DNR  ( Do Not Ressucitate )
10 Faixas - Independente  - 2013

    Formada em 2000 em Jundiaí/SP, o DNR percorreu bastante e com muita garra o circuito underground durante 13 anos antes de lançar seu primeiro full lenght autointitulado. Neste tempo, as ácidas e agressivas canções em português da banda foram exibidas em três cd´s demos e a banda - atualmente formada por Raphael Zavatti na guitarra e vocais, Zé Cantelli no baixo, Thiago Spa na bateria e Andre Muerto na guitarra - gravou este cd no Wink Estúdio em Jundiaí/SP, que foi mixado por Juliano Oliveira e Emilliano Brescarin, onde este último realizou a masterização no mesmo estúdio.

    A temática escolhida nas 10 composições - que transitam por Thrash Metal e Hardcore - são inspiradas em problemas criados por decisões que a raça humana toma dia-a-dia, algumas procurando a paz e outras na cobiça, que praticamente sempre se mostram desastrosas, então vamos à elas.

    Reclame abre o cd do DNR com sons de noticiários, programas de auditório e religiosos ( comuns à programação da nossa TV aberta brasileira, que já foi muito melhor no passado ) para então, os vocais agressivos de Raphael Zavatti entrarem em um ambiente raivoso, cheio de distorções e com pedais duplos, que marcam o início de Novas Grades, onde o baixista Zé Cantelli toca notas ritmadas que se ligam até a furiosa Controle Inativo, que alterna um trecho mais cadenciado com uma sequencia mais rápida e extrema ( bem Death Metal ) em suas partes instrumentais e vocais, que estão na linha gutural. Com linhas destruidoras, a porrada Atrofiando Mentes é exibida de forma impetuosa com uma ira de baixo, bateria e guitarras, além dos vocais, que expressam a ácida letra de igual fúria.

    Em Ciclo de Imundície, as guitarras de Raphael Zavatti e André Muerto são exibidas juntas a muitas baquetadas de Thiago Spa em sua bateria em uma sequencia vocalizada no estilo matador que deu fama à nomes como o Sepultura. Repare nos solos de guitarras e na bateria que pela forma que são tocadas, se assemelham a metralhadoras disparando sem piedade e à vontade juntos à vocais fulminantes.

    Para Lei do Cão, o DNR ataca com as guitarras produzindo linhas cadenciadas, que são vocalizadas ainda mais nervosas que antes, e isso, somado ao ótimo e  arrasador ritmo, que vai te envolvendo significativamente. A instrumental Desarmônico entra em seguida com um fortificado andamento e mostra uma ousadia da banda, pois, criaram uma música que pode-se bangear bastante, mesmo sem receber a cólera vocálica que a difere das demais.  

    E quem sentiu falta da fúria dos vocais de Raphael Zavatti, eles retornam com ainda mais ímpeto em Digerindo o Nada, mais uma canção dotada de violentas sequencias cadenciadas, mas que termina aniquilando com tudo. Para a seguinte, que é a Ação e Reação, o DNR entrou com um som disposto 'não deixar pedra sobre pedra' pela raiva que nos é passada a toda velocidade, de forma que fãs de Thrashcore e HC esperam, ou seja, pesado e demolidor, que apresenta bons trechos cadenciados para se bangear. Para encerrar este revoltado cd, temos a rápida Parasitas, cujo ritmo é comandado pela aceleração combinada de guitarras e bateria, que deixam Raphael Zavatti expelir versos cheios de fel. Nos momentos finais do disco, temos mais frases que lembram a TV ligada do início sendo desligada em um momento de profunda revolta do personagem que o DNR desejou passar. E quem será este personagem senão nós, que estamos expostos à essa porcaria todos os dias?

    O álbum é curto, pouco mais de 28 minutos, mas passa seu devastador recado e certamente fará você bangear e querer socar os indivíduos que sacaneiam com o país em diversas esferas por suas letras politizadas. Aliás, vale uma curiosidade: Do Not Resuscitate é uma expressão legal ( judicial ) utilizada para definir uma pessoa em estado terminal e que não precise ser mantida vida pelos aparelhos, o que não é o caso de quem ouve este cd, pois com as doses gritantes de energia que são passadas são do tipo que podem levantar e fazer bangear até defunto.
Nota: 8,0.

Site: www.facebook.com/dnrbrasil, www.soundcloud.com/dnrbrasil
e www.reverbnation.com/dnrbrasil.  

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2014

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