Ceos
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Faixas - Independente - 2019

    Na mitologia grega, Ceos é o nome do titã que simboliza o conhecimento e a inteligência, além de ser um dos filhos dos deuses Urano e Gaia. Ele surge na história da conspiração de Cronos que terminaria por destronar o seu pai Urano. Já a banda paulistana surgiu em 2015 com o trio Biel Astolfi, Alexandre Chammy e Felipe Abdala, que juntos compuseram canções inspiradas no Rock setentista, no Blues e no Heavy Metal.

    Ainda em 2016, o primeiro registro que é o assunto desta resenha começou a ser gravado e entre 2016 a 2019, eles participaram de shows e festivais, além de gravarem o clipe de Giant's Trails. A produção deste registro é assinada pelo vocalista e baixista Biel Astolfi, que cuidou dos processos de engenharia e mixagem do cd realizados no Loud Factory, sendo que masterização foi de responsabilidade de Wagner Meirinho. A capa que mostra um olho em close estilizado no nosso planeta em chamas e representando o fim dos tempos é de Dafne Pellizzaro.

    E é a com a pesada Giant's Trail em que os toques de baixo e de guitarra estão mais proeminentes, que o disco é aberto através de vocalizações melodiosas, bem no padrão Heavy Metal, porém, com umas puxadas calcadas no Blues/Rock setentista que farão o fã gostar com muita facilidade desta primeira canção do cd, que está também repleta de longos solos de guitarra salientando assim, o talento de Alexandre Chammy. Depois de alguns solos de teclados, o Ceos nos traz a encorpada Rattlesnake, cuja aura Rocker nos envolve rapidamente, sendo que o Power Trio Biel Astolfi, Alexandre Chammy e Felipe Abdala mostraram uma afiação única e variada resultando num crescente marcante. Para Devil's Puppet notamos o baixo e a bateria aumentarem a energia de forma que Biel Astolfi possa cantar demonstrando muita empolgação em seus versos. Entretanto, o mais interessante é como o trio libera a música para que possa fluir em sua viagem de forma que todos os três possam solar brilhantemente e harmonicamente sem se preocupar para onde estão indo, logicamente durando até o momento que retornam com o ritmo inicial e finalizam a música.

    A quarta é a calma Can't You See com seus esbeltos ares viajantes de seu princípio, que ganham posteriormente uma linhagem positiva assim que os vocais aparecem e nos despertam a vontade de acompanhar sua letra linha por linha. Aliás, recomendo também notar nos seus solos de guitarra as muitas cativantes variações produzidas na interação com o baixo e a bateria. A emblemática What're You Doing possui seu estilo centrado em um Blues Rock com muita eletricidade, que se amplia garantindo mais adrenalina ao ouvinte, especialmente, nos toques de baixo e bateria que antecedem os solos puramente Rock'n'Roll capitaneados pelo guitarrista Andre Chammy e os vocais desta quinta canção, que até aparecem de forma despojada, sendo que Biel Astolfi mantém a garra da música firme até o seu término.

    Começando nos teclados, que lhe conferem um ar romântico, o Ceos nos traz a próxima do álbum, a espiritual A Song About You, uma balada nos melhores moldes dos Hard Rock's oitentistas que se aprecia instantaneamente percebendo a emoção depositada pelo vocalista ao cantar seus versos e como é o costume em canções assim, o solo de guitarra é um desfrute para quem gosta, que sabe muito bem o que estou dizendo.

    A sétima deste ótimo disco do Ceos é a Lights e aqui o Power Trio contou com as importantes presenças de Edu Ardanuy na guitarra e Nando Fernandes nos vocais para juntos dispararem Rock acelerado com muito suingue instrumental até conduzirem a faixa para seus pontos viajantes com ênfase aos toques do baixista Biel Astolfi e aos longos solos feitos por Alexandre Chammy em sua guitarra, sendo que ao retornarem para as partes mais rápidas temos graciosas variações aplicadas em que saliento o trabalho do baterista Felipe Abdala.

    Argus começa com repiques e toques precisos no baixo e também na bateria exibindo muita diversificação na canção através de um andamento mais lento, que ao receber um pouco mais de velocidade fica até um tanto que Prog Metal e sempre vocalizado com destreza por Biel Astolfi. Para terminar este excelente debut do Ceos, nada melhor que o Blues elétrico contido em My Last Blues, onde vemos outra face do Power Trio ao tocar um Blues mais lento como este em que seu esplendor é direcionado nos solos de guitarra e sua emoção nos vocais, cuja letra merece uma atenção maior, assim como os solos de Hammond. E também não esqueça caro leitor(a) de prestar atenção também nas 'conversas' do baixo e da guitarra mais próximas do final deste verdadeiro 'Bluesão'.

    Excelente estreia do Ceos com este magnífico disco, que aliou como poucos Hard Rock, Heavy Metal e Blues através de vibrantes composições, que parecem 'de gente grande'. Para quem sente-se 'órfão' de um grande trabalho deste tipo no Rock Brasileiro e quiçá mundial, olhos e ouvidos neste Power Trio, que já aguardo ansiosamente pelo seu futuro novo trabalho, que já está sendo preparado, só que agora com Gabriel Rego na bateria no lugar de Felipe Abdala junto a  Biel Astolfi e Alexandre Chammy.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2019

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