Mordeth - The Unknown Knows
11 Faixas - Heavy Metal Rock - 2020

    Os veteranos do Mordeth, banda de Prog/Death Metal da cidade de Rio Claro/SP que iniciaram suas atividades no já distante ano de 1988 e durante a primeira fase de sua existência lançaram os álbuns Lux Tenebriris ( 1993 ) e Aminicide ( 1998 ) ao comando do guitarrista Vladmir Matheus, porém, fizeram uma parada no final dos anos 90 pouco depois do segundo registro, após várias mudanças em sua formação.

    O retorno aconteceu em 2008 e no ano seguinte disponibilizaram o EP Robotic Dreams ( incluso como bônus aqui ) e no ano de 2020 junto a Vladmir Matheus nos vocais e guitarra, Wit no baixo, Alain Melendez na guitarra e Amaury Filho na bateria saiu o terceiro álbum de estúdio, cujo título é The Unknown Knows, que foi gravado no ATM Studio e teve seus processos de mixagem e masterização realizados no Estúdio RG Produções.

    O citado bônus EP Robotic Dreams foi gravado, produzido, mixado e masterizado por Marcelo Pompeu e Heros Trench no Mr. Som em São Paulo/SP entre julho a agosto de 2009. A capa do EP Robotic Dreams é do artista Wild Von Macoyle e mostra uma criatura humanoide em um gramado próxima à uma cidade futurista enquanto que a capa de The Unknown Knows exibe um astronauta diante de uma criatura desconhecida em um outro planeta.

    A viagem rumo ao desconhecido começa com a sinistra, curta e instrumental faixa que intitula o cd, a The Unknown Knows, que atrai os urros e o ritmo Death Metal contido em Monolith, que teve suas baquetas conduzidas por Roger Buzatto, que junto aos demais enviam um som agressivo, visceral e dotado de climatizações espaciais entre os urros proferidos por Vladmir Matheus, que vão te envolvendo e agradando diante deste som deveras complexo. Na terceira que é a The Grayman sente-se novamente essa linhagem atmosférica embutida ao seu avassalador Death Metal, que está média velocidade e cheio de vocais guturais altamente violentos, além de alguns trechos falados encerrando-se em um momento viajante, que faz a conexão para a pedrada UVB-76, que é exibida com toda a cólera extraída dos vocais de Vladmir Matheus ao cantar seus breves versos e ajudar os outros dispararem linhas instrumentais encorpadas, matadoras, envolventes e porque não dizer desafiadoras, pois, o que o Mordeth exibiu é deveras marcante e inesperado.

    Contando nas duas seguintes com Roger Buzatto à frente da bateria, o Mordeth ataca agora com Black Share com uma excelente evolução de baixo, bateria e guitarras, que trazem seu andamento impiedoso para ser vociferado com raiva por Vladmir Matheus narrando sua enfurecida letra interplanetária, que recebe também inesperados vocais limpos próximo ao seu final, que retomam o padrão destruidor inicial e que pouco depois exibem linhas Progressivas se unindo em Beyond.

    E esta sexta composição do cd é possuidora de solos bastante interessantes na cortesia dos guitarristas Alain Melendez e Vladmir Matheus, sendo que este último canta seus versos de forma limpa e juntos, eles deixam os solos caminharem livremente até que tragam as partes mais furiosas da música, ou seja, seus urros, que aparecem entre evoluções muito bem construídas, onde recomendo uma atenção especial à performance do baterista, que aplica viradas e modificações que deixam a música muito mais intricada.

    Encerrando as canções referentes à The Unknown Knowns, o Mordeth exibe a viajante Wake-Me Machine, onde os toques opacos feitos pelo baixista Wit somados ao andamento entristecido da música com seus vocais lamuriantes somos direcionados para um caminho obscuro e um estilo praticamente Doom Metal, que ganha mais peso em seu decorrer envolvendo o ouvinte em suas linhas robustas de vocais rasgados e limpos que tomam conta do ambiente

    Se acabasse aqui The Unknown Knows já seria um disco consideravelmente interessante, mas, este lançamento da Heavy Metal Rock contém - conforme mencionei no começo desta resenha - o EP Robotic Dreams como bônus e a partir deste ponto vamos saber mais dele, cuja jornada se inicia com a faixa Virus em que eles deixam seu Death Metal Progressivo em evidência com muita técnica instrumental, que transforma-se constantemente até Wladmir Matheus cantar seus versos com a solicitada e esperada cólera, que capturam de vez o ouvinte provocando até o desejo de socar o ar.

    Na destruidora H-Tedrom até sentimos seu ritmo nos capturar, entretanto, a ordem foi de enviar um som realmente vigoroso e Progressivo, que mesmo quando seu andamento é brilhantemente quebrado, o Mordeth surpreende para valer em suas marcantes e encorpadas partes, que podem e devem te levar a sacudir o pescoço entre suas linhas de vocais exalando uma tensão em seus versos.

    Aparentemente viajante, From Apes To Warlords é a feroz terceira composição deste EP Robotic Dreams inclusa neste cd e asseguro que tanto seus solos de guitarras fortificados quanto seus vocais urrados fazem dela uma marcante composição que te acertará em cheio logo na primeira audição caro leitor(a) do Rock On Stage. Aliás, o final merece uma observação atenta, pois, é admiravelmente Progressivo e já tece a ligação com a última canção do EP e, por consequência, do álbum.

    Sim, estou falando de Robotic Dreams em que o Mordeth exibe sua veia Progressiva ante à uma elaborada sequencia instrumental através de um crescente emblemático de seus vocais seja quando estão limpos ou rasgados, cuja letra assim como a anterior recomendo pegar seu encarte e ler seus versos, sendo que seu ritmo de muitas alternâncias culmina em um final simplesmente apoteótico.

    Esta dupla de trabalhos contidos neste The Unknown Knows mostra o princípio e o presente de uma das mais desafiadoras e intrigantes bandas do Metal Extremo Brasileiro, que deve se tornar mais conhecida do público pela imensa qualidade exalada nestas onze faixas alternando com habilidade e precisão cirúrgica Death Metal, Doom Metal e Prog Metal te instigando a ouvir o álbum mais vezes para saborear melhor toda à sua musicalidade. Ponto para o Mordeth.
Nota: 10,0. 

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2021

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