Kiko Shred - Royal Art
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Faixas - Heavy Metal Rock - 2019

    O virtuoso guitarrista, professor e compositor Kiko Shred da cidade de Americana/SP, que já integrou a ótima banda de Hard Rock Slippery, o Hellway Patrol, a banda de Mario Pastore e fez parte da banda de apoio de nomes como a cantora Leather Leone em sua turnê brasileira e do projeto Metal Singers com nomes do gabarito de Udo Dirkschneider, Blaze Bayley, Michael Vescera, Doogie White, Tim "Ripper" Owens e Andre Matos, também é possuidor de uma carreira solo e neste ano de 2019, ele lançou o seu terceiro álbum de estúdio intitulado como Royal Art.

    Entretanto, Kiko Shred preparou um disco que foge do que podemos considerar como padrão de álbuns de guitarristas, contendo somente canções instrumentais, pois em Royal Art temos também músicas com ótimas letras. Para isso, Kiko Shred contou com os amigos Lucas Tagliari na bateria, Will Costa no baixo e do experiente e versátil vocalista Mario Pastore ( Pastore, Powerfull, Heaviest, Acid Storm e Tailgunners ). Isso torna Royal Art mais um disco de banda e não um projeto em que ele exibe sua técnica, aliás, esta fórmula já foi utilizada nos dois anteriores, o Riding The Storm ( de 2015 ) e o The Stride ( de 2017 ).

    Além de participar da banda latino-americana de Tim "Ripper" Owens em suas passagens pelo Brasil, Kiko Shred já realizou uma turnê solo pelo México em 2017 e no ano seguinte retornou para vários Workshops de guitarra no país, que resultaram em um almoço a convite do Gabinete da Presidência do país onde recebeu uma medalha de agradecimento por suas apresentações. Dá até uma ponta de inveja, pois, quando um brasileiro que toca Rock e Heavy Metal receberá algo semelhante entregue por um presidente brasileiro em seu gabinete? Bem... deixa para lá... melhor prosseguir a resenha.

    Royal Art foi gravado e mixado por Andria Busic ( Dr. Sin ) no Busic Studio em São Paulo/SP e masterizado por Márcio Edit. Para sua capa temos um desenho da caverna de um mago com suas poções e feitiços em que ele esculpe uma guitarra na pedra, uma excelente arte de Tristan Greatrex e Alcides Burn, sendo que este último cuidou do ótimo encarte que nos expõe à outros belos desenhos.

    A cadenciada, pesada e dotada de ótimas melodias I Will Cast No More ( Pearls Before The Swine ) já impressiona em sua parte instrumental e te captura de vez quando ouvimos os vocais poderosos de Mario Pastore, e isso, sem mencionar que no refrão percebemos como Kiko Shred garantiu vibrantes fraseados em sua guitarra e também como ele deixou a canção fluir em que pode-se firmemente contar com a liberdade exercida nos toques de baixo e de bateria feitos por Will Costa e Lucas Tagliari, respectivamente.

    Com um inflamável solo inicial e um agudo robusto de Mario Pastore, Alchemy's Fire é voltada para suas exuberantes melodias, que são amplificadas na atuação do vocalista e conferem ares modernos para a composição, porém, na hora dos solos é que podemos reparar que a sua base é direcionada ao Heavy Metal Tradicional pela forma que nos é trazida com habilidade por Kiko Shred. A instrumental Merlin's Magic nos conduz a claros flertes de Prog Metal, que são bons de se ouvir e depois a solos criativos de guitarras, entretanto, sem soarem um exercício da capacidade de Kiko Shred, embora isso, seja notório e ele nos colocou diante de uma magnífica canção que em tese não termina, confirme ouvindo seu solo final.

    Após uma introdução empolgante em sua linhagem instrumental com uma pegada Hard'n'Heavy, o convidado Mike Vescera ( ex-Dr. Sin, Loudness, Yngwie Malmsteen ) canta os versos de Straight Ahead com sua forma vibrante de sempre e inclui aromas marcantes na música, que exibe também longos solos nas seis cordas de Kiko Shred em um crescente que fica cada vez melhor. Com um estilo neoclássico para fã de nomes como Yngwie Malmsteen não colocarem defeito, a faixa título Royal Art é instrumental e por alguns momentos, mostra sonoridades mais pesadas com outras mais melodiosas, enquanto que Kiko Shred sola reluzentemente em um grande convite para ouvir tudo de olhos fechados ao apreciar suas interações com o baixo e especialmente, a bateria, que está cheia de repiques nos pratos feitos por Lucas Tagliari.

    A encorpada e rápida Over The Edge é a sexta do cd evidenciando o lado Power Metal de Kiko Shred em uma faixa cativante, que somente Mario Pastore poderia cantá-la depositando todo o seu forte carisma de forma tão pessoal e consideravelmente envolvente. Detalhe, apesar de repletos de técnica, os solos são puramente voltados ao Heavy Metal e mais importante, não são enjoativos. A emocionante Tébas é uma composição instrumental que basta apenas uma audição para se tornar fã dela, pois, sente-se com prazer a sua evolução, que atravessa suas camadas eruditas em um momento para uma saborosa reflexão musical. Não pense que os holofotes desta sétima faixa estão direcionados somente para os caprichosos solos de Kiko Shred, porque a base feita no baixo por Will Costa e na bateria por Lucas Tagliari também merecem um destaque de tão belas que são.

     Sempre salientando os solos de guitarra, que estão cada vez mais esbeltos, afinal, o líder é um guitarrista, a seguinte chama-se The Knights Of The Round e também é instrumental, porém, é daquelas que são possuidoras de uma soberba condução que te desafiam a admirar os seus diversificados e magníficos solos causando na mente uma exclamação de 'Uauuu!!!' ao exalar a satisfação após sua audição.

    A também veloz Mortal caminha pelo Power Metal e passa um astral positivo, seja nos vocais de Mario Pastore, no seu refrão em coro, ou ainda nos solos de guitarra em que nota-se influências de Yngwie  Malmsteen. Fechando Royal Art, que conta com cinco faixas instrumentais e cinco com vocais, Kiko Shred dispara o Heavy Cagliostro, cujo estilo é mais tradicional, porém, com muitas linhas neoclássicas que são devidamente agradáveis de se apreciar e imaginar o guitarrista tocando elas depositando todo o seu sentimento a cada nota.

    Nesta mescla totalmente meio a meio de canções instrumentais com outras com vocais, sendo que todas muito bem harmonizadas, o que enaltece não só o trabalho dos músicos, bem como a produção e mixagem, Kiko Shred nos entrega com Royal Art um disco que vai além do que costumeiramente costumamos encontrar em álbuns de guitarristas e o artista soube como fazer isso aliando-se à ótimos parceiros, como enfatizei nesta resenha ( casos de Will Costa e Lucas Tagliari ) e a um dos maiores vocalistas do país ( Mário Pastore ), que concedeu um diferencial importante com sua versátil voz.

    Em suma temos em Royal Art um ótimo disco para agradar facilmente 'gregos e troianos', ou seja, aqueles mais puristas que adoram músicas instrumentais cheias de técnica e também aqueles que adoram um Heavy Metal feito por uma banda e que contenham letras em que possam memorizadas e cantadas.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2019

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