Kappa Crucis - Rocks
10 Faixas - independente - 2014

    Não parece, mas já se passaram quase quatro anos que a ótima banda Kappa Crucis da cidade de Apiaí/SP lançou seu excelente debut intitulado como Jewel Box ( leia resenha ). E o desafio de manter o nível de qualidade tornou-se maior ainda, pois o quarteto formado por F. Dória ( bateria e vocal ), G. Fischer ( vocais e guitarra ), R. Tramontin ( baixo e backing vocals ) e A. Stefanovitch ( teclados e backing vocals ), mas já antecipo neste começo de resenha: eles conseguiram.

     E esse desafio é maior ainda para uma banda independente, que não possui o apoio de uma gravadora e da grande mídia brasileira, que concede espaço para outros estilos que diferentes do Rock, entretanto, o quarteto é persistente e não somente lançou seu novo trabalho com o título de Rocks, como no período que antecedeu o lançamento aumentou sua vasta experiência com a participação no Festival Orquídea Rock em Santa Catarina e também na abertura para o Circa dos ex-Yes Billy Sherwood e Tony Kaye em Votorantim/SP, entre muitos outros shows. Rocks foi gravado e mixado no Estúdio Ger Som na cidade de Itapeva/SP por Gerson Carvalho e masterizado no Estúdio Vertex C em Montreal no Canadá pelo produtor Jera Cravo ( que trabalhou com Virgil Donatti, T. J. Helmrich, Planet X e Dennis Chambers ).

    Com uma ótima evolução instrumental, especialmente nos teclados, o Rockão What Comes Down abre o cd e seu ritmo contagia logo na primeira audição do cd, por estar vocalizado de uma forma mais 'largada' e com os pés fincados nos anos 70. Depois deste som de ótimas variações e algumas dosagens sombrias, que remetem ao Uriah Heep por suas harmonias vocais e pelo órgão no melhor estilo Hammond de A. Stefanovitch, a segunda, Mecathronic promove uma rifflerama envolvente que deixa G. Fischer à vontade para cantar com muita habilidade, pois, o Kappa Crucis já surpreende o ouvinte várias vezes nesta composição cheia de categoria, principalmente pelo fato deles deixarem a música ir viajando cada vez mais e nos levando junto. Em School Of Life, os 'licks' de bateria entram juntos com as linhas puramente setentistas da guitarra de G. Fischer em uma sonzeira que te conquista imediatamente e é muito gostoso de se ouvir pelo seu andamento calcado no Blues/Rock, que flui sensacionalmente por seus adoráveis minutos.

    Para Invisible Man recebemos dedilhados mais suaves com um amparo muito bacana do baixista F. Dória em um ambiente mais introspectivo para que G. Fischer possa exibir muito feeling ao cantar. Aliás, o ritmo desta quarta canção é um convite para se viajar quando os teclados de A. Stefanovitch se evidenciam juntos com os solos de guitarra, neste momento caro leitor(a) feche seus olhos e sinta a música passar sua aura positiva.

     Com um andamento mais Heavy Rock Strange Soul é possuidora de um estilo de vocais mais sujos, que te ligam ao som sem quase que se perceba por sua boa parte instrumental, em especial durante os solos de guitarra que promovem aquela viagem eletrificada que tanto gostamos.

    Investindo em linhas que até lembram de momentos feitos por Jon Lord nos teclados em um ritmo Hard Rock com pitadas de Blues, Flag And Lies marca a sexta música de Rocks, que sofre uma brilhante virada no seu andamento e aí quero que você me diga: estamos ou não diante de uma baita sonzeira? E cabe mais um comentário: esta música possui as linhas necessárias para que o Kappa Crucis possa aplicar os improvisos 'purpleanos' em suas execuções ao vivo e se o tempo do show permitir, exibir em versões 'beeeem' longas.

    Na seguinte, Nobody Knows, o quarteto caminha para um Rock´n´Roll mais acelerado devidamente embasado pela guitarra de G. Fischer e muito bem apoiado nos teclados de A. Stefanovitch, que juntos com a cozinha de F. Dória na bateria e R. Tramontin no baixo realizam outra excelente canção com momentos que te trazem o Uriah Heep na mente e como é bom ouvir uma banda que faça isso, aliás note as viradas que eles fazem nesta música. De início mais calmo e emocionante, Between Night And Day é uma falsa balada de Rocks, pois no seu decorrer eles aplicaram mais peso e energia em um set instrumental sensacional, cheio de viagens ( repare no que A. Stefanovitch faz nos teclados e me fale ), que está vocalizado com muita garra por G. Fischer.

    Com linhas mais distorcidas que caminham para um Southern Rock fervente, When The Legs Are Wheels é a grandiosa nona canção de Rocks e que também terá seu lugar entre as favoritas do cd, pois, seja por sua forma mais suja que é vocalizada, pela potência de seus riffs de guitarras, pela sequencia vibrante dos solos de teclados, por sua letra ou por tudo isso junto na forma precisa que o Kappa Crucis fundiu.

    Terminando esta magnífica obra musical, The Braves And The Fools exibe um andamento envolvente e diferente das anteriores, pois ouvimos G. Fischer cantando de forma mais aguda e a surpresa vem quando se presta mais atenção à parte instrumental: eles colocaram linhas de Rock´n´Roll que lembraram um pouco do que o Nazareth tem feito em seus últimos discos.

    Parabéns ao Kappa Crucis por nos brindar com este fabuloso lançamento, tanto que já considero Rocks ( cuja capa exibe apenas algumas pedras ) como um dos melhores discos que ouvi neste ano e que terá que ser apreciado sem moderação seguindo o ritual de se colocar para rodar no aparelho de som para ouvir em um alto volume pelosfãs de bandas que sabem fazer uma sonzeira bem feita.
Nota: 10,0.

Sites: www.kappacrucisband.com, www.myspace.com/kappacrucis,
www.facebook.com/kappacrucisband e  www.youtube.com/kappacrucisband.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2014

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