Seventh Storm - Maledictus
12 Faixas - Shinigami Records/Atomic Fire Records - 2022

    Comandante da bateria do Moonspell por mais de 30 anos, o músico português Mike Gaspar decidiu em 2020 montar o Seventh Storm, que apresenta influências de nomes como Bathory, Samael, Tiamat, Paradise Lost, Fields Of Nephilim, Cradle Of Filth, Dead Can Dance e de até Van Halen e Mötley Crüe.

    Ao lado de Mike Gaspar no Seventh Storm estão Ben Stockwell e Fosh Riot nas guitarras, Rez nos vocais, Butch Cid no baixo, que juntos foram responsáveis pelas doze faixas do álbum nomeado como Maledictus, que embora não seja conceitual possui os sentimentos de raiva e dor ligados entre as músicas unidos ao desejo do perdão e da esperança para as nossas vidas. O tecladista Fabio Jablonski atuou em todas as canções como músico convidado.

    As gravações de Maledictus aconteceram no Dynamix Studios em Lisboa durante os meses de maio a outubro de 2021 e os processos de mixagem e masterização são de Tue Madsen ( Ektomorf, Tygers Of Pan Tang, Vio-lence e muitos outros). Isso tudo aconteceu um ano após Mike Gaspar deixar o Moonspell, e sobre o princípio do Sevent Storm, o baterista relembrou ao dizer: "No dia 25 de abril de 2021 eu anunciei a minha nova banda, o dia em que a ditadura portuguesa acabou em 1974. Achamos que seria uma mensagem bem forte anunciar a banda nessa data. É nosso grande marco zero. Isto somos nós mostrando que nem tudo está perdido. Que nosso passado não foi em vão. Viemos aqui para ficar!"

    A capa de Maledictus que foi desenhada por Victor Costa mostra uma nau exploradora portuguesa navegando por mares turbulentos e neste álbum de estreia do Seventh Storm devemos encontrar o seguinte, conforme explicou Mike Gaspar: "Meu sonho foi, essencialmente, tentar trazer de volta um pouco daquela inocência dos anos 90 e misturar a música tradicional portuguesa com o Metal."

    Após o som de ventos, o Heavy Dark Metal do Seventh Storm começa com Pirate's Curse em um ritmo pesado que se desenvolve nos bons solos de guitarras da dupla Ben Stockwell e Fosh Riot e também nos vocais vigorosos de Rez, que conta com ótimas alternações em suas melodias até que retornem mais fortes ao peso notado em seu início. A primeira das quatro versões de Saudade vem em seguida, sendo esta a Saudade ( English Version ) e encontramos aqui um estilo carregado, melancólico e intenso, que é muito bem conduzido pelos portugueses e eles nos apresentaram ótimos flertes com o Death Metal Melódico, inclusive, Rez coloca muita dramaticidade em sua voz ao cantar os seus versos atraindo ainda mais a atenção dos ouvintes e recomendo também reparar no trabalho de Mike Gaspar na bateria.

    Para a curta instrumental Sarpanit, os teclados de Fabio Jablonski ficam em evidência, assim como os gemidos vocais de Patricia Andrade durante os dedilhados feitos no violão português pelo convidado Ricardo Gordo, que conferem muito beleza na composição e abrem o espaço para pesadaça Gods Of Babylon, que além de contar com a participação dos três anteriormente citados percorre linhas entre o Thrash e o Death Metal, que são executadas com primor pelo Seventh Storm através de partes acaloradas e de vocais raivosos com outras cadenciadas na melhor música do álbum até aqui e se ( ou melhor quando ) eles apresentarem está música ao vivo, certamente que deverá ser precedida pela outra e garantirá um momento de muita energia com os fãs.

    Entre sons de trovões e envolventes dedilhados, The Reckoning chega enviando seu andamento instrumental de muita categoria, que fica ainda melhor quando os vocais de Rez entram em cena capturando o ouvinte de vez e sempre no clima Death Metal Melódico com um pouco de Black Metal. Outro ponto importante em The Reckoning é o belo fundo que observamos na música na cortesia de Walter Freitas no violoncelo e de Fabio Jablonski nos teclados, sendo que ambos enriquecem ainda mais a composição com suas atuações.

   Com outro elaborado início instrumental, Inferno Rising marca a sexta de Maledictus e aqui o Seventh Storm disparou uma vibrante composição de um andamento acelerado, vocais firmes e modificações cativantes em seu decorrer com direito à um trecho sombrio e viajante ( flertando como o Prog Metal ) e outro deveras esmagador.

    Ao grasnar de corvos, riffs de guitarras encorpados e uso certeiro de teclados, Seventh exibe um ritmo marcante, que ganha ares atormentados em seus vocais, novamente com linhas que voltadas ao Death Metal Melódico em que apreciaremos logo na sua primeira audição.

    Em My Redemption, os portugueses nos colocaram diante de uma robusta e cadenciada canção, que é possuidora de vocais leves em alguns momentos e agressivos em outros, porém, sempre com muita melodia salientando a versatilidade e o excelente desempenho de Rez devidamente sincronizado com todas as evoluções instrumentais. De lindos dedilhados no violão que duelam com os fervorosos solos de guitarras mais voltados ao Death Metal Melódico, Haunted Sea traz a sua garra nos vocais de Rez ( que me lembraram o timbre feito por Zakk Wylde ) e atravessa todas suas harmonias, que ora estão mais suaves... ora mais inflamadas, todavia, sempre muito bem elaboradas e apresentadas pelo Seventh Storm.

    A trinca final de Maledictus conta com mais três versões de Saudade, sendo a primeira a Saudade ( Acoustic - English Version ), que ficou mais intimista, soturna e bonita por conta dos dedilhados nos violões e também do feeling aplicado por Rez nos vocais; assim como a Saudade ( Acoustic - Portuguese Version ), que é bacana de ouvir, pois, nesta o vocalista acentua o seu sotaque natal. A última do disco é a Saudade ( Portuguese Version ), que possui a mesma chama da sua contraparte em inglês ( aliás, provavelmente seu refrão ficará cravado na nossa mente ). E o que mais impressiona nestas três músicas ( ou nas quatro versões ) é a carga emocional aplicada em cada uma delas, graças à uma palavra que só existe na língua portuguesa e significa tanto.

    Mike Gaspar ( junto aos demais músicos ) conseguiu neste desafiante Maledictus de sua nova banda Seventh Storm - que no Brasil foi lançado pela Shinigami Records com a Atomic Fire Records - uma excelente estreia através de músicas longas em sua maioria, que mantém os ouvintes atentos em cada um de seus 73 minutos, pois, eles transitaram muito bem por vários estilos enfatizando as linhas direcionadas ao Death Metal Melódico.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2024


Facebook: https://www.facebook.com/seventhstormband/
.    
Instagram: https://www.instagram.com/theseventhstorm/.    
Youtube: https://www.twitter.com/seventh_storm.  

 

Voltar para Resenhas