Death Angel - Humanicide
11 Faixas - Shinigami Records - 2019

   Em seu mais novo trabalho de estúdio intitulado como Humanicide, os veteranos músicos do Death Angel, que desde 1982 formam uma das melhores bandas do Thrash Metal Mundial apresentam o seu novo álbum, que retorna a mentalidade de sobrevivência dos lobos em uma alcateia, após a humanidade devido à violência, ódio e retrocesso ter sido extinta ( que semelhança com os tempos atuais, não? só não fomos auto-extintos ainda... ), sendo que quem sobrou na visão da banda foram apenas os lobos, que trabalham harmonicamente pela coletividade do grupo e eles já estão na capa desenhada por Brent Elliott White em busca de alimento e cobertos pelas peles de seus inimigos.

    Em Humanicide, Mark Osegueda nos vocais, Rob Cavestany na guitarra e vocais, Ted Aguillar na guitarra, Damien Sisson no baixo e Will Carroll na bateria realizaram um processo de composição eficiente - como sempre - conforme nos conta mais detalhadamente o vocalista: "Começa com riffs e várias ideias que vou compilando aqui e ali. Pego uma vibe, vejo o que eu gostei e começo a esculpir. Quando eu dou os esqueletos das músicas para Mark Osegueda trabalhar nos vocais, elas estão bem próximas do que serão no futuro. Se eu tiver algum sentimento forte sobre algum assunto, eu escrevo a letra. Depois de criar a demo inicial de uma música no meu estúdio, Spiderville em Oakland, eu me reúno com Will Carroll para trabalhar nas batidas e grooves e gravar a bateria ao vivo. Logo é a vez de Damien Sisson que cria a maioria de suas próprias linhas de baixo. Depois disso, Mark Osegueda recebe a demo para escrever as letras. Tudo isso faz parte da 'pré-produção' que eu mesmo faço antes que o produtor ouça sequer uma nota. Então nós fazemos tudo de novo, agora com Ted Aguilar incluindo os seus solos de guitarra. É um processo 'Old School': gravar demos como se fossem rascunhos e fazer as melhorias apropriadas e necessárias no álbum final".

    A produção, engenharia e mixagem deste novo álbum do Death Angel é de Jason Suecof e realizada no Audiohammer Studio em Sanford na Flórida/EUA em parceria com Rob Cavestany e no Spiderville Studios em Oakland Califórnia. Já a masterização é de Ted Jensen no renomado Sterling Sound em Nashville Tenensse/EUA. Sobre o produtor Jason Suecof, Rob Cavestany e Mark Osegueda comentaram: "Nós amamos o som que ele conseguiu. Com seu estilo de produção e nosso estilo orgânico de Thrash... esse casamento [foi] visceral. Ele é muito contemporâneo, mas ainda cru. Ele traz o peso tudo para fora".

    E a elaborada devastação sonora do Death Angel começa com a faixa título do cd, a Humanicide, que após as melodias iniciais, os lobos, digo, os músicos Rob Cavestany e Ted Aguillar chegam solando suas guitarras à toda velocidade detonando sua energia em um peso matador proveniente do baixo de Damien Sisson e também de Will Carroll na bateria, que deixam Mark Oseguega livre para cantar seus versos com a devida e esperada fúria. Te convoco caro leitor(a) a reparar na potência e nas evoluções dos solos de guitarras, que tornam Humanicide um Thrash altamente contagiante e ótimo para se bater a cabeça. Eles continuam impetuosos em Divine Defector, que é um pouco mais lenta que a primeira, porém, deveras embrutecida, especialmente nos vocais de Mark Osegueda e que recomendo também depositar sua atenção na sua esmagadora parte instrumental, com uma sequencia implacável de solos de guitarras, baixo e bateria corretamente sincronizados.

    Com dedilhados calmos nas primeiras notas, a aniquilação prossegue em Agressor, onde o Death Angel incluiu uma variedade de sonoridade diferente de um Thrash Metal Tradicional e se deu muito bem na proposta, pois, deixou a composição deveras interessante, inclusive, eles promoveram um momento mais Progressivo antes de retomarem seu peso e sua 'rifflerama'. Na quarta de Humanicide, a ordem foi de acelerar o andamento que está contido em I Came For Blood, cujo nível de eletricidade é semelhante ao utilizado pelo Motörhead nos solos de guitarras e nos irados vocais e seu refrão é para se guardar na memória.

    Novamente com ótimos dedilhados, o Death Angel nos coloca diante de Immortal Be Hated, uma cadenciada canção que vai te envolver com facilidade pelo grau de raiva incrustado em seus vocais e acrescento mais um detalhe: o andamento sombrio imposto nas partes mais calmas. Entretanto, a maior surpresa ficou guardada para o final de Immortal Be Hated com os toques de piano, que pela primeira vez apareceram em um álbum da banda, aliás, toques executados com primor por Vika Yermolyeva ( cuja gravação foi realizada no Freddie's Bone Studio em Koblenz na Alemanha com o engenheiro de som Anselm Huber ).

    Para Alive And Screming, a lenda da Bay Area Death Angel exibe um Thrash simplesmente matador, que reúne vocais frenéticos, solos robustos e constantes, porém, com variações inerentes ao estilo, além de baixo e bateria certeiros, enfim, todos prontos para te fazer 'banguear' na sua audição.

    Em The Pack, eles fazem um tributo bem humorado em sua letra aos seus fãs, porém, que está consideravelmente pesado, onde além da solidez da música e dos vocais ressalto também a força aplicada pelo baterista Will Carroll em seu kit produzindo a imposição desta canção ser inclusa nos shows da banda. A veloz Ghost Of Me é outro Thrash fulminante de Humanicide, que te captura logo na primeira vez que escuta o cd e Rob Cavestany junto a Ted Aguillar tocam suas guitarras com a ferocidade necessária além de receberem o convidado Alexi Laiho para 'ajudá-los' na hora dos solos. A participação do vocalista do Children Of Bodom foi gravada no Monolith Studios em Melbourne na Austrália pelo engenheiro Christh Emelco.

    Revelation Song apresenta um Death Angel devidamente pesadaço como sempre, entretanto, flertando com o Blues discretamente e com o produtor Jason Suecof participando nos solos de guitarra na canção mais distinta e intrigante do álbum, mas, não por isso menos adorada, o que confirma a criatividade do quinteto. A penúltima chama-se Ofrats and Men, e aqui o Death Angel atacou com um Thrash Metal impiedoso de média velocidade, linhagem melódica construída com habilidade e vocalizações colericamente empolgantes, porém, quando os solos de guitarras estouram e assumem o comando, os caras literalmente incendeiam a canção.

    Como bônus finalizando Humanicide temos The Day I Walked Way, que é cadenciada em algumas partes, melódica em outras e possuidora de vocais distantes com flertes com o Gothic, que a transformam em uma canção curiosamente desafiadora.

    Sem dispensar os importantes elementos que fizeram do Death Angel um dos mais importantes nomes quando se pensa em Thrash Metal, o quinteto da Bay Area de São Francisco nos Estados Unidos mostrou que mantém suas tradições que adoramos no estilo intactas, mas soube agregar neste Humanicide outras vertentes que exibem sua constante evolução e fazem de sua audição um saboroso prazer. Em resumo, eles foram além de onde já haviam atingido com The Evil Divide ( leia resenha ) e deixaram claro com o que ouvimos neste Humanicide que estarão devidamente letais na próxima década ensinando para os mais novos o que é Thrash Metal de verdade em seu nono disco de estúdio com um dos melhores lançamentos de 2019.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2020

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