Rage - Seasons Of the Black
17 Faixas - Duplo - Shinigami Records - 2017

    O Power Trio alemão conhecido como Rage, que teve sua origem na cidade de Herne e que sempre foi liderado pelo vocalista e baixista Peter "Peavy" Wagner é uma das mais incansáveis bandas dos cenário Heavy Metal, pois, após 14 meses do lançamento do álbum The Devil Strikes Again ( leia resenha ), o seu sucessor nomeado como Seasons Of The Black ( o 23º de estúdio da careira ) foi disponibilizado para os fãs.

    Peter "Peavy" Wagner comentou o seguinte sobre essa velocidade de colocar um novo trabalho tão logo ( isso em termos atuais, porque antigamente eram dois álbuns no mesmo ano e era bastante natural ): "Muitas das músicas em Seasons Of The Black foram finalizadas no último outubro ( de 2017 ). Nós somos incrivelmente criativos e ficamos tão inspirados que as composições quase saíram por si mesmas, por assim dizer. Estamos constantemente vomitando novas ideias, nas turnês, nos ensaios, mesmo nos jantares... isso é fantástico".

    Seasons Of The Black foi gravado entre janeiro e fevereiro de 2017 no Sound Chaser Studios em Zandhoven na Bélgica, enquanto que a produção é do Rage e a engenharia foi realizada pelo guitarrista Marcos Rodriguez e por Christoph "Brat" Tkocz no Megafon Studios em Bursched na Alemanha. Os processos de mixagem e masterização foram realizados por Dan Swanö ( Marduk, Opeth, Dissection, Edge Of Sanity, Incantation, Novembers Doom, Katatonia e tantos outros ) no Unisound Studios em Engrefrath também na Alemanha.

    Já a capa com a tradicional caveira Soundchaser ( mascote da banda ) desenhada  por Karim König em um cenário como sempre apocalíptico. Além dos dois músicos citados, o line up atual e consistente do Rage é completado pelo baterista Vassilios "Lucky" Maniatopoulos. A partir de agora vamos começar a entender porque o Rage está em grande fase depois de mais de 35 anos de estrada.

    Após uma breve sonoridade sombria, o Heavy Metal pesado e envolvente contido na faixa título, a Seasons Of The Black eclode espalhando seus eficazes solos de guitarras em um ritmo encorpado em que percebe-se como a música está harmonizada liberando Peter "Peavy" Wagner para nos cativar com seus vocais. Em seguida temos a acelerada Serpents In Disguise em uma crítica a onda populista que está aparecendo no mundo feita em um convincente Heavy Metal, que destaca os riffs do guitarrista Marcos Rodriguez e também o seu refrão, que facilmente ficará na memória. Apresentando um princípio pesadaço de baixo e de bateria, Blackned Karma é sobre o efeito borboleta e como tudo está conectado ao que acontece através de um andamento deliciosamente carregado em que Peter "Peavy" Wagner canta de forma mais suave produzindo um marcante Heavy Metal.

    Com uma quantidade de velocidade considerável e vocalizações portando um tanto de agressividade, Time Will Tell aborda os efeitos da histeria causada pelo terrorismo em uma canção que contém um alto poder de capturar o ouvinte rapidamente, especialmente, por suas habilidosas linhas instrumentais calcadas no mais legítimo Heavy Metal. Na quinta composição de Seasons Of The Black, que é a cadenciada Sepitic Bite, o colecionador de ossos Peter "Peavy" Wagner explica que imagina que um T. Rex deveria ter uma bactéria em seus dentes e na sua boca que ajudariam a matar sua presa logo após a sua mordida, e isso é explanado em vocalizações exalando uma certa quantidade de cólera ao cantar seus versos, que estão amparados por solos bastante melodiosos, que terminam com um berro do citado dinossauro.

    Dotada de velocidade em um formato deveras encorpado, Walk Among The Dead é sobre temas como depressão e suicídio e aqui seus vocais passam um raivoso ar positivo em que Marcos Rodriguez nos entrega uma rifflerama deveras emblemática. Sempre rápidos, o Power Trio continua Seasons Of The Black com a empolgante All We Know Is Not, que é sobre o domínio da humanidade no mundo, em todos os outros seres e a responsabilidade que isso acarreta, algo não observado por nós, infelizmente. A canção é exibida através de um Heavy Metal de linhas instrumentais repletas de eletricidade, que facilmente serão capazes de te conquistar.

     A sequencia final do cd é um opus de mais de vinte minutos divididos em quatro partes chamado The Tragedy Of Man, que trouxe à tona a tradição do Rage em conectar as músicas dentre um conceito como já visto nos álbuns XIII e Welcome To The Other Side, conforme Peter "Peavy" Wanger nos detalha: "O conceito das quatro faixas reunidas sob o nome 'The Tragedy Of Man' é direto e simples: a extinção da humanidade. O mundo poderia ser um lugar tão maravilhoso se as pessoas não fossem tão estúpidas para cortar o galho onde estão sentados, travando uma guerra levadas pelo ciúme e a ganância. Estamos contando a história desse desenvolvimento, desde o começo ( 'Gaia' ) até a destruição total ( 'Farewell' ) ".

    A primeira é Part I - Gaia, que chega aos dedilhados tranquilos combinados com sons de animais e vocais serenos juntos em uma bonita ambientação, que instantes depois recebem um ritmo melódico e solos vibrantes feitos pelo guitarrista Marcos Rodriguez já em Part II - Justify, que critica a humanidade que mata injustificadamente os animais e destrói as florestas em vocalizações cheias de emoção e alternações impressionantes em seu andamento comprovando a sincronia do Rage e desta formação.

    E saiba que seu refrão será memorizado assim como seu final, que aparece aos dedilhados e servem para realizarem a ligação com a Part III - Bloodshed In Paradise, que responsabiliza com uma boa dose de cólera os grandes problemas vividos no resto do mundo, que foram originados pelas grandes nações europeias ao colonizaram o resto do mundo com seus hábitos arrogantes. Peter "Peavy" Wagner canta novamente com mais ira e os demais entregam uma música que alia peso e melodia de forma bastante sintomática. Para finalizar o cd e esta suíte metálica The Tragedy Of Man, o Rage nos coloca diante da Part IV - Farewell, que é a melódica e emocionante pelo formato escolhido por Peter "Peavy" Wagner ao cantar seus versos, pois, passa a nítida impressão de que ele procura se desculpar pela imbecilidade humana em um ótimo momento para uma reflexão interior, que termina bastante sugestiva.

    Se acabasse aqui, Seasons Of The Black já seria um discão altamente recomendável de se ter em sua coleção, mas temos um segundo cd com mais seis faixas que foram originalmente gravadas no álbum Prayers Of Steel ( 1985 ) e EP Depraved To Black ( 1985 ), quando o Rage ainda era o Avenger e sobre este disco, o líder Peter "Peavy" Wagner se esclarece: "Este cd é um presente para nossos fãs e para nós mesmos. Essas músicas estão entre as primeiras que escrevi e foram lançadas sob o antigo nome da banda, mas são músicas do Rage, naturalmente, e nós as reescrevemos para trazê-las de volta a casa, por assim dizer. Essas músicas são atemporais e ainda funcionam perfeitamente. Foi muito divertido recriá-las com a formação atual".

    Com muita rapidez e com uma linhagem potente característica do Heavy Metal alemão dos anos 80 ( e que persiste até hoje ), Adoration começa o álbum chamado como Avenger Revisited e percebemos um flerte bastante evidente com o então nascente Power Metal. Aliás, quero enfatizar que basta apenas uma audição para que seja infectado com sua energia única, e porque não dizer... tradicional. A segunda é Southcross Union e a pegada é mantida, além de ser amplificada em um Heavy Metal orientado pela força dos solos de guitarra executados por Marcos Rodriguez, que teve a responsabilidade de manter o padrão que Jochen Schroeder e Alf Meyerratken cravaram no passado para que Peter "Peavy" Wagner possa cantar passando muita animação.

    Aos dedilhados no violão temos a lenta Assorted By Satan, que se torna uma matadora composição, dotada de muito peso e com sua letra influenciada por nomes como o Slayer e o Venom, sendo inclusive firmada nos moldes dos ótimos Heavy's oitentistas, em suma, é ouvir e curtir instantaneamente. A impactante Faster Than Hell é outra música onde suas linhas tradicionais imperam e solicitam a participação do ouvinte no refrão, tal como acontecem com os backings vocals de Marcos Rodriguez e de Vassilios "Lucky" Mamatopoulos.

    A cadenciada e devidamente fortificada a cada trecho Sword Made Of Steel produz aquele andamento épico de batalha que alçou nomes como o Manowar ao sucesso e que tanto gostamos, comprove sentindo seus solos de guitarra e tente não socar o ar em sua audição. A última deste Avenger Revisited é a 'pé embaixo' Down To The Bone, onde não foi economizado nem um pouco de potência, voltagem e garra, sendo que isso tornou esta canção um Heavy Metal simplesmente explosivo, que certamente quem ouviu na época exclamou: "que sonzeira... essa banda vai longe...". E para nossa alegria... como foi e continua firme até hoje.

    Seasons Of The Black e este Avenger Revisited uniram o presente e a origem do Rage em um mesmo álbum, que fizeram este lançamento da Shinigami Records no Brasil superar o anterior The Devil Strikes Again tanto que já pode sim ser considerado como um dos melhores da longeva carreira dos alemães, que não dá sinais que pretendem parar tão cedo, pelo contrário, a tendência é que novos álbuns tão grandiosos quanto este cheguem rapidamente por aí. 
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2019

Site Oficial: http://www.rage-official.com/
Facebook: https://www.facebook.com/RageOfficialBand  

 

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