Higher
9 Faixas - Independente - 2014

    Os dois amigos paulistas Cezar Girardi e Gustavo Scaranelo são músicos profissionais experientes e respeitados no universo do Jazz, porém, ambos adoram o Heavy Metal e desta paixão em comum montaram o Second Heaven em 1995, que durou apenas dois anos e sem lançar um cd ou EP, mas como o estilo para quem gosta está no sangue, anos depois eles deram origem ao Higher, cujo nome descende do conceito que a raça humana sempre luta por uma condição mais elevada.

     Para isso, os citados Cezar Girardi ( vocais ) e Gustavo Scaranelo ( guitarra ) recrutaram o chileno Andréz Zuniga ( ex-professor do EM&T e colunista da Revista Bass Player ) para o baixo, Pedro Rezende ( que estuda com Virgil Domati na Austrália ) para a bateria e o prodígio Felipe Martins ( de 16 anos e aluno em especialização de Gustavo Scaranelo ) para a segunda guitarra. Com o line up definido eles foram ao Fusão VM&T Studios em São Paulo/SP a fim de registrar o primeiro trabalho da banda, que foi autointitulado e teve os cuidados de Thiago Bianchi. Os vocais foram gravados no Music Studios em Indaiatuba/SP junto a Fernando Quesada e as partes de bateria foram gravadas no Elite Studios com Guilherme Gazaffi. A mixagem e masterização é de Thiago Bianchi e foi realizada no Fusão VM&T Studios. A capa é de Carlos Fides do Artsidedigital Studio.

    Lie abre o cd com seu título sendo gritado com raiva por Cezar Girardi em um Heavy Metal cheio de técnica e aquela pegada pulsante oitentista de muitos riffs todos bem conduzidos nas guitarras pela dupla Gustavo Scaranelo e Felipe Martins, que tocam sem deixar a música ficar cansativa e isso somado à um ritmo pesado e muito envolvente dos demais instrumentos. Em Illusion, o baixista Andréz Zúniga - assim como na primeira faixa - realiza uma forte base para que os guitarristas solem com sua expressiva capacidade em meio a vocais firmes e um tanto que fantasmagóricos. Detalhe: atente para as evoluções ora mais rápidas, ora mais melodiosas que trazem um estilo mais épico ao som da banda. Depois de um início onde o baixo assume o holofote e um breve riff melódico, Keep Me High vem com um fortificado andamento instrumental que é vociferado com muita garra por Cezar Girardi. Repare como o Higher modifica o ritmo da música sem diminuir sua intensidade e como o refrão vai te conquistando a cada audição do cd.

    Com linhas mais voltadas ao Jazz, que em instantes depois ganham todo o peso do Heavy Metal, Climb The Hill segue o cd apresentando variações que te conectam ainda mais ao som, pois aqui possuem solos melódicos de muita habilidade e um clima de piratas pela forma que seus versos são cantados. Com uma significativa velocidade, a quinta Like The Wind exibe uma proposta cheia de técnica, peso, linhagens mais voltadas ao Prog Metal junto aos vocais graves de Cezar Girardi e isso vai elevando-se de uma forma muito cativante, mas a surpresa fica para o solo de baixo de Andréz Zuniga antes do som caminhar ao Metal Tradicional por seus solos de guitarras.

    Com ares mais calmos ao dedilhar de Gustavo Scaranelo, Break The Wall exibe vocalizações mais suaves em um ritmo que rapidamente você sentirá vontade de cantar pelo crescente emocionante que somos expostos, tanto que te convido a sentir a energia positiva dos riffs de guitarras. Com linhas pesadas e um tanto que 'sujas', a raivosa Time To Change exibe profundas mudanças de andamento que estão aliadas a solos de guitarras com mais eletricidade, que nos mostram características de Dream Theater e isso somado à vocais mais graves.

     De solos que ficam mais poderosos a cada momento, Make It Worth chega exibindo seu primor instrumental ora cadenciado, ora melodioso, graças a coesão que o Higher demonstrou neste cd, confirme prestando atenção nas quebras de ritmo que o baterista Pedro Rezende aplicou durante os vocais de Cezar Girardi. Enfim, posso considerar que temos aqui um Prog que é bem mais Metal e com eletrizantes solos de guitarras em alguns trechos que ganham também belíssimos dedilhados mais ao meio até se encerrar de forma bastante vibrante. Fechando este virtuoso trabalho temos The Sign, faixa que é iniciada com um breve solo de bateria e continua com os encorpados riffs de guitarras em uma linha mais Power Metal, mas que é bastante pesada e com vocais deveras empolgados que guiam a canção em um ritmo animado.

    Posso dizer que o Higher lançou um álbum de estreia que é centrado no Heavy Metal e com um estilo mais agressivo, técnico e muito diferente de praticamente tudo que ouvimos por aí. Sabiamente, os músicos incluíram suas habilidades individuais sem deixar as músicas massivas, muito pelo contrário, eles até surpreenderam no peso envolvido e no jeito mais agressivo de seus versos. Temos aqui um álbum que deve ser apreciado sem moderações.
Nota: 9,5.

Sites: http://www.higherband.com/, https://www.youtube.com/user/highermetalband https://www.facebook.com/highermetal e http://www.soundclound.com/highermetal.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2015

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