Andsolis - Vigil
7 Faixas - Shinigami Records / Quality Steel Records - 2014

    O Andsolis ( cujo significado é 'contra o sol' no nórdico antigo ) surgiu na Alemanha em 2012 e foi criada pelo guitarrista Simon Abele ao lado de Oliver Kilthau nos vocais limpos, Manuel Siewert nos vocais guturais, Stefan Rosenmeyer na guitarra, Martin Pohl nos teclados, Bryan Zwiers no baixo, Marco Tecza na bateria, além do convidado Marc Ayerle na guitarra e teclados. E esta trupe está trilhando os caminhos do Death Metal Melódico Progressivo no estilo de nomes como o Opeth e Borknagar.

     O debut do septeto recebeu o título de Vigil e foi gravado, mixado e masterizado por Marc Ayerle no Studio 22 no final de 2013 e início de 2014. Sua temática está relacionada com as lutas do dia-a-dia, as perdas, solidão e dor, mas com alguns lampejos de esperança inspirado no Romantismo inglês. A capa que ao mesmo tempo é sombria e calma - se olhar como um todo - com paisagens mórbidas é de autoria de Mr. Juanjo Castelano.

    A longa Stand Vigil começa com os guturais agressivos de Manuel Siewert em um som encorpado que é tocado com muita melodia e que em seu decorrer exibe os vocais limpos de Oliver Kilthau, que faz um interessante contraste sonoro. Depois são mostrados vocais melodiosos, porém, sombrios, juntos à uma linha Progressiva bem viajante no estilo de um Pink Floyd, que vai crescendo até que os vocais urrados de Manuel Siewert tomarem conta da música. Com as guitarras de Simon Abele e Stefan Rosenmayer estourando em solos de muita energia, Kingdom Whithout denota uma faceta de vocais calmos, porém, recebe alguns versos guturais proferidos por Manuel Siewert em uma harmonia significativamente agradável, que exibe também elementos de um Power Metal, só que com toda a aura sombria do Death Metal e os alemães capricharam nas evoluções instrumentais nesta segunda música e também nos vocais, especialmente Oliver Kilthau que consegue te fixar na audição pela forma empolgada que canta.

    Em seguida, com alguns dedilhados, o Andsolis nos leva para uma sucessão de solos de guitarras e vocais que estão ora guturais, ora limpos na carrancuda In Silent Confidence, que passa a ideia de um duelo entre o bem e o mal, entre seus trechos pesados e agressivos. Mas, o que se destaca mesmo são os trechos calmos e com dedilhados que lembram a época medieval em uma progressividade enorme que é bastante viajante. Entretanto, o septeto realiza várias mudanças de andamento na música tornando-a ainda melhor.

    Sempre com composições longas, Vigil prossegue com The Mystic, que de cara apresenta um solo de bateria breve, mas muito bem feito por Marco Tecza, que acompanha o peso de guitarras e o que vem em seguida, e que, de certa forma, preparam o ambiente para Manuel Siewert vocalizar sua voz urrada, salvo apenas no refrão limpo cantado por Oliver Kilthau, porque de resto temos uma música pesada que é brilhantemente quebrada e se torna melancólica nas vocalizações mais calmas, mas isso, até que retome seu ritmo obscuro.

    Com solos mais intrigantes, que trazem uma atmosfera deveras sombria, Days Of Receding Light marca a quinta canção do cd e temos seus momentos mais calmos com os agressivos aliados em ótimas alternâncias de andamento que enaltecem a habilidade e a complexidade que o Andsolis aplicou nas canções.

    Para Meridian Smiles, ouvimos uma faixa que exibe fortes riffs de guitarras e cadenciados juntos aos guturais de Manuel Siewert - e como é padrão na banda - ganham também os vocais limpos de Oliver Kilthau, mas a ordem é colocar o lado Black Metal para fora até que os teclados de Martin Rohl tragam a melancolia e os vocais limpos. Aí como num passe de mágica, esta sexta faixa de Vigil é marcada pela dualidade dos guturais de Manuel Siewert em um ritmo Black Metal e os vocais limpos de Oliver Kilthau em um ritmo mais recluso, porém, sempre com a tendência para o lado mais 'do mal'. A The Laughter Echoes começa com dedilhados mais viajantes que são vocalizados com emoção por Oliver Kilthau em uma linha calma, que é bastante envolvente e um tanto que Progressiva, encerrando assim o cd de uma forma bem tranquila.

    É possível colocar em um mesmo caldeirão musical estilos tão diferentes como o Black Metal, Power Metal, Prog Metal, permear com momentos melancólicos, solos pesados de guitarras, influências clássicas, agressividade nos vocais e com tudo isso junto, ainda não perder a qualidade? Para o septeto alemão que forma o Andsolis foi... e tudo está muito bem produzido, pois percebe-se clareza em cada uma das partes. Entretanto, Vigil - que foi lançado aqui no Brasil pela Shinigami Records marcando o primeiro álbum da parceira com o selo Quality Steel Records - possui tantos elementos que não serão absorvidos nas primeiras audições sendo necessárias outras para compreender e sentir este complexo artefato extremo.
Nota: 9,0.

Sites: http://www.andsolis.com/ e https://www.facebook.com/Andsolis.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2015

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