The Vintage Caravan - Gateways
11 Faixas - Shinigami Records - 2018

    Gene Simmons causou um estardalhaço danado no mundo do Rock ao dizer que o estilo está morrendo, porém, o baixista e vocalista do KISS talvez não soubesse - quando falou isso - do nascimento de muitas novas e competentes bandas pelo planeta. Possivelmente não teremos nomes que façam tanto sucesso quanto as grandes bandas dos anos 70 e 80, mas, quem está chegando está mostrando muita qualidade a cada disco, como é o caso do The Vintage Caravan, um Power Trio que teve origem na congelada Islândia na cidade de Álftanes em 2006, quando ainda eram estudantes no colégio.

    O álbum de estreia autointitulado saiu em 2011 e no ano seguinte, 2012, o segundo conhecido como Voyage, que alcançou uma recepção muito grande, especialmente na cena Stoner e garantindo assim a Alexander Örn Númason no baixo e backing vocais, Óskar Logi Agústsson na guitarra e vocais e Estefánari Stefánsson na bateria e backing vocals, a reputação de uma poderosa banda ao vivo, o que rendeu-lhes convites para abrirem shows do Blues Pills e do Grand Magus. O terceiro álbum Arrival saiu em 2015 e com ele a primeira tour europeia, uma tour sul americana com passagem pelo Brasil, banda de suporte do Europe, duas tours pelo Reino Unido e a presença em 60 festivais europeus, dentre eles o Roskild, o Graspop Metal Meeting, além dos famosos Wacken Open Air e Hellfest.

    E o trio teve o desafio de superar o aclamado Arrival com este novo disco Gateways, que foi gravado no Sudlaugin Studios em MosFellsbaer na Islândia, produzido e mixado por Ian Davenport ( Band Of Skulls ) e responsável pela trilha sonora da saga Crepúsculo Lua Nova enquanto que a masterização é de John Davis e foi realizada no Metropolis Studios. Para a capa, o The Vintage Caravan escolheu um desenho interplanetário criado por Julian Hass ( Through The Haze ) e a partir de agora começo a verificar se eles superaram o desafio proposto.

    A viagem eletrificada de Rock'n'Roll que é promovida pelos islandeses começa com a vibrante Set Your Signs em uma pegada pesada e contagiante vocalizada com carisma por Óskar Logi Agústsson em que são notadas influências de Led Zeppelin, além de uma construção cheia de adrenalina para te capturar imediatamente como pode-se observar atentamente nos longos solos de guitarra. The Way é um tanto mais devagar, porém, sente-se  seu estilo ácido latente e repleto de Groove com evoluções marcantes em seu decorrer, bem como também as linhas de vocais do ótimo Óskar Logi Agústsson, que também realiza criativos solos de guitarra levando a música fluir livremente e para longe. Em Reflections notamos um crescente instrumental chamar a atenção e depois, quando eles adicionam mais peso percebemos que estamos diante de uma grandiosa faixa deste álbum Gateways, pois, o Power Trio só não viaja mais em sua melodia porque 'precisa' cantar sua letra, mas, enfatizo, sua parte instrumental é soberba.

    De ares serenos, On The Run é a quarta do cd, uma das minhas favoritas e aqui o The Vintage Caravan energiza a música aplicando melodias cativantes, porém, um tanto viajantes com uma roupagem nostálgica cujas vocalizações aparecem de forma tranquila nesta letra que é sobre manter o pé na estrada, que conta com os toques sempre especiais providos do Hammond do convidado Magnus Jóhann Ragnarsson.

    Com marcações feitas pelo baterista Estefánari Stefánsson e solos fortes na guitarra de Óskar Logi Agústsson em um clima nonsense, All This Time te envolve em seu ritmo mais suave e que está cheio de voltagem conduzindo à uma nova participação de Magnus Jóhann Ragnarsson com o seu teclado Hammond. Para Hidden Streams, Óskar Logi Agústsson sola sua guitarra com mais garra no inicio e os outros fazem uma base Rock'n'Roll que somada aos vocais empolgam facilmente com direito a Magnus Jóhann Ragnarsson nos enfeitiçar de vez com os seus efeitos diferenciados que são extraídos de seu Minimoog.   

    De uma linhagem Stoner, a encorpada Reset é a sétima de Gateways e além de seus solos de guitarra, o Power Trio incluiu um refrão devidamente infectante em sua letra. Entretanto, a modificação inflamável na parte final antes do ritmo do refrão retornar é digna do Grand Funk Railroad. Para Nebula, o The Vintage Caravan nos coloca diante de um momento para altas viagens, pois seu andamento é lento e consideravelmente calmo, além de ser também muito Psicodélico com vocais tranquilos, porém, o Power Trio surpreende com as variações aplicadas na música elevando o seu potencial e tornando a minha favorita no cd, afinal, o trampo aqui foi para um nível estratosférico eclodindo em longos solos de guitarra. Quem gosta de um Rock Progressivo das antigas vai se deliciar nesta música, mas, cuidado.... após uma viagem desta magnitude assim você correrá o risco de não voltar tão fácil ao mundo real.

    Em Farewell, o convidado David Pór Jónsson produz com seu Hammond uma atmosfera que lembra instantaneamente do Deep Purple e principalmente do estilo do mestre Jon Lord enquanto que o The Vintage Caravan nos dispara um Rock robusto e de linhagem mais lenta em que apreciaremos facilmente, confirme sentindo a eletricidade dos solos de guitarra tocados por Óskar Logi Agústsson, que canta passando muita emoção a cada momento da canção.

    Tune Out, começa com uma percussão maior executada por Estefánari Stefánsson e depois segue por uma melodia 'largada' com a presença de David Pór Jónsson no Hammond e Magnus Jóhann Ragnarsson no piano Rhodes em um verdadeiro convite para uma audição de olhos fechados para que se possa aprofundar em sua viagem, especialmente quando Árni Svavar Johnsen participa nos backing vocals junto ao vocalista Óskar Logi Agústsson levando está penúltima canção à uma Psicodelia pura.

    Encerrando Gateways temos aos dedilhados no violão e aos toques na bateria temos a The Chain, que é uma versão do Fleetwood Mac, possuidora de uma aura saborosa e obviamente devidamente setentista com os três músicos cantando em coro os seus versos acidificando o prazer de ouvi-la, aliás, quando eles deixam a canção queimar, nós sentimos a sonzeira que fizeram.

    Para quem pensa que o Rock está estagnado e ninguém de qualidade aparece... ouvir um álbum como Gateways do The Vintage Caravan trará a certeza que não está e que existem muitas bandas boas por aí que precisam serem descobertas pelos fãs o quanto antes, que certamente representarão o estilo no futuro. Ainda vale acrescentar a resposta ao questionamento inicial é positiva... sim eles conseguiram superar o álbum anterior e que venha o quinto lançamento dos islandeses.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2019

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