Suck This Punch - The Evil On All Of Us
9 Faixas - Voice Music - 2021

    Formado em 2015 na cidade de Limeira/SP, o Suck This Punch lançou o seu primeiro álbum logo em seu primeiro ano de atividades e Fire, Cold and Steel trouxe suas dez composições exibindo uma releitura do Classic Rock sob a ótica do peso e da fúria do Thrash Metal atual. Nos cinco anos que se seguiram, o Suck This Punch rodou Brasil fazendo shows no início de 2020 e já durante esta maligna pandemia gravou os singles Alone ( que integrou uma das muitas edições do importante Roadie Crew Online Festival ) e Shout It Out, que fazem parte do novo disco intitulado como The Evil On All Of Us de 2021.

    Suas gravações foram realizadas no Nock Studio Alive em Limeira/SP com a produção de Marcos Nock, um dos fundadores do Suck This Punch, que segundo o vocalista Tadeu Bon Scott tem uma relação muito importante com a banda e complementa: "ele foi um dos primeiros membros a criar o conceito do Suck This Punch. Então entendi muito bem a linguagem estética que a banda necessita para suas criações. O trabalho do Nock é a extensão do nosso processo criativo. Nós produzimos as composições e ele trata de trabalhar nas produções de Mix e Master. Fora isso, o Nock Studio Alive ainda é o espaço que a banda conta para produção de clipes, lives, fotos etc, materiais muito importantes para uma banda nos dias atuais".

   Além do citado Tadeu Bon Scott, o Suck This Punch conta com Phil Seven na guitarra e vocais, Matheus Bonon no baixo e vocais e Giacomo Bianchi na bateria, sendo que este novo line up da banda teve - ainda de acordo com o vocalista - influências diretas no som do álbum, conforme ele mesmo salienta: "a nova formação é responsável por esse som mais pesado e encorpado. A ideia da afinação em 'C' possibilitou timbres que faltavam. Nota-se, nas músicas, como os instrumentos passeiam livres e criam uma estrutura que harmoniza de forma fantástica a voz principal e backing vocals. Essa formação efetivamente criou uma nova banda."

    E também segundo ele, o Suck This Punch alcançou sua identidade musical ao constatar: "se voltássemos na época do primeiro álbum, não imaginaríamos chegar ao som que o fazemos hoje, e parte da razão para isso são influências de cada integrante, e a forma livre para produzir as músicas. Não nos prendemos a rótulos, não nos preocupamos onde nosso som pode chegar. Entretanto, temos percebido que a própria banda, com seu entrosamento, acaba partindo, naturalmente, para a direção em que estamos hoje. Indiferente nas ideias que inserimos as músicas, sempre acabamos chegando no mesmo lugar. Acho que isso representa a estabilização de uma identidade própria."

    E embora The Evil On All Of Us não seja um álbum conceitual, as músicas partem da ideia de que o mal da raça humana tem nós como agentes e vítimas ( o que é uma grande verdade ), e sobre isso, Tadeu Bon Scott nos revela: "trata sobre o mal que o homem cria para si e para os outros. Toda angústia, mágoa, depressão, raiva e temores no qual acaba criando monstros, pessoas perdidas que se tornam alienadas, cegas. Muitas vezes essas pessoas se escondem atrás de máscaras, fingindo um mundo perfeito de uma mente em caos e barulhenta. O que ela não entende é que a melhor arma contra esse sistema caótico é ela mesmo."

    Essa ideia foi expressada na capa feita pela competente artista plástica e cantora Juh Leidhl do Freesome, que já havia feito a capa dos singles Alone e Shout It Out, tanto que sobre ela, o vocalista Tadeu Bon Scott comenta: "a grande artista Juh Leidhl conseguiu, sem dúvida, transmitir toda a essência e ideia do álbum. Esse esse contraste de branco e preto representa bem os opostos do mal sob o homem de que tratamos. Somado a isso temos também o mistério dos números cabalísticos, as letras misturadas, as abstrações de fumaça, da víbora figura demoníaca sob a face de nosso mascote ASH, entre outros detalhes que enriqueceram esse trabalho esplêndido." 

    E por incrível que pareça The Evil On All Of Us obteve financiamento do edital de apoio a produção cultural de Araras/SP ( via Lei Aldir Blanc ) e foi lançado em cd pela Voice Music para alegria de Tadeu Bon Scott ( e a nossa também!!! ), que cravou: "não imaginávamos que uma gravadora tão importante como a Voice Music poderia ser interessar pelo nosso trabalho. Fechar essa parceria uma grande valorização da nossa música. O financiamento do disco através das políticas públicas de Cultura foi uma grande vitória. Bandas autorais, ainda mais de Metal, quase nunca conseguem recursos através do mercado. No nosso caso, conseguir essa verba em plena pandemia, foi uma vitória muito importante para continuarmos em frente."

    Esta junção da Voice Music garantiu ainda mais qualidade ao álbum, pois, The Evil On All Of Us vem embalado em digipack, conta com um encarte de 14 páginas, que assim como a capa foi ilustrado por Juh Leidhl. Assim sendo, vamos agora aos detalhes do cd.

    Ao som de motores e equipamentos de uma indústria de fundição, os riffs de guitarras entram em cena em um ritmo cadenciado junto dos vocais de Tadeu Bon Scott conferindo a Machines uma excelente faixa de abertura, que demonstra muito bem suas linhas de baixo e seu aspecto moderno, cuja letra é consideravelmente uma crítica à exagerada ganância humana.

    Depois, o baterista Giacomo Bianchi junto ao guitarrista Phil Seven trazem uma evolução empolgante que segue por um andamento cadenciado em You Are The Best Gun ( Against System ), que mostra Tadeu Bon Scott cantando em um estilo a la Zakk Wylde ( do Black Label Society ) os versos desta composição, que está repleta de ótimos solos de guitarra, além de envolventes linhas de baixo e de bateria.

    Com ruídos de ondas de rádios, Alone é iniciada com formato pulsante graças ao jeito que Tadeu Bom Scott conduz sua letra com garra, que demonstrou um personagem perturbado, onde o Suck This Punch sabiamente produziu uma faixa pesada, moderna e deveras cativante, confirme notando como o seu ritmo fica na memória e de certa forma, ela explica porque foi escolhida como primeiro single deste cd.

    Aos dedilhados de baixo feitos por Mateus Bonon sendo rompidos pela bateria de Giacomo Bianchi e pelos solos encorpados, sujos e cadenciados de tocados por Phil Seven, Just Follows te convida para 'banguear' imediatamente em sua audição, enquanto que Tadeu Bon Scott canta com raiva suas estrofes, mas, sabia que a música também vai surpreender nos dedilhados calmos, que eles incluíram antes de finalizarem com suas linhas robustas evidenciando os solos de guitarra. A quinta de The Evil On All Of Us é o outro single com a Shout It Out e aqui o quarteto nos entrega uma composição bastante áspera, seja em seus vocais ou em seu andamento instrumental, que é possuidor de uma pegada novamente relembrando do Black Label Society, mas, que é conduzido com muita habilidade pela banda, sendo que a música será apreciada por você caro leitor(a) do Rock On Stage logo de cara.

    Em We All Live In a Hole, eles começaram estralando os dedos em uma atmosfera Soul e deixaram o seu padrão encorpado tomar conta da música capturando com facilidade o fã, graças ao seu ritmo atraente, pesado e de boas melodias que foram incluídos em suas linhas culminando nos solos de Phil Seven em sua guitarra, estes com muita distorção, além das vocalizações de ares distantes, porém, dotadas de muita agressividade a cada verso.

    O estilo Country e calmo no princípio de Coward é totalmente inesperado e bastante agradável com Phil Seven portando um violão de cordas de aço e outra novidade... ele comanda os vocais em uma das melhores deste The Evil On All Of Us, mas, não se engane... apesar das linhas acústicas, o Suck This Punch soube aplicar o peso no momento certo para deixar a música melhor ainda e com a adrenalina das canções presentes neste disco.

   Para Blindman, que é bastante distorcida e detentora de um andamento caótico, Tadeu Bon Scott contou com o produtor Marcos Nock nos backing vocals, onde o Suck This Punch nos entregou a sua mais vigorosa faixa do disco, que também merece uma audição atenta aos seus riffs de guitarras.

     No final, eles traçam a ligação com as origens da música brasileira com a presença de instrumentos como o berimbau - tocado por Tadeu Bon Scott e Mateus Bonon, sendo que este último inclusive tocou o pandeiro. Já os outros instrumentos de percussão foram tocados por Phil Seven, Giacomo Bianchi e Luiz Guilherme Rampo. Isso tudo ocorre durante as falas em português de Sons Of War, que conta com solos de guitarra feitos pelo meu amigo de Limeira/SP Estevan de Carli ( do Popmind ) concedendo junto ao Suck This Punch o estilo todo próprio a canção, que ganha velocidade nestes solos de guitarra desafiando a percepção do ouvinte. Essa fusão de instrumentos nativos e percussivos brasileiros com o Heavy Metal Moderno do quarteto garantiu a Sons Of War o posto de melhor do álbum, além de versos em português em seu início que validam um ponto de vista muito interessante com relação à colonização dos índios.

    Embora contenha notórias influências do Black Label Society em várias músicas deste The Evil On All Of Us, a verdade é que em suas canções, o Suck This Punch soube criar formas próprias e originais de conquistar o ouvinte transitando pelo Heavy Metal Moderno e o Thrash Metal, entretanto, sabendo ousar ao entrar no campo do Soul e das influências tribais brasileiras com a devida qualificação. Olhos e ouvidos nesta banda caros amigos e amigas.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2022

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