Def Leppard - Def Leppard
14 Faixas - Shinigami Records - 2015

    A histórica banda de Hard Rock/Heavy Metal, que está na ativa desde quando surgiu em Sheffield na Inglaterra 1977, já alcançou o expressivo número de 100 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, sendo que marcaram época com os aclamados Pyromania em 1983 ( que trouxe os sucessos "Rock! Rock! Till You Drop", "Photograph", "Foolin'", "Rock Of Ages", "Too Late For Love" e "Die Hard The Hunter" )  e o Hysteria em 1987 ( que vendeu mais de 20 milhões de cópias e trouxe os hits "Armageddon It", "Animal", "Women", a faixa-título, "Love Bites" e "Pour Some Sugar On Me" ).

    Entretanto, o Def Leppard precisou superar duas graves fatalidades em sua carreira: o terrível acidente de carro sofrido pelo baterista Rick Allen, que amputou o seu braço esquerdo e a morte do promissor guitarrista Steve Clark em decorrência do uso abusivo de álcool e drogas, e isso sem contar com a recente a luta contra o câncer do guitarrista Vivian Campbell. Eles conseguiram superar todas essas adversidades, se mantiveram criativos, continuaram lançando ótimos álbuns e realizando turnês várias turnês por todos esses anos, que levou a banda ser um estrondoso sucesso com dezenas de hits e ganhar vários discos de ouro, platina e dois de diamante ( adivinha de quais... justamente o Pyromania e o Hysteria ).

    No Brasil, a banda estaria presente no primeiro Rock In Rio em 1985, porém, cancelou sua vinda em decorrência do acidente do baterista ( e com isso, cederam o lugar para o Whitesnake ) e somente anos depois - em 1997 - realizaram a sua única passagem no país, que infelizmente, não recebeu tantos presentes em suas apresentações, que de certa forma nos privou de rever o Def Leppard nos palcos tupiniquins, mesmo com todo o sucesso lá fora, seja em shows ou em seus álbuns de estúdio.

    Para 2015, o Def Leppard - atualmente formado por Joe Elliot nos vocais, Phil Collen e Vivian Campbell nas guitarras, Rick "Sav" Savage no baixo e Rick Allen na bateria na bateria - registrou o seu décimo primeiro álbum de estúdio na garagem de seu vocalista em Dublin na Irlanda. Def Leppard cuja capa é de Richard Smith e mostra o nome da banda estilhaçando um vidro é o primeiro após sete anos sucede o Songs From The Sparkle Lounge de 2008. O curioso neste novo álbum é que a ideia inicial era de registrar apenas um EP com pelo menos três músicas, entretanto, as sessões realizadas junto ao produtor engenheiro Ronan McHugh foram tão boas que resultaram nas quatorze faixas, que serão detalhadas logo nas linhas abaixo.

    Let´s Go abre o cd recriando aquela bela atmosfera típica dos grandes hits do Def Leppard dos anos 80 em um Hard Rock contagiante, que não foi escolhida por acaso como primeiro single do álbum e que será muito gostoso de se cantar ao vivo por conta de seus coros e a vale acrescentar que a canção impressiona também nos riffs de guitarras de Phil Collen e Vivian Campbell, que estão sempre cheios de garra e crescem significativamente em seu decorrer.

    Depois temos Dangerous, que mantém a pegada energizada do quinteto nos conectando ao som, seja na forma de cantar de Joe Elliot ou nos seus  festivos e inspirados solos de guitarras. E nesta segunda faixa, que é melhor que a anterior, eles trazem de tudo, confira: refrão devidamente pegajoso, paradinha, muita eletricidade, enfim um mergulho oitentista da forma que adoramos curtir.

    Com um estilo guiado pelo baixo de Rick "Sav" Savage e um ritmo que está um pouco eletrônico, Man Enough apresenta linhas que transitam pelo Funk, pelo Blues e pelo Rock - graças aos solos distorcidos de guitarras - que nos passam aquele ambiente para se dançar e por mais estranho que isto pareça, após colocá-la 'para rodar' algumas vezes, decerto que ela conquistará o ouvinte, que ficará com vários versos e seu título memorizados até por remeter às 'feições' de Another One Bits The Dust do Queen.

    Com um andamento mais introspectivo e vocalizado com muito feeling por Joe Elliot temos a balada Hard We Belong, cujo refrão está cheio de emoção, passa um crescente gostoso de se sentir e mostra que a banda não se esquece de como criar boas composições, com solos melodiosos de guitarras e que é possuidora de um 'jeitão' de música de FM, enfim, esta é uma daquelas que sua namorada gostará de ouvir ao seu lado. Com o baixo de Rick "Sav" Savage abrindo o espaço para os solos mais fortes da dupla Phil Collen e Vivian Campbell chegamos a Invincible, que possui claros flertes com o Pop e será de fácil assimilação por conta de seu refrão.

    Em Sea Of Love, o quinteto inglês exibe um 'Rockão' de riffs certeiros de guitarras, pegada mais 'suja' e vocalizações empolgantes, que conta com o refrão tipicamente envolvente da banda e é a melhor deste álbum até aqui, exatamente por ter sido focada mais no Hard Rock. Com ritmos que caminham pelo eletrônico ( característica da banda desde o Hysteria ) e fortemente mergulhada em linhas mais Pop, Energized destoa um pouco da energia da anterior, porém, ainda consegue te seduzir pela forma de cantar de Joe Elliot e pelo seu refrão grudento de bom coros, mas... podia ser melhor.  

    Redimindo-se da "escorregada" anterior, o Def Leppard apresenta a eletrizante All Time High, que é um Hard Rock do jeito que esperamos de uma banda como eles: guitarras fortes e soladas corretamente, pegada mais pesada na bateria, vocais empolgantes, baixo preciso fornecendo o caminho e um refrão que novamente exibe o clima animado e que está seguramente eternizado na  estirpe dos anos 80, tanto que esta você ficará com vontade de ouvir esta canção outra vez.

    Com dedilhados no violão, que imergem em linhas de Blues, Battle Of My Own é outra que também entra para as melhores deste lançamento da Shinigami Records no Brasil, pois sai do costumeiro Hard Rock praticado pelo Def Leppard e por mostrar uma inspiração 'Zeppeliana', que sofre um excelente crescente, que nos passa muito vigor e nos faz apreciar ainda mais este som. Sabe aquelas canções gostosas de ouvir que parecem que foram extraídas de um filme de comédia dos anos 80? Então, essa é a 'vibe' de Broke 'N' Brokenhearted: positiva, com vocais que parecem que estão contando a história do personagem nas cenas de seu divertido clipe ( fica a dica para a banda ) e guiada pelos solos de guitarras de Phil Collen e Vivian Campbell, onde eu acredito que após algumas audições... você naturalmente sairá cantarolando seu refrão.

    De linhas mais poderosas nas guitarras, bateria pesada, os sempre cativantes vocais de Joe Elliot e um refrão em coro, o Hard Rock de Forever Young marca a décima primeira do cd, que também pode reivindicar ao posto de uma das melhores. Em outra faixa mais acústica, eles nos expõem aos dedilhados emocionantes de Last Dance, que é daquelas para se ascender o isqueiro ( hoje... os celulares ) nos shows e cantar cada verso com o vocalista, afinal, estamos falando aqui do Def Leppard... um dos panteões do Hard Rock, que senão tivermos uma balada melosa e romântica em seus lançamentos, diria que temos um problema... enfim, temos uma sonzeira para se ouvir a dois.

    Wings Of An Angel aparece exibindo solos mais fervorosos, que se modificam em uma linha mais intimista, em alguns breves momentos e nos outros, está claramente mais centrada no Hard Rock, que fazem esta canção se tornar uma grata surpresa do cd por ser diferente do que poderíamos esperar, porém, sempre com solos de guitarras executados com muita habilidade pela dupla do Def Leppard.

    Para o encerramento deste álbum temos Blind Faith, que começa com toques um tanto que intimistas, com Joe Elliot cantando com vocais mais graves, além de um andamento mais lento e um tanto que viajante, por conta de seus solos de guitarras na mais longa faixa do cd, que contém ares sessentistas 'a la' Beatles nos tempos do Sgt. Peppers Lonely Hearts Club´s Band.

     Este disco deixa claro que o Def Leppard decidiu que voltar ao estilo que o consagrou em sua carreira - o Hard Rock divertido, orientado pelos solos de guitarras, com refrãos em coro e graciosas melodias, que cravam facilmente na memória - foi deveras correto para a alegria de seus ardorosos fãs, que já por muito tempo sentiam saudades de um disco nestes termos e faço votos que eles sigam nesta linha em futuros lançamentos.
Nota: 9,0.

Site: www.defleppard.com.

Por Fernando R. R. Júnior 
Novembro/2015
 

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