Epica - Ωmega Alive - A Universal Streaming Event
Abertura: Off The Cross
AED Studios em Lint na Bélgica
Sábado, 12 de junho de 2021

Espetáculo teatral com fogos, luzes, Metal e até chuva... no estúdio!!!

    Vivemos tempos estranhos após que a pandemia do Coronavírus foi decretada pela OMS e afetou o planeta inteiro, que por conta deste problema todos os setores - sem exceção - tiveram que modificar suas formas de realizarem suas atividades, ou mesmo pararem por um tempo deveras severo e acarretando perdas econômicas enormes, e isso, sem pensar nas incontáveis vidas perdidas.

    O setor do entretenimento foi um dos mais prejudicados nesta pandemia, porém, ainda assim muitos artistas realizaram interações através de suas redes sociais, sejam por entrevistas ou 'lives' ( shows transmitidos pela Internet sendo alguns gratuitos e outros pagos ).

   Pois bem, a banda holandesa Epica lançou no começo deste ano o álbum Ωmega e ansiava sair em turnê para divulgá-lo, mas, com a crise deste maldito vírus ainda em números alarmantes por vários lugares do planeta e a vacinação lenta, ainda impossibilitam podermos assistir as bandas nos palcos.

    Desta forma, Simone Simons nos vocais, Mark Jansen na guitarra e vocais, Coen Janssen nos teclados, sintetizadores e piano, Ariën Van Weesenbeek na bateria, Isaac Delahaye na guitarra e backing vocals e Rob Van Der Loo no baixo prepararam neste último dia 12 de junho a sua Ωmega Alive - A Universal Streaming Event.

    E aí isto me leva a uma questão filosófica: fazer ou não uma resenha de um show transmitido neste formato, em que assistimos no conforto de nossos lares, sem ter toda a interatividade que temos e adoramos em um show pulando, gritando, assoviando, sacudindo o pescoço, socando o ar, abrindo uma roda?

    Depois de conferir esta apresentação de gala do Epica, a resposta é sim... resolvi contar aqui como foi o show, pois, a banda se superou no palco e fez uma exibição digna de estar no próximo DVD ao vivo, graças a fatores como produção de palco, efeitos, surpresas, iluminação, pirotecnia, participações, enfim, um show nos padrões do KISS.

Off The Cross

    Além do Epica tivemos a banda belga de Metalcore Off The Cross do diretor da Ωmega Alive - A Universal Streaming Event, o guitarrista Jens de Voz que esteve ao lado de Daan Swinnen nos vocais, Kurt Hermans no baixo e Pieter De Ridder na bateria como atração de abertura.

    A curta participação do quarteto no evento foi registrada em uma igreja muito bonita com os músicos fazendo um distanciamento entre si e com as filmagens feitas por um drone, além de câmeras em vários pontos do local e uma iluminação bastante adequada ao estilo sombrio que eles imprimiram em seu Metalcore nas três músicas que tocaram, sendo elas: The Goddess ( a mais obscura, um tanto cadenciada e bastante agressiva ), Exist ( com aquele lado animado do Metalcore, mas com vocais fortemente rasgados ) e The Dance ( acelerada e com a raiva lá no alto ).

    Aliás, Jens de Voz se mostrou muito bem nos solos de guitarra e a banda esteve muito certeira em sua proposta tocando com uma enorme garra estas músicas, que demonstraram um potencial enorme de agradar aos fãs do estilo. Bela divulgação para os milhares fãs do Epica que assistiram seu breve set.

Set List do Off The Cross

1 - The Goddess
2 - Exist
3 - The Dance 

   Deu para notar também que a banda montou seu palco em três níveis, o primeiro onde estavam a Simone Simmons e os guitarristas Mark Jansen e Isaac Delahaye; o segundo com o tecladista Coen Janssen, o baterista Ariën van Weesenbeek e o baixista Rob van der Loo; e o terceiro onde aconteciam várias surpresas. Nesta primeira música da noite surgiram duas bailarinas dançando em uma coreografia muito bacana. Ahhh!!! não posso esquecer de quando Simone Simmons toda séria segurou uma caveira transparente durante esta Abyss Of Time - Countdown To Singularity, que foi muito emblemático.

    Seguindo no novo álbum tivemos The Skeleton Key enviando todo seu potente Heavy Metal diretamente para nós e lá no fundo outra intervenção com uma garota fazendo suas evoluções em um círculo de ferro com muita habilidade enquanto que a vocalista soltou seus agudos líricos nos encantando profundamente a cada estrofe. Totalmente inesperado e marcante foi a inclusão de um coral infantil neste terceiro nível cantando suas partes com Simome Simmons deixando este Symphonic Metal ainda mais esbelto que já era em sua versão de estúdio

    Neste princípio de show, os músicos mantiveram uma distância um do outro, mas, no decorrer se aproximaram até porque é impossível ficarem o tempo todo longe uns dos outros, todavia, fique tranquilo caro leitor(a) do Rock On Stage, eles já estão - provavelmente - todos vacinados. A terceira foi a Unchain Utopia do The Quantum Enigma ( de  2014 ) com Simone Simmons lá no fundo do palco segurando dois sinalizadores e pouco depois mais fogo, seja com as garotas que tinham seus equipamentos nas mãos e na cabeça ou em um homem que rodou seu bastão incandescente em um efeito visual muito relevante em que você fica com os olhos arregalados ao assistir.

    O Epica não economizou despesas para este show, pois, além de tudo que mencionei até aqui tinham também elevadores para que os músicos levantassem alguns metros do chão de acordo com a emoção que passavam com as canções e nesta Unchain Utopia, a vocalista Simone Simmons estreou a novidade.

    Em Act III: Elysia, vemos a menina pelo labirinto se deparar com uma gigante Simone Simmons em um trono e de volta ao palco, hora da progressiva Kingdom Of Heaven, a única do Design Your Universe ( de 2009 ) com direito à um novo figurino de Simone Simmons ( agora com um longo vestido branco e um espartilho ). Interessante é que montaram o set com um tipo de passarela em linha reta para que ela desfilasse amparada na esquerda e na direita pelos demais membros da banda e claro, no fundo, o baterista fazendo a sua 'proteção'.

    Ligaram esta a dramática e também Progressiva The Antediluvian Universe - Kingdom Of Heaven Pt. III e a outro momento que foi um diferencial neste show: um lustre vivo com uma equipe quatro mulheres trapezistas fazendo coreografias enquanto ele rodava de forma vagarosa logo acima do baterista. De início pareciam apenas luzes, entretanto, depois percebemos que elas se mexiam muito, enfim, uma sublime roupagem para outra longa composição do novo álbum Ωmega. Outra parte ímpar foi Coen Janssen tocando um piano de madeira em chamas enviando a sensação que era real mesmo.

    Regressando ao labirinto, a garota olha para diversos símbolos dourados e místicos abrindo assim o Act IV: Gravita, que nos trouxe outro brinde: uma versão à capela de Rivers com a presença de um coral de adultos e Simone Simmons ( com um belíssimo vestido em tons de laranja - homenagem ao seu país? ) concedendo uma beleza singular à canção do Ωmega, onde deixou claro o potencial de sua voz e todo o sentimento que evidenciou a cada verso.

    Em seguida, vemos Coen Janssen no piano e Isaac Delahaye na guitarra trazendo os primeiros acordes de Once Upon a Nightmare com Simone Simmons cantando seus versos dentro de um círculo, que pouco depois foi iluminado com chamas criando a sensação de uma feiticeira se protegendo do que está à sua volta. Ela cantou com muita emoção esta composição do The Holographic Principle de 2016, onde vemos os demais membros da banda fora do círculo em imagens onde câmera gira exibindo cada um deles e focando na vocalista até terminar de forma intimista só no piano novamente.

    Deste modo chegamos ao último ato, o Act V: Alpha & Ωmega em que a menina atravessa um portal e acorda assustada de seu sonho, um toque sinistro onde aparece a vocalista no plano superior do labirinto. A recente Freedom - The Wolves Within ilustrou este princípio da sequencia final do show e deixou claro seu poder de envolvência nesta Ωmega Alive - A Universal Streaming Event , trouxe também um grupo de bailarinas no fundo do palco e pudemos conferir Simone Simmons cantando bastante empolgada seus versos e compartilhando essa imensa energia conosco.

    O impacto causado pelo clássico do Epica com Cry For The Moon do disco The Phantom Agony de 2003 foi amplificado com as imagens de vários shows ao longo destes quase 20 anos de sua trajetória nos dando aquela saudade de conferir um show ao vivo ( e nos relembrando dos que fomos e das vezes que vimos o Epica no palco ). E tenha certeza caro leitor(a)... em casa cantamos o verso "Forever... and ever" cada vez que a musa o cantava e durante sua atuação saliento também a parte bacana em que Isaac Delahaye é 'ajudado' por Coen Janssen a tocar sua guitarra enfatizando o alto astral que os holandeses possuem no palco.

    Aliás, vale dizer que Simone Simmons dança, anda e só não abraça os seus demais colegas de banda por conta das restrições, e finalmente, agradece aos fãs por acompanharem o Epica há tanto tempo e alguns deles passam momentaneamente para o setor da equipe técnica para que tivéssemos uma ideia da galera que faz a 'stream' acontecer e que sem eles também não seria possível curtir o espetáculo. Para medir o tanto que Simone Simmons se dedicou de corpo e alma à magia da música, basta ver o momento que ela se ajoelha, olha para cima e continua cantando.   

    Sem pausas, o hit Beyond The Matrix do The Holographic Principle contagia de vez a todos que assistiram a 'live' e que puderam ver também Coen Janssen passeando com seu 'carrinho' onde colocava seu teclado da esquerda para a direita ou vice-versa no nível dois do palco alternando assim, a sua posição com a do baixista Rob van der Loo, que enfatizo... ele fez um trabalho de formidável em todo o show, que termina com faíscas caindo do teto em um efeito visual sensacional.