No Trauma - Viva Forte Até o seu Leito de Morte
 12 Faixas - MsMetalPress - 2015

    O No Trauma teve sua fundação no ano de 2011 no Rio de Janeiro/RJ e foi se apresentando em vários lugares do cenário carioca com sua mistura de Hardcore, Nu Metal e Metal Moderno chegando a lançar seu primeiro single em 2012 com o nome de Eis a Minha Mão. Entretanto, a partir de 2013 foi realizado um processo de reestruturação, que levou a banda a sofrer um hiato de suas atividades, que foram retomadas em maio de 2015, quando foi lançada a música Viva Forte, que faz parte de seu primeiro cd, o Viva Forte Até o seu Leito de Morte, que também saiu em 2015 e é o assunto desta resenha.

    Gravado e mixado por Hosmany Bandeira ( vocais ), Marvin Tabosca ( bateria ), Jhonny Boy ( baixo ) e Tunninho Silva ( guitarra ) junto ao pessoal do AeonAudio produções, Viva Forte Até o seu Leito de Morte aborda em suas doze faixas temas de cunho político e social, além de conflitos humanos e posicionamentos ideológicos em uma linha até certo ponto positiva, mas, sempre disparando aquela 'bordoada na cara' do ostracismo com letras em português. 

    Os coros quando necessários contaram com as participações de Rafael Ferraz, Vinicius Bheringer, Bruno Terzi e Marcelo Braga. A capa de Viva Forte Até o Seu Leito de Morte, que mostra um coração dentro de um vidro com duas libélulas pousadas nele ( que passa o conceito da fragilidade humana ) é do guitarrista Tunninho Silva. Vale mencionar antes de mergulhar nas canções do cd, que o No Trauma já se apresentou ao lado de nomes como o Obey The Brave ( do Canadá ), Project 46, Matanza e a Mais Que Palavras, além de ter conseguido colocar duas músicas na Rádio Cidade RJ no Programa A Vez do Brasil e na Rádio Roquete Pinto FM no Programa Lado 2.

    Aberto com riffs rápidos, que produzem um ritmo caótico, Fuga é vociferada com muita fúria por Hosmany Bandeira, que envia muitos guturais e apesar do ambiente violento criado nesta música, a mensagem de sua letra é curiosamente positiva. Isto prossegue em Quimera, que traça uns flertes com o Hardcore sem abandonar o estilo mais próximo a um Death Metal, onde se destaca os solos de guitarra feitos por Tunninho Silva. Em M.M.A. ( Meu Mundo Artificial ), eles atacaram com uma acelerada canção, que é para abrir rodas em suas evoluções ao vivo, onde somos expostos a mais uma avalanche de urros, que aparecem juntos a participação de Marcelo Braga nos vocais mais limpos, que deixam esta música com ares de Metalcore. Em Massa de Manobra, o No Trauma eleva sua cólera em uma canção de ritmo e vocais esmagadores para tecerem uma feroz crítica aos soldados que são manipulados por seus superiores sejam eles políticos ou membros de patentes mais altas. Muito bacana é o estilo de 'marcinha militar', que foi incluso, porém, de versos altamente ácidos.

    A incansável linha instrumental que sempre passa uma impressão totalmente destrutiva não para por nada e em O Chamado, ela continua sustentando o andamento irado para que os vocais de Hosmany Bandeira possam expressar sua raiva ao urrar os versos de sua letra e quem também chama a atenção é o baixista Jhonny Boy com seus toques precisos e fortes. Para Força, o quarteto desfere seus golpes com uma ótima fusão de voz ( com vocais guturais ) e toques instrumentais que passam pelo Hardcore e servem para produzirem uma vontade enorme de socar o ar devido ao clima de revolta contido em sua letra.    

    Na seguinte que se chama Sedativo, o No Trauma nos deixa respirar brevemente com dedilhados calmos no violão até que dispare seu voraz rolo compressor na ácida Demoniocracia, cujos versos criticam com razão a política de nosso país em um andamento para sacudir o pescoço, que termina com batimentos cardíacos, que praticamente se ligam na cadenciada Igualdade, porém, sempre agressiva dotada de uma letra de cunho social, que expõe vários temas que deve serem debatidos e entendidos com o objetivo de melhorar esse país, isto é ... se é nossa intenção.

    Novamente investindo em uma música rápida, Algemas do Medo é a décima bordoada de Viva Forte Até o Seu Leito de Morte e tem sua cólera rompida apenas em vocalizações mais calmas até eclodirem os vigorosos vocais de Hosmany Bandeira. Em outro "soco na cara" do ouvinte, Viva Forte entra deixando claro porque pode ser aclamada como a mais devastadora e violenta do cd, seja nos vocais ou na sua linhagem instrumental, que é dotada de modificações envolventes, especialmente, nas fortes levadas do baterista Marvin Tabosa. De começo mais calmo, a última chama-se Sawabona Shikoba, porém, isso dura poucos instantes e o 'trem sem freio' do No Trauma é liberado ladeira abaixo para que o o quarteto execute mais uma sessão implacável de seu som, que recebe um coro melódico nas participações de John Santos e Claudio de Paula

   Com este Viva Forte Até o Seu Leito de Morte não é errado dizer que o No Trauma veio para conquistar seu espaço sem se preocupar com o tamanho da intensidade sonora necessária a ser utilizada para que isso aconteça. Se gosta de violência explícita aliada à muitos urros que falam a verdade em suas letras embaladas por vocais agressivos e uma mortífera mistura instrumental calcada em estilos como Hardcore, Metalcore, Nu Metal e Metal Moderno, então se ligue neste quarteto.
Nota: 9,0.

Sites: https://www.facebook.com/NoTraumaOFICIAL e https://www.youtube.com/channel/UC-MJ29Y4Kf-tVGCgKXx0wNw.

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2017

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