Rei Lagarto - Oceans
12 Faixas - Independente - 2010

    Oceans é o quinto cd dos campineiros do Rei Lagarto ( lembrando que os outros são três de estúdio e um ao vivo ) e o vigoroso projeto de Hard Rock oitentista já existe desde 1991 e atualmente é formado por Fabiano Negri nos vocais, teclados e guitarra, Ivan Melo na guitarra, Yon Berry no baixo e Ric Matos na bateria. Em 2010 o quarteto prontificou o seu novo cd intitulado Oceans que foi lançado de forma independente e gravado no estúdio próprio da banda ( o Rei Lagarto Studios ), mixado e masterizado por Ricardo Palma no Astoria Studio e no MCK Studio. Quero te convidar a ler esta resenha e descobrir porque este é um dos melhores lançamentos deste ano.

     Com uma atmosfera progressiva e riffs poderosos tem inicio The King Of The World um Hard Rock envolvente com influências claras de Whitesnake que pegam facilmente o ouvinte. Fabiano Negri, além de cantar com uma emoção, cativa ainda mais com as entonações de sua voz e na hora do solo de guitarra, Ivan Melo mostra como o seu solo é digno  de ser incluído nas melhores linhagens técnicas setentistas. Mr. Mystery tem um excelente início de piano acompanhado pela evolução do baterista Ric Barros e do guitarrista Ivan Melo que realizam uma linha 'purpleana' muito elaborada e animada que caminha mais para os lados do art of Rock, não tem como não ouvir e ser conquistado pelo som logo de cara. E somando-se à vibrante parte instrumental, Fabiano Negri aplica muito feeling a cada verso que são facilmente cravados na memória.

     Na sequencia temos a faixa título Oceans que exibe o gostoso "barulho do mar" que segue com dedilhados no violão de Ivan Melo e o vocalista cantando emocionantemente. Como se isso não fosse suficiente,  a guitarra, a bateria e o baixo aparecem, e rapidamente, fixam suas caprichadas melodias na alma do ouvinte. Em Oceans tenho que render mais dois destaques: primeiro ao baterista Ric Matos que atua perfeitamente com muitos repiques cheios de categoria e ao guitarrista Ivan Melo que exibe muita classe nos seus solos.

    A quarta é Fireplace e o andamento mais heavy metal que é cantado com muita garra por Fabiano Negri e torna-se ainda melhor quando o vigoroso trabalho do baixo e bateria aparecem mais, pois eles elevam ainda mais a energia dos solos melodiosos da guitarra de Ivan Melo e garantem mais qualidade e precisão ao som do Rei Lagarto. Fabiano Negri canta cada música com o coração e  nesta, deixa o piano assumir o comando de Severance que começa bem mais leve, mas ganha em força e aumenta o prazer em ouvi-la com sua harmonia gratificante.

    Em Paradise Lost o violão está no melhor clima sulista ( Southern Rock ) e lembrou-me o Lynyrd Skynyrd com suas melodias mais amenas, extremamente sedutoras e agradáveis, tanto que dá vontade de sair cantando junto com o vocalista. E como são os Rocks sulistas, o solo de guitarra possui muita competência, assim como as levadas e viradas de bateria, que também ganham os holofotes.

    Para Shall We Dance, o Rei Lagarto misturou o Hard Rock com o tango e criou uma canção muito interessante, com Fabiano Negri cantando os versos quase que todos de uma vez só e o seu ritmo diferenciado exibe uma certa estranheza ao que se espera, mas o empenho da banda foi tamanho, que afirmo com segurança: eles conseguiram dosar bem a fusão de estilos e aplicar ares viajantes à esta sétima faixa de Oceans, especialmente nos solos de guitarra e no andamento dos teclados. Can I Really Feel You é apoiada em longos solos de guitarra que são cantados com toda aquela empolgação única do blues, aquela que é sentimento puro e não é que o vocalista do Rei Lagarto remete facilmente nossa mente ao Mr. David Coverdale novamente? Mas desta vez, na fase mais 'bluesada' do Deep Purple, nos tempos que ele arrebentava em Mistread.

 

    Nile possui uma pegada mais acelerada e é um Hard Rock dotado de um refrão muito bom ( que dá vontade de gritar os backing vocals ) e com os solos de guitarra 'na medida' com uma participação contundente do baixo e bateria que fornecem uma base sólida que deixa o caminho facilitado para que o Rei Lagarto possa utilizar-se de improvisação e classifica esta entre as melhores do cd. La Belle é uma balada mais viajante que podia estar em discos de muitos medalhões do Hard Rock e se sairia muito bem, dado à habilidade do quarteto. Afinal, vocais em coro, guitarra com longos solos e as emoções do piano, baixo e bateria confirmam o que eu digo.

     Too Close To The Light surge com riffs mais pesados e segue com uma agradável melodia mais calma interpretada com muita vibração pelo vocalista do Rei Lagarto, mas, a banda quer e consegue ainda mais, especialmente quando Ivan Melo sola sua guitarra aumentando ainda mais o astral e a energia positiva desta música cheia de influências setentistas. The Architect tem uma levada acústica e é cantada com leveza por Fabiano Negri e encerra Oceans com uma balada praticamente espiritual que engrandece a alma do ouvinte, dado ao grau quase religioso da música possui em seus trechos falados que a qualificam como outro dos melhores momentos do cd.

    Oceans, é um trabalho que certamente superou as melhores expectativas dos fãs, estará entre os melhores lançamentos nacionais do ano, e com um pouco de sorte, entre os melhores do mundo, afinal, melhor que alguns lançamentos de muita banda consagrada que tem por aí, o cd é, e complemento: quem curte um bom Hard Rock tem obrigação de conhecer. Então, nada mais justo terminar esta resenha com a tradicional saudação de Longa Vida ao Rei.... Ao Rei Lagarto!!!.
Nota: 9,5.

Site: www.reilagarto.com

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2010

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