Elizabethan Walpurga - Walpurgisnacht
 9 Faixas - Shinigami Records - 2018

    O embrião do que hoje é o Elizabethan Walpurga teve sua origem na cidade de Recife/PE no distante ano de 1994 sob o estranho nome de Ecumenical Damnantion, época em que os vocais estavam ao comando de Rogério Mendes e a as baquetas eram de Murilo Nóbrega ( ambos Decomposed God ), que saíram três meses depois e foram substituídos por Leonardo Mal’Lak e Antônio Belchior, respectivamente, sendo os dois do Darkness Emperor. Foi ainda neste ano que o nome foi modificado para Elizabethan Walpurga e então surgiram os primeiros registros, as demos …the Darkness… the Wrapping Tranquillity… ( 1997 ) e Desire ( 2001 ).

    Depois disso entraram em um hiato que durou entre 2002 a 2015. Retornaram em 2016, quando foi disponibilizado um split ao lado do Lord Blasphemate de onze faixas, sendo que cinco das nove músicas deste primeiro registro trabalho vieram das duas demos, e como as demais - presentes neste cd - foram compostas entre 1994 e 2001.

    O seu álbum de estreia recebeu o nome de Walpurgisnacht ( ou noite de Walpurgis - noite das bruxas - evento que é celebrado em diversos países europeus na noite de 30 de abril, onde conforme relata a lenda, as portas do submundo são abertas para atrair energias renovadoras, purificadoras e estimulantes. É a noite da libertação em que os espíritos celebram o ciclo eterno do bem viver atribuído à capacidade da vida, ao caminho natural do ser ).

    Com esta ideia, o quinteto de Heavy Black Metal formado por Leonardo Mal'Lak Alcântara nos vocais, Breno Lira na guitarra e violão, Renato Matos no baixo e backing vocals, Erick Lira na guitarra e Arthur Felipe Lira na bateria trabalharam entre 30 de agosto a 3 de novembro de 2015 no Mr. Prog Studio com Nenel Lucena, que cuidou das gravações, mixagem e masterização de Walpurgisnacht, cuja capa desenhada pela DeafBird Design Lab mostra uma destas sombrias criaturas em um ambiente denso.

    Nas nove faixas do cd existem composições que apresentam influências de Iron Maiden a Katatonia, de The Beatles a Hermeto Pascoal, de Santana a Joe Satriani - entre outros - e de compositores clássicos como J. S. Bach, Vivaldi, Heitor Villa-Lobos. Bem, a partir de agora vamos conhecer mais seus detalhes.

    Ao som de ventos, gritos, teclados e falas sinistras é que Walpurgisnacht é aberto com Exordium, que se liga no Heavy Black Metal presente em Vampyre, onde temos os vocais urrados típicos do Black com os solos de guitarras do Heavy em uma química muito bem harmonizada pela banda. Este clima Heavy Metal de base oitentista se amplifica em Clamitat Vox Sanguinis, pois, Breno Lira e Erick Lira solam passando muita melodia nesta canção que é um tanto cadenciada e vocalizada com a fúria que lhe é pertinente nos vocais de Leonardo Mal'Lak Alcântara, que passa toda aquela aura maldosa em sua voz.

    Com um ritmo acelerado, especialmente pela energia que é concedida pelas guitarras, Infernorium é a quarta de Walpurgisnacht e mesmo com todos seus vocais Black Metal, ou seja rasgados, o que mais se destaca são as linhas Heavy Metal inclusas com precisão pela banda nesta música.

    Para a esmagadora The Serpent´s Eyes and the Horns Of Crown, o quinteto mergulha em um Black Metal acelerado e colérico, que é orientado e repleto de consistentes solos de guitarras em uma atuação marcante da dupla de músicos da banda. Sempre sabendo dosar o tanto de Black Metal adicionado nas canções, o Elizabethan Walpurga nos mostra agora a The Elizabethan Dark Moon, que segue feroz até que seus dedilhados calmos e obscuros suavizem um pouco a sua intensidade e após os ótimos solos ouvidos nas guitarras percebamos a volta da sua linhagem devastadora.

    Em seguida, eles deixam os solos melódicos pavimentarem o caminho para The Canine Enchantment By The Phlebotomy ( In The Julgular Streams ), que segue com os incansáveis vocais rasgados proferidos em seus versos por Leonardo Mal'Lak Alcântara.

    Transylvanian Cry exibe uma interessante variação em seu ritmo promovida pela forma que Breno Lira e Erick Lira solam suas guitarras durante este Black Metal cheio de vocais rasgados consideravelmente horrendos com paradas criativas até que eles nos direcionem para a sua aniquiladora e veloz sequencia final, onde encerram a canção com dedilhados obscuros e muitos solos. A última do cd é a sua devastadora e devidamente mortífera faixa título, a Walpurgisnacht, que é cadenciada, com muitos vocais rasgados que permanecem até os toques de dedilhados no violão tranquilizarem um pouco, porém, Leonardo Mal'Lak Alcântara que exprimir sua gigante cólera e ele não dá descanso até despejá-la o tempo todo da música.

    Walpurgisnacht não marca finalmente apenas a estreia em disco de uma batalhadora banda do Nordeste Brasileiro, mas também uma fusão feita com muita habilidade do Heavy Metal Tradicional com o Black Metal notadamente revoltado. Aos seguidores do estilo profano de nomes como o Venom vale conhecer. A única cobrança que posso fazer - e claro que sei das dificuldades - é que eles possam lançar mais álbuns em menos tempo, que a parceria com a Shinigami Records facilite o caminho para o Elizabethan Walpurga.
Nota: 8,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2020

 
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