Nervochaos - To The Death
13 Faixas - Cogumelo Records - 2012

    O Nervochaos é uma das bandas brasileiras mais conhecidas quando pensamos em Metal Extremo, eu lembro que assisti um show da banda em Itapira/SP no começo da primeira década do Século 21, data que eles entraram para destroçar com tudo no Centrão. Neste anos todos, desde sua fundação em setembro de 1996 o Nervochaos já lançou seis álbuns ( contando este ) sendo cinco de estúdio e um ao vivo, que consolidaram sua posição no concorrido mercado extremo nacional. E como competência eles possuem de sobra, não é de se assustar que se superem a cada disco.

    O atual line up da banda é o seguinte: Guiller no vocal e guitarra, Quinho na guitarra e backing vocals, Felipe Freitas no baixo e Edu Lane na bateria, que é o único que está desde a fundação da banda.  Eles gravaram o novo álbum, To The Death, no Flame Studios com Igor e Vitor “Gala” no Rio de Janeiro/RJ em novembro 2011. A mixagem e masterização foram realizadas no Apha Omega Studios com Alex Azzali em Milão na Itália ( que entre outros já assinou discos do Behemoth, Rotting Christ e Marduk ) entre fevereiro e março de 2012, enquanto que a sombria capa com a máquina de guerra do Nervochaos é de Joe Pentagno ( que já desenhou álbuns do Motörhead, Pink Floyd e Led Zeppelin ).

    March Of The Beast começa com o quarteto exibindo seu feroz Death Metal com vocais urrados em um ritmo mais cadenciado, totalmente brutal e cheio de "blast beats" feitos pelo baterista Edu Lane, que contam com a presença de Antônio Araújo do Korzus na guitarra. Com um ritmo ainda mais mortífero e “from Hell” temos Sheep Amongst Wolvers com o Jão do Ratos de Porão trazendo ainda mais garra e violência aos urros de Guiller. Em Your World's Trend, o Nervochaos acelera significativamente seu poderoso Death Metal, com ênfase na pancadaria feita na bateria de Edu Lane e o refrão é cantado raivosamente por Guiller e Quinho em uma divisão muito bem feita que empolga ainda mais o ouvinte.

    Com um estilo que consegue ser ainda mais brutal, Gospel Of Judas é vocalizada com uma sequencia de urros cheios de blasfêmias, bem como se espera de uma música do Nervochaos, que conta com a participação de Cherry do Hellsakura nos solos. Além disso, esta quarta música de To The Death alterna trechos mais rápidos com outros mais cadenciados, além de ótimos solos de guitarras, que criam no fã a vontade de sair 'bangeando' ou entrar em uma roda. A violenta The Exile traz a presença de Ralph Santolla do Deicide quebrando tudo com seus solos de guitarras junto ao massacre sonoro promovido pelos demais integrantes do Nervochaos em uma as mais brutais músicas do cd. Começando com mais velocidade e depois ficando mais cadenciada ouvimos os infernais urros de Guiller em To The Death, que trazem uma linha 'old school' das mais raivosas que o quarteto pode atingir. Essa não resta dúvidas, é para sair socando sem parar nas rodas, pois passa uma taxa de agressividade só alcançada por quem já está na cena há tanto tempo quanto o Nervochaos.

    Depois, com competentes solos de guitarras que tornam-se mais cadenciados e são muito bem acompanhados pelo baixo, chega a vez de Hate, que se destaca pela evolução e alternância de andamento, que enfatizam o potencial dos vocais. Considero, ao lado de The Exile como uma candidata ao posto de melhor do cd, tanto que para confirmar minha opinião, quero que note os solos de guitarras, que ficam ainda mais matadores próximo do final.

    Entrando com uma 'saraivada de socos na cara' Smoking Mortal Remains é um daqueles Deaths urrados e velozes, que não deixam ninguém parado, pois é ideal para deixar os fãs insanos com facilidade, afinal, não tem como suportar seu agressivo e bem conduzido caos sonoro quieto.

    Com Mind Under Siege, o Nervochaos retoma o andamento mais cadenciado nas guitarras de Quinho e Guiller, até este último liberar sua cólera vocálica. Aí é uma distribuição de pancadas por todos os cantos e de uma forma sempre muito bem caprichada pelo quarteto.    

    Com o baixo de Felipe Freitas aparecendo entre o poderio macabro oriundo das guitarras de Guiller e Quinho temos a cadenciada Delusions And Lies, com o vocalista da banda expressando sua fúria gutural intensa. Quando eles nos surpreendem alternando a velocidade, vemos o tamanho de sua capacidade técnica, que não para e é para arrasar mesmo até seu instante final. Mantendo a crueza bem feita a cada música, temos a esmagadora Destroyer Of Worlds, que mantém momentos mais acelerados com outros mais cadenciados, repleto de urros violentos de Guiller, além dos bumbos duplos de Edu Lane aparecendo muito bem e riffleramas com grandes evoluções.

    Como o baixo de Felipe Freitas está muito bem 'casado' com os 'triggers' da bateria de Edu Lane, o Nervochaos nos mostra Warlords Unbound, com uma pegada que conquista o fã na hora, porque não está nem muito rápida e nem muito cadenciada, mas sempre com os guturais devidamente vocalizados por Guiller. Incrível quando o cd é muito bom como o tempo passa sem que se perceba, não é? E com Wolves Curse, que conta com a participação de Zhema do Vulcano nos solos e com o baixo de Felipe Freitas aparecendo com destreza em meio a uma avassaladora sessão de solos de guitarras,  To The Death é encerrado com uma linha rápida e deliciosamente brutal. Enfim, ouça e me diga se não é para sacudir a cabeça por muitas vezes com a liberação de energia que é passada em seu andamento incansável?

    To The Death é um álbum que dá o seu recado: escute o Nervochaos, pois eles não dão descanso por um instante sequer e sempre fazendo um Death Metal que é para arrebentar com os pescoços mesmo em com uma produção de primeira, que deixa todos os instrumentos serem ouvidos com muita clareza. Fica bem claro nestas treze canções os motivos que levam o Nervochaos estar entre os melhores do Metal extremo no Brasil. E pensar que tem gente que diz que não temos nada tão poderoso por aqui...
Nota: 9,5.
 
Site: www.nervochaos.com.br, www.myspace.com/nervochaos e www.facebook.com/nervochaos

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2013

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