Eu Acuso! - Liberdade Presumida
10 Faixas - Independente - 2014

    Há um século atrás ( aproximadamente ) foi publicado um manifesto contra a injustiça e o preconceito com o título de Eu Acuso! escrito por Émile Zola do jornal L´Aurore, cujo assunto era uma carta que seria endereçada ao presidente francês sobre o Capitão Alferd Dreyfus, que foi acusado de ser um traidor do país, e isto, acabou se tornando um símbolo na luta contra o autoritarismo.

    Muito tempo depois, precisamente em agosto de 2012, na capital gaúcha, Porto Alegre, uma galera experiente, que já haviam tocado juntos no Os Margaridas, no Bleque, além de tocarem em bandas como Sacrário, Leviaethan, Panic, Distraught, Alchemist e Kaus do Porto, decidiram tocar juntos novamente e assim criaram a banda Eu Acuso!, com o seguinte line up: Marcelo Cougo no baixo e vocais, Ale Mendes na bateria, Carlos Lots na guitarra, Sandré Sarreta nos vocais.

    E o primeiro trabalho dessa trupe foi o cd Liberdade Presumida, que foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Felipe Live por Felipe Haider em Porto Alegre/RS em 2012, que viu a luz do mercado em 2014 e é indicado aos fãs de Rage Against The Machine por sua mistura de Heavy Metal, Funk e Rap. A capa que é um tanto que conceitual, e se começar a reparar, tem a ver com as letras do cd é assinada por Ronaldo Sabin.

    Verdade abre com uma bela dosagem de raiva nos vocais de Sandré Sarreta em um ritmo pesado e intenso das linhas instrumentais com direito a solos mais nervosos de guitarras, aliás, recomendo prestar atenção nos seus versos, pois são cheios de ótimas chamadas de ordem. Continuando sua ácida pegada, Bala Perdida expõe em sua letra - e andamento cheio de distorções e um tanto mais lento - a situação que vive-se em grandes cidades com uma total insegurança. Destaque para o solo de guitarra feito por Carlos Lots que se sobressai muito bem em meio ao caos sonoro. Em Choque de Ordem, o Eu Acuso! nos conduz a uma letra verdadeira dos eventos que assistimos todos os dias nos jornais ( ou seja, os excessos que os negros sofrem no país pelo preconceito ) em uma roupagem Heavy Metal, que te conquista pela forma que Carlos Lots sola sua guitarra e pela base feita pelo baixista Marcelo Cougo e o baterista Ale Mendes. Com um início instrumental bastante forte, que segue por linhas distorcidas Choveu Sangue na Cidade continua Liberdade Presumida tecendo muitas críticas à sociedade e é vocalizada de uma forma despojada e agressiva, mas muito cativante, por Sandré Sarreta criando em quem ouve uma vontade de berrar junto.

    Com um andamento pesado capitaneado pelos riffs de guitarra e pelos toques de bateria, Idade Média traz uma crítica à imprensa com toda apelação pela audiência que assistimos diariamente na televisão, expandida também aos jornais impressos e a Internet. E assim como em outras faixas, o Eu Acuso! incluiu nesta faixa de Liberdade Presumida um solo de guitarra de muita qualidade antes que o refrão seja repetido. Com uma poesia sendo declamada, Lona Preta marca a sexta música do cd com um ritmo um pouco mais acelerado para que Sandré Sarreta cante os seus versos com palavras de ordem e neste caso, levantando a questão dos sem terra no Brasil. Depois, com uma base instrumental de muita qualidade, que chega a um andamento mais cadenciado e eleva-se à maneira que o vocalista canta seus versos, Mano Lugar deixa bem claro a situação dos moradores de rua.

    Com um solo de guitarra primoroso, Não Conte a Ninguém continua com o cd em uma linha agressiva de guitarra e vocais, que destilam seu veneno aos que se dizem religiosos e comentem os mais diversos erros. Será que temos muitos na nossa sociedade que são assim?

     Com uma linha cadenciada, que está muito bem conduzida seja na guitarra ou na bateria ( cheia de repites classe A ), Olho Por Olho Sangue Por Óleo mede o dedo na ferida da situação entre os árabes, judeus e os ocidentes, cuja exploração de petróleo leva a incontáveis mortes, e acredito que seja pelo ritmo ou pela letra é uma das melhores do cd, afinal, mais uma vez Carlos Lots crava um solo vibrante em sua guitarra. Pela Janela do Bunker ficou com a responsabilidade de encerrar com muita cólera e um ritmo mais cadenciado este Liberdade Presumida, mas que também tem o excelente destaque à guitarra.

    Os gaúchos do Eu Acuso! nos mostraram neste cd uma nova forma de expelir seu ódio ao mesclar som com solos de Heavy Metal. Para quem aprecia o estilo, curte novidades brasileiras e é fã de nomes como Stuck Mojo, Faith No More e o citado Rage Against The Machine, trate de incluir Liberdade Presumida entre os cd´s de sua coleção.
Nota: 9,0.

Sites: www.euacuso.com.br, www.facebook.com/euacuso, https://soundcloud.com/euacuso
e www.youtube.com/user/euacuso.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2015

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