Taurus - Fissura
9 faixas - Corredor 5 - 2010

    “Os bons tempos voltaram”.  É com esse jargão, bastante popular nos programas de flash back das emissoras de rádio, que eu inicio esta resenha do novo disco da veterana e extremamente competente banda carioca Taurus, pois é exatamente isso que eu pensei quando recebi este Fissura, mais recente lançamento desta banda que fez parte da minha história junto ao rock and roll, mais especialmente no que diz respeito ao heavy metal.

    Em 1986, quando do lançamento de seu primeiro disco, Signo de Taurus, eu, com pouco mais de 20 anos ouvi-o à exaustão, uma vez que era cantado em português e tinha um punch incrível. As letras, o vocal e os riffs eram sensacionais. Depois desse lançamento brilhante, o Taurus mudou um pouco seu direcionamento musical, sempre mantendo a qualidade, entretanto, com músicas em inglês e com outro vocalista, com os álbuns Trapped In Lies ( 1988 ) e Pornography ( 1990 ) e em 2010, vinte anos depois, numa reviravolta inimaginável, o primeiro vocalista Otávio Augusto retorna triunfante ao grupo, que manteve o vocalista dos outros dois álbuns, Jeziel de Oliveira, no baixo e vocal, em que pese o fato de que ele apenas tocou seu baixo na primeira faixa, sendo que nas outras o baixista foi o Beto de Gásperis, como convidado especial, e os irmãos e mentores da banda Cláudio Bezz ( guitarra ) e Sérgio Bezz ( bateria ).

    Pronto, “os caras” estão de volta, com a mesma pegada de 1986, sem ser antiquados, mas sim, muito dispostos a detonar com o seu heavy metal tradicional ( com toques de thrash ) e letras ácidas, de revolta, com um forte apelo político e muito “cabeça”.  

  Recordações a parte, vou direto ao disco, que em pouco mais de 48 minutos distribuídos em nove faixas de arrombar quarteirões, mostra que o tempo fez bem para esses virtuosos músicos. A faixa de abertura, que dá nome ao registro inicia com uma breve intro ( que já é característica do grupo ) e em seguida começa a rifferama avassaladora, bem com a cara do Taurus, com o vocal característico de Otávio se encaixando perfeitamente bem com a música, e podemos constatar o porquê de terem mantido o Jeziel na banda, pois seu baixo potente dá uma marcação e peso incríveis.  Em Dias de Cão a violência urbana é o tema principal, num som rápido e altamente energético, com Sérgio detonando nas baquetas.

    Já em Mercenários, que tem como foco principal a guerra santa e as atrocidades da inquisição, o guitarrista e grande figura do metal nacional Claudio Bezz esbanja técnica e feeling com uma base coesa e um solo magistral. A música “Lágrimas de Sangue” tem um início arrastadão, lembrando o doom metal, depois descamba para um metal oitentista, com muitas viradas e alternâncias de seu andamento, tendo o baterista Sérgio Bezz arrebentado tudo com uma performance apuradíssima e com a letra versando sobre os ditadores e a busca incessante pelo poder a todo custo.

    É em Fim da Linha que podemos conferir, com bastante propriedade, o baixo e bateria potentes o suficiente para que a música tenha o peso e a sonoridade sombria e pesada, como o próprio título já sugere. A sugestiva Desordem e Regresso, que versa sobre a politicagem corrupta tão em voga no nosso amado país, que parece não mudar com o passar do tempo, conforme podemos denotar claramente nos versos “No passado e no presente/Continua tudo igual/O futuro só depende/De um grito da nação”. A última música é a introspectiva e atormentadora Pesadelo.   

    Enfim, demorou, mas valeu esperar por um novo disco do Taurus com vocais em bom e audível português, numa produção esmerada do Cláudio Bezz, encarte com fotos muito boas e com um design gráfico de extremo bom gosto. Não deixe de conferir.
Nota: 9,5.

Site www.myspace.com/taurusofficial e www.taurusofficial.com

Por Jack Metal
Agosto/2010

Faixas:

01 - Fissura
02 -  Dias de Cão
03 -  Mercenários
04 -  Let’s Cut
05 -  Lágrimas de Sangue
06 -  Fim da Linha
07 -  Fanatismo
08 -  Desordem e Regresso
09 -  Pesadelo

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