Deep Memories - Rebuilting The Future
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Faixas - Heavy Metal Rock / Misanthropic Records - 2019

    Depois que deixou o Desdominus em 2005, o músico de Americana/SP Douglas Martins começou a pensar e trabalhar em seu projeto nomeado como Deep Memories que formou em 2016, sendo que basicamente cuidou de tudo, ou seja, o que chamamos de One Man Band e que posteriormente resultou no álbum de estreia Rebuilting The Future, que é voltado ao Doom Metal e possui momentos bem Black Metal.

    As gravações deste disco foram realizadas por ele entre março a outubro de 2016 e posteriormente, entre novembro de 2017 a março de 2018, sempre no AJM Estúdio em Americana/SP. E isso, além da produção, músicas e letras, Douglas Martins também fez a capa e os encartes do disco. Ufa!!!

    Sobre o título e a temática utilizadas por ele neste projeto Deep Memories, Douglas Martins explica: "Quando lemos estas palavras, somos imediatamente remetidos as memórias de momentos muito significativos de nossa existência como doenças e mortes, decepções, obsessões, momentos de pânico e depressão e se falarmos em psiquismo, temos registros totalmente inacessíveis em nossas memórias, que armazenam lapsos poucos explorados pela raça humana".

    Rebuilting The Future começa com uma suíte dividida em cinco partes e a primeira apresenta melodias bem trabalhadas em um andamento lento e carregado, que pouco depois trazem os vocais rasgados e guturais de Douglas Martins declamando com sua insatisfação os versos da mórbida When The Time For My Last Breath Comes Part I em que ele mesclou Doom Metal no ritmo e Black Metal nos vocais com habilidade. Aliás repare também nos teclados dramáticos e os vocais como se fossem um coro que foram inclusos próximos do final para depois retomar o estilo furioso de seu som. De ares viajantes em seu princípio, que pouco depois dão lugar a toques cativantes nos teclados, praticamente Progressivos e atmosféricos que perduram por quase a música toda, Suffocating Grayish Darkness Part II continua com seu andamento denso, bem feito e dotado de urros ferozes, além de outros pontos lamuriantes e depressivos. A terceira é There Is No End Part III, verso que fica ecoando no final da anterior e que ao caminhar por sua estrutura encorpada, que ganha mais velocidade e fúria em seu decorrer sendo embasada por melodias de Heavy Metal Tradicional até retomar o seu estilo devagar e fúnebre.

    Aos dedilhados entristecidos, o Deep Memories exibe a Between Two Dimensions Part IV, que conta com ótimos solos de guitarra - até que calmos por assim dizer - que duram somente até o momento em que os vocais urrados surgem expressando seu descontentamento, porém, executado de forma brilhante. Interessante como são alternados vocais limpos na música concedendo um ar mais Doom à canção. Em Looking At The Black Mirror Part V percebemos como está interligada na anterior, de forma a quase não perceber a mudança de faixa, e além deste ponto, ressalto  também a imponência de seu peso novamente em um ambiente lento e carregado em que os teclados seguram nossa atenção até as partes mais calmas aparecerem com vocais menos raivosos e nos surpreenderem finalizando a música.

    Para The Biter Taste Of Illusion, o Deep Memories tem a intenção de nos envolver com sua sombria e vagarosa melodia, que são amparadas pelos solos de teclados. Aliás, além dos esperados vocais urrados, são merecedores de uma atenção também os solos de guitarras bem com a evolução dos instrumentos conduzidas com muita perfeição por Douglas Martins, sendo que ele alterna os vocais rasgados e os urrados muito bem mostrando sua versatilidade dentro de sua proposta.

    Capturando logo de cara por conta de seus toques cheios de repiques e contratempos na bateria Explicit Way To Relieve Pain chega lentamente, progressiva e assustadora em seus vocais, porém, admirável nas linhas de guitarra e nos demais instrumentos. Aliás, a sua virada mais Heavy Metal em que os urros de Douglas Martins se destacam acabam por garantir sua aura Black Metal e eles são inesperados e cativantes.

    Por fim temos a instrumental Erased Directed Mindsets, que é uma viajante criação do Deep Memories para este Rebuilting The Future, onde inicialmente temos a percussão e os teclados se evidenciando para depois serem exibidos toques melancólicos no piano, que se juntam à melodia e terminam o disco de forma empolgante.

    Posso de forma talvez audaciosa dizer que embora este Rebuilting The Future do Deep Memories aparentemente possa parecer um simples álbum de Black Metal, entretanto, o disco flerta claramente com elementos do Doom, Gothic, Heavy Metal e Progressivo e tudo consideravelmente muito bem harmonizado por Douglas Martins e ao contrário de 99% das bandas deste estilo, sua temática não é blasfêmica. Quem costuma ouvir Paradise Lost, Katatonia, Anathema, My Dying Bride, Theatre Of Tragedy e até Dimmu Borgir apreciará bastante este trabalho, que é muito superior ao que possa se pensar olhando para o disco uma primeira vez.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2019

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