Ódio Ao Extremo - Animal
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Faixas - Eternal Hatred Records - 2016

   O Ódio Ao Extremo teve sua formação na cidade mineira de Lavras próximo ao fim de 2012 e procurou executar um som que contém influências que vão do Thrash ao Grind e também ao Punk Rock pesado e agressivo com letras politizadas, ácidas, realistas nos contextos históricos e sociais. Isso levou a serem considerados como uma banda que caminha pelo Hardcore e o Crossover no estilo de nomes como D.R.I., Discharge e o Ratos de Porão.

    A primeira demo chegou em junho de 2013 com o nome de Razão Sombria com apenas três músicas, que já ajudaram que participassem da coletânea Underground Kids, ao lado de outras 14 bandas de várias vertentes extremas, no Sinfonoise em Belo Horizonte/MG ao lado do Cólera, Sistema Sangria e outros nomes e no ano de 2014, no 8º Festival Abril é Rock em Campo Belo/MG.

    Em setembro de 2014, o Ódio Ao Extremo, que até então era formado por João Mário nos vocais, Samuel na guitarra, Stenio no baixo ( que foi substituído por Bruno Lelis ) e Hauny na bateria se dirigiram ao Rio de Janeiro/RJ no Estúdio Kólera para os processos de gravação, mixagem e masterização do debut da banda, aos cuidados de Celo Oliveira. E o título escolhido foi Animal, cuja capa que mostra uma pessoa em total agonia em uma caverna sombria é de Marcus Lorenzet da Artspell, responsável também pelos encartes, contracapa e logotipo da banda. Nas treze canções de Animal temos letras que são fortes críticas sociais gritadas em português. Em 2016, a gravadora Eternal Hatred Records lançou o álbum em todo o Brasil com a distribuição da Voice Music.

    Ao sinal das sirenes de ataque aéreo e de um forte urro, a curta faixa Kaos chega em meio a um ritmo cadenciado e beligerante, o Hardcore desenfreado e infidável do quarteto explode na irada Atentado Terrorista, e aí meu caro leitor(a), o Ódio Ao Extremo faz jus ao seu nome enviando bordoadas por todos os lados alternando velocidade e trechos cadenciados com precisão em uma crítica aos imbecis que ordenam atos assim e aos que os seguem. Na canção título do cd, a Animal, a fúria prossegue com um andamento cadenciado que expõe as vocalizações totalmente insanas de João Márcio, que segue firmemente até um trecho simplesmente aniquilador em que facilmente será despertado o desejo de entrar na roda e banguear.

    Sem piedade, Descartável mantém o ímpeto devastador do Ódio Ao Extremo inabalável e o quarteto destila sua crescente cólera a cada verso angustiado devidamente berrado por seu vocalista através de uma letra que retrata a falta de importância que temos para nossas empresas no trabalho. A quinta detonação de Animal é a Hodeio, que chega destroçando com todos em seu formato acelerado e aqui o alvo certeiro da banda são os infelizes seres humanos que judiam dos animais ao apertarem suas esporas nos cavalos e bois nos rodeios. Inclusive, o refrão de Hodeio fica na cabeça e realmente eles estão certos a cada enfurecido verso de sua letra, ouça e confirme... teria que fazer isso mesmo, aí, mudaria o pensamento destes ditos 'peões'.

    A matadora Palhaçada Generalizada nos lembra com seu ritmo intenso, frenético e incansável da nossa malfadada e corrupta classe política, que tanto esfola nosso povo. Esta é para ouvir e sair socando o ar logo já na sua primeira audição pela tamanha energia compartilhada conosco, mas apesar da violência sonora, o recado é claro e direto. Com o singelo título de Merda, a sétima do cd aborda a enganação que é o futebol, onde discute-se e briga pelo time enquanto que falta segurança, leitos no hospital, educação, etc... e isso é executado de forma brutal e esmagadora em seu ritmo.

    Mais cadenciada e promovendo um verdadeiro soco na cara de quem fica acomodado, Na Real ganha velocidade e poder de fogo assim que seus vocais entram em cena e olha que seus versos expressam uma verdade que acontece com muitos hoje em dia. Olho na inversão de andamento que acontece próximo ao final da música destacando os toques feitos pelo baixista Stenio e pelo baterista Hauny.

        Com Inverno Nuclear, o quarteto comenta em seus versos as consequências de uma explosão nuclear, sempre com um nível de fúria altíssimo, seja na parte instrumental ou nos vocais, que estão devidamente insanos. O título da décima sessão de pancadaria já dá a tônica do que eles prepararam e criticaram, pois, a implacável Futuro do Brasil procura ensinar o povo a votar corretamente. Depois, a revolta continua com Não, que é um Hardcore violento, intenso e completamente visceral com pitadas certeiras de Punk Rock em uma letra que martela nossas cabeças.

    A sempre polêmica questão dos palestinos e israelenses é o tema de Palestina em um ritmo onde o rolo compressor é solto e desce ladeira abaixo causando a impressão que suas linhas dilacerantes não vão parar nunca. E só acontece uma pausa em Palestina durante o solo de baixo executado por Stenio, que traz um trecho mais cadenciado, que é ótimo para um headbanging. Finalizando este álbum, o Ódio Ao Extremo resolveu dinamitar os ouvidos dos fãs com a breve Nóia, uma ácida crítica aos dependentes químicos de Crack, onde além de seu ritmo impaciente na parte instrumental, aproveito para destacar também o seu breve solo de guitarra tocado por Samuel.

    Dentro da proposta de meter o dedo sem dó na ferida, disparar contra vários problemas sociais do nosso país, mundo e até de nosso povo e sem demonstrar nenhum tato para isso, o Ódio Ao Extremo provou que sabe muito bem conduzir estes temas através de canções que prezam a linha mais mortífera de seu Hardcore. Quem gosta deste estilo terá em Animal um disco que vai para cima de tudo isso e que não se preocupa em ser cauteloso, pois, disparam bordoada atrás de bordoada sempre executadas com a devida insatisfação.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2019

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