Bullet - Dust To Gold
12 Faixas - Shinigami Records - 2018

    Em uma primeira olhada podemos pensar que o Bullet, banda sueca da cidade de Växjo tem poucos anos de atividades, porém, o quinteto atualmente formado por Hell Hofer nos vocais, Alexander Lyrbon e o líder Hampus Klang nas guitarras, o novo baixista Gustav Hector ( primo de Adam Hector antigo membro da banda ) e Gustav Hjortsjö na bateria está atuando desde 2001, já possui cinco álbuns de estúdio ( contando este novo Dust To Gold e assunto desta resenha ), além de ter se apresentado na maioria dos países da Europa, foi a atração de abertura do AC/DC em 2009 diante de 65.000 pessoas e esteve nos importantes festivais do Velho Continente como o Rock Am Ring, o Sweeden Rock Festival, o Rock Hard, o Keep It True, o Headbangers Open Air e no Wacken Oper Air ( e por duas vezes ).

    Neste novo trabalho, a experiente banda Bullet está na capa com seus membros no seu Bullet Bus, que é um Volvo 1964 preto, branco e vermelho, que rodou muitos lugares com eles graças ao seu inexorável motor de seis cilindros, que é considerado como o hotel móvel da do quinteto, confirma explica Hampus Klang a homenagem ao veículo: "Em todos esses anos em que estivemos viajando, indo de show para show, visitando inúmeros festivais, nosso Bullet Bus nunca nos decepcionou" e complementa: "O Volvo ganhou mais do que o seu lugar na capa porque, a sua maneira, é como nós: duro como diamante, resiliente e cheio de memórias inestimáveis."

    Dust To Gold foi gravado, mixado e produzido entre agosto a dezembro de 2017 no Parma Studios em Trosas na Suécia pelos músicos junto a Mankan Sedenberg utilizando uma fita analógica para alcançarem o resultado desejado e o disco chega até nós com a parceria entre a Soundcity Records/SPV Steamhammer com a brasileira Shinigami Records e teve seu processo definido por Hampus Klang da seguinte maneira: "Passamos muito mais tempo compondo este álbum do que os álbuns anteriores. A produção inteira demorou um pouco mais, mas achamos que valeu a pena. Nós queríamos um álbum onde todas as músicas fossem ótimas, sem encher linguiça. Também trabalhamos arduamente para que o som fosse o mais honesto e autêntico possível, como realmente a gente vive." 

    Quanto as influências, o mentor da banda nos conta: "Os heróis da nossa adolescência foram o AC/DC, Judas Priest, Saxon, Accept, Rose Tattoo e Motörhead" e sob as músicas ele acrescenta: "Nossas novas músicas falam sobre a vida na estrada, sobre a liberdade, a aventura e a diversão sem fim que todas as bandas de Metal apaixonadas têm".

    Sabendo destas curiosidades acerca do disco, vamos juntos no Bullet Bus embalados pela trilha sonora de Dust To Gold, que começa com a Speed And Attack, o rápido e intenso Heavy Metal Tradicional do quinteto, que já te captura com suas vibrantes linhas de vocais e com seus poderosos riffs de guitarras, sempre constantes, que estão repletos de ótimas partes melódicas e solos que nos remetem ao Judas Priest facilmente produzindo aquela vontade de socar o ar. Sem perder a garra e a eletricidade, Ain't Enough nos conduzem para a pegada Hard'n'Heavy oitentista que foi elaborada na mais perfeita alquimia musical, conforme pode ser notado nos solos de guitarras, nos toques de bateria e de baixo e claro, nos vocais, cujo refrão será memorizado facilmente.

    Em Rogue Soldier, o Bullet nos envia um Heavy encorpado de ritmo e refrão contagiantes denotando de vez a influência de Rob Halford do vocalista Hell Hofer ao cantar e embora o timbre de sua voz seja totalmente diferente do Metal God. A quarta é Fuel The Fire e nos apresenta um andamento energizado que está mais cadenciado, onde destaco inicialmente os vocais de Hell Hofer e os toques do baixista Gustav Hector entre a consistente base fornecida pelos solos de guitarras, que despertam a vontade de banguear e gritar seu título com a banda. Aliás, quem gosta de riffs longos deverá ficar atento aos de Fuel The Fire, pois, a dupla caprichou mesmo.

    Para One More Round, o Bullet acelera através de um Heavy Metal cheio de voltagem conduzido devidamente nos riffs de guitarras da entrosada dupla Hampus Klang e Alexander Lyrbo, que ficam melhores quando basicamente só os dois dividem as atenções antes da costumeira repetição do refrão mais ao final, que também será fixado na memória.

    Novamente calcada no Hard'n'Heavy e com pitadas de ZZ Top e AC/DC chegamos a sexta do cd que é a Highway Love, que seja nos seus solos de guitarras ou nos seus vocais vamos perceber como esta sexta composição de Dust To Gold é marcante e como dever ser magnífica de se curtir ao vivo, especialmente, quando eles deixam apenas o baterista Gustav Hjortjö segurar o ritmo por um breve instante, mas, quando estiverem no palco, já recomendo... prolonguem isso.

    De ares mais sujos, porém, sempre incandescentes, Wildfire segue a linhagem midtempo nos padrões executados pelo AC/DC com um refrão proeminente tal qual muitos dos grandes hinos dos australianos, porém, aqui com solos de guitarras longos e melódicos, além de um caloroso trabalho feito pelo baterista Gustav Hjortjö, que faz a virada que retorna para a linhagem inicial e encerra esta impactante canção.

    A veloz e puramente 'priestiana' Screams In The Night já é a oitava de Dust To Gold e todas as suas faíscas Heavy Metal estalam sendo comandadas com brilho pelos guitarristas Hampus Klang e Alexander Lyrbon tornando esta uma das mais infectantes do cd tanto que te desafio a ouvi-la e tentar não gritar seu refrão com eles.

    Isto também acontece com Forever Rise, que é possuidora de um formato Heavy Metal delicioso de se ouvir e que claramente foi influenciado pelo Saxon. Confirme observando seu andamento até que os solos de guitarras estourem brilhantemente enviando sua magia para nós e sinta se não tem neles um pouco da harmonia típica de Paul Quinn e Doug Scarratt

    A curta The Prophecy faz a introdução nas guitarras para a explosiva Hollow, que se mostra como um tributo ao Accept e ao Judas Priest, pois é devidamente robusta e cantada com raiva por Hell Hofer, porém, sem perder sua linhagem Heavy Metal em nenhum momento sequer. A última ( mas já ? ) é a canção título Dust To Gold, que aparece portando um estilo cadenciado, melodioso e de vocais poderosos traduzindo um estilo de Heavy Metal que fatalmente cantaremos com o Bullet. Isso, além de sentir seus fulminantes e certeiros solos de guitarras, que se elevam a níveis maiores próximo ao final da música.

    Basicamente, o Bullet pegou as influências de alguns dos nomes mencionados que estão no panteão dos melhores do Heavy Metal, os colocou em um caldeirão e retirou de lá - lógico que incluindo também suas características próprias e respeitando o que já foi criado anteriormente - o disco Dust To Gold, que é puramente forjado no melhor que o estilo oferece. Em suma, é ouvir e aplaudir.  
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2019

Site Oficial: http://www.bulletrock.com/
Facebook: https://www.facebook.com/bulletband

 

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