Amorphis - Queen Of Time Tour
Terça, 16 de abril de 2019
no Bar da Montanha em Limeira/SP

    Os finlandeses da gélida capital Helsinque, que desde 1990 formam o Amorphis aportaram pela primeira vez em Limeira/SP no já tradicional Bar da Montanha para mais um show da turnê de divulgação do seu mais recente lançamento, o ótimo álbum Queen Of Time, que além de ter sido muito bem recebido pelos fãs e imprensa contou com o uso de instrumentos de cordas reais, flautas, arranjos orquestrais e até um coro, marcou o retorno do baixista Olli-Pekka “Oppu” Laine, um dos fundadores da banda junto aos guitarristas Tomi Koivusaari e Esa Holopainen.

    Completam o line up do Amorphis, os músicos Tomi Joutsen nos vocais ( desde 2005 ), Santeri Kallio nos teclados ( desde 1998 ) e Jan Rachberger na bateria ( que ficou entre 1990 a 1995, saiu e retornou em 2002 ). Além de Limeira, a passagem da Queen Of Time Tour pelo Brasil contou com datas no Recife/PE ( 12 de abril no Abril Pro Rock ), Porto Alegre/RS ( 13 de abril ), São Paulo/SP ( 14 de abril ) e esta, que comprova a força do Heavy Metal do interior e a sempre brilhante iniciativa da Circle Of Infinity Produções em colocar a cidade no circuito de muitos dos importantes shows que acontecem no Brasil.

    Sempre tive uma curiosidade de conferir um show do Amorphis há alguns anos, pois, a mescla de Death Metal, Folk Metal e Prog Metal utilizada pela banda em seus treze discos de estúdio sempre me chamaram a atenção e garantiram aos finlandeses um marcante crescimento no cenário mundial. Graças a esta data em Limeira, isto se tornou possível, mesmo sendo uma terça feira, em tese, um dia um pouco incomum para um show. Mas, aí é que mora um importante detalhe, o espetáculo estava marcado para começar às 20:45 e pontualmente no horário exato começou, portanto, tivemos tempo de tomar uma cerveja, rever os amigos, curtir um apresentação "Classe A" e ir para a casa tranquilamente a ponto de descansar e trabalhar normalmente no dia seguinte. 

    E com a parte instrumental de The Bee sendo tocada, os músicos do Amorphis foram se posicionando no palco do Bar da Montanha para que em poucos instantes ao primeiro urro de Tomi Joutsen, o show começasse em definitivo. Esta canção mais cadenciada do novo Queen Of Time cheia de belas melodias até que um tanto Progressivas e uma mescla de vocalizações limpas com urradas, que já garantiram logo de cara a empolgação dos fãs, que participaram no refrão com eles, onde deu para perceber como o vocalista já detinha o público nas mãos.

    Além de comandar os solos, o guitarrista Esa Holopainen mostrou possivelmente de onde são as influências Progressivas da banda, pois, estava trajando uma camiseta do Rush do álbum 2112 e o baixista Olli-Pekka “Oppu” Laine, o lado Heavy Metal Clássico ao portar uma camiseta do Black Sabbath do álbum Sabbbah, Bloody Sabbath.

    Bastante aplaudidos, os finlandeses seguem nesta linha mais Progressiva com outra música recente, a The Golden Elk, que só teve seu ritmo quebrado na primeira saudação do vocalista com a plateia resultando em gritos eufóricos do público. E apesar de vez ou outra, alguns dos presentes socarem o ar, a grande maioria estava mesmo prestando atenção nas complexas passagens instrumentais da banda, que reproduzia conforme registraram no cd, como pude reparar nos solos de guitarras da dupla Tomi Koivusaari e Esa Holopainen, que eram precisos, mas não um exercício de auto indulgência.

    Antes da terceira, o Tomi Joutsen se tornou o porta voz da banda ao cumprimentar o público e anunciar a Sky Is Mine do Skyforger ( de 2009 ), que por ser mais conhecida levou o público a cantar com eles nas suas passagens mais leves em que sentíamos sua musicalidade adentrar nossas células. Novamente, Esa Holopainen nos brindou com um reluzente solo, assim como o tecladista Santeri Kallio sustentando as melodias em seus mergulhos Progressivos.

    Sem parar, o sexteto segue com Sacrifice do penúltimo álbum, o Under The Red Code de 2015, que começa mais suave até que os urros eclodam entre solos de teclados e aí percebe-se a potência do vocalista ao alternar seus trechos mais suaves com os mais pesados e com seus vocais agressivos. E tal qual eu, os demais também adoraram gritando bastante para a banda.

    Instantes depois, o vocalista nos informa que a canção seguinte é da história do Amorphis e Against Windows do aclamado terceiro álbum, o Elegy de 1996 com sua atmosfera mais Folk continuou a marcante apresentação no Bar da Montanha. Entretanto, eles também mostraram seus pontos mais voltados ao lado mais extremo com Tomi Joutsen soltando seus urros com a devida força. Novamente, as melodias executadas na parte instrumental nos fizeram ficar com os ouvidos e a atenção voltada nos outros músicos, porém, quando o vocalista nos convocou para 'banguear' com ele, nós atendemos o pedido e emendamos muitos "hey... hey... hey..." para depois aplaudir a banda pelo grande empenho nesta noite.

    Com linhas mais calmas em que alguns já perceberam de que música se tratava, o vocalista questiona: "Are You Ready for Silver Bride?" e esta composição do Skyforger nos encantou com suas harmonias mais calmas, especialmente, pelas linhas nos teclados de Santeri Kallio ao promoverem um mergulho no Folk, que dura até os urros mais robustos aparecerem instantes antes do seu término.

    Comunicativo, o vocalista retorna ao Under The Red Cloud com a Bad Brood, que também estava no gosto do público pela intensidade que causou nos fãs ao participarem e cantarem o refrão com o Amorphis. E nesta música em especial, eles dosaram muito bem seu lado mais Death Metal com suas inversões calmas e de vocais limpos confirmando o porque da banda agradar facilmente os fãs. Aliás, o Tomi Joutsen interage com os fãs com a intenção de aumentar a nossa adrenalina antes dos solos de guitarras e seus urros.

    Em uma breve fala, o vocalista nos conta que iriam tocar outra do Queen Of Time e Wrong Direction foi a escolhida, que pela calorosa recepção que obteve não parecia uma canção recente e sim um clássico, sinal que os fãs do interior estão atentos à este novo trabalho do Amorphis, que sim, pode ser considerado como um dos melhores de 2018 e nesta em questão, seus trechos Progressivos e seu andamento mais leve é mesmo para impactar que a escuta, ainda mais em uma apresentação ao vivo, que resultaram nas palmas quando Jan Rachberger cadencia os toques em sua bateria. E aí reside outro ponto interessante do Amorphis... suas músicas possuem variações que impressionam e cativam o admirador facilmente e eles as reproduzem com precisão no palco, o que podemos considerar com um ponto forte para a banda.

   Se mantendo no novo trabalho tivemos a encorpada Daughter Of Hate, que começa dotada de quantia de cólera maior para depois sofrer uma quebrada mais suave e Progressiva em que atesta de vez a qualidade do Amorphis, que pouco depois vemos o vocalista liberar de novo seus urros furiosos nesta dualidade, que comprovam sua eficiência no posto e no palco.

    Alternando linhagens Folk e Progressiva, Heart Of The Giant nos mantém focados no Queen Of Time com o guitarrista Esa Holopainen tocando seus 'enfeitiçantes' dedilhados iniciais, que são rompidos pelos urros de Tomi Joutsen e também quando o peso se eleva sem diminuir a beleza de suas melodias. Também tenho que contar nesta resenha como o vocalista cantava e 'bangueava' em alguns versos quando os solos de guitarras soavam pelo Bar da Montanha. E para nós, assistindo o set do Amorphis, Heart Of The Giant foi um convite para socar o ar ou sacudir o pescoço, porém, isto era difícil, não o movimento em si, mas, porque queríamos observar a atuação dos músicos.

    A pesada Hopeless Days foi recebida nos animados "hey... hey... hey..." dos fãs, que olharam atentamente a atuação do vocalista Tomi Joutsen, que agora canta mais suave e alternando com alguns urros furiosos nesta canção do Circle de 2013, que ganhou também palmas no seu ritmo por parte dos fãs, que sentiam-se satisfeitos com o show do Amorphis em Limeira e que até aqui não cortou nenhuma música comparando com o que foi apresentado nas outras datas da turnê, porém, nós tínhamos uma vantagem no Bar da Montanha... vimos a banda de perto mesmo.

    Demonstrando sua alegria, a plateia grita quase que incessantemente "Amorphis... Amorphis..." sendo apenas interrompida pelo sonoro "Thank You..." do vocalista, que aproveita para anunciar a Black Winter Day do Tales From The Thousand Lakes, o segundo álbum da banda de 1994, onde a atmosfera Death e Folk Metal ficaram mais latentes e tivemos uma sucessão maior de urros em um clima lento diante de muitos "hey... hey... hey...", que finaliza a primeira parte do show do Amorphis.

    Não demorou para que o Amorphis retornasse ao palco e iniciasse o bis, que chegou em meio a toques, que exalaram influências árabes nos dedilhados feitos por Esa Holopainen em Death Of A King do Under The Red Cloud, que posteriormente, em suas linhas Progressivas adentrem o ambiente energizando novamente o público, que correspondeu consideravelmente contente com a banda cantando o refrão.

    Aliás, suas climatizações nos fizeram aplaudir mais e soltar os "hey... hey... hey...", além de atender a solicitação do vocalista, que gritava "Deeeathhh..." e nós completávamos "Of A Kiiiing..." em cada um dos seus pedidos, que cada vez eram mais fortes de forma que nós gravássemos este ponto do show na memória e se tornasse uma das muitas partes que contaremos aos amigos(as).

    Mais uma vez, Tomi Joutsen nos agradece pela presença no show e canta House Of Sleep, que foi recebida nos "ôôôôôôôôôôôô" do público, que procurou cantar com o Amorphis esta música do Eclipse ( de 2006 ) e percebendo isso, o vocalista virou o microfone para nós para que nossas vozes fossem captadas, aumentassem assim a nossa participação no show e eternizassem o momento em nossas mentes, que teve direito a um prolongamento nas palmas durante o solo de teclados feito por Santeri Kallio e que depois eles deixaram praticamente só nós nos vocais por alguns instantes, sinal, que os membros do Amorphis perceberam a voltagem contida nas pessoas do interior paulista e levarão isto na bagagem de volta para a Finlândia.

    Como tradicionalmente acontece, eles se reúnem para despedirem da cidade jogando palhetas e baquetas, além daquela foto com o público extasiado ao fundo pelo sensacional show que presenciaram em pouco mais de uma hora e quinze minutos. Indiscutivelmente, o Amorphis levou ao Bar da Montanha um excelente show onde exibiu algumas canções novas e outras mais antigas sempre com uma perfeição técnica, vocal e instrumental, que nos fez encher os olhos e sorrir com muita felicidade, pois, afirmo aqui... foi muito melhor que podia imaginar.

    Aliás, isso me levar a pensar: "porque não assisti uma apresentação do Amorphis antes?" Enfim, foi extremamente positivo e já aguardamos por um futuro retorno da banda na cidade.

    E sabe quem também estava no Bar da Montanha conferindo o Amorphis? o guitarrista Hudson da dupla Edson e Hudson, que é um profundo fã de Rock e Heavy Metal. Mais uma vez, registro os parabéns ao Edson Moraes e a sua equipe da Circle Of Infinity Produções por mais um show de organização e som impecáveis.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para Edson Moraes e Cláudia Moraes da Circle Of Infinity Produções
e a Jeancarlo Oliveira da ELF Agency
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Abril/2019

Set List do Amorphis

1 - The Bee
2 - The Golden Elk
3 - Sky Is Mine
4 - Sacrifice
5 - Against Widows
6 - Silver Bride
7 - Bad Blood
8 - Wrong Direction
9 - Daughter Of Hate
10 - Heart Of The Giant
11 - Hopeless Days
12 - Black Winter Day

Encore:
13 - Death Of A King
14 - House Of Sleep

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no Bar da Montanha em Limeira/SP

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