In Soulitary - Confinement
12 Faixas - Shinigami Records - 2014

    Já são doze anos desde que o In Soulitary começou sua militância pelo cenário Heavy Metal Brasileiro, porém, como sempre acontece a formação só se solidificou em 2007, quando preparam seu primeiro demo. Com mais mudanças na formação, a banda acabou parando entre 2008 e 2010, retornaram as atividades somente em 2011 e começaram o trabalho de composição do primeiro full lenght, mas antes, em 2013, eles gravaram seu primeiro EP, o He Who Walks…, que teve uma boa aceitação pelo público e crítica.

    A formação responsável por Confinement é a seguinte: André Bortolai teclados, Danny Schneider e Rafael Pacheco nas guitarras, Elder Oliveira no baixo, e Matthew Liles na bateria, Marcel Briani nos vocais, este último inclusive assina a bela arte da capa do cd. Eles gravaram o disco de forma independente no Av Works Studios entre junho de 2011 e abril de 2013 sob os cuidados de Denis Di Lallo ( ex-Andralls ), que também cuidou dos processos de mixagem e masterização. No cd, que despertou o interesse da gravadora Shinigami Records vamos encontrar doze faixas que possuem suas bases voltadas para o Thrash Metal, porém, transitam com qualidade pelo Heavy e Death Metal, provando que esta banda de São Paulo/SP será capaz de surpreender os fãs.

   Com curtos efeitos de teclados feitos por André Bortolai em Burning Tsa, Confinement tem seu início e a música nos leva até a raivosa e melodiosa Hollow, dotada de uma base instrumental que está muito bem conduzida em meio a vocais guturais, que trazem linhas de Prog Metal com vocais mais voltados para o Death Metal. Quem ajuda a enaltecer ainda mais a potencia desta música é o vocalista Mário Pastore ( do Pastore ). E a bela harmonia realizada pelo In Soulitary continua com Written To Life, que é mais rápida e exibe os vocais mais rígidos de Marcel Briani juntos à convidada Verônica O. Rodrigues ( da banda canadense Karkaos ) e também muitos solos de guitarras, que produzem um andamento do melhor Death Metal Melódico. Para Behind The Rows, temos uma vibrante evolução instrumental que alterna peso e melodia entre os vocais de Marcel Briani, que estão ora guturais ora mais limpos. Essa mescla de agressividade de um Black Metal com passagens Prog Metal nos teclados e nos solos de guitarras fazem de Confinement um cd muito intrigante e ao mesmo tempo, gostoso de se ouvir.

    Mouth Of Madness caminha por trechos cadenciados e melódicos, mas sempre com linhas de vocais por muitas vezes agressivas e outras melódicas, além de uma artilharia significativamente forte nas guitarras, que diferenciam esta música de muitas outras bandas de Metal Melódico, para confirmar, basta sentir o momento que André Bortolai aplica seu viajante solo de teclados, os solos de Heavy Metal que vem na sequencia e a aceleração mais voltada para um Prog, e o melhor... fundiram tudo isso com precisão em apenas uma música. A seguinte, River Of Souls, traz os convidados Mário Pastore nos vocais e Dimitri Brandi na guitarra ( do Psychotic Eyes ) em uma excelente mescla de agressividade e melodia, seja no ritmo proposto ou nos vocais, inclusive com alguns trechos que nos conduzem para uma breve jornada, pois ficam ao mesmo tempo rápidos e furiosos, porém, voltam a exibirem linhas mais calmas e fazem desta mais uma virtuosa composição de Confinement.

    Com Micheal "Dad" Liles narrando os primeiros versos de Devil´s Playground, o In Soulitary nos mostra uma faixa deveras colérica que é provida ótimas dosagens de melodia em linhas vocais novamente guturais. Ministry Of Truth conta com um estilo mais épico ( inspirado no clássico livro 1984 de George Orwell ), com Denis Di Lallo nos backing vocals e também com Dimitri Brandi na guitarra e a forma que suas participações se solidificaram ao sexteto fizeram esta sétima canção te conquistar facilmente. Te convido caro leitor(a), a reparar na ligação harmoniosa tecida entre os guitarristas Danny Schneider e Rafael Pacheco com o tecladista André Bortolai, entre mais falas do narrador, que elevam ainda mais a beleza desta música.

    Sempre é importante de ressaltar em bandas totalmente técnicas como o In Soulitary o trabalho de baixo e bateria, que aqui são capitaneados por Elder Oliveira e Matthew Liles, respectivamente, pois segurar o ritmo de cada música e deixar os demais 'voarem' não é uma tarefa fácil, pois exige muita competência, mas voltando à resenha e falando da faixa seguinte, a Raven King ouvimos seu início com sinos típicos do Big Ben e depois linhas mais cadenciadas, que tornam-se extremamente aceleradas e enfurecidas em um andamento esmagador, tanto instrumental quanto vocálico. E eles ainda nos mostram um crescente excelente nos solos de guitarras, aliás, se ligue na mudança realizada mais ao final da música, que a deixa mais sombria e mais lenta.

    A convidada Lan ( Elaine ) Wiess com seus belos e fortes vocais ( que lembram a deusa Doro Pesch ) participa de The Key, que só não é uma balada Heavy por conta dos guturais feitos por Marcel Briani, mas ainda assim, o In Soulitary soube como compor uma faixa emocionante que te liga anda mais à música. E o guitarrista convidado Luigi Regolini ( do Darkener e Rebel 30 ) comprova isso ao solar brilhantemente ao lado de Danny Schneider e Rafael Pacheco. Com uma pulsante evolução realizada pelo baterista Matthew Liles, a veloz Deep Fear literalmente "entra com tudo" disposta a não deixar ninguém parado. Se gosta de solos de guitarras esta é a hora, pois a entrosada dupla do In Soulitary sola e muito, ora eles estão mais rápidos, ora estão mais melodiosos, entretanto, sempre ambientando cada um dos coléricos versos proferidos por Marcel Briani. True Religion apresenta uma condução mais melódica, cadenciada, com seus vocais guturais, mas que não se esquece de seus momentos progressivos e Heavy Metal, ponto para a banda que sempre surpreende a cada instante do cd. E ainda existe uma curta faixa não relacionada no track-list de Confinement que é/lembra uma comemoração de piratas após uma pilhagem realizada com sucesso.

    O tempo que o In Soulitary levou para compor, gravar e masterizar as músicas deste Confinement fez muito bem à banda, pois souberam como amadurecer com muita qualidade e o álbum os coloca entre um dos maiores expoentes brasileiros do Death Metal Melódico, um estilo não tão explorado no país. Este disco - que o incluo entre os melhores lançamentos do Metal Brasileiro deste ano - é indicado para os fãs de nomes como Children Of Bodom, In Flames e Amon Amarth
Nota: 10,0.

Sites: http://www.insoulitary.com e https://www.facebook.com/In.Soulitary.Confinement.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2014

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