Tankard - One Foot In The Grave
22 Faixas Cd Duplo - Shinigami Records - 2017

    O Tankard é um dos principais nomes do Thrash Metal Teutônico ao lado do Kreator, Sodom e Destruction, que está em atividade desde 1982. Em seu décimo sétimo álbum de estúdio, que é intitulado como One Foot In The Grave, os beberrões Gerre nos vocais, Andi Gutjahr na guitarra, Frank Thorwarth no baixo e Olaf Zissel na bateria tem motivos para mais um grande porre: além do álbum, eles completam 35 anos de seu "Alcoholic Metal".

    One Foot In The Grave foi lançado no Brasil pela Shinigami Records em versão dupla, onde o segundo cd contém o show realizado no The Rock Hard Festival 2016 e seus processos de produção, mixagem e masterização foram capitaneados por Martin Buchwalter ( Destruction e Suidakra ) no Gernhart Studio em Troisdorf na Alemanha entre janeiro a março de 2017.

    Na capa temos um Alien ( o tradicional mascote da banda ) empurrando um carrinho de supermercado com um considerável estoque de álcool e fritas ( quer coisa melhor ) em um cemitério e algo que parece uma mão exibindo o número 35 em uma sepultura com o título do álbum, isso tudo foi desenhado por Patrick Strogulski, que conferiu um toque de humor costumeiro do Tankard. Aliás, na temática das músicas do cd, o Tankard mantém sua descontração, porém, encaixa algumas críticas à sociedade atual. Vamos aos seus detalhes.   

    O Thrash Metal acelerado e muito bem elaborado presente em Pay To Pray exibe a pegada fortificada e incansável do Tankard de uma forma contagiante em seus vocais realizando uma excelente abertura com uma rifflerama arrebatadora e cavalar. Arena Of The True Lies é mais pesada e possuidora de solos de guitarra envolventes e também de vocais mais agressivos em uma linhagem Thrash Metal mais grosseira, que passa a sensação que sua avalanche sonora vai te pegar, cuja letra é sobre as 'batalhas' ocorridas nas mídias sociais. Depois eles prosseguem firmes com a intensa Don't Bullshit Us!, que chega veloz, é cantada com muita indignação e te conquista por conta do peso aplicado sem parar a cada um de seus minutos.

    Para a faixa título, que é a One Foot In The Grave, o Tankard começa mais melódico e depois acelera em mais uma esmagadora canção, cujo refrão vai imediatamente para a cabeça e minha candidata a hit do cd tanto que se fosse obrigado a indicar apenas uma faixa deste álbum seria esta, pois, se trata de um Thrash Metal de primeira com vocais, baixo, bateria e guitarra sincronizados perfeitamente e de forma vigorosa. Ao abordar a guerra civil na Síria, o Tankard o faz com uma musicalidade enorme tornando Syrian Nightmare uma canção robusta em cada trecho, seja em seus críticos vocais ou em sua feroz e bem executada parte instrumental com destaque aos solos de guitarra de Andi Gutjahr. Aliás, seus solos no início da cadenciada Northern Crown ( Lament Of The Undead King ) são a senha da sonzeira que os alemães vão nos submeter nesta sexta faixa de One Foot In The Grave, que tem a presença de Matthias Zimmer do Personal War no coro do refrão junto a Gerre.

    A próxima é Lock'Em Up! e o andamento imposto pelo quarteto é simplesmente moldado no melhor e no mais violento formato que o Thrash Metal alemão é capaz de criar, ou seja: uma faixa agressiva, que é vocalizada com fúria e que apreciamos logo em sua primeira audição... e importante... olho em sua letra. The Evil Than Men Display continua o cd tão poderosa quanto as anteriores, mas, nota-se nos vocais de Gerre um toque de sarcasmo em um ritmo que é um verdadeiro rolo compressor descendo a ladeira e sem freio.

    O estilo épico de Secret Order 1516 foi criado por Arkadius Atonik do Suidakra e isso segue até seu dilacerante andamento eclodir e vir devastando com tudo neste Thrash Metal cru e visceral sobre a tão amada cerveja, sendo que em seu final percebemos ares de hino, que serão cravados na memória. A última de One Foot In The Grave ( como disco bom passa rápido, não é caro leitor(a) ? ) é a Sole Grinder, que foi criada para homenagear o manager da banda, o senhor Buffo Schnädelback ( definido por Gerre como "A pessoa mal humorada mais engraçada da Alemanha" ) e o que o Tankard impõe aqui é um Thrash Metal mortífero que vem arrasando com o que estiver pela frente. E no final tem um grito da torcida, ouça o álbum inteiro e descubra do que estou falando.

    No segundo cd temos, conforme mencionei anteriormente, o show do Tankard realizado no The Rock Hard Festival, ocorrido no Amphitheater em Gelsenkirchen na Alemanha no dia 13 de maio de 2016, que foi gravado e produzido por Gerd Lücking. Assim como o cd One Foot In The Grave, a masterização é de Martin Buchwalter no Gerhart Studio. No início do show, logo após a introdução, que é bem bacana de se ouvir com seu caráter de hino tradicional, os alemães disparam a áspera Zombie Attack que intitula o primeiro álbum de 1986, que chega frenética e impactante. Após a saudação de Gerre aos fãs, hora de The Morning After aos 'hey... hey...." da plateia e como o peso está gigante nesta canção título do cd de 1988, que certamente resultou em rodas pela plateia e muito headbanging, especialmente nos solos de guitarras.

    Falando no idioma de seu país, o vocalista anuncia a aniquiladora Fooled By Your Guts, onde além de sua imensa carga, podemos perceber a atuação do baixista Frank Thorwarth nesta música do álbum R.I.B. ( Rust In Beer ) de 2014 em versão simplesmente fulminante. Comunicativo, Gerre informa a qual disco Rapid Fire ( A Tyrant's Elegy ) pertence, e assim executam ferozmente esta canção do A Girl Called Cerveza de 2012 de riffs certeiros na guitarra. Rules For Fools do Vol(I)ume 14 de 2010 é precedida por algumas falas de Gerre para depois junto aos demais seja enviado o seu veloz e sempre rude Thrash Metal.

        A clássica R.I.B. ( Rust In Beer ), que nomeia o álbum foi a sexta do show e trouxe seus acordes épicos que resultaram em uma grande participação dos gritos de "Hey... Hey..." dos fãs presentes no The Rock Hard Festival com o 'Thrashão' apresentado pela banda. A rude Metal To Metal gravada no The Beauty And The Beer de 2006 começa com solos eficazes do guitarrista Andi Gutjahr e segue por uma demolidora linha instrumental para sacudir o pescoço até em casa.

    Contentes com a alegria de seus fãs, o quarteto conversa novamente com a plateia para então tocar a Not One Day Dead ( But One Day Mad ), outra do A Girl Called Cerveza, que é um soco na cara pronto para te encher de adrenalina. Com um estilo cadenciado e que flerta com o Blues em seus acordes chega a vez da canção que intitula o álbum de 1987, a Chemical Invasion, que marca a nona pedrada deste show a plena fúria a cada verso. 

    Em A Girl Called Cerveza, a divertida composição título do disco, temos um matador e aguardado Thrash Metal do Tankard executado com brilho pelos alemães. Rectifier do B-Day de 2002 é a penúltima do show e aparece disposta a quebrar tudo pelo andamento feito pelo quarteto. No término temos a agressiva ( Empty ) Tankard do Zombie Attack com seus riffs sujos e seu ritmo contagiante ( que provoca uma nova sessão de "hey... hey... ), além de toda a sua crueza e velocidade propositivas a muito headbanging graças ao seu final empolgante.

    Apesar do título, One Foot In The Grave, a verdade é que o Tankard deixa claro com este álbum que tem muita cervejas para beber, muitas músicas para criar e muitas cabeças para balançarem, que neste cd podemos perceber porque estão entre os quatro melhores do Thrash Metal alemão em um dos grandes lançamentos do ano. Recomendo curtir este álbum junto de muitas cervejas e bem alto.
Nota: 9,0.

Site Oficial: http://www.tankard.info,
Facebook: https://www.facebook.com/tankardofficial/,
Twitter: https://twitter.com/tankardofficial e
Youtube: https://www.youtube.com/user/tankardofficial.

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2017

Voltar para Resenhas