Krucipha - Inhuman Nature
11 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Depois de chamar a atenção positivamente com o álbum Hindsight Square One ( leia resenha ) em 2014, os curitibanos do Krucipha, que outrora lançaram seu EP Preemptive Uproars ( de 2010 ) seguem firmes com seu Thrash Metal e disponibilizaram em 2017, o seu segundo disco de estúdio intitulado como Inhuman Nature pela Shinigami Records, que sempre acredita e apoia o Heavy Metal Nacional e nos expõe à ótimos nomes como é o caso deste quinteto.

    Apesar de ser o segundo trabalho e representar um crescimento para a banda, Inhuman Nature representa um novo começo para o Krucipha, pois o line up está um tanto modificado em relação ao primeiro registro e conta atualmente com Fabiano Guolo nos vocais e guitarra, Luiz Ferraz na guitarra e vocais, Khade Rocha no baixo e vocais, Felipe Nester na bateria e Nicholas Pedroso na percussão. As gravações de Inhuman Nature aconteceram no Boom Sound Design e no Silent Music Studio, onde também foram realizados os processos de mixagem e masterização aos cuidados de Lucas Pereira, Guilherme Izidro e Karim Serra, sendo que atingiram um ótimo resultado.

     Já a capa mostra uma mistura de caixas de som com ídolos do povo pré colombiano com esculturas de cera feitas por Jeferson Souza ( avô de Felipe Nester ) e finalizada pelo competente Carlos Fides ( Evergrey e Almah ) do Artside Studio e o álbum está embalado em um luxuoso digipack. Dito isto, vamos conhecer mais desta galera que em tese é Thrash Metal, porém com elementos fortíssimos de Death Metal, Groove Metal, Hardcore e muita percussão, que já garantiram para o quarteto shows ao lado de Claustrofobia, Project 46, Sepultura e Cavalera Conspiracy.

    E eles já saem martelando nossas cabeças logo de cara ( a expressão passada é isso mesmo ) com a destruidora Hateful, que é vocalizada com fúria por Fabiano Guolo em um ritmo propício para se bater a cabeça fortemente através de suas levadas cada vez mais destruidoras. Evidenciando os toques do baixista Khade Rocha e também os solos distorcidos de Luiz Ferraz e Fabiano Guolo nas guitarras, Victimia é ferozmente vocalizada com agressividade por este último em um andamento cadenciado, que te inspira a socar o ar. Logo depois eles enviam a pesada e dotada de influências voltadas ao Hardcore F.O.M.O., cujos furiosos vocais comandam os caminhos da aniquilação sonora, que contém evoluções marcantes na bateria e percussão tocada por Felipe Nester sendo consideravelmente amplificadas nos toques mais crus da dupla de guitarristas chegando a lembrar a voraz pegada utilizada pelo Slipknot.

     A dilaceração prossegue com a explosiva e rápida Acceptance em que o Krucipha simplesmente metralha nossos tímpanos com uma colérica composição, que vem para cima te conclamando para banguear em sua execução ou mesmo abrir uma roda por conta de sua intensidade direcionada ao Thrash Metal. Para Non Efficiens, Non Decorus recebemos uma canção cadenciada, porém, mortífera a cada trecho, com direito a vocais guturais em alguns momentos, que deixam claro que a ideia do quinteto foi de arrebentar com os pescoços dos fãs, pois, imagine a reação da plateia quando esta pedrada for tocada ao vivo. Com a percussão sob os holofotes, Alter The Image é a sexta de Inhuman Nature e como é o padrão observado neste cd, a ordem é de detonar com tudo que é possível em mais outra verdadeira dinamite sonora em que os curitibanos soam violentos e impiedosos cujo destaque inicial está na percussão tocada por Nicholas Pedroso, pois ela divide as atenções com a agressividade que chega depois.

    Sem tempo para pensar... porque Bureaucrap chega acelerada, frenética e com riffs puramente Hardcore surpreendendo o ouvinte disparando sua cólera a cada instante em que eles recebem a participação de André Nisgoski do Macumbazilla nos vocais junto a Fabiano Guolo.

    Na sequencia, eles apresentam a massacrante Mass Opression, que é mais cadenciada, deveras fortificada e consideravelmente direcionada ao Hardcore te levando a sair berrando seus versos com Fabiano Guolo e em um estilo que lembra do Sepultura inclusive, cujo ritmo só muda um pouco nos solos de guitarras, que passam aquela linhagem Thrash. Mass Catharsis parece uma continuação da anterior e é tão esmagadora quanto de forma a nos deixar contagiados com seu ímpeto e com o seu ritmo, que está repleto de peso e também de uma variação sonora que deixam claro o nível técnico do Krucipha, além de seu começo onde é gritado parte de seu título ser um convite para que façamos o mesmo em outra canção que deverá ser tocada sempre ao vivo, pois, sente-se que nasceu para isso. Olhos e - principalmente - ouvidos nas variações aplicadas na música em que todos fizeram questão de dar o seu máximo e aumentar o peso da música.

        Aos toques de berimbau, os curitibanos executam a raivosa e exterminadora Unwilling, que é o primeiro bônus de Inhuman Nature, que deixa claro que eles souberam ousar ao misturar sonoridades mais Thrash e Death com ritmos brasileiros e isso... feito com a devida competência tal qual como acontecia nos álbuns dos mineiros do Sepultura, pois, o que para nós brasileiros é natural... lá fora dá um 'nó na cuca' dos gringos e é deveras envolvente. Para fechar e como o segundo bônus, o Krucipha disparou a veloz Reason Lost MMXVI, cujos vocais e toques no baixo são para destruir com os pescoços como se fossem um rolo compressor morro abaixo e sem freio em uma das mais violentas composições do cd em que a fusão do Thrash e do Hardcore aconteceu eficientemente.

    Inhuman Nature mostra que o Krucipha continua firme e feroz em seu autoproclamado Metal Pinhão e caminha com um altíssimo poder de fogo para galgar posições maiores no concorrido cenário brasileiro em igual condições com muitas bandas internacionais. Para amantes de Sepultura, Slipknot, Project 46 e Pantera atenção à esta banda, pois, além de toda a ferocidade instrumental, suas letras são ácidas e desferem belas 'bordoadas' em nossa sociedade e até servem de reflexão para nós mesmos quando ficamos parados demais e sem atitude clamando uma ação de nossa parte, que na minha opinião pode ser ouvir este álbum em alto volume, se mexer e lógico, curtir um show da banda.
Nota: 9,0.
 

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2018

 

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