Saxon - Thunderbolt - Latin American Tour 2019
Abertura: Uncle Trucker
Sábado, 16 de Março de 2019
no Tropical Butantã em São Paulo/SP

Mais uma aula do melhor do Heavy Metal...

    Sim... pode parecer redundância dizer que a apresentação da lenda inglesa, que é uma das precursoras do New Wave Of British Heavy Metal e é conhecida com Saxon realizou no Tropical Butantã no sábado dia 16 de março foi mais uma aula do Melhor do Heavy Metal, entretanto, não existe outro meio de descrever o show que finalizou a segunda passagem da Thunderbolt Tour no país com datas em Porto Alegre/RS ( 13 de março ), Rio de Janeiro/RJ (15 de março ) e na capital paulista, que é o assunto desta resenha e o último show desta turnê pela América Latina.

    Todos sabemos que o Saxon é um dos mais importantes nomes do estilo, que lançou em 2018 mais um espetacular álbum intitulado Thunderbolt ( confira resenha ), que nos brindou com hits do presente e novos candidatos a clássicos no futuro que empolgam em uma audição, tanto que indiquei como o melhor álbum do ano passado no meu especial aqui no Rock On Stage ( confira ). Além disso, o Saxon em seus 40 anos dedicados ao Heavy Metal nunca deixou de lançar um álbum relevante e que trouxesse composições impactantes, que sempre desafiam suas grandes criações do início da carreira de igual para igual e também aumentassem o poder de fogo de seus sempre marcantes shows. E o que o quinteto inglês realizou neste sábado em duas horas de apresentação foi um pouco desta história fabulosa para deleite dos fãs que lotaram a casa da zona oeste paulistana.

    Antes das aberturas das portas, os fãs do Saxon formaram uma fila que deu volta no quarteirão do Tropical Butantã garantindo que teríamos mais uma apresentação 'sold out', assim como aconteceu na capital carioca na noite anterior e na capital gaúcha na quarta feira. Porém, antes de aprofundar no que foi o show do Saxon comentarei a partir de agora como foi a participação da banda de abertura, o Uncle Trucker.  

Uncle Trucker

    Apesar de muitos dos presentes no show não conhecerem o Uncle Trucker, a banda já possui um bom tempo de estrada, pois, teve sua formação em 2000 e de lá para cá já lançou os álbuns Hard Devotion ( 2008 ), Rockhology ( 2014 ) e se prepara para disponibilizar o seu terceiro registro de estúdio, o Third Rock From The Roll. Entre as principais influências de Daniel Aleixo nos vocais, Ricardo Prazeres e Davi Ferreira nas guitarras, José Rafael Rosa no baixo e João V. Galvani na bateria constam nomes como Dokken, Winger, Queen, Ozzy Osbourne, Quiet Riot, Mötley Crüe, Poison e Mr. Big, ou seja, o Uncle Trucker da cidade de Franca/SP reunia boas condições para abrir o show do Saxon em São Paulo.

    Programado para começar as 20:15, o Uncle Trucker só subiu no palco do Tropical Butantã por volta as 20:45 em um atraso que provavelmente aconteceu para que o público pudesse entrar e se acomodar na casa. E o quinteto do interior paulista começou com a Shake And Fall do álbum Hard Devotion, que é cadenciada, um tanto que lenta e exalando um Hard Rock moderno, sendo que o vocalista Daniel Aleixo se movimentava pelo palco devidamente animado por conta desta abertura para o Saxon.

    Com uma linha mais agitada que a primeira, um tanto que Bluesy e detentora de um ótimo refrão, Walls Falling Down do Rochology prosseguiu o set do Uncle Trucker e poucos instantes depois tivemos a Blind Devotion, outra do Hard Devotion, onde percebemos mais distorção das guitarras de Ricardo Prazeres e Davi Ferreira, que mantiveram a pegada de um Hard Rock mais 'sujo' por assim dizer.

    Depois o vocalista grita "Boa noite São Paulo... é uma honra estar aqui tocando para vocês" e desta forma tivemos a Rock And Roll Everyday do disco Rockhology, que nos mostrou muita adrenalina em suas linhas e foi seguida pelo clássico Dr. Feelgood do Mötley Crüe, que por ser conhecida causou uma participação maior da plateia, que naturalmente se resguardava sua força para o que teríamos posteriormente. Foi bacana que o Uncle Trucker aplicou um punch adequado à canção e alguns prolongamentos.

    Gravada no Hard Devotion, Rap Trap exibiu um estilo Blues, que deixou claro que a banda possui boas composições, porém, pena a regulagem do som, que a princípio não estava tão bem... melhorou, e assim, tornando possível possível sentir melhor energia da canção. O vocalista responde para aqueles mais ansiosos que queriam logo o Saxon, que eles são o Uncle Trucker e que logo os ingleses estarão no palco para então disparar a Fly Away, nova música que fará parte do terceiro álbum da banda, o citado Third Rock From The Roll e que pudemos perceber uma dosagem de melodia maior e cujo refrão nos permeou com suas ótimas vibrações, praticamente caminhando para a nossa memória e provando que em algumas audições ele ficará na cabeça.

    Como sempre é importante, o vocalista enfatiza que eles também tem a sua barraca de 'merchandise' e para quem se interessar era só ir até lá e adquirir o material da banda. Desta forma, eles continuaram o set com Dismissive, que foi escolhida como um dos videoclipes do vindouro Third Rock From The Roll e responsável por nos enviar aquela garra oitentista presente em seu Hard Rock, que está devidamente cheio de voltagem.

    O show do Uncle Trucker já se encaminhava para o final e o vocalista informa que tocarão outro hino Hard Rock da década de 80 com a Metal Health do Quiet Riot... e não é que a versão deles ficou muito boa e foi o motivo de muitos punhos erguidos e também de uma participação maior do público, que neste momento já era consideravelmente maior. Foi interessante que eles puderam novamente alongar um pouco a música e o baixista José Rafael Rosa segurou muito bem para que isso acontecesse formidavelmente. Antes de encerrar o vocalista bradou muito contente: "Somos o 'Uncle Fucking Trucker' e tocamos Rock'n'Roll" ( já ouvi quase isso outras vezes e cravo dito por um baixista e vocalista, sabem quem não é? ... enfim, uma ótima analogia ).

    Mas, ao contrário do que imaginávamos, que o show do Uncle Trucker terminaria com a Metal Health houve tempo para mais uma e eles exibiram a versão do quinteto para Poison do Alice Cooper, que teve seus versos cantados por muitos no momento mais caloroso do show da banda de Franca/SP, aliás, caloroso mesmo, pois, a impressão que dava era que os ares condicionados do Tropical Butantã não estavam dando conta da lotação da casa. Novamente, o vocalista agradece ao público pela paciência, respeito e educação, que mesmo não conhecendo o som do Uncle Trucker soube ouvir e até curtir o set. Vale dizer que eles enfrentaram e superaram os problemas no som, são detentores de boas composições autorais, aliás, exibiram um pouco de cada um dos seus discos e garantiram uma maior eletricidade da plateia quando tocaram os covers mais conhecidos. Também não conhecia o Uncle Trucker até então, mas, pelo que vi nesta noite recomendo ficar atento à esta banda.

Set List do Uncle Trucker

1 - Shake And Fall
2 - Walls Falling Down
3 - Blind Devotion
4 - Rock And Roll Everyday
5 - Dr Feelgood
6 - Rap Trap
7 - Fly Away
8 - Dismissive
9 - Metal Health
10 - Poison

Saxon

    Enquanto o palco era acertado para o Saxon nos PA's podíamos ouvir músicas dos novos lançamentos da Hellion Records no Brasil e também algumas mais conhecidas até que por volta das 22hs, o durante a execução do hit Living After Midnight do Judas Priest as luzes foram apagadas e então sabíamos que chegara o momento que a banda atualmente formada por Biff Byford nos vocais, Paul Quinn e Doug Scarratt nas guitarras, Nibbs Carter no baixo e Nigel Glockler na bateria, cuja origem data de 1976 na cidade de South Yorkshire na Inglaterra e que já lançou mais de 20 álbuns de estúdio, 11 ao vivo, 12 DVD´s, sendo que oito destes álbuns alcançaram posições de destaque nos charts ingleses levando a ostentarem seguramente o posto de mestres do Heavy Metal.

    Enquanto os músicos assumiam seus postos, a introdução Olympus Rising que se liga na música título do novo álbum, a Thunderbolt foi tocada e aí aquela sonzeira característica do Saxon tomou conta do Tropical Butantã, afinal, sentir o potencial dos riffs deste novo hino do quinteto já fez o público pular e agitar com Biff Byford, que chegou todo de preto e cantando como um garoto em meio aos eficazes e contagiantes riffs dos guitarristas Paul Quinn e Doug Scarratt. E Thunderbolt nos atingiu em cheio nos deixando vidrados no palco e felizes para valer por estarmos diante do Saxon novamente. Eles aquecem mais ainda com Sacrifice ( título do álbum de 2013 - leia resenha ) com seu peso matador através dos riffs da dupla de guitarristas que levam a uma bela sessão de "hey... hey... hey..." dos fãs, que foram devidamente comandados pelo Biff Byford, que gritou "São Pauloooo making fucking noise...." em um ponto da música para conclamar nossa participação.

    E o vocalista está com a voz impecável do alto de seus 68 anos e na pausa para a próxima música, a plateia grita o nome da banda sendo retribuída por ele com o sonoro "Obrigado.... Sãooo Paulooo..." para recuar para uma das grandes canções da carreira, a Wheels Of Steel, que fez todos pularem e cantarem este hino título do segundo disco da banda de 1980. E sua pegada Rock'n'Roll capturou nossa emoção e foi amplificada tantos nos solos de guitarras quanto nos toques de baixo de Nibbs Carter, que segurou a música nos prolongamentos acompanhados nas palmas da galera enquanto Biff Byford nos questiona se estamos loucos. Olha... estávamos e era de felicidade por estarmos vendo os professores em ação tocando com a facilidade e maestria.

    A viagem ao período de maior sucesso continuou e a banda demonstrou como se faz um Heavy Metal de qualidade ao tocar a Strong Arm Of The Law, que nomeia o terceiro álbum de estúdio também de 1980 ( naquela época a capacidade criativa era tamanha que lançavam dois álbuns por ano ) e nesta noite em São Paulo, Doug Scarratt solou brilhantemente sua guitarra até que no refrão e próximo do final, Biff Byford convocou nossa participação nos backing vocals com ele, o que corresponderíamos mesmo que ele não tivesse solicitado.

Presente e passado sempre afiados

    Aos frenéticos gritos de "Saxon... Saxon..." que culminaram em mais um "Obrigado..." dito pelo vocalista, que também falou que este é um show especial para eles ( como escrevi anteriormente... o último desta turnê sul-americana ) e com a jaqueta de um fã que veio de Fortaleza/CE para São Paulo/SP neste sábado ( o Barcelos Saxon ), Biff Byford canta mais uma de suas imortais canções: Denim And Leather, que nomeia o quarto registro de 1981 e foi acompanhado pelos gritos dos fãs, aliás, por onde se olhava percebia todos cantando e socando o ar tal qual o vocalista fazia. E para nós que apreciamos solos de guitarras... ver os sempre animados Doug Scarratt e Paul Quinn solando as suas em uma música como esta é um momento único e maravilhoso, que só não foi maior quando eles deixaram para nós cantarmos o refrão quase sozinhos, apenas segurando o ritmo até retomarem para encerra-la.

     Do passado recente do Saxon e com todos colocando jaquetas iguais a dada para o vocalista, Battering Ram toma de assalto com sua velocidade e eletricidade cada um de nós, que ficamos na dúvida se olhávamos a atuação da banda ou se pulávamos. Entretanto, os solos feitos pelos guitarristas demonstraram quão marcante é este álbum de 2015. Biff Byford avisa que neste ponto do show eles lembrarão do histórico primeiro disco do Saxon de 1979 e aí a adrenalina contida em Rainbow Theme e Frozen Rainbow foram exibidas no Tropical Butantã direcionando nossas mentes para 40 anos atrás com toda a sua carga emocional que essas músicas carregam desde então; e ao vivo aumenta ainda mais, pois, esse sentimento é estendido nos melodiosos solos de guitarras Doug Scarratt e Paul Quinn, que foram executados perfeitamente. Ainda deste primeiro registro, eles nos brindaram com a rápida e emblemática Backs To The Wall, música que também exala inversões mais Rock'n'Roll que tanto nos chamaram a atenção nos anos 80 e ao vivo se tornam mais fascinantes.

Veneração

    Neste show que praticamente já é o começo da celebração do aniversário dos 40 anos do Saxon, eles não tocaram tantas músicas do novo Thunderbolt, porém, uma de suas canções está incorporada aos shows a partir deste álbum e não sairá do set list facilmente, assim, Biff Byford fez questão de dizer que ela é uma homenagem não só ao Lemmy Kilmister, mas também ao Motörhead, e desta maneira a admirável They Played Rock And Roll produziu um singelo momento em nossos corações ao ouvirmos a voz de Lemmy ecoando nos PA's da casa ( que eram muitos... havia uma muralha de Marshall atrás dos músicos do Saxon ) antes dos solos arrebatadores de Doug Scarratt aparecerem na música.

    Seria possível dizer que a homenagem seguiu com Power And Glory? Se pensarmos que nomes como o Motörhead e o Saxon elevaram o Heavy Metal no mundo da forma que fizeram com tantos álbuns espetaculares... posso dizer que sim e Power And Glory, carro chefe e nome do quinto disco de estúdio nos acertou em cheio nos levando a imaginar como é simples fazer um Heavy Metal puro, simples e infectante sem ter que misturar a tantas outras variações que as bandas atuais adoram fazer, que em suas versões ao vivo - como nesta noite - vemos as guitarras dignificarem nossos corações com seus solos, estes capitaneados por Doug Scarratt, que soube tocar entregando sua alma a cada um deles.

Escolhas dos fãs

    Biff Byford declara que a próxima canção é de 1995, quando o guitarrista Doug Scarratt entrou no Saxon ( no lugar de Graham Oliver ) e vai para o lado dele para juntos tocarem outra cativante composição: Dogs Of War ( título do décimo segundo disco de estúdio ) para nossa plena satisfação. Biff Byford disse que este show era especial e faz uma 'enquete' ao vivo sobre qual música eles tocariam de acordo com o desejo da plateia e nossas escolhas poderiam ser entre "Hungry Years", "Ride Like The Wind", "Motorcycle Man" ou "Solid Ball Of Rock".

    Baseado nos nossos gritos ao dizer o nome de cada uma delas, a eleita foi a Solid Ball Of Rock ( música que empresta seu nome ao disco de 1991 ) em que seu exuberante ritmo garantiu a participação de todos nós, ainda mais quando Nigel Glockler e Nibbs Carter mantiveram juntos o andamento para que Biff Byford pudesse brincar com a potência de sua voz e nos convocar para tentar acompanhá-lo, o que conseguimos em parte. Dá para acreditar que ele já tem 68 anos, se mexe tanto pelo palco, sacode seus longos cabelos loiros e alcança esses agudos em suas cordas vocais? Duvidaria senão conhecesse o Saxon há tanto tempo e não acompanhasse cada um de seus lançamentos. Inclusive durante 'nossa participação' Biff Byford pega o seu celular e filma nossa atuação como lembrança pessoal do show em São Paulo em uma troca de interação entre banda-plateia muito grande, que somente nomes como o Saxon são capazes de realizar.

    Como o grande frontman que é, Biff Byford cita mais canções que não poderiam faltar no show como são os casos de To Hell And Back Again e Crusader nos ateando mais fogo para que realizemos mais uma escolha entre as duas e também Motorcycle Man ou Ride Like The Wind, sendo a última, que é uma versão de Christopher Cross e inclusa no álbum Destiny de 1988 foi a escolhida já que Crusader seria tocada de qualquer jeito. E olha caro leitor(a) do Rock On Stage, Ride Like The Wind ficou tão boa na versão do Saxon e foi tão aceita desde então, que chegou até superar a original, sendo que nesta noite, o público fez questão de cantar seus versos com o vocalista e sentir os solos dos guitarristas.

    Sempre perguntando se estamos bem ( alguma dúvida??? ) e tão contente quanto nós, Biff Byford retorna ao Wheels Of Steel com o clássico 747 ( Strangers In The Night ) cuja potência musical e a perfeição exibida deste Rock'n'Roll ( por assim dizer.. ) levou a sorrisos aparecerem em nossos rostos, palmas e vozes cantando o refrão com ele, que foram interrompidos somente quando os solos de guitarras foram executados. Sem pausar e mantendo o clima do show sempre alto em cada um de seus minutos, o quinteto apresenta agora a And The Bands Played On, outra do Denin And Leather em que seus solos de guitarras soam como trovões cortando o céu, não pela estridência em si, mas pela beleza que foram tocados.

Emoções a flor da pele

    Sorridente, o vocalista brada um "all feeling good...." e a veloz e detonadora To Hell And Back Again do Strong Arm And The Law chega para inflamar mais ainda o show e mesmo enfrentando o calor que estava no Tropical Butantã, a única solução era sacudir o pescoço e berrar seu título com Biff Byford só parando para olhar os seus bravos solos de guitarras. Seguindo neste memorável álbum, eles disparam o Rock'n'Roll cheio de lindos solos contido em Dallas 1 PM, que ao vivo ganharam mais emoção quando Doug Scarratt assumiu os holofotes com seus solos.

    E como este show do Saxon foi clássico atrás de clássico - sejam eles recentes ou antigos - todos nós cantamos ao menos um trecho com Biff Byford, entretanto, o estouro mesmo veio com um dos seus hinos máximos e uma das mais formosas canções da história do Heavy Metal, que foi precedida de um gritos de "Olê... Olê... Olê... Saaaxoonn... Saaaxoon...". Estou falando de Crusader ( título do sexto álbum de estúdio de 1984 ), que sinceramente foi tão emocionante que era para chorar de alegria e que praticamente colocou o Tropical Butantã abaixo com todos pulando e cantando com Biff Byford, que inteligentemente junto aos demais alongaram a música para que pudéssemos interagir com eles exponenciando a alquimia Heavy Metal contida nesta composição, que ao vivo é ainda maior e melhor e provoca reações altamente positivas em todos os presentes, cujos solos ficaram à cargo de Paul Quinn.

Cavaleiros da Ordem do Heavy Metal

    Depois de um encerramento da primeira parte neste nível, quase poderíamos pensar que já tínhamos visto o suficiente, mas, note bem eu disse quase... afinal, a quantidade de clássicos do Saxon é tamanha que se eles realizassem um show de quatro horas era bem possível que diríamos que faltou esta ou aquela música. E naturalmente que teríamos um bis, que até demorou um pouquinho se for ver, o que é perfeitamente compreensível, afinal, eles não são mais garotos.

    E entre aplausos, gritos, assovios, coro de "Olê... Olê... Olê... Saaaxoonn... Saaaxoon...", os lendários cavaleiros da Ordem do Heavy Metal retornam para triunfarem em nossos corações com o vocalista perguntando "se estamos prontos, se estamos realmente prontos..." para anunciar a explosiva e acelerada Heavy Metal Thunder, composição de abertura do soberbo álbum Denim And Leather, que sacramenta a magnitude deste show de despedida da tour latino americana através de solos atordoantes feitos por Doug Scarratt e Paul Quinn e da sempre potente voz de Biff Byford.

    Antes da próxima o vocalista enfatiza que eles estão na ativa de 1979 a 2019 e que mesmo enfrentando vários problemas durante estes 40 anos ( sem citar exatamente quais, mas sabemos que são saída de integrantes, modismos passageiros, 'achologias', 'novos grandes nomes' que duraram alguns anos e as transformações da indústria musical ), eles nunca se renderam sempre fazendo Heavy Metal de primeira como no princípio. A dica para Never Surrender ( outra do Denim And Leather ) estava dada e sua letra contém um verdadeiro mantra a ser seguido por todos nós em nosso cotidiano, ou seja, nunca se renda às adversidades seja o que você é. Aliás, Never Surrender chegou disparando suas faíscas através de seus solos de guitarras e na robustez de Biff Byford ao cantar seus versos e edificando nossa euforia.

    Para quem achava que por não ter sido escolhida anteriormente não seria tocada, Motorcycle Man, que abre o Wheels Of Steel veio tão ligeira quanto poderia se esperar passando seu Heavy Metal lotado de reluzentes solos de guitarra feitos por Paul Quinn, que mostrou toda sua respeitável habilidade à serviço do Saxon desde sua fundação entre os vocais e os assovios encaixados no instante exato por Biff Byford.

    Representando a felicidade de todos na banda, o vocalista disse "obrigado... fantastic... amazing..." para nós e outro de seus inigualáveis clássicos teve o esplendor de ser a última da noite. Estou falando de Princess Of The Night, a canção de abertura do Denim And Leather, que é uma das responsáveis por ter me tornado fã de Heavy Metal e isso, certamente é um sentimento compartilhado por cada um dos presentes neste sábado no Tropical Butantã.

    E o Saxon demonstrou outra vez que não parecem os veteranos que são e sim um bando de garotos que estão realizando o melhor show de suas vidas entregando toda sua intensidade para nós como se fossem suas primeiras apresentações para os amigos e amigas. Claro que isso foi reconhecido por todos, que aplaudimos e gritamos o nome da banda repetidamente enquanto eles se despediam deste formidável e histórico encontro em São Paulo com seu público.

    Se te perguntarem o que é Heavy Metal e você não souber responder, pegue um disco do Saxon e diga: "aqui está a resposta...". Se isso não for suficiente e ainda assim restar alguma dúvida então diga: "eu estive no show do Saxon em 2019 e eles garantiram um dos melhores shows do ano". Comprove assistindo um vídeo no Youtube ou veja um DVD da banda e tenha uma ideia do que é o Saxon no palco e confirme porque eles são um dos maiores ícones do Heavy Metal.

   Pena só que o som não esteve a altura da grandeza da apresentação nas primeiras músicas e que os já citados ares condicionados do Tropical Butantã não refrigeraram como deveria acontecer, mas, isto não será o que vamos lembrar desta aula de Heavy Metal que em tese marca início de comemorações dos 40 anos do Saxon, o que lembraremos é como foi sensacional ser um dos presentes neste show.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Leandro Anhelli ( Rádio & TV Corsário ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos Costábile Salzano Jr. ( The Ultimate Music - PR ),
a Top Link Music e a Rádio & TV Corsário 
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Março/2019

Galeria de 60 fotos do show do Saxon
no Tropical Butantã em São Paulo/SP

Set List do Saxon

1 - Olympus Rising ( Intro )
2 - Thunderbolt
4 - Sacrifice
5 - Wheels Of Steel
6 - Strong Arm Of The Law
7 - Denim And Leather
8 - Battering Ram
9 - Rainbow Theme / Frozen Rainbow
10 - Backs To The Wall
11 - They Played Rock And Roll
12 - Power And The Glory
13 - Dogs Of War
14 - Solid Ball Of Rock
15 - Ride Like The Wind
16 - 747 ( Strangers In The Night )
17 - And The Bands Played On
18 - To Hell And Back Again
19 - Dallas 1 PM
20 - Crusader

Bis
21 - Heavy Metal Thunder
22 - Never Surrender
23 - Motorcycle Man
24 - Princess Of The Night

Voltar para Shows