Deep Purple
Credicard Hall São Paulo/SP, terça dia 01 de novembro de 2005
 

    O Deep Purple, mais uma vez consolidou o seu espaço aqui no Brasil, eles mostraram mais uma vez, que são os mestres da música pesada, juntos com outros ícones do rock pesado como o Led Zeppelin e o Black Sabbath. O show realizado no Credicard Hall foi ótimo, Ian Gillan ( vocal ), Steve Morse ( guitarra ), Roger Glover ( baixo ), Don Airey ( teclado ) e Ian Paice ( bateria ), esses monstros sagrados do Heavy Rock, tocaram com categoria divina, só mesmo eles, perto dos 40 anos de estrada para mostrar o seu intocado valor no Rock’n’Roll, eles tocaram bem tanto os clássicos do passado, como as músicas do ótimo novo cd, Rapture Of The Deep.    

    Eles iniciaram o show com Fireball, do disco homônimo de 1971, tocando com muito peso e estilo, a pegada da música foi forte, não havia como não sentir adrenalina. Destaque para o solo de Roger Glover, ele mostrou o que é tocar o baixo rock’n’roll do Deep Purple, em mais de trinta e cinco anos de sonzeira, e depois Don Airey, com a bela seqüência do solo do teclado.   

    Depois foi a vez de Strange Kind of Woman do mesmo Fireball, uma das músicas em que Ian Gillan deu os seus magistrais gritos, e detalhe, aos 60 anos com a voz em plena forma, ela foi mais um clássico do Purple em São Paulo, que fez a galera vibrar e cantar em coro. Steve Morse fez o solo sendo fiel ao modelo do Ritchie Blackmore nos idos dos 70, fazendo junto com Ian Gillan, que dava os seus agudos, acompanhando a melodia de Morse.    

    Depois tocaram Wrong Man e Kiss Tomorrow Goodbye, do disco novo Rapture of the Deep. Não tinha ouvido estas músicas, e fiquei impressionado de como elas facilmente podem se incluir dentre os melhores clássicos do Purple, pois são bem arranjadas, com muita originalidade, ótimo vocal de Gillan. Sempre quando alguma banda nova ou velha lança um disco, ficamos com o receio, “será que vai ser bom quanto os anteriores?”, principalmente em se tratando de grupos antigos, que em muitas vezes, eles não conseguem compor clássicos iguais aos do passado. Mas isso não acontece com o Deep Puple, tanto o Bananas como o Rapture Of The Deep são ótimos discos, felizmente o Purple mesmo com a idade, eles estão em plena forma, e o tempo, não afeta a capacidade criativa deles, os dois novos cds comprovam isso e merecem ser conferidos.  

    Mais um dos clássicos das antigas, foi a Demon’s Eye do Fireball, e sua execução ao vivo foi demais, com o ótimo estilo blues pesado, estilo dos setenta, canto marcante de Gillan, mais uma pérola para os fanáticos do Purple. Outra música do novo disco que foi muito legal, foi à faixa título Rapture of the Deep, e Ian Gillan cantou muito bem esta música, além de cantar muito bem, é impressionante o carisma que ele tem com o público, o velhinho ria, deva até umas "desmunhecadinhas", fazia uns tipos é a maior figura, destaque também para os solos virtuoses de Steve Morse, ótima composição.  

    Logo após, Steve Morse fez o seu solo, e presenciamos mais um dos maiorais da guitarra da safra dos 70 e 80, tocando com o mesmo talento e velocidade, que o consagrou desde os tempos do Dixie Dregs e sua carreira solo. No início ele fez várias escalas com velocidade, um pouco humilde, mas, aos poucos aumentou o swing, e tomou forma numa seqüência alucinante, perfeita, aí não tivemos duvidas o quanto Steve é um dos principais como Satriani, Vai, Mallmsteen e outros. O que ele mais emocionou o público, foi o seu solo usando efeitos de progressivo, nos pedais de volume e delay, saindo impecável o solo do tipo Steve Howe do Yes, sendo um momento único. E depois ele saiu da viagem e fez uma escala pesada poderosíssima, e novamente voltou nos solos com delay e volume. Houve um momento, em que ele fez uma melodia na pura essência da arte, um solo tipo progressivo ( volume & delay ), lembrando a Cathedral do Van Halen ( do Diver Down), foi emocionante demais.    

    Depois foi a vez de Don Airey. Em sua carreira, ele tocou em vários grupos da elite do metal como o Rainbow na fase Grahan Bonnet e Joe Lynn Turner, tocou com o Ozzy Osbourne, o Whitesnake em seu milionário 1987, Jethro Tull e outros, e neste show, sem dúvida mostrou seu talento, tocando com muita técnica, especialmente no som do tipo órgão Hammond. Mas ele fez outras coisas interessantes como tocar 2001 uma Odisséia no Espaço, Stars Wars e Aquarela do Brasil, sendo o momento mais “light” do show, e eu que venero o Rainbow, esperava que ele tocasse os solos, com modernos efeitos de sintetizadores, que era a sua marca registrada ao vivo quando tocava no Rainbow, mas no show ele tocou o teclado dentro da especialidade do Purple, com o som do órgão Hammond, da era Jon Lord

    Mas não foi ruim não, pelo contrário, ele mostrou que tem talento para usar o efeito do Hammond, muito usado nos anos setenta, depois de seu solo em vários estilos, Airey, simplesmente revigorou o show com nada menos que Perfect Strangers, e a galera gritou eufórica, essa música em todas as vezes que vi, sempre o público canta em coro, muitas vezes não conseguimos ouvir os músicos e sua execução foi ótima, de pura nostalgia da segunda fase Purple, era Gillan.

         Highway Star foi a seguinte, sem dúvida um dos melhores momentos do show, e o Deep Purple, tocou a música com peso e feeling perfeito, Perfect Strangers e Highway Star foram uma boa seqüência, essa última do disco Machine Head de 1972, que é um dos maiores clássicos do heavy metal de todos os tempos, e ela ao vivo, com toda a maestria do Purple, foi realmente alucinante. E para continuar com os pesados clássicos do Deep Purple, eles nos levaram para uma viagem em Space Truckin, Don Airey, fez um ritmo no teclado colocando mais balanço na música, dando uma cara moderna nela, foi muito legal esse detalhe, e eu acho que deveriam até remixá-la em estúdio. Depois para finalizar o início do fim do show, tocaram a soberba Smoke on the Water, e a sua execução foi mais uma dádiva que recebemos em São Paulo, foi emocionante, cantada também pelo público, e Steve Morse esbanjou talento no marcante riff de guitarra desta música, não saindo do que a loucura da música manda, e ela ficou perfeita.  

    E o bis veio com Lazy, mas antes de ser executada, Don Airey fez uma introdução no teclado, e para o meu espanto, num momento ele encaixou em seu solo, levemente, a introdução de You Fool no One, muito parecida com a que John Lord tocou, no disco Made In Europe ( ao vivo de 1975 ), e o sentimento da magia dos anos setenta foi emocionante. E é lógico, a Lazy saiu excelente, perfeita, mais uma vez a banda tocou com magnífico entrosamento.

    Em Hush, Ian Gillan disse, “essa música foi composta há trinta e sete anos”, e essa música bem do início do Purple, quando a banda era ainda inexpressiva, soou muito bem em pleno 2005, a galera empolgou e cantou "Hush" em vários momentos.

    Black Night foi a última que eles tocaram, e sua execução foi simplesmente memorável, o canto de Ian Gillan, a marcação do baixo de Roger Glover, sem dúvida é um dos maiores clássicos do metal, aliás foi graças a esta musica que o Deep Purple foi lançado para o mundo, quando ela terminou, todo mundo esperou por mais, mas foi o fim do show.    

    Apesar de show ter sido ótimo, achei que ele foi curto, foram menos de duas horas que o Deep Purple tocou, e senti a falta dos solos de bateria de Ian Paice, ele se limitou tocar em alguns momentos, os seus inigualáveis repiques na caixa, e o pouco que tocou foi de emocionar, mas o show foi bom demais, mais uma vez sentimos a emoção de presenciar um dos inventores do Heavy Metal, desta vez, eles não fizeram inúmeros shows no Brasil como anteriormente, e que outras bandas, devem fazer como o Deep Purple, que em muitas vezes estenderam a tour para cidades do interior, como Vinhedo, Campinas, Santo André e outros lugares. Aguardaremos a volta dos reis do metal.  

Por André Torres  

Set List   

Fireball
Strange Kind of Woman
Wrong Man
KissTomorrow Goodbye
Demon’s Eye
Well Dressed Guitar
Contact Lost / Somebody Stole my Guitar
Rapture of the Deep
Solo do Steve Morse

Solo do Don Airey
Perfect Strangers
Highway Star
Space Truckin’
Smoke on the Water

Bis:
Lazy
Hush
Black Night
 

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