Deep Purple - Whoosh!
13 Faixas - Shinigami Records/earMusic/SoundCityRecords- 2020

    Em 2020, a histórica e lendária banda de Hard Rock e Heavy Metal Deep Purple lançou o seu 21º disco de estúdio, que foi nomeado como Whoosh! e nos coloca diante de 12 novas excelentes composições e uma música bônus, onde percebemos que estão flertando mais com o Rock Progressivo é bem verdade, mas sem jamais perder a essência de seu vibrante Rock'n'Roll pesado, que os consagrou na história da música mundial.

    Programado para sair em junho, Whoosh! acabou sendo lançado apenas em agosto, no dia 7 e já se tornou uns dos mais desejados e aguardados discos do ano, ainda mais após a divulgação prévia dos singles "Throw My Bones", "Man Alive" e "Nothing At All", cujos videoclipes são muito significativos e de certa forma traçam uma ligação com o que está acontecendo neste trágico 2020. Whoosh! é o quinto álbum da Mark VIII do Deep Purple que é composto desde 2001 por Ian Gillan nos vocais, Steve Morse na guitarra, Don Airey nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria, ou seja, praticamente 20 anos deste line up da banda que desde 1968 nos encanta com seus álbuns e shows.

    Whoosh! teve uma participação efetiva do produtor Bob Ezrin ( Alice Cooper, KISS e Pink Floyd ), que ajudou inclusive a compor as novas músicas com eles e posso dizer que superou o anterior, o espetacular inFinite de 2017 e é o melhor da trinca que inicializou com o ótimo Now What?! de 2013. Suas gravações foram realizadas no The Tracking Room em Nashville no Tennessee nos Estados Unidos e no Noble Street Studios em Toronto no Canadá com Donny DaSilva, no Anarchy Studios também em Nashville e no Henson Recording Studios em Los Angeles com Faryal Ganjhei.

    A mixagem é do citado e renomado Bob Erzin e realizada com ajuda Justin Cortelyou, Jason Elliot, Justin Francis e Julian Shank no Anarchy Studios de Nassau nas Bahamas e no The British Grove em Londres na Inglaterra. Já a masterização é assinada por Eric Boulanger e feita no The Bakery em Los Angeles/Califórnia nos Estados Unidos.

    A capa foi montada com uma foto de Elena Saharova do Unsplash em que vemos o astronauta se desintegrando após caminhar pelo nosso planeta ( mais detalhes do conceito envolvido aqui estão disponíveis nos clipes de "Throw My Bones" e "Man Alive", onde inclusive ouvimos a expressão 'Woosh' criada por Ian Gillan em sua letra, que é um verdadeiro alerta para a destruição desenfreada que a humanidade está fazendo com a natureza, que acabará causando a nossa extinção ). Enfim, é para se pensar bastante, afinal, tudo que estamos sofrendo nesta atual pandemia foi provavelmente causada pelos conhecidos exageros de nossa raça em sua ganância.

    Dividido em dois atos sendo Act 1 e Act 2, Whoosh! tal qual os antigos discos de vinil - se considerarmos que cada grupo de seis músicas representa um lado do disco - começa com a formosa e excelente Throw My Bones aos riffs leves e muito criativos de Steve Morse, além dos vocais calmos de Ian Gillan ante a uma base instrumental de baixo e bateria extremamente envolvente a cada trecho, que culmina em um solo deliciosamente viajante feito pelo guitarrista em parceria com uma melodia de teclados simplesmente sensacional, que ao término da canção te fazem abrir um sorriso de satisfação e soltar um: "Uauuuu!!!".

    A segunda é Drop The Weapon e seu Rock'n'Roll marcante produz aquela vontade de se cantar com Ian Gillan o seu refrão e recomendo também prestar atenção em alguns pontos específicos: os repiques nos pratos de Ian Paice, o lindo solo de Steve Morse que passa a harmonia da música para Don Airey continuar nos teclados até que seja trazido aos holofotes a parte em que Ian Gillan repita brilhantemente o seu refrão. Em We're All The Same In The Dark, mais uma vez o Deep Purple nos conquista facilmente com a esbelta melodia inclusa nesta música, além dos já citados repiques nos pratos de Ian Paice exibindo sua conhecida técnica e também nos solos impactantes de Steve Morse em sua guitarra.    

    Bastante viajante e com um clima divertido, Nothing At All merece que você assista também o seu clipe para captar ainda mais a ideia de sua letra em que Ian Gillan canta até com uma certa dose ironia e questionamentos de forma contagiante. E isso, além de saborear seu andamento que vai para um crescente positivo e Progressivo através de seus solos de teclados e guitarras que fluem com liberdade sem se preocupar em terminar ( dá para imaginar a música com 10 minutos de solos ), onde Don Airey deixa claro porque é um dos mestres do instrumento e também como é desperta uma alegria imensa ao ouvir suas linhas.

    No Need To Shout é pesada, vemos Ian Gillan cantar com mais força e o seu refrão pede para você caro leitor(a) do Rock On Stage berrá-lo junto à banda em meio a um ritmo Rock'n'Roll qualitativo de se ouvir antes de mais um certeiro e estonteante solo de Steve Morse em sua guitarra e mais uma vez não posso deixar de mencionar Don Airey pelo que faz seja no piano ou no seu teclado Hammond aumentando a grandeza da música. E o tecladista continua a se notabilizar mais Step By Step com um estilo até que sombrio nos teclados, mas, depois sua linhagem cativante te captura exalando toda a criatividade do Deep Purple que colocou nos vários improvisos presentes em todo o álbum e também nesta sexta faixa, onde o destaque principal é Don Airey fechando o primeiro ato do cd.    

    Na abertura do segundo temos What The What um Rock'n'Roll rápido e que é saboroso de se ouvir pela condução ímpar e cuidadosa feita pelo quinteto a cada instante, sendo que quem é apreciador de Boogie Woogie vai adorar logo de cara... e não posso deixar de relatar nesta resenha como Steve Morse nos brinda com seus incríveis e inspirados solos enquanto que Ian Paice e Roger Glover sustentam plenamente o ritmo na bateria e no baixo. E isso ainda sem esquecer da atuação de Ian Gillan cantando sempre de forma animada seus versos. Aliás, esse aroma positivo prossegue em The Long Way Round com os instrumentos dialogando entre si e com os vocais causando um brilho único a esta composição com sua atmosfera setentista em que cada audição você ficará mais fã dela e, obviamente, do disco, pois, o quinteto caprichou mesmo... sinta seus improvisos Progressivos e me fale.

    De uma aparência que passa uma tensão tanto em sua parte instrumental e quanto nos vocais, The Power Of The Moon eleva-se e te deixa ligado a cada nota produzida pelo Deep Purple, assim como em sua letra, que é vocalizada com primor por Ian Gillan, é o Silver Voice não tem aquela potência de outrora, mas, soube adequar sua voz de forma reluzente do alto de seus 74 anos de idade. Confirme sentindo os toques e solos de teclados únicos feitos por Don Airey em seu Hammond e também os solos Steve Morse em sua guitarra diante daquele ritmo fabuloso da sensacional cozinha da banda capitaneada por Roger Glover e Ian Paice.

    A instrumental Remission Possible detém um ar de 'discussão' em que deve-se ouvi-la de olhos fechados para absorver melhor sua viagem, onde os harmônicos tradicionais alcançados pelo guitarrista se unem a Man Alive, a décima primeira de Whoosh! culminando no melhor momento do cd, pois, a canção é Progressiva, sua letra é um tapa na cara da humanidade, sua melodia é espetacular e a banda deixa a música fluir livremente cada uma de suas formosas notas aplicadas. Interessante de se apontar também é o 'tic-tac' oriundo da bateria durante todo o tempo, que se tornam mais enfáticos quando Ian Gillan traz a sua parte falada falada, que antecedem o clima simplesmente fantástico de seus solos de guitarras e trazem o seu refrão de volta.

    Após a nova parte falada temos a expressão Whoosh dita por Ian Gillan sintetizando o sumiço de todos os seres humanos no melhor modo feito pelo vilão Thanos ao estralar os dedos no filme Vingadores: Guerra Infinita, ou seja, uma reflexão que somos convidados ao pensar no possível fim da humanidade, só que ao contrário da ficção cinematográfica, este será causado por nós mesmos, e convenhamos, estamos caminhando a passos largos para este fatal destino e se a ideia é chamar a atenção com Man Alive para mudar isso... saiba que conseguiram!!!

    A regravação de And The Address marca um olhar para o início do Deep Purple, pois, esta entusiasmada faixa instrumental é pertencente ao álbum Shades Of Deep Purple de 1968 e faz um convite para colocar o cd para rodar novamente, mas, não só este álbum Whoosh!, mas todos os que estão na sua coleção dos ingleses. Mas calma, antes de fazer isso temos a música bônus Dancing In My Sleep, que de certa forma é um viajante e Rockeiro vislumbre para o futuro, pois, alia o Hard Rock sempre empolgante do Deep Purple com alguns discretos elementos modernos finalizando com perfeição o disco.

    Certamente que o Deep Purple lançou um de seus melhores álbuns da carreira com este Whoosh! e sem nenhuma dúvida um dos cinco melhores de 2020, sendo que o lema "O Deep Purple está colocando o Deep de volta ao Purple", que foi criado em tom brincadeira no estúdio por eles após a conclusão das primeiras músicas foi naturalmente alcançado e realmente concordo com a afirmação de Steve Morse ao declarar: "Incluímos [no álbum] tudo que nos fazia sorrir, incluindo a Bob Ezrin. Sempre curtimos fazer música e ter o incrível luxo de manter um público fiel". Agora, eles compartilham este prazer conosco cada vez que colocamos o álbum para rodar.

    Além desta versão normal com estas 13 faixas lançada no Brasil graças à parceria da Shinigami Records com a earMusic e a SoundCity Records, existe outra em digipack com o cd e um DVD, que traz uma hora de conversas de Roger Glover e Bob Erzin, além do show na integra do Deep Purple no Hellfest da França de 2017. É imperativo aos fãs terem este cd o quanto antes em suas respeitosas coleções.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2020

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