Sylosis - Cycle Of Suffering
12 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    Normalmente quando se pensa em Thrash Metal, os primeiros locais onde citaremos as bandas que gostamos serão dos Estados Unidos, da Alemanha e do Brasil, porém, a Inglaterra também possui seus representantes como são os casos de Onslaught, Sabbat, Xentrix e do Sylosis, que é o assunto desta resenha. Fundado na cidade de Reading ( sim, aquela do famoso festival ), os ingleses desafiaram a cena Metalcore em 2008 e lançaram o seu álbum de estreia, o Conclusion Of An Age.

    Os seguintes Edge Of The Earth ( 2011 ) e Monolith ( 2012 ) vieram pouco tempo depois e trouxeram verdadeiras pedradas devidamente mortíferas para os fãs. Apesar de várias turnês e uma boa repercussão dos discos, após o Dormant Heart ( 2015 ), o Sylosis anunciou em 2016 um hiato de suas atividades, o que não era esperado nem pelos seus seguidores e nem pela mídia especializada. Isso durou quatro anos até que o vocalista e guitarrista Josh Middleton retornasse com a alma inspirada para gravar um novo disco.

    E como o mundo está uma imensa bagunça com violência, desrespeito, crises econômicas, preconceitos, sociedades divididas por políticos, e isso, sem considerar as consequências causadas por esta atual pandemia, Josh Middleton teve na criação deste Cycle Of Suffering um incrível ambiente para expressar detalhadamente estes temas em suas letras, que aliás, ele comenta: "O título do álbum se refere ao fato de ter que aceitar que o sofrimento será uma parte inevitável da vida de todos. Existem muitas distrações no mundo que as pessoas usam para esconder ou fugir de situações e pensamentos desagradáveis, por isso é importante aceitar que você apenas precisa se sentir desconfortável de vez em quando. Eu acho que o sofrimento é uma parte inevitável do ser humano. Eu perguntei à minha esposa se o título do álbum era desnecessariamente negativo ou se mostrava uma vibração ruim, mas ela disse: 'Bem, é como são as coisas!' As letras só vêm à mente se estou um pouco cabisbaixo ou deprimido, de modo que é sobre isso que eu costumo escrever. Mas eu estou um pouco mais velho e mais capacitado para lidar com as coisas hoje em dia, e espero que também esteja [mais capacitado] para compor músicas".

    Assim e ao lado de Alex Bailey na guitarra, Carl Parnell no baixo e o novo baterista Ali Richardson, Josh Middleton gravou este Cycle Of Suffering cuidando ele mesmo da produção e mixagem, além da capa do cd. Já a masterização é de Ermin Hamidovic. Conhecendo estes detalhes, vamos agora ao caos imposto pelo Sylosis em suas doze composições deste cd.

    Não estou exagerando, pois, a aniquilação começa com a rápida e destruidora Empty Prophets, onde Josh Middleton solta seus vocais agressivos entre os solos amplamente encorpados de guitarras e com melodias nos pontos corretos, além de marteladas certeiras do baterista Ali Richardson. Após alguns dedilhados, eles continuam seu Thrash Metal voraz com a colérica I Server, que possui momentos para sacudir o pescoço graças aos empolgantes solos feitos por Josh Middleton e Alex Bailey, que evoluem para um crescimento impactante e com muita melodia com trechos marcantes nos repiques de bateria até terminar melancolicamente.

    Então, na próxima, o vocalista entra desferindo sua raiva por todos os lados na faixa título Cycle Of Suffering, que é de média velocidade, ótima para abertura de rodas e dotada de um andamento altamente contagiante, enfim, fatores que a tornam uma das melhores do cd. Para a quarta, o Sylosis mantém a aceleração de seu Thrash Metal e incluiu pontuais sequencias melódicas quebrando a intensidade da fúria exteriorizada nos vocais de Josh Middleton, que fazem de Shield outra competente canção, onde saliento os seus trituradores solos de guitarras.

   Logo em seguida recebemos uma introdução envolvente e o quarteto ataca com a inflamável Calcified, que alterna partes cadenciadas com rápidas de linhas melodiosas, mas, sempre com muito ódio a cada verso berrado por Josh Middleton consagrando mais uma composição para se 'bater a cabeça' em que tece vários flertes com o Metalcore. Para a sexta, cujo título é Invidia, eles até começam sinistra e calmamente no piano, porém, depois esmagam poderosamente e velozmente com seu Thrash Metal impiedoso nos deixando uma única solução: socar o ar e sacudir o pescoço em sua audição, conforme pode-se notar com a energia emitida graças as evoluções  enviadas durante o decorrer de seus minutos, que se encerram naquele calmo e tenso clima do início e antes do final... óbvio... mais vocais insanos.

    Idle Hands exibe vocais rasgados e também trechos velozes com outros melodiosos e cadenciados, que até lembram do nosso Sepultura no seu inicio e isso graças ao empenho do quarteto resultam em uma captura da atenção do ouvinte, que deve ficar atento também nos solos viajantes de guitarras em um surpreendente flerte Progressivo do Sylosis elevando o potencial desta canção de Cycle Of Suffering. Em Apex Of Disdain somos expostos a um Thrash Metal direto com boas inversões de ritmo e solos fortemente melodiosos entre as vocalizações sempre furiosas de Josh Middleton, sendo que merece também reparar nas variadas e competentes viradas feitas pelo baterista Ali Richardson em seu kit.

    Não pense que o começo calmo de Arms Like A Noose trará uma faixa serena, pois, a ordem explícita pelo Sylosis neste cd é de soar sempre matador e para isso colocam sua violência nos vocais e na dilacerante trinca de baixo, bateria e guitarras nesta nona faixa de Cycle Of Suffering sem intenção de parar de disparar pancadas o tempo todo, mesmo considerando o breve respiro oferecido antes do final. 

    Sempre apresentando composições que são constituídas de partes velozes, cadenciadas, melodiosas e claro, com vocais ferozes, os ingleses nos desafiam a cada canção do cd e este conceito é bastante usado a cada momento de Devils In Their Eyes em uma execução primorosa pelos quatro membros do Sylosis.

    Entre riffs com muita melodia oriundos das guitarras de Josh Middleton e Alex Bailey é arremeçada aos nossos ouvidos a paulada Disintegrate, a penúltima exterminadora e veloz criação deste álbum, confirme percebendo a combinação entre seus vocais furiosos e seu ritmo de partes aceleradas com outras cadenciadas. No término de Cycle Of Suffering, eles ousam com vocais limpos e rasgados em uma linha quase Doom com um trabalho vibrante nos toques feitos pelo baterista Ali Richardson e nos dedilhados existentes na composição, que conferem uma atmosfera significativamente entristecida à Abandon.

    Antes de finalizar este texto tenho que enfatizar que o Sylosis propôs algo mais do que costumeiramente conhecemos de uma banda de Thrash Metal ao agregar muitas linhas melodiosas às suas muitas variações dentro de suas canções, o que tornam Cycle Of Suffering um disco muito mais interessante em seus 50 minutos de duração do que poderia se pressupor antes de ouvi-lo com mais concentração. Para quem gosta de estar ligado nos caminhos futuros do Heavy Metal e suas subdivisões vale conhecer este lançamento da Shinigami Records no Brasil em parceria com a Nuclear Blast.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2020

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