Miss May I - Shadows Inside
10 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Quando se ouve para o Miss May I, a impressão que se tem é que estamos diante de uma banda nova, o que é verdade, pois, os norte-americanos surgiram em 2007 na cidade de Troy/Ohio quando Levi Benton ( vocais ), Ryan Neff ( baixo e vocais melódicos ), BJ Stead e Justin Aufdemkampe ( guitarras ) e Jerod Boyd ainda frequentavam a escola e o sonho de ter uma banda influenciada por Metallica, Iron Maiden, Pantera, Deftones, As I Lay Dying, Killswitch Engage era latente. De lá para cá são seis álbuns de estúdio ( somando-se este que foi lançado pela Shinigami Records no Brasil ), o que é uma marca expressiva para uma jovem banda com apenas 10 anos de existência, que está caminhando forte pelo Metalcore. Nomeado como Shadows Inside, o novo disco do Miss May I foi gravado por Nick Sampsom e Wzrd Bld, mixado por Andrew Wade e masterizado por Alan Douches no West West Side.

     Na capa criada por Marco Mazzon temos um corpo de um ser com uma máscara de leão e várias mãos em volta dele expressando uma certa agonia. Shadows Inside tem sua temática definida por Levi Benton da seguinte maneira: "trata especialmente sobre as mudanças ao longo da vida, boas e ruins. É sobre o passado que vive dentro de todos, suas ‘sombras interiores’. As letras falam sobre como os novos acontecimentos podem iluminar o seu passado e colocá-lo em um lugar melhor".

    Coube a faixa título, a Shadows Inside abrir a brutalidade sonora trazida pelo Miss May I, que transita pelo Metalcore, ou seja, vocais guturais de Levi Benton em um massacre instrumental dos poderosos com refrão um melodioso de vocais limpos de Ryan Neff, que pelas alternações bem feitas pelos demais vão nos cativar e inspirar a bater a cabeça. A segunda é Under Fire e entre ótimos solos de guitarras em sua parte inicial, o lado colérico surge vigoroso e rapidamente, porém, a banda exibe também seus trechos limpos em uma dosagem adequada de cada parte, que foi realizada de forma homogênea pelo Miss May I. Atenção aos solos dos guitarristas BJ Stead e Justin Aufdemkampe mais voltados para o Heavy Metal das antigas. Para Never Let Me Stay, o quinteto começa mais leve em um ritmo até que possuidor de ares góticos e um tanto distantes, que exibem o baterista Jerod Boyd sustentando o andamento com precisão até que em seu decorrer Levi Benton apareça cantando de uma forma mais rasgada e muito interessante.

    Com ótimos dedilhados, que pouco depois recebem um estilo cadenciado e vocalizações consideravelmente atormentadas, My Destruction também flerta com o Gothic Metal de uma forma envolvente em que sentimos o desejo de acompanhar sua letra com os encartes nas mãos. Devidamente furiosa, Casualties só não é totalmente aniquiladora por conta de seu marcante refrão melodioso de vocais limpos, que tecem um contraste intrigante com a voz raivosa de Levi Benton, que aparece em meio a uma pancadaria extrema.

  

    De princípio mais calmo nos vocais de Ryan Neff, Crawl é a sexta de Shadows Inside e a sua face melodiosa e muito utilizada atualmente por várias bandas fica evidente, porém, em contrapartida com as anteriores, a fúria dos vocais insanos e rasgados de Levi Benton chegam mais ao meio da música conferindo assim seu aroma destruidor, que esperamos em um som assim.  

   Novamente com o baterista Jerod Boyd se destacando em seus toques perante o caos sonoro imposto pelo Miss May I chegamos a Swallow Your Teeth, composição de andamento diversificado, vocais encolerizados e trechos um tanto que viajantes, que fazem corretamente a fusão da ira vocálica com o peso monstruoso dos demais com as partes clamas, que exibem claramente a habilidade dos norte-americanos.

    A sombria Death Knows My Name também segue por linhas góticas, melódicas e mostra vocais limpos com rasgados sendo tudo aplicado quase ao mesmo tempo tornando o resultado ainda mais fascinante por conta da dualidade que está contida em suas melodias. De um formato esmagador Lost In The Grey também opta pelas variações ora mais limpas, ora mais implacáveis e ora mais calmas com uma sensação de vitória do lado mais raivoso entre os urros, que destacam os toques realizados pelo baixista Ryan Neff. A pouca calma contida nas primeiras notas de My Sorrow dão lugar as pulverizadoras linhas de guitarras e vocais, que se alternam logo em seguida, pois temos momentos melódicos, urros, vocais rasgados, limpos, um ritmo melodioso de solos longos, um refrão que vai para a memória com facilidade e até trechos falados. Enfim, uma diversidade musical enorme, parabéns para o Miss May I.

    Em uma época em que a juventude parece fazer tudo ao mesmo tempo, uma banda como o Miss May I conecta uma gama de estilos neste álbum Shadows Inside de acordo com a velocidade deste Século 21 e com a linhagem matadora que também encontramos atualmente. Nomes como o Miss May I não figuram como as minhas favoritas, mas não tenho dúvidas que os mais novos vão apreciar esta obra com facilidade, como foi o meu caso após algumas audições.
Nota: 8,5.

Site Oficial: https://www.missmayimusic.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/missmayi/
Instagram: http://instagram.com/missmayiband 

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2018

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