Aquaria - Shambala
11 Faixas - 2008 - Hellion Records

    Praticamente é quase uma regra que o segundo cd de uma banda deve ser melhor que o primeiro. Muitas vezes isso não acontece, mas no caso do Aquaria com o cd Shambala, temos um exemplo positivo, que vem para confirmar a evolução desta banda de power metal. O cd foi lançando primeiro no Japão em 2007 e na 'terrinha' em 2008, pela Hellion Records. Shambala foi produzido por Bruno Agra,   mixado e masterizado por Tommy Hansen ( Helloween ) e o próprio Bruno no Jailhouse Studios na Dinamarca em junho de 2007. E a característica mais marcante neste trabalho conceitual do Aquaria é a aplicação da fórmula de ritmos regionais típicos brasileiros agregados ao heavy metal, que embora não seja uma grande novidade, alia uma sonoridade única à Shambala.

    O sexteto responsável por este cd do Aquaria é formado por: Vitor Veiga nos vocais, Gustavo di Padua e Rob Scrip nas guitarras, Fernando Giovannetti no baixo, o já citado Bruno Agra na bateria e Alberto Kury nos teclados. E como costuma acontecer com álbuns assim, a primeira faixa é a instrumental Hope, muito bem conduzida, com belas melodias de teclados ( que parecem uma caixinha de música ) e arranjos orquestrais. Criando o clima, mergulhamos em Heart Of The Gods diretamente no conceito de Shambala, presente na história de um português de que vem ao Brasil no início da colonização tentando recomeçar a vida na nova terra. Nesta segunda faixa, temos tudo que o fã de metal melódico espera: vocais agudos, guitarras em altas velocidades, bateria com bumbo duplo e teclados melodiosos. Com Expedition notamos que os teclados de Alberto Kury atuam como instrumentos de sopro antes que o Aquaria acelere com a força das guitarras, temos uma percussão tipicamente brasileira que dão uma cara bem diferente à musica, e assim, lembramos, e bastante, o estilo utilizado pelo Angra no Holy Land.

    Com uma seqüência de percussão com notadas influências indígenas, temos a longa Into The Florest, uma das melhores músicas do cd que pegam o ouvinte pelo refrão e também pela forma que os vocais poderosos de Vitor Veiga cantam os versos alternando trechos lentos e melodiosos com momentos mais pesados, aliás, os solos de Gustavo di Padua somados a participação de Frederick Hansen trouxeram ainda mais categoria à música. Nos fazendo pensar que estamos diante de uma balada, temos Lost, e o vocalista Vitor Veiga passa muita emoção com sua voz, enquanto Alberto Kury exibe belas melodias nos teclados até que a música transforme-se num heavão dotado de solos de guitarras cheios de duelos entre Guilherme di Padua e Rob Scrip - que são daqueles que os fãs já gostam na primeira audição. As mudanças no andamento da música de acordo com o personagem que entra em cena marcam definitivamente Lost e a coloca como outro grande momento de Shambala.

    Mais uma vez me rendo à ótima voz de Vitor - cantando de uma forma que te faz a pegar as letras do belo encarte do cd e sair cantando junto - e também para a atuação nos teclados de Alberto que dão a tônica de Iara. Depois é a vez da pesada Shambala, que alterna partes de forte peso com momentos mais suaves e novamente percebemos um refrão de fácil memorização com destaque os solos do guitarrista Rob Scrip. A melódica e rápida Child Of The Universe ( Hearth ) vem dar continuidade à história com aquela dose de solos que gostamos de ouvir, mas que são quebrados por melodias com acordes mais clássicos extraídos dos teclados. Estes fatores somados a condução do baixo de Fernando Giovannetti e a bateria de Bruno Agra são importantes para que esta Child Of The Universe ( Hearth ) seja ainda melhor e eleve-se à um dos grandes destaques de Shambala.

    Firewings é praticamente uma balada com vocalizações passando muita emoção, além de melodias agradáveis nos teclados, mais uma competente atuação dos  guitarristas e como acontece em muitas vezes, especialmente com bandas de power metal, o refrão é daqueles que pegam o ouvinte e fica na memória. Em seguida as linhas melodiosas do Aquaria ganham a forma e ares de super produção 'hollywoodiana' com Skies Of Amazonia, até que seja acelerada pelo poderio da artilharia sonora das guitarras e passe a alternar momentos rápidos com mais leves que nos fazendo sentir o conflito vivido pelo personagem central da história de Shambala de forma que ele possa conseguir sua liberdade. Liberty nos traz mais um início cheio de arranjos clássicos que ganham em peso e velocidade, com ótima atuação de Vitor Veiga, solos curtos de baixo e bateria, guitarras tocadas o mais rápido possível e trechos em coro, em suma, a forma correta de encerrar o disco e fechá-lo com a devida chave de ouro.

    Afirmo, sem dúvidas, que o Aquaria realmente se superou com Shambala, que na minha opinião figura entre os grandes lançamentos de 2008 no Brasil. Não foi por acaso que Timo Tolkki recrutou Bruno Agra para integrar o Revolution Renaissance

Site: www.ageofaquaria.com
Gravadora: www.hellion.com.br

Por Fernando R. R. Júnior
Maiol/2009

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