Stratovarius - Enigma: Intermission II
16 Faixas - Shinigami Records - 2018

    A banda finlandesa Stratovarius surgiu na cidade de Helsinque em 1984 ao comando do polêmico e virtuoso guitarrista Timo Tolkki, que após alguns anos teve em seu line up completado por ele e também o vocalista Timo Kotipelto, o baixista Jari Kainulainen, o tecladista Jens Johansson e o baterista Jörg Michael, juntos, eles foram responsáveis por alguns dos mais fundamentais e influenciadores álbuns do Heavy Metal Melódico/Power Metal do mundo. Estou falando de álbuns como Episode ( 1996 ), Visions ( 1997 ), Destiny ( 1998 ), Infinite ( 2000 ), Elements Part I ( 2003 ), Elements  Part II ( 2003 ) e Stratovarius ( 2015 ). Entretanto, após alcançarem seu período de maior sucesso compreendido entre os anos 1996 a 2005, uma enorme crise interna estourou, veio a público e culminou com a saída de Timo Tolkki e um tempo de incertezas quanto ao futuro da banda.

    Nos anos seguintes, a banda foi liderada por Timo Kotipelto e por Jens Johansson e desta maneira, o Stratovarius se manteve relevante no cenário, disponibilizando ótimos álbuns, sejam eles de estúdio ou ao vivo, porém, sem aquele glamour experimentado no passado, mas sempre mantendo a chama de seu Metal Melódico acesa. Tanto que é verdade que este disco Enigma: Intermission II, que é o seu mais recente lançamento é composto por dezesseis faixas desta atual fase da banda, sendo que três são novas composições, quatro são versões orquestrais gravadas em 2018 e as outras nove restantes são versões nunca lançadas oficialmente em cd ou que eram somente conhecidas pelos fãs japoneses, cujo mercado exige canções exclusivas nos discos disponibilizados por lá.

    Enigma Intermission II consolida a formação atual do Stratovarius, que está junta desde 2012 e além dos citados Timo Kotipelto e Jens Johansson é completado por Lauri Porra no baixo, Matias Kupiainen na guitarra e Rolf Pilve na bateria. As novas canções "Enigma", "Burn Me Down" e "Oblivion" foram produzidas por Matias Kupiainen, assim como os registros de voz, guitarra e bateria ( este último em parceria com Topias Kupiainen ), sendo que os trabalhos foram realizados no Sonic Pump Studios. Além disso estas canções atestam que a capacidade criativa dos finlandeses continua intacta e muito boa. Topias Kupiainen também gravou o baixo e Perttu Vänskä fez os arranjos orquestrais, enquanto que o experiente Mikko Karmila assina a mixagem. As versões orquestrais contaram com o apoio da Vantaa Pops Orchestra e as gravações aconteceram no famoso Finvox Studios aos cuidados de Risto Hemmi e a mixagem é de Tommi Vainikainen.

    Já a capa de Enigma: Intermission II exibe uma mistura de cristais de gelo, peixes e o espaço sideral em um desenho do artista Gyula Havancsak e segue o 'padrão' de beleza da maioria de seus álbuns, em especial dos seus últimos ( Polaris, Elysium, Nemesis e Eternal ). Nos encartes temos as letras das novas canções e fotos dos músicos.

    A primeira deste longo cd de 75 minutos é a nova e empolgante Enigma, que apresenta uma face mais Heavy Metal em um andamento cheio de riffs de guitarra, porém, sem velocidade, sendo praticamente cadenciada e até possuidora de alguns ares mais modernos em que Timo Kotipelto canta sua letra com a sua conhecida e cativante habilidade. Em Hunter temos a primeira raridade deste cd, que é bastante fascinante em seu ritmo, apresenta trechos em coro e também orquestrados em uma linhagem voltada ao Metal Melódico em que os "abusos" presentes na combinação dos solos de teclados e de guitarra aparecem para capturar nossa atenção.

    De toques esbeltos, o baixista Lauri Porra nos mostra a Hallowed, cujo andamento é melódico e épico, sendo que a partir do momento em que seus vocais surgem somos colocados diante de uma grandiosa canção em que se pensa porque eles não a lançaram antes. Confirme percebendo sua riqueza instrumental e também os seus flertes Progressivos.

    A quarta é outra inédita e agora o Stratovarius mescla seu estilo Melódico com um peso diferente do que já fez anteriormente, e isso torna Burn Me Down, uma canção instigante, porém, nas partes onde Jens Johansson assume o destaque com os seus teclados junto aos solos do guitarrista Mattias Kupiainen sentimos a velha fórmula presente, mesmo que por pouco tempo. Outra que 'debuta' neste álbum é a Last Shore, que é detentora de um ritmo mais lento no formato de uma balada épica e melodiosa, que é vocalizada com muita emoção por Timo Kotipelto e é para se cantar cada verso com ele, além de nos fornecer a oportunidade de viajar em seus trechos claramente Progressivos, que evidenciam os solos de teclados.

    Dotada de muita energia e um andamento acelerado calcado no que o Stratovarius se tornou referência mundial, Kill It With Fire é um Power Metal Melódico altamente contagiante com direito a algumas ousadias nos teclados executados por Jens Johansson, que amplificam a satisfação em ouvir esta outra exclusividade até então conhecida apenas pelos sortudos fãs japoneses. A terceira criação de 2018 do quinteto é a emblemática Oblivion e é disparada a melhor das três, seja por conta de seu estilo animado presente nos vocais de Timo Kotipelto, pelo seu ritmo esplêndido ou mesmo pela grandeza dos solos de guitarras feitos por Matias Kaupiainen.

    Second Sight, a oitava de Enigma: Intermission II nunca apareceu nos lançamentos europeus e é uma canção vibrante com todas as características que sempre apreciamos no Stratovarius, ou seja, vocais e instrumentos harmonicamente executados com competência e direcionados para uma plena satisfação em sua audição, confirme e me fale. Para a rara Fireborn temos toques modernos aliados ao Metal Melódico e Sinfônico do quinteto resultando em uma canção que pode demonstrar o caminho em que eles seguirão nos futuros lançamentos, que neste caso específico, sentimos a sua carga instrumental garantir sua pompa e circunstância.

    A seguinte é Giants, que entra com solos velozes na guitarra explicando também porque Matias Kaupiainen foi o escolhido - desde 2008 - para o posto de Timo Tolkki trazendo uma atmosfera Power Metal, que se torna mais Sinfônica em seu decorrer e que é sempre vocalizada primorosamente por Timo Kotipelto. Entretanto, quem gosta de coros, os inclusos aqui são um deleite à parte, ainda mais quando recebem sua dosagem mais Progressiva.

    A eletrizante Castway é outra daquelas canções rápidas e puramente Power Metal em que gostaremos imediatamente, pois, seu notório crescimento com toques expressivos nos teclados feitos por Jens Johansson e também por ser portadora de uma imponente inversão de ritmo antes do solo de guitarra, que lhe garantem o posto de uma das melhores deste Enigma: Intermission II. Nos toques de violão feitos por Matias Kupianen, que trazem Timo Kotipelto cantando com muito feeling cada verso chegamos à balada Old Man and The Sea, que é para fazer como está em sua letra: fechar os olhos e sentir a beleza deste momento introspectivo nunca registrado em cd até então.

    Por fim, nesse Enigma: Intermission II temos quatro canções gravadas com a Vantaa Pops Orchestra e a primeira é a Fantasy ( do Nemesis de 2013 ), que chama a atenção não só pela presença dos excelentes músicos ou pela dedicação de Timo Kotipelto, mas pelo fato de estar acústica em seus instrumentos tradicionalmente elétricos. Isto continua com Shine In The Dark, cuja formosa roupagem lhe conferiram uma positividade maior nos levando a abrir um sorriso em prazerosa audição desta canção originalmente gravada no Eternal de 2015.

    Depois é a vez da melódica, dramática e marcante Unbreakable ( que saiu primeiramente como título de um EP em 2012 e também no Nemesis ), porém, neste estilo acústico com a orquestra ficou - em uma palavra - magnífica. A última é a Winter Skies, que já te deixa alegre em suas primeiras notas, pois, esta balada já era marcante e inspiradora em sua versão 'plugada' ( presente no Polaris de 2009 ) e agora ganhou uma quantidade de emoção tão significativa que a alçaram à uma outra dimensão musical tão única, que merece ser considerada como outra pertencente ao 'Hall' de melhores deste disco.

    O Stratovarius superou as minhas expectativas neste Enigma: Intermission II ao unir novas composições com outras que oscilam entre raras e raríssimas juntamente com as belíssimas e grandiosas orquestradas e acústicas. Posso seguramente afirmar que o quinteto olhou para o futuro, compartilhou seus momentos não tão conhecidos dos últimos anos e demonstrou ousadia ao tocarem canções acústicas com a orquestra, que levam este lançamento da Shinigami Records tornar-se também um item importante para quaisquer fãs do Stratovarius de todas as suas fases e comprovar que mesmo sem ostentar aquela força de outrora, eles ainda são importantes para o cenário do Heavy Metal Melódico/Power Metal.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2019

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