Cavalera - Return To Beneath Arise
Abertura: Korzus e Venomous
Domingo, 16 de junho de 2019
no Audio Club em São Paulo/SP

    Domingo, 16 de junho de 2019 e o que se fazer em um domingo? Que tal ouvir clássicos do Sepultura com o icônico, o lendário Max Cavalera e seu irmão Iggor Cavalera tocando as músicas dos álbuns Arise e Beneath The Remains? Nada mal não acham?

    Bem, foi isso o que ocorreu! Mas antes, voltaremos para o ano passado ( 2018 ), que teve essa mesma tour em terras brasileiras e que foi sucesso absoluto. Ano passado tive a infelicidade de não poder ir ver por conta de uma viagem para a França com a intenção de acompanhar o retorno do Hypocrisy, um dia em Paris estava acompanhando amigos e colegas fotógrafos publicando diversos registros nas mídias dizendo que simplesmente foi um show épico, por um momento na minha viagem fiquei chateado, pois, queria muito rever os irmãos Cavalera em ação, ainda mais com um set FODA que são os clássicos do Sepultura, banda que admiro e respeito bastante, sendo que as duas vezes que presenciei os dois em ação foi com o Cavalera Conspiracy em um show foi no S.W.U. em Paulínia/SP e na abertura do Iron Maiden em 2011 no Estádio do Morumbi ambos no estado de São Paulo. Mas, aí esse ano de 2019 ocorreu o anúncio da segunda parte esta tour no Brasil... obrigado Honorsounds!!!

    O local da passagem este ano foi no Audio Club em São Paulo/SP, sendo que cheguei praticamente cedo ao local para conseguir um bom local de estacionamento e fui pegar a credencial para adentrar na Audio Club. Ao entrar me deparei com a Pista Premium sem um pit para fotógrafos e isso, já me deu os primeiros calafrios que a noite seria insana para fotografar, mas, a adrenalina de ser uma noite épica estava mais forte.

Venomous

    A primeira banda a abrir os trabalhos foi o Venomous, que é oriunda de São Paulo/SP e conta com Thiago Pereira ( vocal ), Guilherme Calegari ( guitarra ), Ivan Landgraf ( guitarra ), Renato Castro ( baixo ) e Lucas Prado ( bateria ). Com uma pegada bem agressiva, eles fizeram um ótimo show, abrindo com a música Penitence do single Penitence em que eles iniciaram mostrando um som bem elaborado, seguido de Within The Silence do álbum Defiant e logo depois pelo novo single do quinteto, a Black Embrance.  

    O Venomous não fez praticamente nenhuma pausa e logo já tocou a canção Martyr também pertencente ao álbum Defiant, sendo que esta 'não pausa' seria por conta do tempo pois, teria mais uma abertura antes dos Cavalera adentrarem no palco.

    Após essa série de músicas próprias rolou um cover muito bem executado do Motörhead para a clássica Overkill com o baixista Renato Castro assumindo os vocais. Renato Castro fora do Venomous e possui um cover do Motörhead chamado The Hammer, que por sinal é um belo de um cover. Assim, o quarteto encerrou sua apresentação com a Green Hell também do álbum Defiant.

     O Venomous realizou um belo show, mas curto, porém. que serviu para aquecer a galera antes das demais apresentações, onde destaco o guitarrista Guilherme Calegari, que tinha uma presença de palco animal e que me rendeu diversas fotos. Após a apresentação do Venomous chegara a vez de outra exibição brasileira de gala, que estava prestes a começar ( aliás, esta noite foi toda brasileira e com shows sensacionais ), dentro de poucos instantes teríamos o grande Korzus.

Set List do Venomous

1 - Penitence
2 - Within The Silence
3 - Black Embrance
4 - Martyr
5 - Overkill
6 - Green Hell

Korzus

    Amigos... já vi diversos shows do Korzus e toda vez que vejo é uma sensação FODA, cada vez mais eles estão melhores e a qualidade aumenta a cada show que presencio! Marcelo Pompeu ( vocal ), Antônio Araujo e Heros Trench ( guitarras ), Dick Siebert ( baixo ) e Rodrigo Oliveira ( bateria ) subiram ao palco já com o Audio Club praticamente lotado e eram muito aguardados pelos presentes ali, e amigos que show fantástico!

    Estamos falando de mais de 35 anos de estrada fazendo um Thrash Metal lindo de se ouvir, neste show eles tocaram quase na integra o aclamado Ties Of Blood  de 2004, que - particularmente - é o melhor disco deles. O Korzus no palco iniciou a pegada Thrash com Guilty Silence, amigos quantas vezes já ouvi esse som e piro toda vez nos riffs iniciais, é praticamente uma preparatória para o caos esses riffs, já nos primeiros segundos a roda de mosh pit já se abria ( neste momento percebi que seria um show difícil de fotografar ). A banda esbanja técnica e precisão, para mim uma das melhores bandas nacionais!

    Marcelo Pompeu e sua turma não deixou o pessoal respirar e após o princípio apocalíptico, sendo que já emendaram em seguida a paulada na cara com a Respect ( nessa hora eu lutava para me proteger do 'mosh' com minha câmera porque estava insano, mas, é disso que a gente gosta! ) com o público cantando o refrão bem alto junto com  o vocalista ( "Respect, Respect my time, Respect my life..." ). Caras, como esse momento é emocionante para uma casa lotada cantando músicas nacionais é de se arrepiar.

   Seguida por What Are You Looking For em que tivemos mais e mais rodas e cabelos voando em meu rosto e câmera e isso, foi uma tremenda luta, e novamente a Audio em peso cantando junto com Marcelo Pompeu, que comandou o show disparando a trinca explosiva composta por "Screaming For Death", "Never Get Me Down" e "Punisher", que me levaram a concluir: o show estava sendo massacrante de tão bom.

    Marcelo Pompeu mencionou que este show seria uma festa para o Metal Nacional e que contaria com diversas participações especiais, e também lembrou de todos que participaram na gravação do álbum Ties Of Blood, principalmente, os que nos deixaram como são os casos do Redson do Cólera, Hélcio Aguirra do Golpe de Estado e a mais perda recente de André Matos.

    Assim, iniciaram Evil Sight com a banda tocando junto com a gravação da guitarra de Hélcio Aguirra e a voz de André Matos ao fundo tornando assim a presença desta canção um momento muito emocionante. Após a execução, Marcelo Pompeu pediu um minuto de silencio em memória de André Matos, uma linda homenagem a um grande mestre da música nacional.

    Após, Marcelo Pompeu informou que teriam uma surpresa para tocar Correria com eles, e assim no palco subiu Silvio Golfetti ( ex-guitarrista da banda ) tocando juntamente com eles este clássico. Com uma pancada atrás de pancada do Thrash Metal voraz do Korzus, os paulistas atacaram com as matadoras "Cruelty", "Ties Of Blood", "It Wasn't Me", "The Sadist" e "Who's Going To Be Next", que fechou a moedora execução na integra o álbum dos paulistas para então encerrarem o show com a Truth do Discipline Of Hate de 2010, que foi seguida do cover de Raining Blood do Slayer. Em uma palavra: que show!!!

    Admito que se tivesse um Korzus e um Slayer tocando na mesma noite eu sairia de ambulância, pois, seria muito brutal de início ao fim! O Korzus encerrou sua apresentação nos deixando na memória um show pesado, digno da melhor qualidade e respeito aos fãs. Depois do massacre do Korzus chegava o momento mais esperado por todos, para alguns seria um bis do ano passado ( eu me incluo nisso ) e seria um momento único em nossas vidas.

Set List do Korzus

Intro
- Ties of Blood
1 - Guilty Silence
2 - Respect
3 - What Are You Looking For
4 - Screaming for Death
5 - Never Get Me Down
6 - Punisher
7 - Evil Sight
8 - Correria
9 - Cruelty
10 - Ties of Blood
11 - It Wasn't Me
12 - The Sadist
13 - Who's Going To Be The Next?

Encore:
14 - Truth
15 - Raining Blood

Cavalera

    Era momento dos irmãos Cavalera estarem no palco e assim, Max Cavalera ( guitarra e vocal ) e Iggor Cavalera ( bateria ) chegaram ao seus postos acompanhados por Marc Rizzo ( guitarra ) e Mike Leon ( baixo ).

    Sem delongas Iggor Cavalera sentou na sua bateria trajando a camisa do seu time de coração, o Palmeiras e já iniciou martelando com vontade com a Beneath The Remains com Marc Rizzo, Mike Leon e Max Cavalarea entrando no palco, o inferno que estava no Korzus perante as rodas... posso dizer que elas duplicaram no início de Beneath The Remains, foi um empurra-empurra com rodas, água sendo jogada para todo lado que estava complicado fotografar... resumo virou um pandemônio! O público presente estava alucinado.

     Podem falar o que falar quiseram, mas a verdade é que Max Cavalera é um cara FODA e a voz dele é incomparável, claro que o tempo fez com que o Max Cavalera perdesse os tons de sua gritaria, porém, neste show ele gritava mais que o normal e tocava mais forte. Algo que não via há tempos... vi apenas em vídeos de shows pela Europa e etc. Uma coisa - mesmo com o tempo passando - não muda nunca, o carisma de Max Cavalera diante do público, que é espetacular, afinal, ele tinha todos presentes em suas "Mãos de Fogo" conforme ele falava. Ele gritava e todos acompanhavam, uma cena linda de se ver!

     Marc Rizzo é um caso à parte, o cara esbanja técnica e quem conhece ele desde o Soulfly sabe que estou dizendo... o cara toca muito, dando chutes, pulos e sempre interagindo com os fãs. Tive o prazer de conversar com ele no estacionamento da Audio rapidamente, ele me citou que adora os shows no Brasil. Voltando ao show, após a Beneath The Remains e o caos no bom sentido que Max Calalera causou, o set contou um clássico atrás de outro clássico do álbum Beneath The Remains de 1989... pois, a banda começou a esmagar com uma sequência que teve "Inner Self", "Stronger Than Hate", "Mass Hypnosis" e "Slaves Of Pain". E minha luta contra as rodas estava a todo vapor, a galera estava alucinada e não parava quieta em momento nenhum e Max Cavalera botava mais 'lenha na fogueira' gritando e cantando muito.

    Mike Leon se destacava também pela sua bela presença de palco, sendo que ele interagia demais com os presentes, e tenho que afirmar, com um show pegado como este... os seguranças da Audio tiveram um bocado trabalho. Lembra citado no inicio que não tinha 'pit de fotógrafos', então, automaticamente não tinha a grade de proteção e a galera tentava ensandecidamente subir no palco para 'moshar' e os seguranças empurrando cada vez mais e mais, me senti nos shows dos anos noventa... que demais!!!

    A porradaria continuou com Primitive Future e Arise já iniciando a lembrança do álbum que alçou o Sepultura ao estrelado de 1991 e fez o show desencadear uma verdadeira apresentação mortal, com púbico cantando muito alto os refrões e todos orquestrados por Max Cavalera, que seguiu com a marcante Dead Embryonic Cells.

Admito que o inicio de Desperate Cry me arrepiava bastante, pois foi um dos sons que mais ouvi do Sepultura em minha vida, e ver aquilo ao vivo e com a voz lendária do Max Cavalera, me emocionou um pouco. Eles continuaram a arrasar com Altered State e Infected Voice, porém, o ponto alto do show foi a clássica Orgasmatron ( cover do Motörhead ) enquanto Max Cavalera cantava me vinha a mente o clássico show do Sepultura em Donington em 1994 ( se você nunca viu procure no Youtube é um clássico com Phil Anselmo ao lado do palco agitando ).

    Após paulada atrás de paulada, os Cavalera resolveram fazer um set diferenciado e com algumas surpresas também com a inclusão de War Pigs do Black Sabbath. Mais Sepultura com a destruidora Troops Of Doom do Morbid Visions de 1986, que foi precedida por uma introdução de Raining Blood do Slayer. E deu tempo ainda para a esmagadora e lendária Refuse / Resist do Chaos A.D. de 1993.

    Após uma breve pausa, eles retornavam ao palco para contar as lembranças que quando eram mais jovens e os irmãos tentavam assistir as bandas do primeiro Rock in Rio, porém, segundo falaram... o seu tio trocava de canal para assistir novela, após contada a história recomeçaram mais uma parte da brutalidade, porém, com uma versão de Dirty Deeds Done Dirt Cheap do AC/DC e pediram para uma garota que estava colada no palco para cantar junto com Max Cavalera ( acho que essa garota foi dormir feliz, pois, cantou no palco com um dos maiores ícones mundiais ).    

    Não adianta lembrar de quantas vezes eu já vi esse som ser tocado com o Sepultura, o fato é que ter uma versão com o Max Cavalera, a  pegada é outra, e obviamente que isso o público presente na Audio já sabia e correspondeu cantando insanamente os refrões dessas duas músicas com eles. Ver Iggor Cavalera tocando Refuse / Resist é demais, porque ... ele não tocava... ele simplesmente socava sua bateria sem dó!

    Com mais de uma hora no palco, o show estava chegando ao fim e o público gritando mais e mais eles, assim retornavam para um segundo bis, que seria para derrubar os pescoços que ainda estavam no lugar, porém, apenas Max e Iggor Cavalera sem os demais integrantes. E Max Cavalera mencionou que fariam uma Jam de bandas que eles gostavam bastante e tocavam quando adolescentes. Desta forma os dois executaram um trecho de Hear Nothing See Nothing Say Nothing do Discharge e Polícia do Titãs.    

    Para encerrar com chave de ouro... mais Slayer! Sim... com Marc Rizzo e Mike Leon também de volta ao palco, o quarteto tocou um trecho de Black Magic do Slayer com trechos de "Beneath The Remains", "Arise" e "Dead Embrionic Cells". Entretanto, eles 'mataram a pauladas' mesmo com Roots Bloody Roots do Roots de 1996, o último disco a contar com Max Cavalera nos vocais.

  Em Roots Bloody Roots, eles fazem uma versão mais diferenciada do que o Sepultura original costuma realizar, e claro que a intenção é não soar igual, e assim, enquanto o Sepultura no final exibe uma linhagem mais lenta nos últimos refrões da música, os Cavalera a tocaram mais rapidamente. As duas versões são ótimas, quem ganha com isso são os fãs!

     Após uma nova saída do palco, e consequentemente um novo retorno, Max Cavalera apareceu trajando uma camisa do Palmeiras e desta maneira, os irmãos se despediram do público brasileiro. Os Cavalera realizaram um show digno de surpresas e que os fãs mais clássicos do Sepultura saíram satisfeitos!

    Eu particularmente estava bastante satisfeito pelo que presenciei e afirmo, valeu a pena esperar um ano para poder ver esta tour. Sonho de qualquer fã, não digo brasileiro apenas, mas, qualquer fã mundial sonha um dia poder ver os irmãos Cavalera juntos novamente, nem que seja em uma jam com o Sepultura. Será que é pedir muito ou sonhar demais?

    Gostaria de agradecer a equipe da HonorSounds, por conceder o credenciamento para poder realizar as fotos e esta resenha.

Texto e Fotos: Wellington Penilha
Agradecimentos para Damaris Hoffman da Honorsounds e Camila Dias da Audio Club
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Agosto/2019

Setlist dos Cavalera

Beneath the Remains
1 - Beneath The Remains
2 - Inner Self
3 - Stronger Than Hate
4 - Mass Hypnosis
5 - Slaves of Pain
6 - Primitive Future

Arise
7 - Arise
8 - Dead Embryonic Cells
9 - Desperate Cry
10 - Altered State
11 - Infected Voice
12 - Orgasmatron (Motörhead cover)

Encore:
13 - War Pigs (Black Sabbath cover)
14 - Troops of Doom (with Slayer’s “Raining Blood” intro)
15 - Refuse/Resist
16 - Dirty Deeds Done Dirt Cheap (AC/DC cover)

Encore 2:
17 - Hear Nothing See Nothing Say Nothing (Discharge cover)
18 - Polícia (Titãs cover)
19 - Black Magic (Slayer cover)
20 - Beneath the Remains / Arise / Dead Embryonic Cells
21 - Roots Bloody Roots

Galeria de 90 fotos dos shows do Cavalera, Korzus e Venomous na Audio Club em São Paulo/SP

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