrir para Paul Di Anno.

    Não vimos a reação da galera em frente ao palco, mas o quinteto aproveitou seu tempo para relembrar grandes nomes do Rock e  Heavy Metal como N.I.B. do Black Sabbath, Breaking The Law do Judas Priest, Paranoid do Black Sabbath, Mr. Crowley do Ozzy Osbourne, From Whom The Bell Tolls do Metallica, Smoke On The Water do Deep Purple em seu show e também suas duas músicas próprias Jack Daniel´z ( que integra o demo Royal Madness I e que inclusive foi distribuído para os fãs que estavam no Centrão ) e Free Time, outra própria que ainda não está disponível para download no site da banda. Acabei perdendo o show, pois sem querer estávamos numa "conferência" do Rock On Stage, pois eu, o André Torres, o Alexandre Wildshark e o Marcos César ficamos conversando por mais tempo que o devido, mas pela reação da galera, comentários que colhi com amigos e mesmo ouvindo o show lá de fora, deu para perceber que o Blue Square fez um bom show e que empolgou os presentes.

Kondenius

    Foi a segunda apresentação da banda que realiza um Heavy Metal oitentista que presenciamos, a primeira foi na abertura do Korzus em dezembro ( leia resenha ) e Krico nos vocais, Betão no baixo e backing vocals, Maicon na guitarra e Orê na bateria, aproveitaram a oportunidade para exibir suas músicas cantadas em português como Anjo do Mal e Mestres do Terror.

    A terceira deles foi Império do Mal, cuja pegada inspirada no Metallica agitou muito a galera, depois seguiram com Opalão Preto e Justiceiro do Universo, além da cadenciada Reinado do Fogo, mas a energia aumentou mesmo quando tocaram sua versão para o clássico Seek And Destroy do Metallica, música que é sempre muito bem recebida em Itapira e fez o vocalista Krico resolver pular no meio da galera. Foi mais uma apresentação de muita qualidade do Kondenius enfatizando que pode-se fazer Heavy Metal em português com músicas próprias e obter-se bons resultados.

Barbaria

    Mais uma vez em Itapira, o Barbaria, banda que teve sua formação em Mogi Mirim/SP com Leandro Louback nos vocais, Marcelo Louback na guitarra, Carlos Veraart no baixo e Fernando Piasecki na bateria, mostra a qualidade de seu Heavy Metal influenciado especialmente por bandas como Manowar e Running Wild em um palco itapirense ( a outra ocasião que eu acompanhei foi na abertura do Angra, confira aqui ).

    Mais uma vez os integrantes estavam com um figurino que lembravam um piratas e assim para surpresa dos fãs eles tocaram Stoned And Drunk do Black Label Society e Legions Forgotten By The Gods, esta última uma ótima composição própria da banda. Atitude no palco o vocalista Marcelo Louback provou que possui, pois além de saber como empolgar o público, ele jogou bebida nos fãs que estavam 'colados' à grade em um momento de muita interação com eles.

 

    Depois ele comentou sobre o Running Wild e assim, o Barbaria executou um cover desta banda com Under Jolly Roger e agitou também uma bandeira para aumentar a adrenalina vivida pelos presentes. Com um set list dos bons, eles apresentaram em seguida Thor, clássico gravado pelo Manowar, que pode ser considerado como a melhor música que executada pelo Barbaria nesta noite, melhor até que a própria Under The Black Flag, que veio na sequencia. Na próxima, um cover do Rammstein para Rein Raus, a banda contou com a presença de uma beldade fazendo os backing vocals e finalizaram seu set com sua versão para o hino do Manowar Battle Hymm. O Barbaria mostrou versatilidade, atitude, bons solos de guitarras e uma boa presença de palco de seu vocalista, enfim, um ótimo aquecimento para o Paul Di Anno.

Executer

    Depois de aproximadamente quatro anos fora do cenário, o Executer, banda de Amparo/SP formada em março de 1987 por Juca ( vocais ), Elias ( guitarra ), Beba ( bateria ) e Paulo Castro ( baixo ), e com três discos já lançados sendo eles: Rotten Authorities de 1991, Psychotic Mind de 2003 e Welcome To Your Hell de 2006 ( leia resenha ) era a próximas da noite. O quarteto subiu no palco disposto a agitar cada um dos mais de 750 presentes no Centrão com seu Thrash Metal Old School, que estavam cada vez mais ansiosos para ver Paul Di Anno, e a maneira que o show do Executer desenrolava, deu quase para esquecer um pouco da atração principal da noite, pois a atitude e vigor da banda no palco é digno de gente grande, afinal, eles abriram para o U.D.O. em São Paulo/SP, e essa qualidade foi comprovada a cada música executada no set list.

    E a primeira da noite é dos primórdios da banda, de 1987, com a cadenciada Money, seguida por Involuntary Suicide do Psychotic Mind, que literalmente arregaçou com tudo, e a  galera reagiu com rodas esmagadoras na pista do Centrão, especialmente mais perto do palco. A terceira da noite foi And The Rottenness Goes On..., que é a ótima faixa de abertura do cd Welcome To Your Hell, que fez a galera berrar ao seu final incessantemente o nome da banda, aliás, o Executer sempre foi muito bem recebido quando tocou em Itapira.

 

    O vocalista Juca agradece aos presentes dizendo que "Somos Foda"  e complementa dizendo que a música seguinte é um cover de uma banda que eles gostam muito, foi apresentada no Festival de Inverno de Amparo e dedicada à namorada de um amigo, assim eles executaram Piranha, composição matadora do Exodus. You´ll Come Back Before Dying ( do primeiro trabalho ) e a destruidora My Hell ( do Welcome To Your Hell ) mantiveram o pique lá em cima, ou seja, todo mundo sacudindo os pescoços e abrindo rodas.

    Para encerrar a competente apresentação do Executer o quarteto disparou Rotten Authorities, faixa título do primeiro cd e um cover para Whiplash do Metallica. Foi muito bom rever e saber que o Executer está de volta não só para fortalecer a cena aqui do interior, mas para mostrar para muita gente o que é um Thrash Metal bem feito.

Scelerata

    A banda seguinte seria o quinteto gaúcho Scelerata, que desde 2009 é a banda de apoio de Paul Di Anno por aqui, mas segundo informações que descobrimos depois, o vocalista da banda teve problemas de saúde e não pode realizar o show que antecederia a grande atração. Teria sido muito bom que pudéssemos ter acompanhado o Scelerata tocando suas músicas próprias, pois sei que eles realizam um Power Metal muito bom, mas enfim, isso antecipou a entrada de Paul Di Anno no palco, claro que após um longo acerto do palco para que tudo estivesse perfeito para ele cantar.

Paul Di Anno

    Por volta da 1 hora da manhã, com o palco pronto e luzes apagadas, gritos incessantes de "Paul...Paul.." por parte da plateia, a clássica The Ides Of March que abre o álbum Killers era executada pelos músicos do Scelerata ( composto por Magnus Wichmann e Renato Osorio nas guitarras, Gustavo Strapazon no baixo e Francis Cassol na bateria ) e andando com uma certa dificuldade Paul Andrews ( ou como o mundo o conhece: Paul Di Anno ) entrou no palco andando até a posição de vocalista com o auxilio de uma bengala ( é .. ele não tem a mesma força dos anos 80, sofre de um problema nas costas e foi preso por tentar fraudar a Previdência Social Britânica, mas foi solto novamente, daí o título da Tour Running Free Again ).

 

    Com "The Beast" no seu posto, o show começou para valer com Mad Man In The Attic do projeto Nomad ( cujo baterista foi o Aquiles Priester ) e aí já percebia a pegada da banda Scelerata, que tocou a música com precisão e fez os fãs da "primeira fila" bangearem sem parar em plena alegria. A mobilidade de Paul Di Anno pode ser menor devido à suas dores nas costas, mas sua voz e atitude no palco continuam do jeito que nós brasileiros ouvimos e assistimos em discos e vídeos do Iron Maiden. E falando em sua ex-banda foi justamente com Prowler que o show seguiu, e confesso, ver esse clássico na voz de seu vocalista original foi um prazer quase impossível de descrever. 

    Entretanto, Paul não vive exclusivamente de músicas do Iron Maiden, e inclusive gostaria até de se livrar desse estigma, e assim executou Marshall Lockjaw da sua banda solo Killers, e embora seja uma boa música, os fãs queriam mesmo ver ele interpretando músicas do Iron Maiden. E foi o que fez com Murders In The Rue Morgue ( do álbum Killers ) e aí o Centrão explodiu mesmo, todos pularam sem parar e cantaram com o vocalista, e ao final ele disse: "carai... muito calor", estava mesmo, um sábado fervente, e Paul foi suando sua camisa vermelha cada vez mais.

    Seguindo set tivemos Purgatory também do Killers, onde novamente destaco a empolgação e técnica do guitarrista Maguns Wichmann, que juntamente com Renato Osorio, nos brindaram com uma versão digna dos originais Dave Murray e Adrian Smith, vociferada com muita garra pelo vocalista.

    Depois tivemos, o que foi para mim um dos melhores momentos do show com Strange World, do excelente primeiro álbum Iron Maiden, e Paul lembrou-nos de quando gravou essa música junto com Steve Harris. Nessa hora uma ficha cai em nossa mente: estamos diante não apenas de um grande músico, mas de um cara que esteve lá, gravou dois discos que são discoteca básica e fizeram parte da história de nossas vidas.

    The Beast Arises do Killers e Children Of Madness do Battlezone continuaram o set e provaram que Paul Di Anno não estava apenas tocando os sons do Iron Maiden, mas de toda sua carreira, e assim executou mais uma do Battlezone com Children Of Madness, e nesta ele dedicou aos fãs que compram cd´s, que vão aos shows, pois nós somos quem movimentamos isso tudo. Depois o vocalista perguntou se estamos bem e se queremos os bons tempos, claro que a resposta foi positiva e cheia de energia, e aí tivemos Remember Tomorrow, uma das melhores músicas da noite, que foi dedicada à sua ex-esposa e filhos ( que ele fez questão de dizer que era uma vagabunda mesmo ).

    Muito empolgado, Paul Di Anno avisou que o vocalista do Scelerata estava doente e apresentou cada um dos seus companheiros de palco e os deixa por alguns instantes para tomar um ar e uma água, afinal, o calor imperava no Centrão. Eles reviveram a instrumental Genghis Khan do álbum Killers do Iron Maiden e em seguida Paul Di Anno pergunta se somos corinthianos e dedicou a explosiva Wrathchild a todos os presentes, que reagiram quase arrancando a divisória onde os fotógrafos estavam.

    Muito comunicativo e falando sempre antes de quase todas as músicas, Paul Di Anno anunciou que a próxima era dedicada à todas as "putas" de Hollywood e à cena daqueles lados ( sinal que ele não gosta de alguém lá... ), feito isto, outro momento inesquecível deste show veio à tona com a execução praticamente perfeita de Drifter ( também do álbum Killers ).

    Depois foi a vez da canção título deste álbum, Killers, dedicada ao Corinthians ( sim caros leitores(as), ele é até membro da Gaviões da Fiel ) que provocou um agitação fenomenal pelo Centrão e agradando para valer os fãs que chegaram ao seu êxtase coletivo com a versão primorosa de Phantom Of The Opera ( do primeiro álbum do Maiden ) cantada com um feeling especial por Paul e acompanhada pelo Scelerata de forma que maidenmaníaco nenhum pode colocar defeito, muito pelo contrário, todos cantaram a pleno vapor cada um dos seus versos.

    O set list programado para a noite tinham mais músicas ainda, mas embora Paul Di Anno queira, seu físico não o deixou continuar o show, então, ele chamou um roadie que o ajudou a sair do palco. Claro que todos clamavam pelo bis, pois faltavam ainda Running Free, Sanctuary e Blitzkrieg Bop, mas isso infelizmente não aconteceu.

    Os fãs aplaudiram e muitos deles formaram uma fila para conversar, tirar fotos e pegar autógrafos de Paul Di Anno, e eu juntamente com os amigos Alencar e Tetê fomos juntos lá para tentar uma pequena entrevista com o vocalista. Graças aos amigos Leandro Sartori e em especial Ricardo da Abstrati Produtora, isso foi possível e conversamos alguns minutos com o venerável vocalista, que foi muito receptivo, respondeu nossas perguntas com muito carinho, sorriu e enfatizou que adora mesmo o Corinthians há 25 anos, falou sobre os fãs de Itapira e ainda nos deixou uma mensagem de despedida descontraída ( que iremos publicar aqui no Rock On Stage ).

    Se fosse qualquer outro artista, todo mundo reclamaria que algumas músicas foram cortadas do set, mas era Paul Di Anno revivendo grandes e inesquecíveis clássicos de sua fase no Iron Maiden, e sinceramente só de acompanhar este mestre cantando "Drifter", "Phantom Of The Opera", "Strage World", "Remember Tomorrow", "Wrathchild", "Purgatory", já valeu e muito. E posso dizer que o Scelerata incorporou bem o espírito de ser o Iron Maiden na noite e a cada solo, a cada sequencia na bateria ou baixo, a sensação é que temos é que estamos em um pub em plenos anos 80. As músicas que faltaram, ficam para o retorno de Paul Di Anno em Itapira.

Ao lado: Da esquerda para à direita Alencar, Paul Di Anno, Fernando R. R. Júnior ( Rock On Stage ) e Tetê.

 

Rising Power - AC/DC Cover

    Enquanto estávamos no camarim conversando com Paul Di Anno, o Rising Power, cover do AC/DC de Campinas/SP composto por Fabiano Drudi ( vocais ), Ricardo Peewee ( o guitarrista 'Angus Young'  da banda ), Ricardo Costa ( baixo ) e Marcelo Jorge ( bateria ) executaram os clássicos da banda novamente com a mesma habilidade que já havia acompanhado em fevereiro ( na abertura do show das Velhas Virgens em Itapira/SP, veja cobertura ).

    E quem consegue ficar parado ouvindo AC/DC? Creio que ninguém, tudo bem que o público deu uma diminuída significava após o término do show de Paul Di Anno, afinal já eram mais de 3 da manhã, e quem mora mais longe precisa retornar para casa, mas quem ficou foi presenteado com músicas como "Rock´n´Roll Train", "It´s Long Way To The Top Of Rock´n´Roll", "Dirty Deeds Done Done Cheap", "Bad Boy Boogie" ( com direito ao Ricardo "Angus" Peewee fazendo seu strip ).

    Depois foi a vez da pesada Back In Black fazendo todo mundo ( os remanescentes ) pularem e seguida pelo Bluesão de The Jack, as clássicas "Hells Bells", "Jailbreak", "You Shook Me All Night Long", "T.N.T.", esta última com o vocalista Fabiano Drudi solicitando para que os fãs fizessem os "boom" ( e plenamente correspondido ) para encerrarem mais uma vibrante apresentação com o clássico Highway To Hell.

    Parabéns à equipe da Festa Rock Produções pela realização de seu primeiro show internacional em Itapira, que repetiram o sucesso de outros shows, mas desta vez com um ícone de todos que ouvem Heavy Metal, pois, não é todo dia que temos Paul Di Anno na cidade que é a Capital do Rock de nossa região, e detalhe, neste mesmo dia 08 de outubro, o Deep Purple estava se apresentando em Nova Odessa/SP, e tivemos o Centrão praticamente lotado, então meus amigos e amigas, mais um ponto para nossa região e para os organizadores. Que venham mais shows, pois a força e garra do desta região do interior de São Paulo está cada vez maior.

 

 

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos: Ricardo da Abstrati Produtora, Leandro Sartori, Fernando Pinna´s e todos da Festa Rock Produções
Outubro/2011

 

 Galeria de Fotos do Paul Di´Anno, Blue Square, Kondenius, Barbaria, Executer, Scelerata e Rising Power - AC/DC Cover

 Galeria de Fotos do Paul Di´Anno, Blue Square, Kondenius, Barbaria, Executer, Scelerata e Rising Power - AC/DC Cover

 

Voltar para Shows