Carniça - Nations Of Few
7 Faixas - Voice Music - 2012

   Em 2010, o Carniça lançou o seu ótimo Temple´ s Fall... Time To Reborn ( leia resenha ), que mostrou o retorno de uma promissora banda de Thrash Metal brasileira originária da cidade de Novo Hamburgo/RS. Passados 2 anos e com a realização de muitos shows, que garantiram mais experiência para Mauriano Lustosa nos vocais e baixo, Parahim Neto na guitarra e Marlo Lustosa na bateria, eles foram ao Chronos Studio Sound em sua cidade natal sob os cuidados de Mauriano Lustosa e lá fizeram as gravações e mixagem do segundo álbum, o Nations Of Few.

    A masterização é de Wanderley Ferrante no MCK Studios em São Paulo/SP. Para a capa, mais uma vez o Carniça coloca um desenho excelente de Anderson Neves com as caricaturas de alguns 'figuras' que já complicaram e muito - por assim dizer - a vida da humanidade e no encarte, além de boas ilustrações, temos as letras em inglês ( idioma escolhido pelo trio ), entretanto, eles fizeram questão de incluir todas as suas traduções, fato que mostra uma dedicação maior com o fã brasileiro.

       The Protester abre Nations Of Few com uma agressividade imensa e desta vez Mauriano Lustosa urra os versos com uma fúria intensa, que é muito bem embasada em uma amaldiçoada linha instrumental, porém, do jeito que apreciamos. Em Liars, o trio acelera com muito Thrash Metal, que alterna riffs rápidos com uma sequencia mais violenta, que simplesmente nos levam para o momento de entrar nas rodas e o mais bacana, o trio vai conduzindo para um final apocalíptico.

    Com uma atuação vigorosa do baterista Marlo Lustosa temos a cadenciada e bastante pesada faixa título, Nations Of Few, que ao receber suas partes aceleradas fazem você querer sair bangueando com a banda e em seguida, sair berrando seu refrão junto à Mauriano Lustosa e finalmente se deliciar com o pesado solo de guitarra. Corruption, que começa com curtos dedilhados que vão aumentando até explodirem em um andamento arrastado e poderoso, que exala a ira dos vocais de Mauriano Lustosa, que expressam todo o seu descontentamento com este tema que está incrustado em todas as músicas deste cd, exceção feita apenas para a última que é um cover e não contém suas ácidas e corretas críticas ao sistema.

     Com um clima infernal e sombrio feito por Nike Koening, que torna-se uma pancada das mais fortes de Nations Of Few, a quinta Diablo Politician entra quebrando tudo sem perdoar ninguém, mas para cravar na memória, o Carniça colocou alguns interlúdios mais suaves com vozes de políticos que foram extraídos do Youtube, de programas de televisão e também do debate presidencial de 1989. Com Claúdio David do Overdose realizando os primeiros solos de guitarras, o Carniça nos envia a fortíssima Prayers Be For The Death, que é cantada com uma cólera gutural, quase que fora do normal. Repare no peso que é imposto no curto solo de baixo antes do esmagador solo de guitarra.

    Encerrando brilhantemente Nations Of Few com a versão muito mais agressiva que ouvi do clássico I Wanna Be Somebody do W.A.S.P., que ficou 'cruamente' muito boa e será uma excelente surpresa no set list dos shows do Carniça, ainda mais se for executada como a primeira do bis. E vale lembrar que nos backing vocals tivemos oito pessoas que aumentaram o seu clima de festa. Após o final de I Wanna Be Somebody existe ainda a Nowhere, que nos mostra dedilhados sombrios e sons de ventania escondidos no cd.

   Poderia até dizer que caberia mais músicas em Nations Of Few por ter apenas 35 minutos de duração, mas o Carniça soube 'descer a lenha sem dó' e com uma enorme agressividade devidamente muito bem executada em cada um dos minutos do cd. Então se gosta de um Thrash Metal 'a la' Slayer, de uma banda que não possuí papas na língua para criticar o ostracismo político que vivemos no Brasil ( e no mundo ), saiba que pode incluir esse álbum em sua coleção sem receios.
Nota: 9,5.

Site: http://www.carnicaband.com; http://www.facebook.com/CarnicaMetal e http://www.myspace.com/carnicaband.
 

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2013

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