Michael Schenker Fest - Revelation
16 Faixas - Shinigami Records - 2019

    Que o guitarrista alemão Michael Schenker está no panteão dos melhores e mais influentes de todos os tempos, os fãs de nomes como Scorpions e U.F.O. já sabem desde os primeiros discos destas duas bandas. Porém, o líder do Michael Schenker Group, que inspirou nomes como Steve Harris do Iron Maiden, Kirk Hammett do Metallica e Slash do Guns'n'Roses criou um projeto ambicioso em 2018 com o seu Michael Schenker Fest, onde ele reuniu em sua banda uma constelação de renomados músicos como Gary Barden, Graham Bonnet, Robin McAuley e Doogie White nos vocais, Steve Mann nos teclados e guitarra, Chris Glen no baixo e Bodo Schopf na bateria - em substituição ao infelizmente falecido Ted McKenna.

    Sim, no Michael Schenker Fest, o virtuoso guitarrista conta com quatro vocalistas que trabalharam com ele desde 1979 e todos participaram dos shows realizados pela banda em uma verdadeira festa Rock'n'Roll e este clima foi levado para o estúdio em 2018 resultando no ótimo álbum Resurrection, sendo tão bem aceito que continuou em Revelation, o segundo disco do projeto, que contou com a produção de Michael Schenker e Michael Voss.

    As gravações de Revelation foram realizadas entre dezembro de 2018 a março de 2019 e divididas entre a Alemanha e os Estados Unidos, sendo que os estúdios escolhidos foram o Kidpool Studio Greven e o Kidwood Studio Munstertal na Alemanha com a mixagem de Michael Voss. O Brotheryn Studios em Oja na Califórnia/Estados Unidos foi onde Jason Mariani capturou Simon Phillips na bateria, o Empire Studios em Bensheim na Alemanha foi onde Rolf Munkles registrou o baterista Bodo Schopf e novamente em Los Angeles aos cuidados de Jimmy Waldo, que gravou os vocalistas Graham Bonnet e Robin McAuley.

    A masterização de Revelation aconteceu em Viena na Áustria no CS Mastering com Christoph "Doc" Stickel e a capa que mostra Michael Schenker "guitarrificado" para desespero dos membros de sua banda é de Zsofia Dankova, sendo que no encarte deste lançamento da Shinigami Records no Brasil temos as letras ( aliás, com homenagem ao saudoso Ted McKenna ) e fotos dos músicos destacando qual é a sua posição neste desenho da capa. E antes de aprofundar nas músicas de Revelation quero acrescentar as palavras de Michael Schenker que expressam sua definição do cd: "Há um significado profundo na capa e no título do novo álbum. Ilustra minha vida musical em um relance, com muito a ser revelado. Por isso eu chamei o álbum de Revelation [Revelação]. Outro título para este álbum poderia ter sido Purity and Passion versus Greed and Corruption [Pureza e Paixão versus Ganância e Corrupção]".

    E quando se coloca um disco como Revelation para rodar a expectativa da primeira canção é de uma explosiva composição, e é o que temos na ótima Rock Steady, que conta com os quatro vocalistas juntos nos emocionando em suas atuações, bem como também nos solos de guitarra feitos por Michael Schenker, cujas linhas melodiosas são um saboroso prazer e isso, sem mencionar a sua emblemática letra, que te fará cantar junto com eles. Depois temos a rápida e envolvente Under a Blood Red Sky, que é comandada por Doogie White ao passar muita emoção com sua voz em meio a todos e muitos solos criativos de Michael Schenker.

    E o guitarrista alemão esbanja seu conhecido talento na terceira, que é a Silent Again com Robin McAuley também personalizando com maestria a composição, que conta com um estilo Rock'n'Roll frenético e contagiante devido à interação dos solos de guitarra com a base de baixo e bateria resultando ante também a atuação dos teclados e vocais em uma harmoniosa criação. Para Sleeping With The Light On Gary Barden, Graham Bonnet, Robin McAuley e Doogie White estão todos de volta e fazem um dueto de vocais, que somados ao um ritmo executado pela banda temos um estilo épico e marcante, que ao chegar no momento que Michael Schenker sola sua guitarra podemos perceber como a música é brilhante.

    Ao contrário do Resurrection, cujas letras foram compostas por Michael Voss, Graham Bonnet quis ele mesmo compor as suas músicas neste disco e em The Beast In The Shadows, o vocalista nos colocou diante de outro grande momento deste Revelation, pois, foram mesclou melodia, velocidade e a sua voz com habilidade deixando o espaço para Michael Schenker solar de forma reluzente com uma levada que te traz a memória o Alcatrazz. Depois em Behind The Smile temos um clima circense e seus vocais são de Doogie White passando aquele seu característico timbre gostoso de se ouvir, que junto ao inflamado Michael Schenker e os demais membros da banda sentimos o potencial delicioso ser elevado com a sua graciosa harmonia presente nesta sexta canção do cd, que obviamente conta com mais um solo magnífico do guitarrista.

    Já Gary Barden emprestou sua voz para Crazy Daze, um Hard Rock altamente marcante, especialmente, nas 'conversas' do baterista Simon Phillips com o guitarrista Michael Schenker, aliás, como é incrível reparar nos solos que feitos por ele com facilidade e como ele os deixa fluir livremente. O princípio de Lead You Astray é de uma singular beleza e ganha uma excelente aceleração assim que Robin McAuley canta seus versos depositando muito feeling em cada um deles, porém, algo que chama a atenção nesta oitava canção são os seus solos de guitarra beirando à Música Clássica e isso aliado ao seu exuberante Rock'n'Roll.

    Com o chileno Ronnie Romero ( atualmente também no Rainbow ) nos vocais o Michael Schenker Fest nos entrega a intensa e também contagiante We Are The Voice, que basta apenas uma audição para que se torne uma das favoritas no cd e que fique em nossa memória, aliás, sinta o poderio de seus solos de guitarra e leia sua letra, que é um verdadeiro tributo ao Rock. Na décima, a Headed For The Sun, temos Gary Barden e Doogie White cantando com a conhecida personalidade esta veloz composição, que também está consolidada entre as que são um saboroso prazer ouvir cada um de seus minutos e que desejamos apertar o 'repeat' para uma nova audição, e isso que mencionei apenas seu ritmo e os vocais, porque quando chegam os solos... meu caro leitor(a) perceba como Michael Schenker glorifica ainda mais a composição.

    Old Man apresenta uma linhagem mais 'suja' que é deveras cativante e capaz de te capturar instantaneamente, também pudera conta com os vocais dos quatro excelentes vocalistas escolhidos por Michael Schenker no projeto, ou seja, Gary Barden, Graham Bonnet, Robin McAuley e Doogie White depositando todo o seu feeling, entretanto, como se não fosse suficiente,  o guitarrista alemão atua formidavelmente nos dedilhados e solos da música, por vezes numa pegada Bluesy.

    E o que dizer do que ele faz no início de Still In The Fight, canção vocalizada por Graham Bonnet então? Ouça e me fale. Aliás, o ritmo é repetido em seu decorrer comprovando porque Michael Schenker é considerado como um guitarrista que está um ponto fora da curva. A instrumental Ascension marca o final do tracklist normal de Revelation e aqui temos uma acelerada e encorpada composição pronta para te satisfazer tanto no seu andamento quanto em sua harmonia em que Michael Schenker exibe toda a sua virtuose ao tocar seu instrumento e isso é passado para nós de forma sem cansar nesta robusta composição.

    Como bônus deste Revelation temos três canções ao vivo, sendo a primeira Armed And Ready, que ficou tão esbelta quanto a original de quando Michael Schenker a exibiu para o mundo no primeiro álbum do The Michael Schenker Group de 1980 e inclusive, quero que você perceba os solos inclusos neste impactante Rock'n'Roll. Instantes depois é a vez de Bad Boys do disco Save Yourself lançado pelo The Michael Schenker Group em 1989 nos entregar o poder de seu Hard Rock até nós com as empolgadas vocalizações de Robin McAuley. E por fim um dos clássicos máximos do U.F.O. com a apoteótica versão de Rock Bottom ( gravada originalmente no Phenomenon de 1974 ) onde Michael Schenker nos enfeitiça com os solos flamejantes de sua guitarra que estão longos, majestosos e repleto de improvisos, assim como nos seus vocais, que seguem garantindo a vibração da plateia e a nossa por nada menos que quinze espetaculares minutos.

    Como Michael Schenker deixa claro ao dizer: "Eu tenho duas tatuagens nas costas. Uma diz: 'Nascido para vencer', a outra: 'Nascido para ser livre'. Essas crenças estão no coração de Revelation. Eu entendo mais quem sou hoje e por que a vida aconteceu do jeito que aconteceu. Quando era criança, me divertia tocando guitarra. Não perseguia nada, não competia com ninguém. Eu sempre quis mais a minha realização que a minha fama. Para mim, era tudo sobre ser eu mesmo. Era tudo sobre a alegria de tocar a guitarra. E depois de todos esses anos, ainda é". O guitarrista está satisfeito com o disco e feliz com o projeto Michael Schenker Fest e eu aqui só posso concluir que este sentimento resultou em um de seus melhores da carreira com este Revelation em que ele convidou seus amigos para uma festa daquelas e nos presenteou com um dos melhores discos de 2019. Não ouse deixar de fora da sua coleção.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2020

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