Oranssi Pazuzu - Mestarin Kynsi
6 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    O Oransi Pazuzu é uma banda de Black Metal Psicodélico surgida na cidade de Tampere na Finlândia em 2007, cujo nome Oranssi ( laranja em finlandês ) e Pazuzu ( antigo demônio mesopotâmico do vento ) dão uma ideia do que vamos encontrar nesta junção de dois estilos tão díspares quanto o Black Metal e o Rock Psicodélico.

    Nestes praticamente quatorze anos de atividades, o Oranssi Pazuzu já lançou os álbuns Muu Kalaine Puhuu ( 2009 ), Kosmonument ( 2010 ), Valonielu ( 2013 ) e o Varahtelija ( 2016 ), que foi o mais aclamado pela crítica, além de estar no Playlist de James Hetfield do Metallica, ou seja, mesmo que em tese para a maioria de nós esta mistura seja estranha, a aceitação dos finlandeses ocorreu em um dos ciclos menos esperados. Ponto para eles.

    E tudo isso levou a um crescimento da banda, que realizou shows pelos Estados Unidos e Europa, sendo que a trupe vanguardista e antitradicionalista formada por Juho "Jun-His" Vanhanen ( vocais, guitarra e saz ), Ville "Evill" Leppilahti ( sintetizadores, teclados, efeitos e vocais ), Niko "Ikon" Lehdontie ( guitarra, efeitos, sintetizadores e sampler ) Jarkko "Korjak" Salo ( bateria ) e Toni "Ontto" Hietamäki ( baixo, sintetizadores e trombone ) lançou o seu quinto álbum nomeado como Mestarin Kynsi em 2020.

    Sua produção foi realizada pelos membros do Oranssi Pazuzu junto a Julius Mauranen no Headline Studio, onde aconteceram também as suas gravações no mês de agosto de 2019. Já os processos de mixagem e de masterização são assinados por Julius Mauranen ( no Studio Hekkonen ) e Jaako Viitalähde ( no Virtalähde Mastering ), respectivamente. Sua capa psicodélica e um tanto que sombria é de Jeena Haapaharju e as suas seis músicas cantadas em finlandês culminam em uma somatória de fatores que a tornam a audição deste lançamento da Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast no Brasil totalmente inesperada a cada uma de suas faixas em que vou aprofundar mais nas linhas seguintes.

    Logo no início de Mestarin Kynsi temos os climas viajantes presentes em Ilmestys ( que até lembram das viagens Psicodélicas do Pink Floyd dos seus primeiros anos ) com dedilhados e percussões sendo responsáveis por isso, mas, também os toques sinistros de seu Black Metal, que no momento em que Juho "Jun-His" Vanhanen canta seus versos ( com uma voz que parece um zumbi ) nos certificamos de suas linhas extremas. E este ritmo caminha por vertentes mais densas e se torna consideravelmente pesado e Psicodélico. Após o término abrupto da primeira canção, Tyhjyyden Sakramentti explora o chamado Space Rock com suas viagens calmas e orientadas pelos toques feitos pelo baixista Toni "Ontto" Hietamäki e pelos toques do baterista Jarkko "Korjak" Salo com o lado assombroso aparecendo nos vocais de Juho "Jun-His" Vanhanen, ou seja, nem todas as viagens são boas e está se intensifica em um caos, que alia linhas lisérgicas com robustez, urros e agressividade, formatos costumeiramente encontrados em uma música de Black Metal.

    Estas longas composições transitam por diversas camadas e o Oranssi Pazuzu com a devida habilidade nos mostra agora Uusi Teknokratia, onde seguimos até um local horrendo e despencamos mais e mais na escuridão com seu andamento viajante e também com seus vocais atormentados até que a música sofra uma significativa modificação lhe trazendo muita eletricidade às suas impuras notas que estouram em trechos esmagadores, muito fortificados e devidamente insanos, que graças aos vocais de Ville "Evill" Leppilaht e dos convidados Jutta Rahmel e Maija Pokela terminam a faixa em viagens bastante obscuras.

    Em Oikeamielisten Sali,  os finlandeses exibem uma composição dotada de uma ótima percussão e que é dramática em suas melodias, que trazem as participações do violoncelista Saara Viirka e dos violinistas Sirja Puurtinen e Tero Hyväluoma, porém, no momento em que eclodem os toques feitos pelo baixista Toni "Ontto" Hietamäki notamos o seu lado Black Metal emergir do nada e assolar sua tranquilidade promovendo uma destruição fortíssima através dos urros de Ville "Evill" Leppilaht, entretanto, isso acontece sem parar suas linhas Progressivas, apenas aumentando-as e enviando à um verdadeiro apocalipse sonoro completo para nós.

    Aproveitando a sinfonia bizarra onde termina a canção anterior, os finlandeses iniciam Kuulen Ääniä Maan Alta e novamente eles nos colocam diante de seus trechos percussivos e de baixo, entretanto, agora com os sintetizadores revelando os vocais de Juho "Jun-His" Vanhanen na mais encorpada doideira deste cd, que após este momento dilacerador volta a ficar calma e tenebrosa. Finalizando este grotesco Mestarin Kynsi eles enviaram a completamente atordoante Taivaan Portti, onde o Black Metal está aflorado e marca a segunda participação de Jutta Rahmel e Maija Pokela com Juho "Jun-His" Vanhanen nos vocais, que estão simplesmente agonizantes e conduzem a música à um término impressionantemente Psicodélico, explosivo e anárquico.

    Se o verão do amor de Woodstock de 1969 não fossem três dias de música, paz e amor, e por algum motivo tivessem se tornado um banho de sangue, as bandas não teriam a alegria que mostraram em tantos álbuns posteriores e aí, o Psicodelismo poderia ser desta forma bruta como o Black Metal contido em Mestarin Kynsi do Oranssi Pazuzu, que nos convida nestas seis canções para uma viagem ao inferno sem volta por estradas amaldiçoadas em letras ( e olha que  foram escritas antes da pandemia... ) cujo estilo pesado e psicológico criam tons filosóficos e sérios, onde a parte mística se encontra com a nossa complicada realidade, conforme o letrista Toni "Ontto" Hietamäki explica: "uma tempestade psíquica que inesperadamente torna-se selvagem e colorida".
Nota: 7,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2021

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