Hillbilly Rawhide - Ten Years On The Road
 13 Faixas - Independente - 2013

    A trupe de Country Rock Alternativo, que atualmente é formada por Mutant Cox nos vocais, guitarra e violão, Mark Cleverson no violino e voz, Joe Ferriday no piano e vocais, Osmar Caveira no baixo acústico, Marcos Traad na gaita ( participação especial ) e Juliano Cocktail na bateria e cajón está na atividade desde 2003 e já andou por várias cidades do Brasil e também da Europa com shows em países como Alemanha, Holanda, França, Inglaterra e Áustria.

    Nestes treze anos de história, o quinteto curitibano Hillbilly Rawride conta com seis álbuns sendo eles Ramblin´ Primitive Outlaws ( 2006 ), FNM ( 2008 ), Lost And Found ( 2011 ),  Ao Vivo no Teatro Paiol (  2012 ), Ten Years On The Road (  2013, que é o assunto desta resenha ) e o Outlaw Sessions ( 2014 ). Ten Years On The Road foi gravado, mixado e masterizado no Estúdio Audio Stamp em Curitiba/PR em 2012 por Virgilio Milléo, William Fernandez e os membros da banda. A capa que mostra um ônibus em uma rodovia é de Thorben Novais Silva Jensen e tem tudo a ver com a linhagem 'estradeira', dos bares, das cervejas, das mulheres e das aventuras das suas letras.

     Além dos cd´s, o Hillbilly Rawride conta com sua própria cerveja, que é feita pela Wensky Beer de Araucária/PR com o sugestivo nome de Hillbilly Rawride Beer, uma Imperial Indian Pale Ale, que possui distribuição nacional. No ano de 2015 eles gravaram seu primeiro DVD no mês de outubro no Teatro Guaira em Curitiba/PR consolidando o objetivo de resgatar o estilo do Country Rock Alternativo e torná-lo mais conhecido no Brasil, como será percebido na leitura desta resenha.

     Ao som de copos tilintando temos Bull Beer Theme e seu Country Rock com violino, piano, gaita e guitarra que te contagiam instantaneamente e te fazem retroceder quase dois séculos aos tempos do Velho Oeste americano ao sentir as emoções desta vibrante canção, que dá prazer ao ouvi-la. E a atmosfera de bar prossegue na animada Uma Cerveja, Uma Cachaça e um Remedinho, cuja letra em português é deveras envolvente e seu ritmo voltado para o Rock´n´Roll puro com solos de guitarra feitos com precisão por Mutant Cox passando muita eletricidade a cada nota, que canta com uma voz perfeita ao estilo escolhido pelo Hillbilly Rawride. Em seguida, os violões são acelerados em linhas de Blues/Rock em Drunk And Stoned com versos em inglês nesta que é a divertida terceira canção do cd, onde seus grandes destaques vão para a beleza da harmonia oriunda dos toques do pianista Joe Ferriday e do violinista Mark Cleverson, que somados aos vocais sarcásticos de Mutant Cox categorizam esta música como uma verdadeira sonzeira.

    Em Longe de Dinheiro, o Hillbilly Rawride nos mostra um Country Rock dançante com passagens de Blues, que é tocado no ritmo do cajón de Juliano Cocktail, conta com solos exuberantes do gaitista Marcos Traad e aquela saborosa melodia que sentimos do violinista Mark Cleverson junto ao pianista Joe Ferriday facilitando para os vocais de Mutant Cox.

    Apresentando uma linha mais tradicional de Western, temos a cativante Hillbilly Treasure, onde além de seu excelente andamento podemos perceber o vozeirão de Mutant Cox conduzindo a música de forma bastante provocante em uma letra que vai para a memória sem dificuldades, que está muito bem sustentada pela forma que o baixo acústico é tocado por Osmar Caveira, além das belas harmonias da competente dupla Juliano Cocktail em seu cajón e Joe Ferriday no piano, que garantem a vontade de ouví-la novamente.

    Para a próxima ouvimos o motor de uma motocicleta funcionando e assim é iniciado o Rock´n´Roll presente em Cavaleiros da Estrada, que entra com o clima delicioso produzido pelo sexteto e te causa uma vontade de se dançar e cantar seus versos ( que embora não sejam difíceis recomendo pegar seu encarte para memorizar ). Entretanto, quando Marcos Traad sola sua gaita é aplicada uma aura Blues/Rock a esta sexta canção de Ten Years On The Road, que se acelera de uma forma que nos leva imaginar uma festa em um típico Saloon e deixa claro o porque do sucesso do Hillbilly Rawride com todos solando com muita competência seus instrumentos e aí... já fico pensando como serão as execuções ao vivo desta música, pois, ela pode e deve contar com improvisos e prolongamentos.

    De andamento mais cravado no Blues, Fallin´ Down Again possui ares de balada com os holofotes focados novamente em Marcos Traad e a sua gaita, porém, também nos potentes vocais graves de Mutant Cox, que também sola com destreza sua guitarra em solos longos, que assim como a anterior já apreciamos logo de cara, isso naturalmente por conta do tamanho da emoção envolvida em suas notas.

    Na faixa seguinte notamos novamente o ritmo de festa no ar e Honky Tonk Lino´s conta a participação do Lino ( o dono do bar ) nos contando uma engraçada história, que convoca os amigos para 'tomar umas' no melhor do Country/Southern Rock que os amantes dos sons setentistas do sul dos E.U.A. irão se identificar ( e apaixonar ) espontaneamente, e isso sem falar que o baterista Juliano Cocktail segura as pontas e eleva ainda mais a vitalidade da composição. Com o violino de Mark Cleverson traçando a rota chegamos a Lost and Found, um Country cantado em inglês, que também te faz querer se mexer durante seus solos de banjo, violino, piano e com os dedicados vocais de Mutant Cox.   

    Ao som de ventos, uivos, galopar de cavalos e tiros, a acelerada Cavaleiros da Morte mostra seu intenso ritmo, onde ouve-se um Country com clareza em uma letra com vocais graves na nossa língua, que é para americano curtir e apreciar, porém, a virada de andamento que acontece, nos reserva um trecho de Blues antes de retornar à sua linhagem inicial surpreendendo e me leva a definir de uma única forma: som de primeira.

    Em Monkey´s Cage encontramos um ritmo galopante, vocais cheios de feeling, solos discretos e importantes na gaita, percussão simplesmente excelente e coroando tudo isso, solos de violino combinados aos de piano que suspendem o brilho desta décima primeira canção de Ten Years On The Road sendo impossível não se gostar dela. Como um 'Rockão' daqueles que estão cheios de ironia, Boogie Woogie no Hospital nos apresenta sua empolgante vibração instrumental em sensacionais solos de gaita e piano, que sempre são alicerçados pelo baixo e também pelo piano produzindo assim outra 'baita' canção dos curitibanos, onde com muito habilidade eles passam o pique da música um para o outro. Encerrando este disco - que para mim já nasceu clássico - temos o Country Rock de E Agora, Johnny? com uma hilárica letra exibida em um ritmo acelerado como o estilo solicita, e aí reparamos na participação de todos os músicos da banda em solos magníficos até que termina em uma pincelada de Blues.

    Não é tão comum bandas que invistam no Country Rock/Southern Rock no Brasil e que façam isso com a tamanha capacidade que foi inclusa neste Ten Years On The Road do Hillbilly Rawride, que mergulhou fundo nas origens do Rock´n´Roll neste cd e saiu de lá purificado com verdadeiros clássicos, que são aspirantes a hinos, que fãs devem conhecer o quanto antes. Não é exagero dizer que este disco tornou-se um dos melhores que ouvi neste começo de 2016.
Nota: 10,0.

Sites: http://www.hillbillyrawhide.com.br/
e https://www.facebook.com/hillbillyrawhideoficial/?fref=ts.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2016

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