Nile - At The Gate Of Sethu 2013 Tour
Abertura: Imperious Malevolence
Sábado, 21 de dezembro de 2013
no Carioca Club em São Paulo/SP

    Foram quatro anos que o público teve que esperar para um retorno do Nile ao Brasil, e depois de passarem por Curitiba/PR, a banda retornou a São Paulo para mais um show da tour do álbum At The Gate Of Sethu, o último de estúdio da banda e a perna brasileira da tour terminou em Porto Alegre/RS.

     E para garantir ainda mais as expectativas dos fãs que foram ao Carioca Club, a banda está completando 20 anos de existência, ou seja, certeza de um repertório que incluiria sucessos de toda a carreira da banda.

    Imperious Malevolence

    Hoje é um daqueles dias que arrisco ir de metrô para o show e para minha surpresa, consigo chegar antes da primeira banda tocar... Luck! Por volta das 17h55 o Carioca Club ainda está vazio, uma pena, pois a banda de Brutal Death Metal Imperious Malevolence é fantástica, eles são de Curitiba/PR, tem quase 20 anos de banda, quatro cds lançados e já tocaram com a banda Destruction, além de terem no currículo umas seis turnês internacionais, são um Power trio muito técnico e extremo, os poucos que estão na casa fazem questão de escutar e bangear na frente do palco com a Rot in Peace do último cd Doomwitness de agosto desse ano.

 

    Quase todo o set desta noite é baseado neste álbum. E os músicos não decepcionam, mesmo com meia dúzia de gente agitam muito, na Antigenesis a única palavra que tenho para definir o baterista Antonio Death é frenético, baixo de cinco cordas de Alexandre W.A é trabalhado de cima a baixo, sempre merecem palmas. Eles se apresentam para nós e também comentam do vídeo clip Doomwitness.

    Alexandre W.A anuncia Doomwitness, o guitarrista Danmented e seus vários 'spikes' toca e agita muito, os riffs são bons, mas gosto mais é o meio para o fim dessa música, pois ela vai ficando mais densa é uma ótima escolha para a música de trabalho. Nós somos poucos, mas entusiasmados. Excruciate do álbum Where Demons Dwell de 2006, começa na bateria insana de Antonio Death é a minha favorita da noite, tem muito peso e energia, por mais que eu ande pela casa o melhor lugar para ouvir é sempre o meio da pista.

    Voltando para o último cd com a Seek For Mephisto, chega com riffs muito bons e também é mais cadenciada, Danmented grita vamos agitar ( eu só acho que esse clima de festa está deixando a galera um pouco preguiçosa! ). A Banquet In Hell mostra como eles foram aos poucos cativando todos da pista, mais gente chega ao Carioca Club e vão assumindo lugares na frente do palco e são abduzidos pelo som dos caras. Alexandre W.A diz que ainda tem mais Metal da morte para nós e alguém grita atrás de mim: Arquiteto da Destruição!

    A próxima do set é Nihilisticon os vocais de Alexandre W.A e Danmented são ótimos, os gritos mais comuns a minha volta são: tocam 'pra caraleo', os arranjos são bons demais, a bateria nem se fala, é aquele tipo de música que você bangeia sem perceber. Soltou o cabo da guitarra de Danmented, que logo arruma tudo, mas isso não é problema para os outros músicos que continuam firmes na música.

    Alexandre W.A provoca dizendo que está é a última música, chama todos para agitar e que ver sangue. Vem a música pedida pelo público, Arquiteto da Destruição ( do HateCrowded de 2002 ) traz o caos para nós essa noite, é cantada e português o pessoal responde: sangue! Mais continuaram agitando no braço ( não tinha roda ) no palco bangeados sincronizados.

    Em meia hora de show realmente cativaram a galera, não tinha aquela máxima da galera pedindo para o show terminar logo, a próxima é um cover da banda Deicide do primeiro cd Deicide de 1990: Lunatic Of God´s Creation o povo acorda, não tem jeito cover sempre anima muito, mas continuamos no bangeado violento, sem rodas ( agora eu tenho certeza que está rolando uma preguiça generalizada por aqui ). Agora sim é a última: Imperious Malevolence, e Alexandre W.A faz questão de lembrar que é a última chance para agitar e bater cabeça, tem algum trabalho de iluminação, mas sem adornos no palco. A música é bem divertida de ouvir, mas os banges são poucos. Acaba às 18h40 e vem chegando cada vez mais gente.

Set List do Imperious Malevolence

1 - Rot In Peace
2 - Antigenesis
3 - Doomwitness
4 - Excruciate
5 - Seek For Mephisto
6 - A Banquet In Hell
7 - Nihilisticon
8 - Arquiteto da Destruição
9 - Lunatic Of God´s Creation
10 - Imperious Malevolence

Nile

    Às 19h começa uma intro épica com um nome mais épico ainda... Dusk Falls Upon The Temple Of The Serpent On The Mount Of Sunrise ( do cd Annihilation Of The Wicked de 2005 ) e dez minutos depois a galera ainda está gritando Nile, além do clássico: "Vai Coríntiaaa!" Acredito que essa frase é o "novo toca Raul...". Ao fundo o som da bateria sendo testada, atrás das cortinas, no palco uma voz fala para tomarmos uma cerveja com eles depois do show.

    E vinte minutos da intro mais longa da história, abrem as cortinas e os músicos da banda de Technical Death Metal Nile, formada por Todd Ellis ( baixo e vocal ), George Kollias ( bateria ), Dallas Toler-Wade ( guitarra e vocal ) e Karl Sanders ( vocal e guitarra ),  vem até a frente do palco e cumprimentam a galera, com suas letras voltadas a mitologia egípcia, árabe e mesopotâmica, 20 anos de estrada e os nomes de música mais legais do planeta, já no primeiro riff de Sacrifice Unto Sebek ( do álbum Annihilation Of The Wicked ) mostra que essa noite será memorável, todos na pista estão ensandecidos, gritando e os mais comedidos no "hey, hey". Os músicos bangeiam bastante no palco. A casa não está lotada, o que é ótimo para andar por ai e curtir o show perto do bar.

 

    Defiling The Gates Of Ishtar do cd Black Seeds Of Vengeance ( de 2000 ) é a próxima, o guitarrista fundador Karl Sanders possui uma voz bem profunda, além de muita técnica na guitarra, Todd Ellis não fica atrás e durante a música também mostra seu potencial no baixo e na voz. Karl Sanders nos pergunta "como estamos? O tempo está ótimo, vocês querem uma bebida?" E nos saúda com um cheers!

    Mandam a Kafir! do álbum Those Whom The Gods de 2009 para a gente e as 'intros' são sempre envolventes, uma parte da galera canta junto, outros ( eu no meio ) prestam atenção nos músicos ( sério como não dá um nós nesses dedos? ) a grande a maioria filma, 'bangeados' sincronizados no palco, solinho insano de Karl Sanders enquanto Dallas Toler-Wade vem até a ponta solar na nossa frente, George Kollias esmerilha a bateria, Karl Sanders nos lembra da outra vez que tocaram no Brasil ( essa é a segunda apresentação da banda por aqui, a primeira foi em 2010, confira resenha ) e conta que o show foi ótimo.

     Todos no palco cantam Hittite Dung Incantation, outra do Those Whom The Gods, pessoas gritam cada vez mais alto 'Nileee', Todd Ellis e suas cinco cordas volta e meia vem a frente do palco com riffs de muita técnica e marcantes, bateria muito rápida, todo o conjunto da obra é pura brutalidade. Karl Sanders solta um "all right! É ótimo estar de volta, vocês querem escutar algo do novo álbum?". Assim, Ele traz a intro profunda The Inevitable Degradation Of Flesh do último álbum de 2012, o At The Gate Of Sethu, essa o pessoal conhece pouco, mas sempre existe os fãs que tem todas as músicas na ponta da língua. Como não está lotado é muito fácil de chegar perto do palco, lá em cima não tem frescuras, adornos ou roupas chamativas, as luzes são básicas e em todo intervalo entre as músicas o povo grita "Nileee".

    Karl Sanders nos diz que aqui é o lugar mais Metal do planeta, e então tocam mais uma do At The Gate Of Sethu, dessa vez é Enduring The Eternal Molestation Of Flame, agora o pessoal acordou, na minha frente um empurra, empurra básico enquanto Dallas Toler-Wade pede para acompanharmos no "hey, hey", para meu espanto no meio da música a roda aconteceu e para meu desespero os óculos foram parar no chão...ok faz parte.

  Eles nos agradecem e mandam mais uma do último álbum, essa é Supreme Humanism Of Megalomania, me esquece, Todd Ellis toca muito, mas, o que me chama mais a atenção são esses cabelos que parecem patrocinados pela Wella! Ele balança para lá e para cá e estão sempre arrumados, parece um comercial de shampoo...!!! Voltando ao mundo real.... Eles apontam o Todd Ellis, avisam que ele não é 'Hey Todd' e pede para fazermos o mesmo, todos gritamos 'hey Todd!' No palco todos sorriem muito.

    Não sei qual o música que pediram, porém, Karl Sanders já avisa que tocarão essa depois, agora é a vez de The Blessed Dead ( do In Their Darkened Shrines de 2002 ) altos 'banges' em cima e em baixo do palco, andando por aí vi que dá para escutar bem os instrumentos de qualquer lugar da casa, então aproveito para tomar uma água enquanto escuto os caras. O pessoal canta junto, não tem quase ninguém no mezanino, pois, todos querem ver de perto toda a técnica dos músicos. Um fã sobe rapidinho no palco, mas nem chega perto de ninguém e se joga antes que o segurança perceba.

  

  Dallas Toler-Wade adora o nosso entusiasmo e pede novamente para ajudarmos com os punhos no ar e gritando "hey", não só levantamos os punhos, como também temos muletas erguidas no meio do povo para The Howling Of The Jinn do álbum Amongst The Catacombs Of Nephren-Ka do ano de 1998, e a tocaram de forma destruidora, complexa e precisa. Todd Ellis está cada vez mais à vontade conosco e interage mais e mais, Karl Sanders e Dallas Toler-Wade ainda estão mais concentrados nos riffs intricados das músicas.

    Vamos tocar uma música que apenas tocamos uma vez em São Paulo, nossa música Ithyphallic ( título do álbum Ithyphallic de 2007 ) eles sorriem e tocam juntos sincronizados, eles vem até a frente, dá para ver que essa é a favorita dos caras, na pista amigos se cumprimentam sorrindo, Karl Sanders pede timidamente que façamos uma roda e vem mais para ponta do palco com um sorriso de orelha a orelha.

    George Kollias  faz charme e joga baqueta para cima, enquanto continua tocando incessantemente. A essa altura do show Karl Sanders pergunta se estamos cansados e completa "vocês querem mais uma música?" Respondemos a plenos pulmões: "Ten more songs", os músicos gargalham com a resposta, e ele diz que não tem mais dez músicas para tocar essa noite... Bom nós tentamos!.

  Karl Sanders avisa que  quer tocar algo do cd Annihilation Of The Wicked e o pessoal começa a falar vários nomes de músicas, a escolhida da banda é Sarcophagus e no meio do meio tem uma roda mais violenta, eu que já deixei cair os óculos da outra vez me afasto só mais um pouquinho, o trabalho de bateria é diferenciado e cada vez mais os músicos ficam a vontade para vir, cumprimentar e agitar conosco.

    Lashed To The Slave Stick, presente no Annihilation Of The Wicked, traz a porradaria para dentro do Carioca Club, tem uns riffs lindos que uma galera acompanha no "ôôôô", outra parte da música que só fica a bateria acompanhamos com as palmas, mais um consegue subir no palco, mas esse o segurança pega e conduz gentilmente para baixo, maioria tem essa na ponta da língua, sem tempo para descanso emendam a Unas Slayer Of The Gods ( do In Their Darkened Shrines ), outra cantada do início ao fim pela pista, é mais cadenciada, obscura e gostosa de ouvir.

  

   

    Karl Sanders gostaria de agradecer a todos por essa noite, fala que nós não somos do rádio, somos do real Metal, acho que vejo uma pequena roda do meu lado para a Black Seeds Of Vengeance ( título do cd homônimo ) outra música de destruição total, riffs certeiros e bateria insana, que termina a apresentação.  Então, Karl Sanders joga as suas palhetas e deixa a galera tocar na sua guitarra, todos vem até a ponta do palco para nos cumprimentar, amigos se cumprimentam, eles jogam set list, oferecem cerveja, a cara de satisfação dos músicos é o melhor da noite e Karl Sanders fica muito tempo no palco se despedindo, fica uns bons 10 minutos lá, seja tocando nas mãos da galera, seja fazendo pose para foto, às 20h55 fecham as cortinas e oficialmente termina o show dos caras.

    E do nada eis que surge das cortinas George Kollias, que joga as baquetas da morte, eu estava perto e quase fui atropelada pelos adoradores de baqueta e mais um tenta subir no palco, mas é levado para baixo, o show foi maravilhoso o público não lotou a casa ( acredito que por causa da época de festas ), mas agitou como se não houvesse amanhã, sou da opinião que não basta escutar as músicas no cd para decidir se uma banda é boa ou não... e essa noite só reforça esse pensamento, apesar do som extremamente técnico das bandas, o carisma e a energia que eles passam, não pode ser reproduzida fielmente em um álbum.

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: Nile - Cortesia de Costábile Salzano Júnior
Imperious Malevolence - Ednaldo Baraka ( A Ilha do Metal ) e Kenedy Silva ( On Stage )
Agradecimentos à Costábile Salzano Júnior e a Showmaster
pela atenção e credenciamento
Janeiro/2014

Set List do Nile

1 - Dusk Falls Upon The Temple Of The Serpent On The Mount Of Sunrise
2 - Sacrifice Unto Sebek
3 - Defiling The Gates Of Ishtar
4 - Kafir!
5 - Hittite Dung Incantation
6 - The Inevitable Degradation Of Flesh
7 - Enduring The Eternal Molestation Of Flame
8 - Supreme Humanism Of Megalomania
9 - The Blessed Dead
10 - The Howling Of The Jinn
11 - Ithyphallic
12 – Sarcophagus
13 - Lashed To The Slave Stick
14 - Unas Slayer Of The Gods
15 - Black Seeds Of Vengeance

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