Chacina - Mortus Operandi
 8 Faixas - Heavy Metal Rock - 2019

    Os veteranos músicos do Chacina formaram a banda na cidade de Piracicaba/SP em setembro de 1990, época que o cenário era aquecido com uma ótima interação entre bandas e público, além de vários zines divulgando os vários shows que aconteciam pela região. Depois de algumas mudanças no line up, eles gravaram a demo tape Opening Eyes em fita K-7 e que foi distribuída por todo o Brasil.

    Neste período as trocas de formação aconteciam com mais frequência, entretanto, fizeram parte da coletânea Rock'n'Roll Delo 3º Mundo com a música Strong Land e com isso a primeira banda piracicabana de Heavy Metal a gravar um cd. Próximo ao final da década disponibilizam outra demo tape autointitulada, que alcançou uma ótima repercussão e ajudou a banda a participar de shows importantes e festivais. Lançaram ainda outra demo tape ao vivo no estúdio no final dos anos 90 e seguem com a banda até dezembro 2005 quando realizaram seu último show antes de pararem suas atividades.

    Graças a amizade entre os integrantes, no ano de 2014 aconteceu uma reunião do Chacina e já em 2015  saiu o EP Gaza ( em cd ) com três faixas até que em 2019 foi lançado o seu primeiro álbum intitulado como Mortus Operandi pela gravadora Heavy Metal Rock ( de Americana/SP ) com a seguinte formação: Allan Big Thunder nos vocais, Miguel Araújo na guitarra, Jeferson Novaes no baixo e Billy Dark Machine na bateria.

    A gravação, mixagem e masterização de Mortus Operandi é de Renato Napty ( Lethal Fear, Ivory Gates e The Goths ) e foi realizada no estúdio Ipuva em Piracicaba/SP entre julho à outubro de 2019, sendo que somente a faixa Estado Islâmico foi registrada em maio de 2018. Vale acrescentar que neste disco que foi disponibilizado no mercado pela Heavy Metal Rock, o quarteto dispara um voraz Thrash Metal com letras em português e em sua capa temos um desenho que mostra a morte vindo buscar uma garota é assinada por Danilo de Almeida

    Com sua linhagem pesada e agressiva contida em seu Thrash Metal, o Chacina abre Mortus Operandi com Sequestro descendo suas porradas sonoras com habilidade em uma robusta composição de média velocidade, além de cravar também muita fúria nos vocais, nos solos de guitarras e em seus toques de bateria, que estão todos sempre poderosos e merece uma atenção sua ácida letra que é bastante atual. Lembrando em sua crítica letra do desastre do rompimento da barreira de rejeitos de minérios da Vale, eles disparam a feroz Mariana com um ritmo empolgante e ótimo para banguear seja através de seus consistentes riffs ou na forma que o baixo e a bateria são conduzidos por Jeferson Novaes e Billy Dark Machine, respectivamente. Aliás, o baixista dá o tom no início de Somos Todos Iguais, a terceira bordoada certeira de Mortus Operandi, que é sempre vocalizada com a devida cólera por Allan Big Thunder, cuja letra é para levantar o animo, mas cantada como se fosse um verdadeiro soco na cara.

    O rolo compressor sem freios do quarteto intensifica sua raiva em Hit, canção que não vai deixar você parado ao sentir todo o seu ódio a cada verso pronunciado pelo vocalista do Chacina em evoluções instrumentais forjadas no melhor Thrash Metal Old School. Em seguida temos Pastor, uma ferrenha e ardida crítica que nomeia os líderes religiosos que ocupam as madrugadas da TV e isso é embasado por uma esmagadora e envolvente linhagem do mais puro Thrash Metal. Depois, o baixista Jeferson Novaes exibe toques encorpados no seu baixo para trazer a furiosa Podres Poesias, que conta com a participação do convidado Ricky Furlani nos solos de guitarras ao lado de Miguel Araújo produzindo um ritmo fervente e ideal para se socar o ar durante sua audição.

    Para a sétima e penúltima faixa de Mortus Operandi, o Chacina ataca com a veloz Na Alma, uma homenagem aos fãs de Heavy Metal executada de forma envolvente, que te captura rapidamente em sua parte instrumental e lembra em seus vocais dos clássicos brasileiros dos anos 80 do estilo tanto que a reação que temos é cantar com eles e socar o ar fazendo o símbolo do Heavy Metal. A explosiva Estado Islâmico é a mais destruidora das faixas do cd e aqui o Chacina não economizou sua cólera e destilou um Thrash Metal devidamente violento, que se aproxima bastante de um Punk Rock dos mais esmagadores nesta canção que foi inclusa como bônus.

    Como acontece com muitas batalhadoras bandas brasileiras do Underground, o primeiro álbum sempre acaba demorando muito para ser lançado, até porque dificuldades não são poucas, porém, isso serve de grande fator motivador e quando os músicos finalmente conseguem disponibilizar seu disco... cravo aqui... é colocada toda sua garra, suor e até sua alma no trabalho e isso, tenha certeza meu caro leitor(a) do Rock On Stage, aconteceu exatamente isso com este formidável Modus Operandi do Chacina.

    Esta estreia em cd está composta por dez fulminantes e avassaladoras canções que simplesmente acertarão em cheio os fãs de Thrash Metal dos anos 80 de nomes como Overkill e Exodus, onde a única possível de se fazer observação é quanto ao tempo curto do disco ( 22 minutos apenas ), pois, a partir do momento que as músicas te contagiam - e isso acontece logo nos primeiros instantes do álbum - a vontade é de ouvir inteiro álbum mais e mais vezes.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2020

 
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