Rock On Stage: Olá Sami tudo bem? Conte-nos para quem não conhece muito do seu trabalho um pouco das suas origens no mundo da música. Aliás, como que a música e o Rock entraram na sua vida e ainda neste tema, qual a importância de ambos nestes tempos que atravessamos sem poder fazer praticamente nada?
Sami Chohfi: Eu tinha 14 anos e assistia MTV direto. Foi quando eu vi um videoclipe que mudou a minha vida. Depois de ver esse vídeo, gritei para minha mãe: "Mãe, quero aprender a tocar guitarra imediatamente". Essa música era Smells Like Teen Spirit do Nirvana.

    Comecei a aprender a tocar de ouvido todas as músicas que amava escutar. Depois de 8 anos aperfeiçoando a técnica, comecei a escrever as minhas próprias músicas. Escrever músicas sempre foi a minha fuga. Tive uma infância difícil, e sofri muito 'bullying' na escola. A música é a razão pela qual eu me tornei a pessoa amorosa e atenciosa que sou hoje. Durante a pandemia, passei um tempo desenvolvendo minhas habilidades de composição e canto. Também concentrei muito do meu tempo em aprender como melhorar as minhas gravações, bem como em fazer produções de videoclipes bem pensados e criativos.

Rock On Stage: Como está sendo a retomada da sua carreira agora que estamos podemos nos dirigir ( com os devidos cuidados ) aos shows presenciais?
Sami Chohfi: Eu sinto que minha vida está começando a voltar ao normal, mas, a realidade é que a indústria da música mudará para sempre. Assim como muitas lojas fecharam, o mesmo aconteceu com as casas de show e de música ao vivo. Principalmente aqui nos EUA. Cerca de 60% dos locais de música ao vivo fecharam durante a pandemia.

    Já era difícil para os artistas independentes fazerem shows em um mercado tão competitivo. A pandemia piorou a situação para os artistas em geral. No entanto, felizmente, pude fazer alguns shows começando em maio e julho de 2021 aqui em Seattle, onde eu moro. Também consegui fazer alguns shows no Hard Rock Cafe no Colorado e em Las Vegas e recentemente fiz uma turnê pelo Brasil durante o mês de setembro com minha incrível banda de Rock brasileira.

Rock On Stage: Nesta turnê no Brasil Sami, a sua banda de apoio é o Mr. Legacy, como você conheceu a banda e quais motivos levaram para sua escolha?
Sami Chohfi: Tive o prazer de conhecer a banda Mr. Legacy durante a minha primeira turnê no Brasil com minha banda Blue Helix. Eu tinha voado com a banda por duas semanas para o Brasil para fazer uma turnê pela primeira vez em 2018. Durante esse tempo, minha música Anti-Social Butterfly estava em rotação na Radio Rock 89.1FM. Conheci a banda Mr. Legacy durante nosso último show da turnê no bar Wild Horse.

    Os membros da Mr. Legacy e eu nos conectamos não apenas mentalmente, mas espiritualmente. Mantive contato com eles e decidimos começar a tocar juntos no Brasil. Eu não tocaria com nenhuma outra banda. Esses caras não são apenas seres humanos incríveis, mas, músicos absolutamente fantásticos que realmente amam o que eu faço. Nunca recebi tanto amor e respeito mútuo de outros artistas em minha vida até conhecer os caras da Mr. Legacy.

Rock On Stage: O conceito por trás do clipe de 'Little One' é bem mais abrangente que uma simples história que mistura humor e terror, te peço para contar mais sobre esta composição e seus significados.
Sami Chohfi: Little One tem sido muito divertido desde o começo quando escrevi o riff de guitarra de abertura. Eu sou um grande fã de zumbis e terror. Nunca pensei que faria um videoclipe de humor e terror, mas, a música pede por isso. Eu escrevi enquanto assistia meu programa favorito, The Walking Dead.

    Eu vi uma mulher comendo as entranhas de seu parceiro e isso desencadeou aquele riff cativante de Blues na abertura. A música reflete sobre como é estar em um relacionamento tóxico. Muitos de nós ficamos presos a alguém que sabemos que não é bom para nós, mas, por algum motivo continuamos sofrendo em má companhia. Já estive em relacionamentos com mulheres que apenas me perturbaram ou constantemente feriram meus sentimentos, mas, mantive esses relacionamentos antes por razões muito superficiais. Às vezes fora do meu controle.

    No vídeo de Little One, você observa a atriz principal se transformar lentamente. O casal começa a procurar vestidos de noiva e locais para o casamento, mas, logo a atriz começa a rejeitar e abusar de seu noivo. No quarto, ela descuidadamente tira o braço dele e rouba as cobertas. Ela começa a ignorá-lo e, finalmente, o morde. O engraçado é que ele está completamente alheio à transformação dela. É quase como se ele estivesse cego para o fato dela se tornar um monstro. No final das contas, isso leva à sua morte voluntária, enquanto ela segura o coração dele nas mãos. Outra metáfora para um amor que nunca foi feito dar certo. Mas que por comodismo, acaba sendo fatal.

Rock On Stage: E como foi que surgiu a inspiração para esta canção 'Little One' e também para o álbum "Extraordinary World"? Aliás, quais as suas favoritas dele?
Sami Chohfi: Extraordinary World é um álbum do qual sempre terei muito orgulho. Tenho viajado e percorrido o mundo com o amor da minha vida Renata, minha esposa e musa brasileira, e meu primeiro amor. Durante nossas viagens por muitos países, fui inspirado pelas pessoas mais incríveis, locais lindos e paisagens incríveis. Cada música do álbum foi escrita em um país diferente e cada uma tem sua própria história. Até filmamos os videoclipes de cada música em lugares diferentes.

    A faixa-título para mim é a mais especial. Conheci um homem em Siem Reap, Camboja, que nasceu sem braços. Disseram-lhe durante toda a vida que ele não significaria nada, que não faria diferença. Este homem aprendeu a fazer joias apenas com os pés. Ele vende essas joias para viajantes que visitam sua cidade natal e não apenas sustenta sua família com o dinheiro que ganha, mas também ajuda sua comunidade local. Ele inspirou a faixa título do álbum Extraordinary World e ele continua me inspirando todos os dias. Quando tenho que superar um obstáculo, penso na força de vontade dele e coloco tudo em perspectiva.

    O videoclipe foi filmado durante dois anos com minha câmera de mão filmando rostos de pessoas que conheci ao longo do caminho. Todas as filmagens do drone foram feitas pelo incrível Alexandre Suplicy que também já viajou pelo mundo comigo. Este álbum e vídeos são meu legado. Little One é o primeiro single escrito depois do lançamento do meu primeiro álbum solo e a minha proposta foi fazer algo completamente diferente, tanto sonoramente, quanto visualmente único e original.

Rock On Stage: Agradeço pela entrevista, te deixo o espaço para as suas considerações finais e uma mensagem aos leitores do Rock On Stage.
Sami Chohfi: Muito obrigado por me entrevistar. Adorei suas perguntas e agradeço muito por sua atenção e seu tempo para falar comigo. A todos vocês, leitores, venham dizer 'oi' e conectem-se a mim na plataforma social de sua escolha. Eu respondo a todas as minhas mensagens.

    Se você ama a canção Little One, peça para a sua estação de rádio favorita, adicione no seu playlist, compartilhe com seus amigos. Vocês não imaginam o quanto isso significa para mim, ter o seu apoio e carinho. Todo meu amor para vocês.

Por Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos especiais à Carol Freitas
Novembro/2021