Greensleeves - The Elephant Truth
2009 - 23 Faixas - Independente

    Os origens do Greensleeves remontam a 1993 quando os amigos Victor Schmidlin e Cícero Baggio decidem montar uma banda ( Wolverines era o seu nome ), que pouco tempo depois  lança uma demo e em 1995 torna-se o Greensleeves, que por sua vez gravou a demo Immortal e conseguiu uma boa repercussão na cidade natal deles ( Curitiba/PR ) e também por todo o Brasil. Com mudanças na formação e sem conseguir os objetivos desejados eles encerram as atividades em 1998. Nove anos depois, em 2007 João Koerner ( baixo ) propõe a Victor Schimidlin ( ex-Dynahead na guitarra ) a volta do Greensleeves que é aceita na hora.

    Assim, além dos dois citados, Gui Nogueira ( vocais ), Cícero Baggio ( guitarra ) e Marlon Marquis ( bateria ) iniciam os dois anos de trabalho que resultaram neste conceitual The Elephant Truth, que narra de uma forma alinear a jornada mental de um homem em coma. O álbum foi inspirado na lenda oriental “The Blind Men and The Elephant”, do poeta americano John Godfrey Saxe ( 1816 - 1887 ). O Heavy Prog Metal da banda apresenta influências dos americanos do Dream Theater em suas 23 canções produzidas e mixadas pelo guitarrista Victor Schimidlin no Cabong Mobile Studio em Brasília/DF e em Florianópolis/SC entre maio de 2007 e outubro de 2008.

    Com o som de uma batida e sirenes que marcam o acidente temos The Coward´s Refuge que abre o cd do Greensleeves com muita melodia e emoção por parte do vocalista Gui Nogueira. Sem que se perceba temos uma linda sequencia de solos de guitarras que traz Parasites In Paradise, que ao seu decorrer vai transformando-se em um Prog-Metal bastante envolvente.

    Em Fight My Fear, temos o baixista João Koerner fazendo toques mais cadenciados juntos com as guitarras distorcidas exibindo a diversidade do som do Greensleeves nesta terceira faixa, pois além dos solos de guitarra e das boas linhas vocálicas, o batera realiza ótimas evoluções. Depois, com o piano assumindo o foco temos a mais introspectiva Not So Long que ganha força no seu andamento e conta com uma ótima harmonia.

    Muito interessante em se dizer é que as músicas estão interligadas de forma que nem se percebe a mudança de faixa e os dedilhados de Come Back To Myself são a prova disso. Porém, quando as guitarras de Victor Schimidlin e Cícero Baggio aparecem mais detalhadamente, vemos porque o Greensleeves é uma banda de Prog Metal. A alternação de momentos mais calmos com bases progressivas pesadas garantem a qualidade do som da banda. As passagens mais viajantes de Exit servem de introdução para Touch Of The Wind que é bastante pesada com direito a solos de guitarras ' do jeito' feito pela dupla Victor Schimidlin e Cícero Baggio. Touch Of The Wind ainda tem uma interpretação emocionante de Gui Nogueira que divide os vocais com e Alirio Netto do Khallice.

    Na rápida e pesada Out Of Reality encontra-se um Power Metal Progressivo onde os guitarristas exibem muita técnica. Depois Invisible Man continua o peso sentido na anterior, mas abre o espaço para um interlúdio mais calmo e cadenciado até o Metal estar de volta. Essa alternância com vocais suaves e dedilhados para solos pesados é uma característica bastante positiva do Greensleeves. A curta e pesada The Should Be An Ally é interpretada de uma forma muito animada por Gui Nogueira.   

    A ligação já é rapidamente feita com a calma Introspection, que apresenta novamente a presença do piano, mas, agora agregada aos violinos, dando ares mais épicos à The Elephant Truth. Depois em Crisis, Alírio Netto volta a participar junto com Gui Nogueira, e a banda sai da calmaria com altos agudos e solos de guitarras cheios de muita técnica, estilo e peso. Novamente me rendo à forma intrínseca do disco, e assim temos Best Friends com seus duetos nos vocais e os toques soberbos no piano acompanhados nota por nota nas guitarras. Para The Blind Man And The Elephant temos o baterista Marlon Marquis realizando uma suntuosa sequencia de repiques, além de muitos slaps no baixo de João Koerner e muita diversidade na forma de cantar de Gui Nogueira ( novamente acompanhado de Alirio Netto ) - três pontos importantes nesta canção, mas talvez, não tivessem tanto valor, se não fossem acompanhados da beleza dos pesados solos dos guitarristas. São em músicas assim que sente-se a grande consistência de um projeto. 

    Com tons mais graves nas guitarras, a rápida e puramente Prog Blind By Choice já aparece com um instrumental vigoroso até Gui Nogueira cantar com muito feeling. Em seguida quase imperceptivelmente temos Recipes For The Greatest Lie que é mais cadenciada e de certa forma agressiva apesar dos ótimos dedilhados. A maneira que o cd avança e as faixas vão se sucedendo percebemos que estamos diante de um "discão", pois ele tem tudo que um apreciador de Prog Metal deseja ouvir. A próxima é Engineers Of The Day e além da versatilidade vocálica, a forma ritmada das guitarras, tenho que ressaltar o trabalho virtuoso do baterista Marlon Marquis.

    Sem parar para piscar, o Greensleeves traz a mais lenta Flood, que por sua vez, alterna seus momentos mais pesados capitaneados pelo poderio dos guitarristas. Eles inclusive dominam o inicio de Red Ocean até a banda direcionar a música para algo que sabem fazer com maestria: trechos calmos com pesados. Outro interlúdio acontece com a leve e quase teatral Passage que introduz Epiphany e seus logos e marcantes solos que vão ganhando peso a cada instante para que Gui Nogueira cante com ainda mais energia. A seguinte é The Sentence que traz um set instrumental excelente para que o vocalista cante exibindo emoções renovadas. E falar o que da atuação dos guitarristas nesta penúltima faixa? Ouça e comprove. Encerrando mais calmamente e não menos emocionante o álbum The Elephant Truth temos The Coward´s Refuse.

    Normalmente costumo dizer que determinada música é a melhor do cd, mas no caso de The Elephant Truth, com tantas composições acima da média, seria uma injustiça citar apenas uma, e afirmo, ouça o disco inteiro mais de uma vez. Parabéns ao Greensleeves pela estreia cheia de qualidade, que mesmo em um disco com mais de 70 minutos de duração, a banda soube como manter o ouvinte nas mãos todo o tempo.
Nota: 9,0.

Site: www.greensleeves.com.br e www.myspace.com/greenslleevesbrazil 

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2010

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