Lusferus - Black Seeds Ov Obscure Arts
8 Faixas - Eternal Hatred Records - 2013

    Ribeirão Preto/SP, 2007: ano que a cidade que é conhecida por uma famosa chopperia tornou-se mais obscura, pois quatro rapazes Black Metallers deram início ao Lusferus. Ainda neste ano lançaram seu primeiro demo, o EP Luciférico Hino, com três faixas e ao divulgar o trabalho pelo underground do estado de São Paulo foram criando mais composições que resultaram no debut Opus Satanus: Apostasia, de 2008, que levaram o Lusferus a se apresentar em outras regiões do Brasil.

    Entre 2009 e 2010, eles suspenderam suas atividades e retornaram em 2011, porém, enfrentaram uma certa instabilidade em sua formação, com a troca do vocalista. Entre março a outubro de 2012, com o seguinte line-up, Goehrnis nos vocais e guitarra, Ivåder nos vocais e bateria, Solrac na guitarra e Mütt no baixo, o Lusferus começou os processos de composição e gravação de seu segundo cd, intitulado Black Seeds Ov Obscure Arts, que foi gravado no Under Studio por Romulo Ramazini e os integrantes da banda, sendo a masterização realizada por Márcio Herzer no Home Bless Estúdio.

    Com uso de teclados e dedilhados, o Lusferus abre este cd com The Eye, um Black Metal Melódico e extremo, lotado de urros furiosos, riffs vorazes e muitos pedais duplos com uso também de 'blast-beats' na bateria em ótimas alternações, que lembram do ritmo diabólico do Dark Funeral. Após o massacre inicial, o quarteto de Ribeirão Preto/SP continua suas violentas e blasfêmias notas com Novam Aetate, e tome urros infernais com uso de 'triggers' na bateria de Vader, que juntos com as guitarras promovem aquele clima devastador e 'do mal' que ouvimos nas bandas de Black Metal, porém, sem esquecerem da melodia mais viajante.

    Em seguida, o quarteto prossegue com Seasons Of The Suffering, que exibe ainda mais brutalidade a cada sequencia de notas aniquiladoras e vocais guturais. Em Path Of Serpent, o Lusferus continua seu colérico trabalho e não diminui em nada o alto grau extremo e malicioso de seu Black Metal, muito pelo contrário, eles 'sentam a porrada sem dó' por todos os lados em cada um dos seus minutos, seja nos vocais violentos ou na parte instrumental matadora, salvo a exceção feita apenas para os momentos mais melodiosos.

    Para a faixa título, a Black Seeds Ov Obscure Arts, eles nos mostram aquela sombria introdução que liga a uma certa linha macabra e progressiva, que instantes depois recebe intervenções 'na medida' de bateria, baixo e guitarras, além é claro, dos vocais guturais, que exprimem muitos versos amaldiçoados.

    A sexta e sinistra composição do artefato é a Voices From Beyond e possui um andamento embasado nos teclados e na bateria, porém, tocado de forma mais lenta e cadenciada, trazendo muitos urros malévolos. A maneira que seus horripilantes minutos vão se passando e se tornando cada vez mais intensos, eles se ligam na próxima, que é a Dark Times e o Lusferus preparou uma maldosa canção, que é vociferada com um nível de guturais gigantesco em um ritmo esmagador, que recebe alguns dedilhados na parte final, antes da banda retornar com todo o peso e doses de urros.

    Terminando o massacre, digo o disco, temos The Day That Earth Shall Burn, com o uso significativo de 'triggers', vocais guturais em um andamento homicida e blasfêmico, que parece trilha sonora para o começo do inferno na Terra, aliás, os malignos momentos finais do cd com passos e algo próximo a um incêndio comprovam este sentimento.

     O Lusferus exibiu muita qualidade com este opus Black Seeds Ov Obscure Arts e se eles mantiverem esta proposta coesa, poderão sim caminhar para tornarem-se um dos grandes nomes do Black Metal Brasileiro seja dos que fazem as linhas melódicas ou não, juntando-se à Misteriis, Vulcano e Ocultan. Se você aprecia um destes nomes, pode ficar de olho neste quarteto do interior de São Paulo.
Nota: 7,5.

Sites: https://www.facebook.com/pages/Lusferus/433305753356857
e https://soundcloud.com/lusferus.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2014

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