Entrevista com o Pagan Throne

    O Thorhammer Fest VI, o festival tradicional que aconteceu em São Paulo no ano passado  em uma noite marcante ao Metal Nacional apresentou ao Rock On Stage uma grande banda brasileira vinda do Rio de Janeiro, o Pagan Throne - que assim como as outras bandas naquela noite - fez um show matador ( confira cobertura ).

    A banda formada por Eddie Torres no baixo, Alexandre Absalão na bateria, Rodrigo Garm no vocal e Raphael Casotto na guitarra acabaram de lançar o EP Pagan Heart e um pouco antes deste lançamento, nos concederam a entrevista exclusiva, onde passamos a conhecer melhor a excelente banda carioca, que vem aumentando sua horda de fãs, confira.

Rock On Stage: Uma pergunta que considero sempre básica, mas vamos lá: como foi o início da banda Pagan Throne e quais suas influências? E como foi a escolha do nome?
Rodrigo Garm
: A horda Pagan Throne teve seu início em 1998 com o nome de Bloodythiirsty, o som da banda na época era mais voltado para o Death Metal, com a entrada de alguns integrantes, a banda mudou a sonoridade e consequentemente optamos por outras mudanças, como o próprio nome da horda, em 2003,  passou a se chamar Pagan Throne, a escolha do nome veio de forma natural devido as composições estarem declinando para o Pagan Black Metal.

    Nós passamos a realizar diversas apresentações no Rio de Janeiro/RJ estabelecendo a formação. Em 2006, é lançado o single Northern Forests e em 2010 o full The Way To The Northern Gates, que obteve uma ótima repercussão de público e crítica. A Pagan Throne não tem uma influência direta, podemos dizer que há uma união de Heavy Metal anos 80 com Black Metal anos 90. 

Rock On Stage: Vocês acabaram de lançar um 'teaser' com um trecho da nova música, que pode ser baixada gratuitamente no Soundcloud, como será o lançamento do novo álbum e quais informações já podem divulgar?
Rodrigo Garm:
O single será disponibilizado para download gratuito via Soundcloud, porém as cópias físicas serão comercializadas por uma Distro ( distribuidora ), que estamos fechando contrato para lançar tanto o single como o relançamento do The Way To The Northern Gates remixado e com faixas bônus.

Eddie Torres: Estamos trabalhando no repertório para o próximo 'full'. Já temos pelo menos mais umas quatro músicas engatilhadas e estamos trabalhando num ritmo acelerado para finalizar as ideias para o disco. O que a gente espera lançando o Pagan Heart é mostrar ao mundo um pouco do que a gente é capaz de fazer.

Raphael Casotto: O novo single vem com uma atmosfera bem especial, com uma estrutura harmônica e melódica bem elaboradas, buscamos fazer um Metal agressivo, porém sem perder a musicalidade, a melodia e a harmonia marcante.

Rock On Stage: Vocês são do Rio de Janeiro, e não existe uma razão específica para a estúpida pergunta que farei em seguida, mas não consigo ver em um ambiente de praia, uma banda do estilo do Pagan Throne, como se definem um Pagan Black Metal, como é a cena da cidade?
Raphael Casotto:
Na minha opinião, as pessoas são livres para falar sobre a temática que quiserem, não é pelo fato de morarmos no Rio de Janeiro que nos impede de falar sobre algo que gostamos, da mesma forma que existem pessoas não só no RJ, mas como em todo o Brasil que gostam de bandas como Amon Amarth, Ensiferum entre outras bandas do estilo, então por que não ter uma banda com essa temática aqui em nossa terra?

Eddie Torres: A cena Metal do Rio é igual a do resto do Brasil: formada por bandas guerreiras que se desdobram para oferecer ao público música, entretenimento e a sua mensagem. O que eu realmente não entendo são as críticas de algumas pessoas, que realmente ocorrem por sermos do Brasil, mais especificamente do Rio, por fazermos músicas que de uma maneira geral remetam à cultura nórdica. É como se fosse proibido um cineasta americano fazer um filme no Japão, ou escritor europeu ambientar seu romance na Austrália ou um pintor asiático pintar paisagens africanas. O que eu tenho a dizer pra esse tipo de gente é: estudem, adquiram um pouco de cultura geral e parem de falar merda! ( risos ).

Rock On Stage: O show de vocês aqui em São Paulo em dezembro no Thorhammerfest em uma data que tocaram apenas bandas nacionais, fazendo um show fantástico, o que vocês se lembram do show? Foi a primeira vez na capital paulista?
Raphael Casotto:
Foi um evento muito bem organizado, lembro-me das batalhas que houveram do grupo Ordo Draconis Belli, que foram realmente impressionantes, das bandas que tocaram no dia como o Sigfadhir e Barbaria, bandas de muita qualidade, e certamente do público bem receptivo de São Paulo! E sim, foi nossa primeira vez em São Paulo.

Alexandre Absalão:  Sim. O Thorhammerfest foi nossa primeira oportunidade de tocar em São Paulo. Cecil Berserker e sua equipe produziram muito bem o evento por sinal. Com certeza valeu cada minuto na estrada! Fizemos vários amigos e uma grande apresentação.

Rock On Stage: Como será a divulgação do novo e vindouro cd?
Raphael Casotto:
Nós trabalhamos muito com redes sociais, a Internet é uma excelente ferramenta de divulgação, as pessoas podem encontrar trabalhos da banda em sites como Facebook, Soundcloud, Reverbnation, Webzines, sites e blogs que falam sobre Rock e Metal e assim conseguimos um alcance maior de público e divulgação.

Rock On Stage: Hoje em dia as redes sociais, em especial o Facebook e o Soundcloud, são quase que mandatórios as bandas. Como o Pagan Throne pretende trabalhar com as redes sociais?
Alexandre Absalão: Da forma que sempre trabalhou. A web é uma grande aliada. Somos nós mesmos que atualizamos nosso material na Internet. É muito positivo esse contato direto com o público se torna algo muito mais pessoal.

Rock On Stage: No Brasil é muito comum as bandas de abertura terem que pagar para participar do evento, ou de um show de uma banda grande, que chamamos de 'Pay-to-play', como o Pagan Throne vê isso, se já fizeram ou receberam esse tipo de proposta e o que pensam se  isso é positivo ou não para uma banda?
Eddie Torres: Isso é uma prática de mercado. Faz parte do nosso negócio. Até o momento não recebemos esse tipo de proposta. Eu particularmente não acho isso muito legal. Acho que é o poste mijando no cachorro...tá errado!

    As bandas deveriam receber para tocar e não o contrário. Nunca vi uma banda se dando bem porque abriu para uma banda gringa. Inclusive já tive uma experiência assim com minha antiga banda. Ganha-se muito "tapinha nas costas"... mas pouca divulgação relevante. Mas por outro lado a experiência de tocar no mesmo palco de bandas mais rodadas é muito positiva. No 'backstage' a gente aprende muito com a banda, equipe técnica... além de ser bem divertido. Quem sabe um dia o mercado deixe de ser tão selvagem e seja mais justo com as bandas underground assim como são com as 'mainstream'.

Rock On Stage: O que representa a capa do novo álbum e como surgiu a ideia?
Rodrigo Garm: O hino Pagan Heart fala sobre o orgulho que antigas civilizações pagãs tinham por sua terra natal, a bravura com que defendiam o seu legado, oferendas aos Deuses pela prosperidade e continuação de uma determinada linhagem. A capa representa isso, orgulho pela terra natal.

Rock On Stage: O que mudariam no Heavy Metal hoje? E gostaria que sem pensar muito citassem cinco grandes álbuns nacionais que acham relevantes no Metal Nacional.
Rodrigo Garm:
A cena Metal Brasileira é sem dúvida uma das mais ricas do mundo, se não for a mais rica, digo isso porque em alguns países temos estilos que são fortes e característicos, ao passo que no Brasil temos ótimos representantes em diversas vertentes do Metal, músicos super talentosos, inclusive fazendo parte da formação de diversas bandas já consagradas.

    São muitos discos fantásticos, mas... cito: Soldiers Of Sunrise do Viper, A Ferro e Fogo do Harpia, Beneath The Remains do Sepultura, Dark Avenger do Dark Avenger, Down The Ages do Tears Of Joker, Depois Do Fim do Bacamarte, Ninja do Centúrias, Flor Atômica do Stress, enfim são muitos clássicos seria uma lista gigantesca.

Alexandre Absalão: É muito fácil criticar e julgar as pessoas. Acho que é preciso reconhecer também que o público do movimento underground é guerreiro! É fiel! Não é fácil nem para o público nem para as bandas, suportar casas de shows sem o menor comprometimento, que seja com infraestrutura para realizar um evento.

    Justamente por isso, acho que mais do que reclamar é hora de agradecer a todos os amigos e amigas que fortalecem nossos eventos! Galera que resiste até o final para contemplar o trabalho das bandas até de madrugada. Isso sim é o movimento underground! Grandes trabalhos nacionais que ficaram marcados na minha opinião são: Conquerors Of Armagedon e Ageless Venomous do Krisiun, Temple Of Shadows do Angra, Morbid Visions e Arise  do Sepultura e por fim, o  The Laws Of Scourge  do Sarcófago.

Eddie Torres: Eu citaria o Se Deus É 10, Satanás é 666 do Gangrena Gasosa. Curto muito porque é uma banda singular em todos os sentidos e esse disco é uma porrada! 

Rock On Stage: Se tivesse que escolher um cover de uma banda não ligada ao Metal para fazer um cover ou versão, qual seria? Quais três músicas que jamais poderão faltar do set list de vocês e porquê?
Raphael Casotto:
  Escolheríamos a Immigrant Song do Led Zeppelin, a letra dela tem tudo a ver com a nossa temática. As músicas que não podem faltar em nosso set list são "Black Hordes", "Ritual" e "Northern Forests". A Black Hordes e a Ritual por serem musicas rápidas e que agitam o público e a Northern Forests devido a sua atmosfera densa e épica.

Rodrigo Garm: Uma música que escuto desde a minha infância e que seria absurdo levar é a Aqualung do Jethro Tull. Look At Yourself do Uriah Heep também seria interessante.

Eddie Torres: á tocamos ao vivo algumas vezes uma versão de Children Of The Grave, do Black Sabbath. Mas, se fosse para tocar uma coisa que não tem nada a ver com Metal, eu escolheria Gloomy Sunday, que ficou mais conhecida na voz da Billie Holliday... mas a versão da Diamanda Galás é mais sinistra.

Rock On Stage: Muito Obrigado pela entrevista e sinta-se livre para enviar uma mensagem a seus fãs.
Rodrigo Garm:
Aos Guerreiros que nos acompanham um abraço, permaneçam conosco nessa batalha e apoiem sempre a cena nacional, existem bandas fodas que merecem espaço, vá a shows, compre material, façam da nossa cena underground a mais forte do mundo. Pagan Hail!

Raphael Casotto: Gostaria de primeiramente agradecer ao espaço que o Rock On Stage está nos concedendo e dizer aos nossos fãs que continuem apoiando o Metal nacional.

Alexandre Absalão: Gostaria de agradecer mais uma vez aos nossos fãs e amigos que fortalecem nossos eventos, ajudam a divulgar nosso trabalho, que acreditam no nosso som.

Por Marcos César de Almeida
Agosto/2013

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